Copiado do semanário SOL de 30/10/10, com a devida vénia e os nossos agradecimentos.
A notícia supra pode ser lida sob vários enfoques. Ter diversas leituras. De um ponto de vista moral, estes negócios, tipo arranjinho à portuguesa, compadrio ou golpada, têm muito que se lhe diga. É, todavia, muito possível que, apesar das amizades pessoais e partidárias, se tenha mantido a lisura. Já tem acontecido haver negócios sem contrapartidas "por debaixo da mesa". Que contrapartidas? Vantagens monetárias para os intervenientes, financiamentos de campanhas eleitorais, donativos para o partido A, B ou C...
Outro ângulo possível é o da actuação dos autarcas, sobretudo os do interior, no sentido de se arrimarem o mais possível ao governo, ou até, como neste caso, de o engordarem mais um bocadinho, a troco do vil metal. O que sempre faculta um pouco mais de fôlego às finanças autárquicas, ao mesmo tempo que transforma mais alguns empregados privados em funcionários públicos. Nos tempos que correm, tomariam muitos!
Terceiro ponto de vista, a manifesta inoperância dos autarcas tomarenses que temos, incapazes de um golpe de asa, semelhante a este do homólogo da Guarda. Apesar dos imensos recursos de que dispomos na área do turismo, é óbvio que, ficando à secretária, ou passeando nos automóveis de função, à espera que apareçam investidores ou empresários, com soluções "chave na mão", nunca mais vamos conseguir ultrapassar esta apagada e vil tristeza, parafraseando Camões. Pelo contrário. Cada vez estaremos mais pobres e mais arredados da construção do futuro.
Derradeiro enfoque, o turismo neste país e nesta terra. Como geralmente não se sabe, a indústria turística é uma trempe de quatro pés -transporte, alojamento, atracções, alimentação. Tudo isto mais ou menos coordenado por profissionais do sector, consoante o tipo de turista. Em todo o caso, no que diz respeito aos visitantes estrangeiros, não temos enquanto país, e muito menos enquanto região ou concelho, qualquer influência sobre a evolução do mercado, quase totalmente controlado pelos grandes operadores, por sua vez dependentes, ou até simples filiais, das grandes companhias de aviação. Infelizmente, a TAP é uma pequena companhia, cuja influência no mercado é praticamente inexistente.
Neste quadro, onde a relação qualidade/preço é sempre determinante, importa formar eficazmente os profissionais que, servindo os turistas, estão afinal a representar Portugal e os portugueses. Nesse sentido, o governo vem ampliando a rede nacional de escolas de formação turística e hoteleira, nem sempre com os melhores critérios, ou sequer com um módico de realismo. Neste momento existem, ou estão previstas, escolas de hotelaria e turismo em Faro, Évora, Estoril, Lisboa, Santarém, Setúbal, Porto e Guarda. Será a melhor distribuição geográfica, tendo em vista os recursos humanos e turísticos do país? Não nos parece, mas é o que já temos ou vamos ter. Quanto a Tomar, vamos continuar a ver passar os investimentos, enquanto o nosso querido presidente da câmara vai repetindo que há interessados para o hotel de charme no ex-convento de Santa Iria, por milhão e meio de euros. Uma verdadeira pechincha, uma autêntica ocasião a não perder. Repare-se que este hotel na Guarda, a funcionar e com 100 quartos de 4 estrelas, foi abarbatado por três milhões e meio...
Aqui há anos, quando alguém facultou aos fidalgos do Politécnico a ideia da licenciatura em turismo cultural, deu a entender que seria bom vir a controlar igualmente o Convento de Cristo. Porque escolas de turismo só de papel e lápis, são como escolas de condução que tivessem só aulas teóricas de código e de mecânica. Em vez de assim o entenderem, chamaram-lhe açambarcador. E vá de estabelecer um currículo, basicamente com geógrafos, historiadores, arqueólogos, professores de línguas, e um ou outro autoproclamado especialista, sem que se saiba ao certo onde ou como adquiriu a alegada especialidade, e em quê. Bons profissionais/operacionais de turismo, nicles! Anos volvidos, o Politécnico está na triste situação de vir a ser fagocitado por Santarém ou por Leiria, embora os seus dirigentes insistam em afirmar o contrário. Por culpa de quem? Do alegado açambarcador, ou dos bizarros métodos de recrutamento dos docentes? Neste caso da ideia facultada, aconteceu algo parecido com o destino dos brinquedos que se dão às crianças. Depressa dão cabo deles, após o que se justificam, alegando que não prestavam para nada. Pois...
No século XVI, quando começaram a afluir as riquezas proporcionadas pelos descobrimentos, e todos procuraram encontrar lugar à mesa do orçamento real, alguém cunhou um dito que chegou a até nós: "Fidalguia sem comedoria, é gaita que não assobia." 500 anos volvidos, prossegue a mesma irresistível paixão pelas arcas públicas, agora em parte abastecidas via Bruxelas. Mas será de toda a conveniência, tendo em conta a experiência entretanto adquirida, manter o dito quinhentista, agora todavia às avessas: "Fidalguia com comedoria, é gaita que não assobia." Pelo menos aqui em Tomar, é o que tem vindo a ocorrer. Desgraçadamente.
10 comentários:
Nas minhas visitas a Tomar a dianteira, reparo que o Professor Rebelo usa muito transcrições de alguns jornais como ponto de partida para os seus apimentados e muito oportunos comentários. Permita V. Exª que o siga, mas apenas na citação retirada do diário que mais vende em Portugal: "Com este OE, pagamos a factura de outro, de 2009, vergonhosamente eleitoralista, que ignorou todos os dados objectivos da crise internacional e da nossa própria" - Eduardo Dâmaso, director-adjunto do Correio da Manhã, no domingo, 31 de Outubro de 2010.
Cidadão perplexo
Uma notícia no espaço "Local" da Sapo refere que o sintéctico do Paulino, o Paiva da Trofa, está reduzido a um tapete de borracha a desfazer-se.
Isso percebi eu quando há anos pisei aquele "relvado" na companhia duma pessoa entendida no assunto, e ambos chegámos à conclusão que aquilo não iria durar mais que 6-8 anos.
Trata-se de uma obra paulina, um autêntico roubo ao erário público, e só não digo que é uma ofensa aos tomarenses porque os tomarenses não se sentem ofendidos em nada porque se trata duma comunidade amorfa, sem espinha dorsal, irresponsável, sem opinião.
Cada um tem o que merece!
Não há problema. O povo irá pagar um tapete novo...
O ex-presidente foi o maior crime que alguma vez aconteceu a Tomar.
Mandem o ministério publico investigar os seus desmandos e ele que pague, em Tribunal, tudo o que destruiu em Tomar.
"...e só não digo que é uma ofensa aos tomarenses porque os tomarenses não se sentem ofendidos em nada porque se trata duma comunidade amorfa, sem espinha dorsal, irresponsável, sem opinião."
O Anónimo das 07H02 não tem razão em caraterizar assim os tomarenses. Que exagero!!! Assim ninguém se entende na identificação das causas das actuais dificuldades nem na construção de soluções. Seguindo a mezinha da moda, proposta por alguns, mendiguemos a uma secção do FMI que trate de Tomar ou à região autónoma castelhana mais próxima.
O concelho de Tomar, a sua população, esteve na vanguarda, em muitas coisas, no nosso país, nos últimos 50 anos.
-Foi pioneira na exportação (óleos alimentares, placas de fibra de madeira´, cerâmica p/constr. civil, pintos do dia, papel., etc..
Muitos desses produtos fruto de inovação criada por tomarenses.
-Teve a mais avançada Aldeia de Portugal, um oásis em qualidade de vida, que deixava pasmado quem a conhecia - Santa Cita.
-Um comércio local dinâmico e moderno que atraía gente de todo o lado da região, e até de outras zonas.
-Na primeira linha no Ensino, nomeadamente, técnico-profissional.
-Rica em quadros médios (e não só)
Etc., Etc..
Know how havia em Tomar de sobra (e ainda há), património que não foi aproveitado mesmo depois que a crise se instalou nalgumas das suas indústrias.
O Dr. A.Rebelo conhece isto e muito mais e é a expressão presente e activa de inconformismo de muitos e muitos tomarenses que ele, afinal, representa aqui.
Onde esteve e está o problema?
Estou persuadido que este blogue tem trazido a público muitas das causas que produziram efeitos tão merecedores de lamentações e permito-me apontar alguns:
-Na área política local.
-Na área da imprensa local.
-Na acomodação de muitos chamados líderes locais que se refugiaram no seu cantinho.
-Na ausência de momentos de debate no movimento associativo.
-Na incontornável(é o que parece)dependência de Santarém que fará sempre tudo para a secundarizar ao máximo
-Etc..
Não será que os tomarenses se viram privados das suas elites locais, entregues a jogos de poder, renunciando ao rico património histórico e humano de que dispõe?
Estas coisas têm que ser debatidas.
Digo eu.
Os tomarenses palonços ? Não...
Até acreditam que o pelouro do Turismo e da Cultura foi retirado ao Luís Ferreira.
Então por que não caíu a coligação ?
Será embaraçoso que o Lobo Antunes venha a Tomar no dia 13/11 e seja recebido por quem lhe bateu tanto, como Luís Ferreira.
Há uma retirada estratégica.
Os tomarenses é que ficaram à espera do que nunca acontecerá.
Como disse o LF: o Presidente da CMT está a reorganizar os pelouros...
CARO COLEGA ANÓNIMO/A DAS 10:25H
Acha que por aí se chega a algum lado? O Tribunal de Contas, por exemplo, é um pára-choques dos desmandos avulsos de autarcas igualmente avulsos, irresponsáveis e sem escrúpulos, como o foi o eng. Paulino, o Paiva da Trofa. E que me ocorra não existe em Portugal um organismo credível, isento e profissional que, quando devidamente solicitado, inquira e actue pragmaticamente sobre estes pseudo-autarcas que se valem do cargo que ocupam para se promoverem a si e aos seus amigos, compadres e demais confrades.
É o que temos. É com isso que temos de viver! Razão tem a chanceler alemã que já anunciou que a partir de 2013 deixa de haver pão para malucos. A Alemanha é o maior contribuinte líquido desta canalha que vive de subsídios dentro da CE, donde se destaca Portugal onde em qualquer esquina se vêem desbaratados em obras desajustadas, inúteis, desnecessárias e inestéticas dinheiros que fariam um jeitão noutras áreas, assim houvesse alguém para decidir honestamente.
Professor Indignado
"Tomar ? A CRISE CHEGOU AO CONVENTO
Venho reportar notícia que considero ser do interesse público, que deveria ser publicado, divulgado.
Sou professor de uma escola do nosso pequeno e problemático País, na semana passada, liguei para o Convento de Cristo em Tomar, para agendar uma visita guiada e animada como nos anos anteriores, fiquei surpreso pela informação prestada pela Senhora que me atendeu.
Foram abolidas todas as visitas guiadas e animadas para escolas.
Interroguei o motivo, resposta:
O departamento do Serviço de Educação e Animação do Monumento foi fechado, a técnica que conduzia este atendimento escolar, teve seu contrato não renovado, o animador que fazia as animações escolares, está desempregado e sem vinculo ao Convento.
Encolerizado pela resposta, perguntei, como é possível um monumento como o Convento de Cristo, Património da Humanidade, deixar de ter um atendimento às escolas, como nos anos anteriores, como fica a educação das nossas crianças?
A resposta, mais uma vez por esta técnica foi francamente arrasadora:
É a crise, veja só, o problema não é só com este Serviço de Educação, a secretaria do Monumento só tem uma pessoa no activo.
Como será possível isto acontecer?
Tantos milhões para a Cultura e extinguem um serviço destinado às nossas crianças, atendimento necessário e importante para as escolas.
Que Director (a) tem este monumento!?
Andará esta pessoa a preocupar-se mais com os descontos que irão ser executados no seu ordenado no final do mês?
O que anda esta pessoa a fazer?
Considero que esta personalidade administradora deste monumento, não tem profissionalismo para gerir este espaço, deixar o Convento de Cristo chegar a este ponto não é uma imagem positiva para Tomar, Portugal e o Mundo que nos visita.
No inicio deste ano, minha escola visitou este Monumento e teve acesso a visita guiada e a animação histórica que considero ter sido brilhante e importante, agora nossa escola como muitas outras vão certamente deixar de visitar este espaço Património da Humanidade, pelo facto de não existir acompanhamento especializado para os alunos, alunos esses que são nossos filhos que são Portugueses.
Lamento profundamente esta situação, como Português e como professor, me sinto envergonhado, o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Tomar deveria tomar providencias, está em jogo, também a cultura da cidade de Tomar. O Igespar, que tome medidas e não termine com este serviço para as escolas.
O Director (a) do Monumento, que trabalhe de acordo com o dinheiro que usufrui dos nossos descontos (que não deve ser pouco) que digne-se a respeitar e gerir convenientemente um Monumento que é de todos os Portugueses, e nunca se deve esquecer que as crianças Portuguesas têm o direito cívico de ter acompanhamento em um espaço histórico que faz parte da vida de qualquer Português.
Acho do interesse público divulgar o encerramento deste serviço de acompanhamento escolar no Convento de Cristo, para que se possa fazer alguma coisa de imediato pelas nossas crianças.
É pena, mas desta forma, 400 crianças da minha região, vão deixar de visitar Tomar.
Saudações Templárias"
João Pedro
O professor indignado tem duas soluções para o seu problema: contacta o projecto tomar terra templaria, do prof Eduardo Mendes, que funciona numa parceria entre a escola Nuno alvares Pereira, a câmara, o politécnico de tomar e o igespar ou contacta os serviços de turismo do município, que tem um protocolo com a Associacao de turismo cultural, numa parceria com o politécnico e o igespar.
Através de uma dessas parcerias obterá a solução.
www.ttt.pt www.cm-tomar.Pt ou 249329823
Associacao de turismo cultural - duo de amigalhaços do ferreira das farturas, com experiência em angariação de publicidade no Mirante.
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