sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Câmara de Tomar dá autocarro ao União

Autocarro camarário para o União de Tomar, noticia o blogue Tomar na rede. Trata-se do anterior autocarro, entretanto já substituído por um novo, que custou 260 mil euros. Segundo a mesma fonte, o veículo de passageiros agora dado ao União fora antes avaliado em 3 mil euros, para eventual retoma.
Tomar a dianteira está em condições de afirmar que o referido meio de transporte tem um valor muito superior, mesmo no estado em que se encontra. Uma vez requalificado e com outro motor poderia até fazer mais 500 mil quilómetros, pois a estrutura está em bom estado. Tratou-se portanto, tudo o indica, de uma "avaliação por baixo", destinada a minorar a importância da doação, uma vez que se visa compensar anteriores subsídios camarários atribuídos ao clube, que a autarquia não está em condições de liquidar. O que evidencia uma outra vertente da questão: Um executivo tão honesto e tão coerente que não hesita em atribuir subsídios que sabe não ter meios para pagar, naturalmente visando posterior "caça ao voto". E esta hein?! 
Uma outra fonte lembrou que um dos membros do actual executivo camarário até faz parte da direcção unionista, o que não pode deixar de incomodar boa parte da opinião pública, composta por todos aqueles que consideram que "ou há moralidade ou comem todos, filhos e enteados é que não". Mesmo que agora venham garantir que a pessoa em causa não participou na decisão, tendo-se até ausentado da sala. Sucede que a minha avó também não foi vista nem achada nas conversas que conduziram ao seu casamento, mas depois ela é que teve de dormir com o noivo durante mais de quarenta anos... Perante tal gesto magnânimo com o dinheiro dos contribuintes,  todas as outras associações e clubes do concelho têm agora o direito de solicitar à câmara que dê um autocarro a cada um, uma vez que são todos iguais perante as leis da República.
Dirão alguns que o União de Tomar, velha glória tomarense, tem representado a cidade com dignidade por esse país fora. É redondamente falso! A maneira como a secção de futebol do dito clube tem representado Tomar nos últimos 25 anos só tem envergonhado os tomarenses dignos desse nome. Incluindo os amantes do desporto. Vai sendo tempo de nos deixarmos de fantasias!
Meios jurídicos locais, com quem Tomar a dianteira conversou, aventaram a possibilidade desta doação do autocarro configurar várias ilegalidades, entre as quais avulta a hipótese de  peculato de bens públicos, crime previsto e punido pela lei em vigor. Acrescentaram que, na ausência de esclarecimentos mais completos, não é de descartar o recurso ao poder judicial, para que este ordene um inquérito sobre as facilidades autárquicas concedidas ao União, ao Ginásio e ao Sporting de Tomar, bem como o respectivo enquadramento legal.

5 comentários:

Anónimo disse...

A propósito de algumas das situações mencionadas neste artigo, pretendo apenas deixar duas breves notas:

1. Julgo que a referência ao membro do actual executivo camarário que «até faz parte da direcção unionista» se reporta à Dra. Graça Costa, que, sendo Presidente da Assembleia Geral, função que traduz a representação de todos os sócios do clube, não integra efectivamente a Direcção do clube, sendo, como se compreende, as respectivas funções necessariamente bem distintas.

2. Em relação à afirmação de que a secção de futebol do clube só tem, nos últimos 25 anos, envergonhado os tomarenses, e não obstante o futebol ser um desporto em que, naturalmente, se ganha e se perde, e em que, como quase tudo hoje em dia, ganha mais vezes quem tem maior poderio económico-financeiro, aqui fica uma resenha de alguns feitos que essa secção do União de Tomar - contrariando grandes dificuldades - conseguiu atingir:

- 1987-88 - Campeão Distrital
- 1987-88 - Campeão Distrital de Juvenis
- 1988-89 - 3º classificado na sua série no Nacional da III Divisão
- 1988-89 - Campeão Distrital de Juniores
- 1989-90 - Vencedor da sua série no Nacional da III Divisão e consequente promoção à II Divisão Nacional
- 1991-92 - 8º classificado na Zona Centro da II Divisão Nacional
- 1991-92 - Campeão Distrital de Juvenis
- 1994-95 - Campeão Distrital de Juniores
- 1995-96 - Campeão Distrital de Iniciados
- 1997-98 - Campeão Distrital
- 1998-99 - Campeão Distrital de Juniores
- 1998-99 - Campeão Distrital de Iniciados
- 2002-03 - Campeão Distrital de Iniciados
- 2004-05 - Campeão Distrital de Iniciados
- 2007-08 - Campeão Distrital de "Escolas"
- 2008-09 - Vice-Campeão Distrital
- 2008-09 - Campeão Distrital de "Escolas"
- 2009-10 - 4º classificado no Campeonato Distrital
- 2009-10 - Campeão Distrital de Juniores
- 2010-11 - Campeão Distrital de Iniciados
- 2011-12 - Campeão Distrital de Infantis.

A bem da verdade. No referido período de 25 anos, mais de 20 exemplos em que, como tomarense, o União de Tomar não me deixou envergonhado.

Tomáramos nós que, noutras áreas, Tomar tivesse obtido tão bons resultados como os alcançados pelo União.

As dificuldades que o clube actualmente atravessa - quando se aproxima do centenário - mais não traduzem que as dificuldades que se sentem de forma mais generalizada, no concelho, e no País...

Só com o apoio de todos os tomarenses será possível vencer tais dificuldades e voltar a elevar o nome do concelho a mais alto nível.

Anónimo disse...

É o seu ponto de vista, que naturalmente acato e respeito, mantendo contudo a totalidade daquilo que escrevi.
É para mim uma vergonha que o principal clube da cidade mais antiga do distrito ande a disputar jogos de campeonato com equipas de aldeias da zona, que por vezes até perde. Se isso é prestigiar Tomar, vou ali e venho já.
No que se refere às dificuldades, desde que me conheço que o União nunca abandonou essa situação, salvo na época do sr. Mário 14. Outros tempos...

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

O União de Tomar merece ser olhado com carinho pela câmara municipal e pelos tomarenses. É uma referência cultural e patrimonial da cidade.

Aqui pelas terras onde vivo, quando em conversa com amigos afirmo que Tomar é a mais linda cidade de Portugal, invariavelmente, ouço estas palavras: É linda sim senhor! - O Castelo/Convento Cristo-o rio Nabão - o União de Tomar. Que é feito do União de Tomar?!

Dr. Rebelo, o historial dos últimos 25 anos, recordado no comentário anterior, refere muitas vezes "campeão distrital", que não tem nada a ver com "equipas das aldeias da zona".

O movimento associativo é a base mais forte de uma comunidade municipal, e, de facto, o União de Tomar é uma referência histórica a merecer ser acarinhada.

Teria eu para aí 15/16 anos, quando pela primeira vez o União de Tomar subiu à terceira divisão nacional, no tempo do Ernesto (conhecido por Figueiredo), famosa estrela, que trabalhava nos armazéns de papel do Sr. Raúl Pereira,um grande unionista, distribuindo resmas de papel pelas tipografias com uma carroça de mão, nomeadamente, na tipografia do grande artista gráfico, Mário "catorze", que refere, à altura meu patrão. Um grande tomarense!

Fui ver o primeiro jogo fora, no Tramagal, sozinho, numa pasteleira. Numa subida, para lá da Matrena, o autocarro com os jogadores parou e ofereceu-me boleia. Recusei. O pior fooi mesmo o regresso.......- Custou-me uma lapada, dada pelo meu pai, uma vez que lhe surrupiei a bicicleta e não comuniquei a aventura. Tal era a paixão pelo clube de futebol da nossa linda terra.

Viva o União de Tomar!

Anónimo disse...

Meu caro Cantoneiro:

Todos sabemos que existe em Portugal uma vastíssima franja de desportistas de bancada, que deliram, sobretudo mas não só, com as coisas do futebol. Contra eles nada tenho a opor. Estão no seu direito. O problema é que custam caríssimo ao país, em devaneios de toda a ordem. Abreviando, menciono apenas os celebérrimos estádios construídos para o Euro...
Sobre o União de Tomar estamos conversados. Desde que não se olvide o essencial: a autarquia não tem dinheiro para o básico, quanto mais agora para divertimentos. Mantendo o que disse em relação ao futebol local, acrescento que este negócio do autocarro não me cheira nada bem. Tanto mais que já estava a ser encarado desde 2009. Porquê uma decisão positiva só neste ano eleitoral? Simples acaso?
Acresce que o autocarro, cuja carroçaria está em bom estado, vale quatro vezes mais que o preço referido pela autarquia, que lhe foi atribuído não se sabe por quem.
Além disso, parece-te razoável que uma autarquia aceite trocar bens públicos por subsídios a atribuir, para os quais não há tesouraria disponível? E se um dia destes decidem doar os camiões de recolha do lixo, por troca com os subsídios a atribuir às selecções de bisca lambida do Cu da Mula e da Venda da Gaita?
Diz o cidadão que procura dirigir o União de Tomar que a determinada altura o União de Tomar também cedeu gratuitamente o seu autocarro à autarquia. Embora eu não esteja a ver qual a relação entre uma coisa e outra, não posso deixar de formular duas perguntas: Será que nessa altura o clube não recebia subsídio camarário? E mesmo assim a cedência foi gratuita? Estará o senhor presidente convencido de que os contribuintes têm a obrigação de sustentar os clubes, mesmo os que não estão em regra com o fisco? Em virtude de que catecismo ?!?

Virgilio Alves disse...

Devo dizer que neste caso até concordo com o Sr. António Rebelo, já que, indiferentemente do statu quo do União de Tomar, que não ponho em causa, não é justificativo, a meu entender, que se façam dações de bens tangíveis em razão de créditos, porque um bem público foi financiado pelos contribuintes e, mesmo que possa estar neste momento com valor patrimonial reduzido, o mesmo não implica que os benefícios públicos para todos se resumem à mera cotação contabilística.

A câmara, se deve, deve pagar em dinheiro, não com bens que servem ou podem servir a comunidade.

Aliás, por se ter caminhado no sentido de se "apoiar" arbitrariamente e em desrespeito dos demais contribuintes se assistiu à construção/remodelação dos estádios para o Euro 2004 que como bem sabemos foram sorvedouros de dinheiro público e a maioria está praticamente "às moscas", bem sei que falo num exemplo a nível nacional, porém, o caso é em tudo idêntico, salvo o aspecto à escala local.

É como vender bens públicos como receita extraordinária para baixar o défice, neste caso, talvez, para saldar dívidas assumidas.

Cumps.