Escrevi recentemente sobre os problemas dos PIGS (ver "Imprensa internacional e problemas locais") e a crise local. O PÚBLICO de hoje volta a abordar o problema, sob o título algo preocupante "MOODY'S AVISA PORTUGAL E GRÉCIA QUE O EURO NÃO OS PODE PROTEGER". A Moody's é uma das três grandes agências mundiais de "rating" ou notação financeira, que servem de guia aos grandes investidores. As outras duas são a "Fitch" e a "Standard & Poor's".
Que dizem os analistas de risco da Moody's ? Que Portugal e a Grécia, "mesmo tendo atravessado sem danos muito graves a crise financeira, poderão vir agora a enfrentar dificuldades maiores que os seus parceiros do euro". " Apesar do euro os ter protegido durante a crise de liquidez, não os irá agora ajudar a recuperar. Pelo contrário, poderá mesmo vir a constituir um obstáculo." Acrescentam os referidos especialistas que "doravante o risco é que possa vir a ocorrer uma lenta mas inexorável erosão da vitalidade económica, semelhante àquela que pode acontecer nos casos de cidades pequenas e sem competitividade, mesmo nos grandes países."
Entretanto, num livro publicado há duas semanas (ver foto), o antigo ministro das finanças e conhecido economista Ernâni Lopes, é categórico: "A cidade não é, não pode ser, um espaço que assiste ao definhamento económico. Ela é, hoje, o factor decisivo no desenvolvimento económico, social e cultural das regiões onde se insere, do País que a acolhe, num quadro de competitividade cada vez mais forte e exigente entre regiões inseridas no mapa da globalização competitiva, onde ou se definem e posicionam adequadamente, ou definham, arrastando nesse definhamento o próprio país."
"A concretização das mudanças necessárias na economia e sociedade portuguesas, passa de forma determinante pela capacidade das cidades portuguesas e dos seus líderes, para assumirem o seu papel de transformadores das condições de competitividade no quadro global, e de serem assim geradores de riqueza e bem-estar para as suas regiões e para o país."
Menciono tudo isto apenas para me entreter e tentar distrair os leitores que ainda têm paciência para me ler, pois é óbvio que esta matéria não se aplica a Tomar, prendada cidade que sempre, ao longo da sua história multisecular, esteve muito acima destas contigências. São coisas para as camadas mais baixas e menos cultas da população. Para quê preocupar-se se o Estado, que já assegura 80% das receitas da autarquia, não poderá nunca deixar de fazer face às nossas necessidades, e mesmo aos nossos devaneios culturais e outros ?
Menciono tudo isto apenas para me entreter e tentar distrair os leitores que ainda têm paciência para me ler, pois é óbvio que esta matéria não se aplica a Tomar, prendada cidade que sempre, ao longo da sua história multisecular, esteve muito acima destas contigências. São coisas para as camadas mais baixas e menos cultas da população. Para quê preocupar-se se o Estado, que já assegura 80% das receitas da autarquia, não poderá nunca deixar de fazer face às nossas necessidades, e mesmo aos nossos devaneios culturais e outros ?
E depois, quem disse que Tomar é uma cidade pequena de um país pequeno, pobre e periférico ? À escala ibérica, não será mais propriamente uma aldeia grande ?
Assim ou assado, certo é que, para a actual maioria autárquica, o bem conhecido quinteto 3+2, "Tomar é hoje uma cidade em afirmação, recuperando protagonismo social, cultural, económico e urbanístico, colocando-se numa posição privilegiada de cidade prestadora de serviços para uma vasta área do Centro de Portugal." (Uma nova agenda urbana - Documento de trabalho - Janeiro 2008, página 8).
Resta saber, embora por muito pouco tempo, quem apresenta a verdadeira realidade envolvente. As agências internacionais de notação financeira e Ernâni Lopes ? Ou os senhores autarcas tomarenses da actual maioria ?
Poderá ser só uma impressão minha, mas não resisto a contar a história daquele indivíduo que se atirou de um 10º andar. Quando ia à altura do segundo, perguntaram-lhe como se sentia. "Fantástico! E cá com um andamento !!!" Depois de bater no solo, não houve outro remédio senão fazer-lhe o funeral.
Ou me engano muito, ou os senhores autarcas nabantinos vão agora a passar frente ao segundo andar... E não se dão conta.
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