segunda-feira, 8 de novembro de 2010

VAMOS AO QUE INTERESSA

Esta crónica é dedicada a todos aqueles que andam sempre a repetir o mesmo discurso, num evidente sinal de caquexia, muito em particular aos que, além disso, usam óculos de espessas lentes cor de laranja.

Nos últimos cinco anos, Portugal baixou 15 lugares no ranking da competitividade que é elaborado pelo Fórum Económico Mundial, um organismo internacional que anualmente avalia 139 países à escala global. Estamos a perder competitividade a um ritmo preocupante.
A nossa produtividade -isto é, a produção de cada trabalhador por hora de trabalho- é hoje sensivelmente metade da média europeia, ou seja, cada português precisa de trabalhar o dobro do tempo que a média de um trabalhador europeu, para fazer a mesma coisa.
Há dez anos, Portugal vendia para o exterior mais do que a Hungria e a República Checa, dois países de dimensão semelhante à nossa. Hoje, dez anos depois, estes países ultrapassaram-nos e multiplicaram por três o valor das suas exportações. No mesmo período, Portugal nem sequer conseguiu duplicar as suas.
Nos anos 90, Portugal era a moda na Europa, em termos de atracção de investimento estrangeiro. Foi o tempo em que a AutoEuropa se instalou no nosso país. Disputámos e ganhámos a dois outros países europeus esse investimento estratégico e estruturante. Hoje, o investimento estrangeiro em Portugal é irrisório e os países de Leste substituíram-nos em termos de destino prioritário de grandes investimentos produtivos.
Já fomos, no ranking europeu de crescimento económico, o 14º país. Hoje estamos em 19º lugar. No próximo ano vamos voltar a baixar de posição, ultrapassados pela Eslováquia. Estamos há anos a perder terreno, sempre a baixar de posição.
Estes indicadores, objectivos e oficiais, não podem deixar de impressionar. Qualquer português, seja de esquerda, de direita ou do centro, ficará arrepiado com esta trajectória negativa do nosso país.A verdade é que estamos a empobrecer a um ritmo acelerado.
Apesar destas evidências, o último debate do OE passou ao lado de tudo isto. Ou seja, passou ao lado do que é essencial. 
É certo que houve muita gritaria. Os decibéis subiram e os adjectivos abundaram. Mas esmiuçada toda aquela verborreia, não fica ponta de susbstância. Nem uma ideia, nem uma orientação, nem uma política para inverter este estado de coisas. O que é muito preocupante.
Será que é demasiado pedir aos nossos governantes e deputados que ocupem um pouco do seu tempo com estas preocupações? Afinal, é por aqui que passa o nosso futuro. Um futuro que, pelo andar da carruagem, nos leva ao empobrecimento e à irrelevância.

As partes a negrito e azul assentam que nem uma luva na triste situação tomarense. Basta alterar um ou outro detalhe, como por exemplo "debate na Assembleia Municipal", em vez de "debate do OE", ou "cidade", em vez de "país".

Estilo esquerdista, não é verdade? A má-língua do costume?  Pois vamos então atribuir a César o que é de César. O texto supracitado é assinado por Luís Marques Mendes, ex-líder do PSD, tendo sido publicado na página 2 do Correio da Manhã de hoje, 08/11/10.
Os nossos agradecimentos ao autor e ao CM.

PS - Continuam alguns leitores, se calhar sempre os mesmos, a perguntar o que já fiz por Tomar e/ou se já dei provas. 
Isso é conversa do século passado, criaturas! Quando a "boa sociedade" tomarense, cliente do Café Paraíso, decidia quem tinha ou não tinha "categoria" para ser presidente da câmara. Essa tradição sobreviveu mesmo ao 25 de Abril, tendo até. de certa maneira,  chegado aos nossos dias. Com os brilhantes resultados que estão à vista de quem queira ver. Mas não há pior cego...
Agora, como atempadamente previu Gedeão, na sua Pedra Filosofal, "o mundo pula e avança/como bola colorida/entre as mãos de uma criança". E ai de quem ficar para trás! Trata-se por isso agora de indagar o que cada um poderá vir a fazer por Tomar. Não aquilo que já fez ou deixou de fazer. Tendo sempre em conta que "fazer algo por Tomar" deve ser doravante contribuir para criar riqueza, para atraír investimento, para aumentar o emprego produtivo, para depender cada vez menos do orçamento público. Porque cada vez virão menos verbas de Lisboa. O resto são balelas, da parte daqueles que continuam a acreditar piamente que o futuro é a repetição do passado. Lamentavelmente, e tanto pior para eles!

7 comentários:

Anónimo disse...

Saberá o sr. Rebelo que o governo se prepara para decretar a incompatibilidade de reformas com vencimentos em cargos públicos, isto é, a mesma pessoa não poderá auferir simultâneamente dos dois lados?
Assim sendo, continuará V.Exa. interessado em se colar ao Luis Ferreira na expectativa dum cargozito na autarquia?
Que tem a dizer sobre isto? Ou será que se efectivamente algum dia exercer um cargo na câmara será a título voluntário, tal como se fez ao de reconstrutor da roda do Mouchão?

Obrigado.

Anónimo disse...

Para anónimo em 09:01

É claro que estou perfeitamente ao corrente dessa questão das reformas e vencimentos, que já devia ter sido decidida como foi agora há muito mais tempo. A cadela não pode com tanto cão!
Não me fiz nem faço a cargo algum. Apenas penso que os tomarenses, incluíndo os senhores autarcas, poderão vir a necessitar dos meus fracos préstimos, mais cedo ou mais tarde. E não há nada como ir avisando, para evitar desculpas de mau pagador.
Nunca tive nem tenho por hábito colar-me a quem quer que seja, tal como nunca confundi amizades pessoais com posições políticas. Sempre tenho procurado cumprir o dístico "Critiquem-se os políticos, respeitem-se os cidadãos." Será necessário acrescentar que os políticos não deixam de ser cidadãos, uma vez investidos nos seus cargos?
Quanto ao resto, fará o favor de ler a minha resposta ao Cantoneiro da borda da estrada, nos comentários ao post "Somos realmente singulares".

Cordialmente,

A.R.

Anónimo disse...

"Sempre tenho procurado cumprir o dístico "Critiquem-se os políticos, respeitem-se os cidadãos." Será necessário acrescentar que os políticos não deixam de ser cidadãos, uma vez investidos nos seus cargos?"

Judiciosas apreciações, sim senhor.

Já agora era interessante que o seu amigo Ferreira Vereador, os Srs. Hugo e restante malta do PS levassem à prática tais princípios, porque eles gostam muito de criticar os outros cidadãos e não os respeitam

O Pedro Marques e alguns daqueles que o acompanham nos Independentes têm sido vítimas dessas posturas dos referidos "democráticos".

O Sr. Prof. Rebelo pode exercer a sua influência para os levar para o bom caminho, o que só lhe fica bem!

Anónimo disse...

Depois de voltar a ler isto,pintado de "humildade":

..."Não me fiz nem faço a cargo algum. Apenas penso que os tomarenses, incluíndo os senhores autarcas, poderão vir a necessitar dos meus fracos préstimos, mais cedo ou mais tarde. E não há nada como ir avisando, para evitar desculpas de mau pagador."...

É CASO PARA DIZER:

ARRE PORRA QUE É DEMAIS!

O homem acorda a pensar nisto,vive a pensar no mesmo,adormece com isto na cabeça,sonha com isto...

Aliviem-lhe o sofrimento!

Dêem-lhe a patente de COMISSÁRIO DA RODA.

Façam o homem feliz!

Anónimo disse...

Para anónimo em 11:35

Julgo que você estará numa de duas situações: 1 - Percebe muito bem as coisas e têm consciência da crise em que estamos, mas simula o contrário porque lhe convém; 2 - A sua cabeça não lhe permite ir além da aparência das coisas, e cuida que todos os outros são como você.
Em qualquer dos casos, lastimo-o sinceramente. Não deve ser nada fácil viver num universo mental como o seu. Deus o ajude, se puder!

Anónimo disse...

Faltou-lhe o :

ÁMEN!

Imperdoável...

Anónimo disse...

Há muito que a Roda do Mouchão devia ter estatuto de património municipal. Por causa da sua característica, pela sua história, porque de há muitas décadas faz parte do visual da cidade, porque há imensos anos gerações e gerações de tomarenses se habituaram a vê-la como algo seu.
Por tudo isto já há muito tempo que devia haver na Câmara documentação técnica (incluindo desenhos) da roda árabe da entrada do Mouchão Parque, para que, numa situação como a de agora não se corra o perigo de se ter de eventualmente recorrer a privados para recuperar a sua arquitectura.
Eu digo perigo porque há sempre a possibilidade de alguém privado deter consigo material considerado relevante, e não querer partilhá-lo!
É claro que não será o caso do António Rebelo, nem nunca me passou pela cabeça que ele tomasse uma atitude dessas.
Lembro que existia em Tomar uma personalidade que tinha um acervo fotográfico impressionante sobre a cidade e que fez questão de nunca partilhar esse espólio com a comunidade. O irmão certamente não teria tido essa atitude...

PS.- Se calhar estarei a precipitar-me nas minhas apreciações porque muito provavelmente haverá documentação na Câmara Municipal sobre a roda.