É raro, mas acontece: Concordo com a deliberação camarária indeferindo o pedido de um subsídio de 15 mil euros para a realização do Carnaval de Tomar por uma associação cultural da cidade. Há, no meu entender, três fundamentos sólidos para essa posição.
1 - Na nova situação resultante da crise, convém que todas as associações concelhias se vão habituando a funcionar sem ajudas camarárias, que a autarquia não está, nem voltará a estar, em condições de propiciar, mesmo para os da cor. A prová-lo, aí temos a crescente austeridade, bem como o facto de haver uma deliberação de 2011 a conceder 30 mil euros para Festa dos Tabuleiros, que até esta data apenas foi cumprida a 50%.
2 - Em termos empresariais, não é possível ter o melhor de dois mundos. Uma vez que a Tomariniciativas é uma colectividade privada, com todas as vantagens daí resultantes, deve conseguir funcionar e desenvolver-se sem o auxílio dos contribuintes, seja através do governo, seja através do poder local. Ou então encerrar portas. Mesmo a Festa dos Tabuleiros e a Feira de Santa Iria terão, mais tarde ou mais cedo, que adoptar um formato menos ambíguo, precedido de uma clara definição de objectivos e de estatuto.
3 - Como deu a entender e bem o vereador Pedro Marques, as realizações anteriores da mesma associação, bem como o documento endereçado à autarquia não cumprem os mínimos aceitáveis em termos de qualidade. Estamos num mundo cada vez mais competitivo, a nível internacional, nacional e local. Qualquer evento numa localidade compromete a sua reputação, quer se queira, quer não. Porque assim é, se Tomar pretende sair do atoleiro no qual se vai afundando, os seus eleitos devem velar para que impere a qualidade em todas as áreas. Não é o caso? Pois não. Mas é pena. E permite concluir que, para má qualidade, já nos bastam os políticos locais. Não precisamos de toscos e tacanhos cortejos de carnaval. Ou se faz com qualidade, ou é melhor não se fazer. Dá menos prejuízo e faz menos estragos em termos de imagem...
Desta vez decidiram bem os senhores autarcas. "Penso eu de que..."
Adenda
Em conformidade com os hábitos, os visados no texto supra vão eventualmente reagir, invocando o caso do carnaval da Linhaceira, contemplado com um subsídio de 5 mil euros.
Trata-se de uma realização diferente, dinamizada por toda a população de uma freguesia rural e destinada quase exclusivamente à respectiva área. Há portanto uma ingenuidade e uma genuinidade que a iniciativa citadina não tem nem nunca pretendeu ter, pois sempre resvalou para o comercialão, ainda por cima tosco e de mau gosto.
De qualquer forma, têm razão num ponto: Tendo em conta as condições resultantes da crise em curso, devem os responsáveis da Linhaceira ir também pondo as barbas de molho, que a austeridade e a boa governação são para todos. Este ano a galinha ainda deu ovo, se calhar por causa da consulta de Outubro próximo, mas em 2014 não sei não! Se calhar já nem galinha haverá.
Sem comentários:
Enviar um comentário