A certa altura, em pleno consulado Paiva, os eleitores tomarenses souberam que ia haver um parque de estacionamento, no terreno devoluto do antigo mercado municipal, nas traseiras dos Paços do Concelho. Mais tarde, foi noticiado que a referida obra era edificada e seria depois explorada pela ParqT, uma subsidiária da Braga Parques que, em virtude do acordo assinado com o município de Tomar, ficava com o exclusivo de todo o estacionamento exterior na área urbana por 20 anos, além do já citado parque. Tudo isto decidido à revela da população e, supõe-se, com a conivência tácita da tribo dos eleitos locais, da extrema-esquerda ao PSD/Tomar, que é melhor não situar neste caso.
De surpresa em surpresa, os cidadãos que lêem a imprensa local tomaram depois conhecimento de que, em virtude de um diferendo entre as partes, tinha havido ruptura do contrato. Mais grave ainda, sem nunca se ter esclarecido qual a natureza do diferendo que levara à ruptura do acordo inicial, constatou-se a passagem à fase de tribunal arbitral, estando em causa um pedido de ressarcimento de 10 milhões de euros por parte da ParqT. Sempre à revelia dos eleitores, o executivo camarário contratou advogados de um prestigiado escritório lisboeta e exigiu igualmente uma indemnização à ParqT, com base na mesma ruptura de contrato.
Agora, após muitos meses de tribunal arbitral, com os consideráves custos daí advenientes, mas sem qualquer resultado palpável, Tomar a dianteira está em condições de avançar que a recente reunião à porta fechada do executivo tomarense, na qual nem os jornalistas habituais foram admitidos, debateu o diferendo e colheu ideias para se chegar a um acordo amigável, na base do pagamento pelo Município de um montante entre 6 e 7 milhões de euros = 1,2/1,4 milhões de contos à ParqT, mais alcavalas e despesas com causídicos, ficando a Câmara proprietária do estacionamento já em actividade. Tudo isto, como é usual, tratado à revelia dos eleitores, entre o selecto grupo social dos eleitos. Impõe-se perguntar: Que haverá de tão grave, para tanto sigilo? A população só serve para votar e pagar?
Contactos feitos entretanto por Tomar a direita, permitem afirmar que decorrem neste momento negociações entre as partes, as quais estando já bastante avançadas, não permitem contudo, por enquanto, a obtenção de um acordo amigável. Segundo as nossas fontes, caso tal consenso se mostre impossível, regressar-se-á à fase anterior -a do Tribunal Arbitral.
Perante tudo isto, parece ser legítimo prognosticar que só depois de concluído o imbróglio, os tomarenses ficarão a saber quanto lhes terá custado. Na melhor das hipóteses? Quanto ao já célebre diferendo causador da ruptura do contrato inicial, se calhar só com outros eleitos e daqui a alguns anos.
Entretanto o espectáculo prossegue, obedecendo ao preceito anglo-saxónico "the show must go on!", com os cidadãos como meros espectadores e os actores da oposição, na sua totalidade, mudos que nem carpas. É claro que, como em qualquer outro circo que se preze, neste da política tomarense, também haverá pelo menos uma respeitável parelha de palhaços, ou mesmo duas, que nos abstemos de identificar, pelo respeito que nos merecem todos os escolhidos pelo povo. Será que disso se dão conta? É que um espectáculo, mesmo de longa duração, por mais de 6 milhões de euros, é obra!!!