Vítima do tempo -esse juíz implacável- a velha roda do Mouchão já foi. Morreu. Continua no seu lugar habitual, mas deixou de ter condições para funcionar. E desta vez não bastará uma reparação tipo remedeio, só para desenrascar, como todas as anteriores. Partiu-se o eixo, o que significa que agora só há uma solução realmente eficaz e duradoura -um eixo novo.
Como a substituição do eixo implica a desmontagem total da roda, o mais racional será aproveitar o ensejo para fazer obra nova, incluindo os apoios de madeira, cujo estado de conservação também já inspira sérias preocupações.
Trata-se, como todos compreenderão, de uma empreitada complexa, em relação à qual ninguém poderá dizer com verdade que tem experiência. Assim sendo, salvo melhor e mais fundamentada opinião, a autarquia vai ser forçada a assumi-la por administração directa.
Dada o conhecida e natural morosidade da máquina autárquica, tolhida por uma burocracia com anos e anos de experiência, à qual ninguém parece ter coragem de fazer frente, torna-se já extremamente difícil conseguir ter a roda pronta a funcionar para a abertura do Congresso da Sopa, em Maio, ou mesmo para a Festa dos Tabuleiros, em Julho. Afinal faltam apenas seis meses para o primeiro evento.
Procurando contrariar pela positiva os que insistem em acusar-me de praticar apenas o bota-abaixo, ouso submeter ao presidente da edilidade e aos membros do executivo de que faz parte, uma proposta concreta.
1 - Estou pronto a assumir a liderança da tarefa de susbstituição da Roda do Mouchão por uma nova, exactamente com as mesmas características e materiais;
2 - A ser aceite, esta minha colaboração será isenta de qualquer remuneração ou outra benesse, excepto o pagamento das despesas realmente efectuadas no desempenho da tarefa e devidamente documentadas;
3 - A eventual nomeação deverá resultar do voto unânime do executivo, sob proposta do presidente da edilidade;
4 - Se nomeado, agirei sob a designação de "comissário para a substituição da roda", ou "encarregado de missão para a substituição da roda", dependendo exclusivamente de quem me nomeou: o executivo e o presidente.
5 - Ao nomear-me, o executivo concede-me autonomia para mobilizar os meios humanos e materiais necessários para os trabalhos a efectuar, bem como um cartão bancário de débito, cujas despesas serão justificadas em cada reunião do órgão.
6 - Mensalmente será entregue e debatido um relatório sucinto sobre o avanço da empreitada.
7 - Esta oferta de colaboração cívica vai ser endereçada ao presidente da autarquia e aos membros do executivo, caducando no dia 30 do corrente mês de Novembro, caso entretanto não tenha sido debatida e votada.
Tomar, 4 de Novembro de 2010
António Francisco Rebelo
13 comentários:
Boa iniciativa, Doutor. Lamento desde já que sejamos poucos a ter esse espírito nesta cidade moribunda. E até posso estar enganado, mas creio que o seu voluntarismo vai direitinho para o cesto dos papéis do presidente da Câmara.
Espero estar enganado, e se assim for, poderá contar com a nossa ajuda no que for necessário.
Delegação do PNR Tomar.
Parabens pela iniciativa e pela disponibilidade (nota: o cartão de débito é despropositado, e poderá não se integrar nas regras da contabilidade publica).
A proposta deve todavia ser formalizada por carta.
ALS
Ó Rebelo mas desculpe lá, a câmara não tem um vereador que é responsavel pelas obras municipais?
É preciso você lá meter o bedelho?
Carlos Carrão é perfeitamente capaz de tratar daquilo, especialmente quando já foi avisado para o fazer há mais de seis meses.
Quem fala assim não é GAGO
Caso a Câmara não aceite é preciso o povo fazer uma MANIFESTAÇÃO E ENBVERGONHAR QUEM NÃO ACEITA O QUE LHE ESTÃO A DAR DE MÃO BEIJADA
NO CONCELHO AINDA HÁ DEZENAS DE ARTISTAS QUE FAZEM A RODA POR ADMINISTRAÇÃO DIRECTA MAS JÁ SABEMOS UM CONCURSO PÚBLICO BLA BLA BLA E DAQUI A UM ANO MILAHRES GASTOS E SÓ PROJECTOS
1 - Estou pronto a assumir a liderança da tarefa de susbstituição da Roda do Mouchão por uma nova, exactamente com as mesmas características e materiais;
2 - A ser aceite, esta minha colaboração será isenta de qualquer remuneração ou outra benesse, excepto o pagamento das despesas realmente efectuadas no desempenho da tarefa e devidamente documentadas;
REBELO DIXIT
MAS DEPOIS DISTO A CÂMARA E SEU EXECUTIVO NÃO POÊM O HOMEM À PROVA?
QUE TRISTEZA OH TÓ. DEVERIAS TER VERGONHA. PRO BONO? VAI DAR UMA CURVA. ENTÃO ACHAS QUE ALGUÉM TE ACEITA COM ESSA PROPOSTA. NEM QUE FOSSE SEM SEGUNDAS INTENÇÕES. É CHAMARES DE INCOMPETENTES AOS NOSSOS VEREADORES E PRESIDENTE. E SÃO BEM INCOMTENTES MAS NÃO VAIS TER PROTAGONISMO E SABES PORQUÊ? JÁ FAZES PARTE DO PASSADO. SE ACEITAREM A TUA PROPOSTA EU REVELO A MINHA VERDADEIRA IDENTIDADE. EM TEMPO DE VACAS MAGRAS NÃO SE GASTA DINHEIRI EM ORNAMENTAÇÕES E FESTINHAS DOS TABULEIROS. PORQUE NÃO DÁS APOIO DOMICILIÁRIO A CRIANÇAS COM MÁS NOTAS QUE VIVEM NAS ALDEIAS? ISSO É QUE É SER ÚTIL. PORQUE NÃO DÁS EXPLICAÇÕES DE MATEMÁTICA, FRANCÊS OU ESTUDO ACOMPANHADO GRATUITAMENTE EM TUA CASA? EU CHAMAVA-TE INTERESSEIRO E HIPÓCRITA MAS SERÁ DESNECESSÁRIO.
MEGA MASSA PRO!
Seria crime lesa-cidadania se o Sr. Presidente e o executivo não fossem lestos a agarrar esta proposta.
Já.
EVANGELIZAÇÃO DE TOMAR
Tomar é um dos meus laboratórios, em termos económicos e políticos, mas também de psicologia social. Diz alguém que os tomarenses são únicos, daí serem um manancial para estudo.
Hoje, também passei pelo Mouchão e pensei para com os meus botões: a roda do Mouchão está parada a apodrecer, vai ser difícil recuperá-la. Mais um símbolo de Tomar em decadência, num concelho que se perde alegremente.
Periódicmente, neste blog, aparecem uns quantos conformados a criticarem a minha capacidade assertiva. Dizem que sou vaidoso, que não tive atenção em pequenino, e mais algumas coisas com piada.
Hoje, passei pela estação dos correios em Tomar e vi lá um livro intitulado: "A chave para o sucesso - a contrução de currículos de vida", que recomendo aos cromos que me criticam. Como devem viver dos papás ou do Estado nunca tiveram de apresentar um currículo de vida. Se o tivessem de apresentar saberiam que tinham de falar deles, do que são, do que fizeram e do que pretendem vir a ser.
Ontem foi divulgado que um português, António Horta Osório, vai para presidente do Lloyds Banking Group (é um grupo e não um só Banco), chegando ao topo da City londrina. Além disso é também Administrador do Banco de Inglaterra, o primeiro Banco no Mundo, e um dos meios de colonização, outrora, de Portugal pela Inglaterra.
Mas vejamm...
Patrick Jenkins escreveu no Financial Times, transcrito no Diário Económico de hoje:"António Horta Osório sempre se qualificou como a melhor escolha para o cargo de Presidente executivo do Lloyds".
Reparem:SEMPRE SE QUALIFICOu... Uma atitude elogiada pelos brancos ingleses, mas mal aceite pelos norte-africanos portugueses e tomarenses.
Horta Osório, que sempre viveu e estudou em Portugal, ganha destaque mundial, saíu do Banco Santander para o Lloyds aceitando um corte salarial grande, outra atitutde que está a um nível muito acima do que é habitual entre os portugueses. Para os portugueses, e para os tomarenses, Horta Osório não passará de um vaidoso com carências infantis. O seu currículo de vida prova o contrário.
Os tomarenses estão fora da vida e do mundo. A mentalidade dominante em Tomar é de aldeia velha.
Ao longo da minha vida dei muitos cursos de afirmação pessoal e de apresentação de currículos de vida, pelo que sei das técnicas de apresentação e afirmação. Só em Tomar ou nas aldeias é que observei críticas às capacidades, e nessecidades sociais e profissionais de afirmação.
Há cerca de dois anos gravei na Rádio Hertz um programa sobre Marketing, onde realcei o Marketing Pessoal. Na altura a Hertz estava a ser visitada por um grupo de estudantes do secundário, acompanhadas de uma professora, que assistiram à gravação. No final desta, a professora, com grande ênfase, chamou a atenção das alunas para o Marketing Pessoal e a sua necessidade na vida moderna.
Vá lá nem tudo é mau em Tomar.
Se quiserem eu posso ser o vosso "coach" pessoal. É uma Missão de Evangelização.
SÉRGIO MARTINS
Ironicamente a proposta do Prof.Rebelo a ser aceite violava de forma afrontosa e clara as regras do funcionamento da Administração Pública no que concerne à "Prestação de Serviços". A obra terá que ser orçada, e só depois contratualizada, ao abrigo do normativo dos contrato Públicos, mesmo que por administração directa.
Essa do cartão de débito para pagar os custos" e justificá-los ad posteriori" tem piada, por ser o Prof. um dos maiores críticos da gestão destes autarcas. Só pode ser ironia. Assim a entendo. Tem o mérito de chamar a atenção para a necessidade de resolver o problema.E creio ser essa a real intenção do Prof.Rebelo.
A autarquia tem obrigação de resolver com a "prata da casa" a situação. Mesmo que tenham de contratar serviços de profissionais fora dela. Ora, mas então pagamos-lhe para quê???
Cumpts
Alice Marques
O Curvello e o Carrão - contrariando o prognóstico dos palhaços da "Bravura Lusitana" - vão fazer uma parceria/protocolo com o Prof. António Rebelo e, com o apoio do protocolo da Presidência, do DOM - Guerreiro - e do Gabinete de Informação e Propaganda, a roda vai ser totalmente reposta.
Tomar só fica a ganhar!
A roda está como o concelho: deixou de andar!
O concelho parou de andar há muito.
Especialmente desde que o barão da trofa aqui se fez aclamar alcaide.
Olá Rebelo. Recebi a tua carta e respondo por aqui que é mais prático.
A tua sugestão parece interessante, não sei se algum dos outros a quem a dirigiste já te deu alguma resposta. Por mim, vou falar no assunto na reunião de trabalho da próxima Segunda e depois comunico. Abraço JV
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