Ali bem próximo, o belo coreto da Várzea Pequena, do século XIX, é agora cada vez mais uma inutilidade. A banda regimental foi-se, a televisão tornou bem mais raros os outrora apreciados concertos, e os tempos são outros em matéria de subsídios. E sem subsídios as bandas... Sublinhe-se o excelente trabalho de restauro, mas lamente-se o enquadramento modernaço, em seixos soltos. Se um dia destes há descontentamento em relação a alguma banda, os calhaus estão mesmo ali à mão... Porque será que mesmo com o assustador aumento do vandalismo, ainda ninguém da autarquia pensou nisso?
As duas fotos supra mostram a nova mania tomarense -as caixas de plástico nas fachadas recuperadas do casco histórico. Evidenciam que, havendo me Portugal dois tipos de autarquias -as governadas pelos eleitos e as geridas pelos funcionários- a de Tomar integra sem dúvida este último grupo. Com efeito, desde meados dos anos noventa determinada criatura resolveu usar e abusar das facilidades que lhe foram sendo concedidas, para tratar de mandar em tudo e em todos. Como tinha um feitio execrável, acabou detestada e a mudar de ares, mas o hábito-moléstica ficou. Ainda hoje, quase todos os quadros camarários, apesar de não o admitirem (não faltava mais...) agem como se os cidadãos estivessem ao serviço do município, em particular do seu executivo. Tal atitude revela-se amiúde nos serviços de urbanismo, mas não só. Ainda não há muito tempo, um munícipe antes informado de que o projecto que apresentara não podia ser aprovado como estava, caiu na asneira de ir solicitar esclarecimentos ao funcionário superior encarregado do processo. Ao ousar formular a pergunta clássica -Porquê?, a resposta veio fulminante: "Porque não me agrada!" Temos assim que, quando os projectos não são ao gosto de alguns quadros camarários, voltam à estaca zero. Agora só falta que os membros do executivo, na sua qualidade de eleitos pelos contribuintes, mandem saber quais são os gostos pessoais dos senhores chefes, e depois os mandem afixar em locais bem visíveis. Sempre irá contribuir para facilitar a vida aos requerentes de obras.
Tudo isto a propósito das horriveis e inúteis caixinhas de plástico, que pouco a pouco vão invadindo todas as fachadas da cidade antiga. São, é claro, exigência dos senhores técnicos, tendo em mente facilitar a tarefa dos esforçados funcionários encarregados de recolher as contagens. Tocar à campaínha e dizer ao que vem é cá uma estafa!
Em todo o caso, nada disto existe nas outras sedes de concelho das redondezas, a demonstrar que são na verdade governadas pelos eleitos. Porque tais caixinhas são aberrantes, inúteis e perigosas. Aberrantes porque não bate a bota com a perdigota. Se nos novos imóveis colectivos os dispositivos são sempre instalados nos vestíbulos (pomposamente designados "hall"), porque não fazer o mesmo nas modestas casinhas das ruelas multi-centenárias? Inúteis porque, mais ano, menos ano, como acaba de suceder em Évora, instalam conectores e contadores inteligentes, tornando as caixinhas objectos de museu. Perigosas, enfim, porque se uma noite destas os habituais vândalos de fim de semana se lembram de passar ao ataque...
Eu, se fosse autarca, mandava acabar com semelhante absurdo quanto antes. E se os senhores chefes não gostassem, lembrar-lhes-ia, polidamente, que em muitos casos ainda invocam as disposições do RGEU, um regulamento manifestamente inconstitucional, datado dos anos 50 do século passado, e subscrito por Oliveira Salazar, que só por manifesto desmazelo continua em vigor. Para bom entendedor...
8 comentários:
Com tanta associação recreativa, cultural e musical, banda filarmónica, escola de música, etc, que há neste concelho - quase todos a mamarem na grande teta do orçamento camarário - o vereador com este pelouro, não é capaz de planear um programa para dar vida a este "belo coreto" da Várzea Pequena?
A incompetência é de facto muita...
PM
"Em todo o caso, nada disto existe nas outras sedes de concelho das redondezas, a demonstrar que são na verdade governadas pelos eleitos. Porque tais caixinhas são aberrantes, inúteis e perigosas."
Apoiado. Esta obrigação saloia de falsa modernidade, agora transvestida de eficiência na leitura/acesso aos serviços públicos é tão só mais uma imagem da nossa patética dimensão.
Somos pequenos.
Somos mesmo muito pequenos.
PM
Estas caixas são boas para os assaltos. Um tipo abre e desliga a luz, partindo o vidirinho, poi segurança não tem nenuma. O incauto morador pensa que se deligou o disluntos difenecail e vem cá fora. O gatuno a seguir entra
Quem obrigou a esta inutilidade perigosa?
Quem é esse DONO DE TOMAR?
Como pode em concelho algum uma veradora ter o pelouro do turismo quando ao mesmo tempo é responsável por este desleixo que está a causar danos irrep+aráveis no turismo de Tomar e cujo pelouro a lea compete abrigar as pessoas?
Fora com essse senhora, poi trompas vamos ao Zoológico
A "Cospe Fininho" tem o pelouro há poucos dias,nem tempo teve para olhar bem para a "genial obra" do bestunto que a antecedeu.
E os capangas de serviço (ou o maçon em anónimo)aí estão.
Em condições normais a malta de esquerda até podia estar triste,só que o bestunto não passa de um provocador de direita,travestido de esquerda e de maçon.
Ironias de uma República minada por "monárquicos"...
As Bandas Filarmónicas do concelho de Tomar, que são quatro, deveriam ser obrigadas a realizarem concertos neste coreto, durante o verão. Não é só levarem, todos os anos, subsídios da Câmara, pagos com os impostos dos contribuintes tomarenses.
Apoiado.
Se estas bandas querem continuar a receber subsídios deveriam trabalhar pro-bono, ofertando, por exemplo 5 actuações (de 90 minutos) por ano.
AA
Apoiado. O Verão é longo e se as 4 bandas do concelho derem cada uma o seu contributo, aí está uma forma de alegrar as noites dos sábados ou domingos entre Junho e Setembro, e por outro lado justificarem o subsídio que todos os anos "pinga" com a regularidade dum relógio suiço...
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