Crise, a quanto obrigas! Os vendedores ambulantes de artesanato e bugigangas, que são chusma em qualquer local de grande afluência de turistas, até agora primavam pela ausência em Tomar. Ontem, porém, já esperavam pelos clientes na Praça da República e nas arcadas da Alameda. Mudam-se os tempos...
Outra consequência da crise: Confrontados com o desemprego, jovens universitários recém-formados aproveitam para conhecer o mundo. São os routards, backpackers, trotamundos, mochileiros ou caracóis. Turismo de pé-descalço, em tomarês, com a nossa habitual visão muito peculiar do mundo que nos rodeia. Megalomania, afigurações, alucinações, ideias fixas. Queremos turismo de qualidade. Teremos qualidade para o atraír?
Já nos idos anos 30 do século passado, com a chegada do caminho de ferro, os tomarenses incharam, presumiram, prosapiaram e bazofiaram à tripa-forra. Houve até quem, certamente por falta de noção das coisas, tivesse acreditado nas promessas de um futuro brilhante para o turismo local, mandando edificar um hotel virado para a gare ferroviária. Foi o efémero Grande Hotel de Tomar. Durou meia dúzia de anos. Na segunda metade dos anos 40 já era o internato do Colégio Masculino Nuno Álvares, então a funcionar nos edifícios que foram substituídos pela actual sede da Misericórdia, e depois transferido para as novas instalações além da ponte.
Ficaram as ilusões e as letras mal apagadas do nome da unidade hoteleira...
Telhado da ex-Fundição Tomarense, nos antigos Moinhos da Ordem de Cristo, também conhecidos por Lagares d'El-Rey, por quem pouco conhece da história local. A anunciada transformação num triplo museu, orçada em seis milhões de euros, virá a constituir um dos maiores problemas futuros para a tesouraria municipal. Mas os senhores autarcas da actual e relativa maioria não querem crer, que se lhes há-de fazer?
Crise, a quanto obrigas - 2 O material continua a ser do melhor e em quantidade, como quase sempre acontece quando um respeitável cidadão português se dedica a qualquer desporto, por cuidar que sem bom (e caro) material de boa marca não pode haver bom praticante. Mas os objectivos foram ajustados em muitos casos. Agora, em vez de o devolverem às águas, ou o oferecerem aos amigos, levam o peixe para casa e dizem à patroa para o grelhar, assar ou fritar. Sempre é uma refeição mais barata. Tem muitas espinhas? Pois tem! É como a vida, que cada vez tem mais espinhas.
60 mil euros? Aqui há tempos, Pedro Ferraz da Costa, um empresário de direita que já foi presidente da CIP - Confederação da Indústria Portuguesa, afirmou publicamente, segundo noticiaram os jornais, que "O país é demasiado pequeno para se roubar tanto!" Na nossa tosca opinião, é muito bem capaz de ter razão! Tanto mais que a nova bancada do ex-estádio, transformado em campo de treinos, também é demasiado pequena. Mesmo para uma cidade pequena e com políticos pequenos...
4 comentários:
Mais 60.000 euros à conta do grande timoneiro paulino da Trofa.
Mas, para quem já assegurou uma boa reforma e ainda ganha mais uns milhares nas obras, tanto se lhe dá, como se lhe deu.
Tomar que se lixe e os Tomarenses que paguem!
Ora polis, ou melhor, ora porra!!!!!!!
Estive em Tomar nos últimos 3 dias da semana que findou. Não se resiste muito tempo sem visitar a nossa Terra, quando ela é Tomar. O que terá ela, que charme especial tem que nos encanta tão especialmente?
Aquele telhado da imagem, à nossa altura quando iniciamos a travessia da Ponte Velha é desolador..., bem podiam cobri-lo com extenso tapete publicitário a qualquer coisa... E talvez não, pois desiquilibrava a "boa" estética com o velho e degradado prédio no final da travessia, pelo lado direito. Como eu conheço bem aquele "cenário", em mais, bem mais de 20 000 atravessamentos!
Nestes três dias achei os tomarenses diferentes(os que contactei e os que ouvi nas mesas ao lado no restaurante e nos cafés), mais saídos da sua individualidade, mais centrados no colectivo, certamente arrastados pelas condições sociais e materiais dos dias que correm. Temas das conversas: problemas sociais, económicos e políticos da Terra. Menos bisbilhotice.
Achei interessante um comentário do Post anterior:
"...melhoria de escolas (excelente trabalho da Dra Rosário
O peixe-espada do Nabão."
Pois é verdade, a "Rosária" foi nome de autarca que mais ouvi em contactos diretos e nas mesas ao lado, não estou a pintar, pois não conheço a senhora, representa um partido em que nunca votei, e embora às vezes referenciada neste blogue nunca captei a dimensão de qualidade, dedicação e responsabilidade que parece merecer junto dos munícipes.
"A Rosário" é a melhor, ouvi algumas vezes; "A Rosário" é que devia estar à frente da Câmara, só se aproveita ela.
-Quem é a Rosário? - indaguei.
E lá me explicaram: é muito empenhada, séria, dedica a sua vida às suas tarefas públicas, chega a ir para lá aos fins de semana, não é dada a demagogias, não exibe simpatias falsas, faz um excelente trabalho para as pessoas,etc., etc.
Fiquei com a percepção de que os tomarenses estão a espevitar, a reagir, muito preocupados sobre a maneira como vão conseguir fazer XÔ! a uma instalada "banditagem" (expressão que ouvi).
Enquanto jantava, na mesa ao lado, um indivíduo abafou as vozes dos companheiros com esta expressão:
-"O mal, sabem qual é o mal? é só haver nesta terra uma pessoa que diz as verdades e assina por baixo: O Rebelo!"
Muitas mais coisas ouvi e me contaram. Nos últimos anos nunca contactei e fui contactado por tantas pessoas (amigos e conhecidos).
"Isto está uma desgraça", "bateu no fundo", "a fome está a chegar para alguns" e até este dramático desabafo: "e tudo indica que os mesmos responsáveis já se estão a atrelar a eventuais novas soluções, como se não tenham nada a ver com o que conduziu a esta lástima".
Particularmente, fiquei satisfeito com a informação de que o IPT vai mesmo arrancar com o projeto de Escola de Artes de nível superior: Música, Dança e Teatro. Espero que ponham a dirigir e lecionar este projeto pessoas certas e não amigos, amadores ou pouco mais.
Continua.....
...... Continuação
Temos sempre que rentabilizar as nossas visitas e não perdi a sessão com Lobo Antunes. Valeu a pena, LA é um bom conversador, falou mais do seu "EU", do "Seu" mundo do que da sua obra, "Quando me publicam os livros deixam de ser meus", revelou algumas memórias episódicas da sua infância, coisas que eu já tinha ouvido em qualquer lado, não referiu o nosso país, o nosso povo, as dificuldades por que atravessa, escrevo para pessoas inteligentes, quando leio outros escritores não resisto a corrigi-los nas margens. Da sua obra foi-nos dada uma excelente lição por uma senhora da livraria "Ao pé das Letras", uma nova estética do género Romance, não se pode ler como se lê Eça de Queiroz, deu-nos mesmo uma lição sobre como ler Lobo Antunes. Houve participação da assistência, cerca de 90 pessoas. Senhora de muito saber, que gostei de ouvir. Quem quiser ler LA fale primeiro com ela e compre um livro na sua livraria.
Um bom momento, valeu a pena. Não se referiu a sua ausência no Café Paraíso. Só lá vi o Sr. Presidente da Câmara, restantes políticos parece que fizeram gazeta. Sectarismo de mais? cultura a mais? Egoísmo a mais?
Tomei conhecimento de mil projetos em fermentação para Tomar. Pediram-me que não os revelasse. O segredo é a alma do negócio.
Tomar é uma belezura!
Estes pescadores, desportistas, pelos vistos não sabem ler.
No lado esquerdo, pregado na árvore, está uma tabuleta que diz proibido pescar.
Dá para rir.Pois pescar em viveiros até eu sou capaz.
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