quarta-feira, 3 de novembro de 2010

TINHA RAZÃO O POETA, MAS...


Tinha razão o poeta - Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena. Mais de dois anos de labuta diária frente ao écran e 1952 postes volvidos, o texto acima reproduzido constitui para mim um incentivo de muito peso. Desde logo pelo estilo escorreito, a denotar um fio de raciocínio de primeira água. Que até produz frases contraditórias como estas: A - "...por aqueles que , bem ou mal, mas democraticamente estão nos lugares a que têm direito!" B - "...que, como sabem, vão desenvolvendo e bem as tarefas para que foram eleitos..."
Vem logo a seguir o vocabulário, abundante e bem escolhido: "a inveja, a cobiça, o ciúme, a cupidez, a ambição, a ganância, , a dor de corno..." Então não é uma beleza? O que estes ocasionais leitores conseguem alinhavar a coberto do anonimato! Imparcialidade, justiça, sentido da realidade, respeito pela comunidade? Que vem a ser isso?
Em terceiro lugar, avulta este sapientíssimo conselho, desinteressado sem qualquer sombra de dúvida: "Desiluda-se insigne, ilustre, distinto, explícito, celebérrimo Provedor da Urbe, agora também proclamado Visconde de Vincennes e, também, os seus restritos seguidores virtuais!" Só para ter o prazer de ler e meditar semelhantes mimos, de todo imerecidos, já valeu a pena este tempo frente ao computador, tendo como único fito o serviço da comunidade, por dever de cidadania. Além de que fiquei agora sabedor de que tenho seguidores virtuais, ainda por cima restritos. Ai os malandros! E não me tinham ainda dito nada! Ingratos!
Abstenho-me, por razões óbvias, de comentar os dois últimos parágrafos. Não só por questões de higiene pessoal, mas também porque o português em que estão grafados poderá ser tudo; fácil de decifrar não é de certeza. Pelo que, termino com o conhecido dístico "Ditosa pátria que tais filhos tem. Desgraçada terra em que tive a desdita de vir ao mundo." Amen! E o hospital era, ao tempo, da Misericórdia e de Nossa Senhora da Graça! Se calha a ser da desgraça e sem misericórdia, não sei o que teria sido de mim...

3 comentários:

Anónimo disse...

Quem vasculhar a História de Portugal encontrará, em qualquer dos seus grandes períodos, referências a Tomar: na afirmação de uma nova Nação, no povoamento, na resistência militar a Espanha, na expansão marítima, na supervisão eclesiástica no mundo, no acolhimento dos judeus, também na capitulação política face a Filipe II, nas invasões francesas, nas lutas liberais, na industrialização de Pombal, nos Planos de Fomento do Estado Novo e até na formação militar moderna; mesmo na loucura do PREC, com o "julgamento popular" de José Diogo!
A partir de 1980, goste-se ou não, a cidade entra num processo contínuo de decadência a todos os níveis: de emprego, de residentes, investimentos, comercio (nem mercado tradicional existe), etc.
Podia ser diferente? Podia, mas não era com os dirigentes que houve e que temos (mesmo que eleitos). Em termos de estratégia
para o desenvolvimento todos erraram. Os responsaveis autárquicos revelaram-se uma nulidade. Olhe-se para Abrantes, Torres Novas e mesmo Entroncamento ou Golegã.
Gostarão alguns de Tomar (no futuro) como uma aldeia com história. Muitos outros não, porque têem um pouco mais de ambição. Ambição para a cidade e não ambição pessoal ou "inveja", "ciúme" e outros termos fadistas desproporcionados para a questão fundamental: a crise em curso e sem saída de Tomar!
Pedro Miguel

Anónimo disse...

Tomar, vai ficar na história como cidade adormecida, que foi gerida decadas por uma cambada de incompetentes que destruiu o lar de muitos para encher os bolsos a politicos de merda e suas anexas empresas construtoras

Resido (ainda) em Tomar e trabalho há quase 5 anos para uma empresa no Entroncamento com sede em Lisboa.
Ontem quarta-feira, fui chamado á gerencia onde me foi comunicado que queriam a continuação dos meus serviços mas a custo mais reduzidos (p/hora)

A crise está a dar cabo das familia. Os primeiros a sofrer são os trabalhadores a contrato e/ou a recibo verde.
Aqueles, que independentemente da sua formação académica, vivem todos dias na incerteza do amanhã.
Aqueles, que na sua maioria não tem subsidio de Natal ou férias.
Eu tenho formação e estou no estado em que estou. E não é ninguém de Tomar que me vai salvar.

Portanto, Srs Politicos e restantes que tomarenses que têm o seu emprego minimamente sólido, parem de chorar, porque existe muita gente que nem o suicidio é solução.

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

Sr. Pedro Miguel,

Um dos melhores comentários que li neste blogue.

E não o considero o melhor porque o senhor não resistiu a terminar com esta incompreensível descrença:

"... a crise em curso e sem saída de Tomar!"

Que pena.