MALHAR EM FERRO FRIO

Quanto mais penso nos membros do actual executivo, bem como nas decisões que vão tomando ou evitando, menos compreendo o que lá estarão a fazer de útil para os cidadãos todos. Incapacidade minha, sem dúvida alguma. Mas dado que os visados não se explicam, avanço com hipóteses, visando levá-los a informar o eleitorado tomarense. Sem grande esperança de que tal ocorra. Ficará para memória futura.

Começando pelo presidente -como manda a boa educação- já aqui se escreveu que é senhor de vários predicados inestimáveis, não servindo todavia para o lugar que desempenha, por manifesta falta de capacidade decisória, de dotes de gestão, ou de feitio liderante. Estará "de pedra e cal" pois pretende chegar a Julho de 2012, altura em que atinge os 65 anos e poderá solicitar a aposentação.

O vice-presidente Carrão parece ser um animador nato, é boa pessoa, honesto e simples, carecendo porém em absoluto de envergadura política para o desempenho do lugar a que aspira e que, muito provavelmente, passará a ocupar a partir do final de 2012, até às eleições seguintes. Tempo mais do que suficiente para se queimar de forma irremediável, dados os tempos tórridos que aí vêm.

O vereador Vitorino teve uma primeira experiência como autarca PSD que foi mesmo para esquecer. Agora como autarca PS tem-se mostrado discreto, trabalhador e interessado. Infelizmente para ele, tem de gerir um pelouro alvo de todas as suspeitas, pois mexe com inúmeros interesses. Dado que detém interesses importantes nessa área, está na inconfortável posição da mulher de César -Não lhe basta ser sério, tem de parecê-lo. E aqui em Tomar, ser e parecer sério...

Rosário Simões lá vai acompanhando o funeral, com o seu ar de forçada pachorra para aturar coisas que nunca imaginou. Administrativamente muito capaz e com enorme capacidade de raciocínio e de trabalho, denota o facto de estar manietada por orientações políticas que não partilha, mas que por disciplina...

Luís Ferreira está a ser vítima da teia que ele próprio teceu. Foi aqui escrito, logo aquando da celebração do bizarro convénio com o PSD, que os socialistas ficavam atados de pés e mãos com as benesses que lhes eram atribuídas. Que não senhor; de modo nenhum. Era só inveja, má língua e não aceitar a derrota. Um ano mais tarde, os factos aí estão. Humilhado publicamente o vereador do turismo e da cultura, numa manobra urdida pelos parceiros de coligação, o PS mostra-se incapaz de reagir de forma cabal . Demonstra assim, segundo a opinião pública citadina, que os seus membros estão agarrados ao tacho, não se podendo contar com eles para reerguer Tomar. É pena. Tanto mais que, na protecção civil e nos bombeiros, a relativa maioria laranja vai proceder da mesma forma que no turismo e cultura. O presidente vai colar-se a Luís Ferreira em tudo o que sejam relações públicas, acabando por retirar-lhe o pelouro, logo que o PSD/Tomar achar que o vereador rosa está a sobresssair demasiado na pálida paisagem política local. A partir de Maio próximo e da previsível queda do governo Sócrates, vamos ter o semestre de todos os perigos. Tanto a nível nacional, como local.

Finalmente os independentes. Pedro Marques continua a não o admitir. A verdade porém é que a opinião pública, conquanto não o expresse, como é habitual, considera que os seus dois mandatos na presidência (com destaque para o segundo) estiveram muito longe de ser exemplares. Com ou sem a sua colaboração activa, houve fumos de colusão e de corrupção, bem como pelo menos um caso (há até quem fale de vários) de "raposa no galinheiro", asperamente criticado na altura própria.

Passaram os anos, Pedro Marques resolveu voltar à vida política activa, associado a ex-membros/candidatos da CDU, o que semeou alguma confusão nas suas anteriores hostes. Como nunca renegou publicamente as suas práticas enquanto presidente, nunca fez o mea culpa, nem nunca apresentou qualquer programa convincente, tem ficado longe de poder vencer. Apesar dos meios consideráveis envolvidos na mais recente campanha. O que significa que, nas condições actuais, nunca mais voltará a ascender à presidência da autarquia. E quanto mais tarde, pior maré.

Neste momento, o grande serviço que poderia prestar à comunidade consistiria em "tirar o tapete" ao coligado PS. Com efeito, os socialistas locais alegam que apenas mantêm a coligação, apesar da recente humilhação, para evitar que o PSD faça o mesmo tipo de acordo com os IpT. Se estes declarassem publicamente, de forma solene, que recusam liminarmente qualquer tipo de colaboração com os laranjas, seja sob que forma for, a atmosfera política local ficaria mais desanuviada, e os socialistas bastante tremidos na fotografia. Infelizmente, Pedro Marques não parece interessado em mudar de caminho, apesar do progressivo agravamento da crise a nível local.

Resta a vereadora Graça Costa, ao que nos disseram bastante inteligente e capaz. Cometeu, no entanto, um crime imperdoável aos olhos dos directórios partidários -abandonou o PSD e apresentou-se como candidata contra ele. Até hoje e nesta terra, ainda ninguém sobreviveu politicamente a tal aventura. De resto, socióloga formada no tempo das vacas gordas, as suas propostas programáticas, apresentadas durante a última campanha eleitoral, eram todas para países ricos e com economias a crescer. Porque sem crescimento não pode haver excedente, sem o que não há riqueza para ninguém. Desgraçadamente, os países europeus em geral, e Portugal em particular, não cresceram. não crescem, nem vão crescer, pelo menos nos próximos cinco anos. Quanto a Tomar, como é sabido, em vez de crescer economicamente, tem vindo a encolher, o pior que pode acontecer a uma terra.

Nestas condições, excluindo os casos de Corvêlo e Carrão, cada um com o seu projecto pessoal, os outros cinco estão na autarquia a fazer o quê? Porque os tomarenses precisam de ser governados? Pois precisam. Mas acham que é isso que tem acontecido e está a acontecer? Se acham que sim, estão redondamente enganados, conforme o futuro virá a demonstrar.