NÃO É UMA RICA AUTARQUIA, MAS PARECE UMA AUTARQUIA RICA

Público de 06/11/10, página 28

Diário de Notícias de 06/11/10, página 13

As duas ilustrações acima dão a conhecer a situação bastante complicada que se vive nas câmaras de Faro e de Vila Real. Para melhor informação dos leitores, começamos por acrescentar alguns elementos que não constam das notícias.

A algarvia Faro é capital de distrito, conta com 54.450 eleitores inscritos, e é governada por uma coligação PSD/CDS/MPT/PPM, que tem 5 eleitos. Na oposição, o PS, que conseguiu os restantes 4 lugares. O anterior presidente era do PS.

Vila Real de Trás-os-Montes é também capital de distrito, tendo actualmente 49.576 eleitores inscritos. O PSD preside, com 4 eleitos, enquanto o PS ocupa os restantes 3 lugares.  No mandato anterior o presidente era do PS.

Temos assim que, em pelo menos duas das 18 capitais de distrito, a situação económica esá longe de ser confortável. Faro já chegou mesmo à triste situação de passar a ser tutelada pelo governo, tendo sido obrigada a despedir 180 pessoas. Ainda assim, o seu presidente, Macário Correia, afirma ser indispensável proceder a novos e substanciais cortes, bem como contrair um empréstimo avalizado pelo Ministro das Finanças, no valor de 48 milhões de euros, para pagamentos urgentes e provisões judiciais.

A norte, Vila Real decidiu não arcar com os custos da iluminação do Natal, como medida de austeridade, ao mesmo tempo que são colocadas à disposição dos munícipes hortas urbanas junto às margens do Rio Corgo, como forma de minorar as dificuldades alimentares dos cidadãos mais carenciados. Foram igualmente suprimidos os tradicionais jantares para entidades oficiais, trabalhadores municipais e jornalistas, pagos pela autarquia, mantendo-se apenas o jantar de Natal para os idosos.

Enquanto isto, o executivo nabantino, que como é sabido, não é uma rica autarquia, continua a proceder como se fosse uma autarquia rica. Em poucos meses, já gastou 300 mil euros na barraquinha do mercado e respectivo equipamento, 60 mil euros na bancada provisória do ex-estádio, 25 mil euros na viagem promocional a Vigo, e agora 40 mil euros nas iluminações de Natal. Tudo somado dá a bonita soma de 425 mil euros = a 85 mil contos. Não é brincadeira nenhuma! Será que a actual maioria de circunstância dispõe de alguma máquina de fazer dinheiro? Ou encontraram petróleo algures no concelho?

Caso ambas as respostas sejam negativas, como tudo indica, então há algo que escapa aos observadores mais atentos. Porque ninguém entende o que se passa.  Reza o ditado que "Quem cabritos vende e cabras não tem, de algures lhe vem." Com o advento da democracia, a parte final sofreu uma adaptação, passando o provérbio a ser "Quem cabritos vende e cabras não tem, certamente lixa alguém." Conclusão provisória: Há que se pôr a pau!