sábado, 27 de novembro de 2010

O QUE PENSA BELMIRO DE AZEVEDO SOBRE A ACTUAL CRISE

Belmiro de Azevedo, patrão da SONAE e conhecidíssimo empresário self-made man, publicou na imprensa de hoje um texto de apoio ao candidato Cavaco Silva, com quem teve divergências graves quando foi primeiro-ministro. Concorde-se ou não com as suas posições, é sem dúvida importante saber o que pensa sobre o actual momento político o maior patrão privado do país. 
Eis os excertos que nos pareceram mais importantes:
"A actual crise económica, financeira, de liquidez  e de sustentabilidade é tão ou mais grave do que a crise política de 1975. ... ...
Está em jogo a sutentabilidade do país -simplificadamente é disto que se trata. A mera sobrevivência não nos chega. Temos que mudar radicalmente a forma como tem sido gerido e gasto o nosso dinheiro. Temos que pensar seriamente o modelo de Estado e alterar o paradigma da educação.
A aposta na "Educação para a liderança", em especial, deve se feita tanto nas universidades como nas empresas, mas sobretudo na política, onde a formação de líderes assume particular relevância e urgência. Se não tivermos a coragem de mudar, não demorará muito tempo até que chegue a próxima crise. E com ela mais um esforço pedido às empresas e aos portugueses. Mas a nossa capacidade tem limites.
O nosso défice é estrutural. Gastamos o que não temos. Nunca houve tantos desempregados, nunca a dívida pública e o endividamento externo foram tão elevados. As medidas de austeridade, apesar do optimismo das previsões do governo, vão trazer-nos uma mais do que provável recessão.
A classe política, na sua generalidade, vive mais do ruído inconsequente do que da reflexão e do silêncio. Abundam os vendedores de ilusões, que defendem soluções que seriam absolutamente trágicas para aqueles que afirmam defender. ... ... ...E muitos protagonistas não têm suficiente preparação, dependem pessoalmente dos respectivos partidos e perderam a noção da realidade. Para piorar um cenário já pouco recomendável, não existe actualmente uma maioria no Parlamento e, à excepção do orçamento, acordos políticos que garantam estabilidade governativa afiguram-se como praticamente impossíveis. ... ... ...
Há quem preveja a inevitabilidade de mais medidas de austeridade para os próximos meses, e quem acredite ser indispensável a intervenção internacional, designadamente do FMI.
Não existe futuro sem empresários confiantes e bem sucedidos. Só isso fará crescer o emprego e a produção. Mas também não existe cminho sem trabalhadores motivados e empenhados. ... ... ...
Poderá parecer uma banalidade, mas a verdade é que cada vez mais se sente que o país precisa desesperadamente de mais actos, e não de mais palavras. ... ... ...
São conhecidos os grandes desencontros que houve, no passado, entre o político Cavaco Silva e o gestor Belmiro de Azevedo. E, de qualquer modo, quem me conhece sabe que jamais escolheria esta circunstância do país para ajustar contas, ou sequer lembrar agravos. O tamanho do problema exige clareza e elevação de espírito. Vou, por isso, decididamente votar Cavaco Silva."

(A versão integral do texto pode ser lida no PÚBLICO ou no EXPRESSO, ambos de 27/11/10)

Belmiro de Azevedo, Empresário, Presidente do Conselho de Administração do Grupo Sonae

Os destaques são da responsabilidade de Tomar a dianteira e parecem-nos de suma importância para Tomar, para os tomarenses e para o nosso concelho.

5 comentários:

Anónimo disse...

O EngºBelmiro tem razão quanto à incompetência da governação durante décadas. Também tinha quando discordava do Cavaco primeiro-ministro e apoiou o Dr. Soares à Presidência da Rep. Agora deve achar o dr.Cavaco um mal menor.
As suas justas preocupações sociais têm que ver certamente com as suas origens (não esquecidas) e com o facto de um dos seus maiores negócios depender das vendas directas ao povo. Aliás como Soares dos Santos, da outra rede de hipermercados e também preocupado com o aperto de "cinto" nacional.
Por falar em apertos, o sr. Mexia lá conseguiu que a factura da luz subisse 4% em 2011, ano de crise e com o nosso quilowatt dos mais caros da Europa e quase o dobro do preço nos EUA! Grande "gestor" o nosso Mexia!
Pedro Miguel

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

Era uma pena este post ficar sem um comentário, uma desconsideração para com Belmiro de Azevedo. Vou tentar.
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É isso, precisamos do homem certo, de experiência feito, que segure o Estado "sagrado", o Estado onde se revêem todos os burgueses capitalistas ao abrigo do qual se cometeram todas as selvajarias conhecidas, que conduziram a esta situação internacional.

Um têxto sedutor, "soft", num jornal que agora é distribuído à borla nas suas empresas de distribuição. Uma comprinha, e o jornal à borla, cujo valor será descontado em próxima comprinha. E que tem isso? Já algumas vezes aproveitei a ofertinha, ao fim de semana, 1,6o euros não é de deitar fora, fica registado no cartãozinho. Sou fiel cliente da sua Casa. ´No pequeno comércio foge-se muito aos impostos e os preços são mais caros.O Senhor Belmiro de Azevedo é um burguês capitalista, excelente empresário, um democrata, seguramente um patriota, que dá a cara frequentemente nos mídia. Sabemos quem ele é, emprega milhares de trabalhadores, paga avultados impostos ao Estado (pagam os clientes), parte dos quais não chegariam aos seus cofres se não existissem os seus supers.

"Os mercados olham cuidadosamente para os detalhes...". Pois olham. Mas esses mercados são os grandes capitalistas, especuladores, enfim, o sistema capitalista, ávidos de lucros que serão utilizados para fazer subir combustíveis, o arroz, a farinha, controlam tudo, compram tudo...

E até compram Estados. É o que está a acontecer com Portugal: está a ser comprado nos mercados capitalistas bolsistas internacionais, já pedem 9% - gandas marotos.

Só há aqui uma questão de fundo que BA não aborda, para ficarmos mais esclarecidos.

Vou servir-me de Karl Marx/F. Engels. Escreveram eles em meados do séc. XIX na obra-prima "A Ideologia Alemã"(*):

"O desenvolvimento e a acumulação da propriedade burguesa (...) permitiram aos indivíduos enriquecerem, enquanto o Estado se endividava cada vez mais", e dá exemplos das primeiras repúblicas mercantis da Itália, o apogeu da Holanda no século XVIII e o que se passava no seu tempo em Inglaterra.

E mais à frente continua....

"É manifesto que, desde que a bourgeoisie acumulou dinheiro, o Estado teve de mendigar junto dela e acabou por ser literalmente comprado. (...) Apesar de comprado, o Estado (**) continua pouco endinheirado e, portanto, depende dos bourgeois, mesmo quando dispõe, quando o interesse da bourgeoisie o exige, de maiores recursos do que outros Estados menos desenvolvidos, logo, menos endividados. No entanto, mesmo os Estados menos desenvolvidos (...) caminham inexoravelmente para este destino e serão comprados em LEILÃO pelos bourgeois, restando-lhes apenas a consolação (...) da identidade entre a propriedade privada e a propriedade do Estado -com o soberano à cabeça, procurando em vão retardar a hora da venda do poder do Estado aos «burgueses» «encolerizados». - o Estado já é da grande burguesia capitalista, agora não se chama assim, diz-se, eufemisticamente, "conjunto dos mais ricos"...

O Estado é propriedade da classe de que faz parte Belmiro de Azevedo. E como grassa por aí uma fome de perder a cabeça..., é de bom senso que cada um aconselhe o voto em quem muito bem entende. Mas seja qual for a escolha, pode o Senhor Belmiro estar descansado: o Estado vai ainda continuar a ser "SEU" e dos seus pares.
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(*) Edição Editorial Presença, Maio 1975 -citações das páginas 184-185.
(**) Refere-se ao Estado Alemão da altura.

Anónimo disse...

O Belmiro de Azevedo apoia hoje,como sempre fez,quem ele pensa que pode defender melhor os SEUS (dele) interesses.

É um passarão manhoso,habilidoso,que emprega milhares de pessoas,não por ser benemérito ou socialmente preocupado,mas porque isso é uma inevitabilidade para a criação e acumulação da sua fortuna pessoal - a 2ª maior do país,logo a seguir ao Amorim da cortiça.

De resto,perguntem aos trabalhadores do grupo,designadamente aos da grande distribuição,quais as condições de trabalho e o salário médio mensal.

O Belmiro dá um chouriço a quem lhe der uma vara de porcos gordos.

O Belmiro devia explicar aos portugueses como é que passou de empregado da SONAE - Pinto de Magalhães,para dono,após a morte deste.

O Belmiro é amigo dele próprio e mesmo quando se envolve em "causas solidárias" fá-lo por decisão de marketing,a pensar no retorno.

Pode até dizer algumas verdades sobre a canalha que nos governa,e diz,mas não deixa de ser o que é verdadeiramente - um passarão com um cifrão em cada olho.

Recordem-se da especulação financeira que constituiram o festival de OPVs (Ofertas Públicas de Venda) de acções de tudo o que era empresas do Grupo Sonae no tempo do agora apoiado Cavaco Silva.

Desbarretemo-nos aos "patrióticos" bancos portugueses que,com o aval do Estado,estão a ir buscar dinheiro a 1% ao BCE,para a seguir comprarem dívida pública ao Estado fiador a 6 e 7%.

É SÓ PATRIOTAS!!!

Anónimo disse...

Apoiado.

O patrão Belmiro sabe bem o que a casa gasta. Sabe bem que por cá só se vai longe com o apoio do poder político. Sabe bem que o "império" que construiu, há base de beneces, apenas sobrevive com a manutençãs dessas mesmas condições. O tempo não está para bincadeiras. Há que conservar o condicionamento industrial e comercial. O mesmo que levou à partida do Carefour do nosso país, por exemplo.
Por isso convem estar bem com o partido do governo. Por tal é necessário estar bem com os políticos do governo. E também estar bem com os amigos destes. Sempre foi assim. E sempre assim será.
Dizem que o PS está em queda livre. Aproximam-se mudanças na governação. Estamos na transição de um ciclo político. Há que reafinar o diapasão para os novos tempos. Passos Coelho, estás perdoado. O pessoal do Pê-Esse-Dê vai passar a ter desconto no Continente e Modelo. Passos Coelho já tem um cartão de desconto. Ou será o Belmiro que acabou de adquirir um?...
PM

Anónimo disse...

O Belmiro de Azevedo é como os padres. Está sempre com qwuem detem o poder! Chama-se a isso ser rolha.
Por acaso alguém por aí sabe quais foram os princípios do rei do feijão e do arroz? Refiro-me ao seu papel como curador dos bens daquela milionária norte-americana que foi sócia do sr. Pinto de Magalhães?