terça-feira, 15 de dezembro de 2009

MONUMENTOS E OBRAS - 1 - ANTES

Talvez não seja por mero acaso que abundam em português os vocábulos para designar obras em monumentos. Restauro, conservação, manutenção, reabilitação, recuperação, requalificação, recondicionamento, limpeza, consolidação, etc -há de tudo para todos os gostos. Vamos tentar fazer um ponto da situação em três comentários -1-Antes, 2-Durante, 3-Após.
No antes, temos grosso modo três situações principais. Nesta foto vemos que há necessidade de limpeza e de alguma consolidação, mas os rebordos, as arestas e os detalhes estão intactos. Na parte superior, ainda se vêem, perfeitamente talhadas na pedra, as siglas, sinais dos pedreiros, que permitiam saber quantas pedras talhavam, uma vez que eram pagos à peça. Notam-se igualmente as marcas do tempo, a tal pátina, que no entanto não danificou minimamente o calcário, para além da peça que se está a desfazer. Trata-se de um detalhe da parte superior direita da rosácea da fachada da Janela do Capítulo.


Neste segundo exemplo, temos o Claustro Principal ou de D. João III, concluído em 1562, mas cuja balaustrada superior foi acrescentada na primeira metade do século passado. Clicando sobre a foto vê-se em ampliação que esta parte do convento está muito bem conservada. De um modo geral, todas as arestas e outras saliências estão tal como quando foram esculpidas. Claro que para alguns técnicos e outros cidadãos "moderneiros", o claustro está sujo, uma vez que confundem, (alguns deliberadamnente e com determinadas intenções), marcas dos séculos de existência -pátina com sujidade. Por isso, tudo indica que também este claustro virá a ser lavado/limpo, quando chegar a sua vez. Uns governam-se com a vacina da gripe A, outros com a sujidade dos monumentos.
É a vida. São os tempos em que vivemos.

Aqui temos a parte inacabada do Convento de Cristo. São as ruínas da Casa do Capítulo, anteriores a 1545. Como se pode observar, haveria necessidade urgente de uma boa limpeza, a qual consistiria basicamente na remoção da vegetação. Todavia, como nem o Convento nem qualquer outro monumento nacional dispõem de equipas de manutenção, nunca é possível substituir meia dúzia de telhas num telhado, rebocar uma parede ou reparar um algeroz. Tem de se aguardar que caia o telhado, ou coisa parecida, para então se abrir concurso para um telhado novo. Neste caso, talvez depois de caír o arco se abra concurso para a sua reconstrução, naturalmente seguida de lavagem/limpeza de todo o conjunto, incluindo a cuidada remoção da vegetação. Tudo executado por mão de obra altamente qualificada, supervisionada por especialistas credenciados, ao nível dos melhores da Europa. Convirá, no entanto, não esquecer que as arestas, desenhos e outras saliências estão praticamente como quando foram feitas. Apenas um pouco mais tisnadas. A tal pátina, ou marca do tempo. Os habituais especialistas preferem "patine", que é o termo francês, mas o que consta nos nossos dicionários é "pátina". Habituem-se, diria o careca da televisão.


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