sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Liderança e projecto

A braços com sérias dificuldades nas suas empresas, os directores de ambos os semanários locais optaram pela melhor defesa que, como bem sabem todos os adeptos deste país de futebol, é um bom ataque. Conforme já referido no escrito anterior, constituíram-se finalmente como porta-vozes das angústias da comunidade tomarense. Fizeram bem. Sejam bem-vindos! Oxalá nunca vos falte a gana de continuar.  Tomar bem precisa.
Mais percutante, Isabel Miliciano advoga no seu editorial a necessidade absoluta de uma liderança forte. Tem toda a razão. Na actual envolvência, sem carisma e sem grande capacidade de liderança, mais vale manter-se sossegado no seu cantinho. O problema é conseguir que os nossos políticos, incipientes mas megalómanos e com afigurações, se abstenham de aventuras quixotescas.
Sendo o carisma e a forte capacidade de liderança capacidades absolutamente indispensáveis nesta altura grave da nossa vida colectiva, para conseguirmos sair do atoleiro no qual nos afundamos pouco a pouco, mas a ritmo cada vez mais acelerado, não são contudo suficientes. Basta reflectir sobre o caso António Paiva. Charmoso, bem parecido, dotado de enorme carisma e de excepcional capacidade de liderança, conquistou sem grande dificuldade confortáveis maiorias absolutas, sobretudo graças ao eleitorado feminino, mas não só. No entanto, falhou em quase toda a linha, arrastando-nos para a crise com que nos debatemos agora. "Erros meus, má fortuna, amor ardente...", escreveu o poeta.
Paiva espalhou-se ao comprido e espatifou milhões em obras questionáveis, ou até prejudiciais, como no caso do ex-estádio municipal, não por má vontade mas porque apenas dispunha de um péssimo projecto mal enjorcado,"Tomar 2015 - Uma nova agenda urbana", de seu nome. Afinal uma mera listagem de obras a fazer, como se o maná estatal e europeu fossem continuar indefinidamente. A crise cedo veio esbandalhar tais quimeras. Estamos no início de 2013 e o dito esboço já está ultrapassado.
Temos assim que, além de carisma e grande capacidade de liderança -atributos que todos os candidatos  em liça já demonstraram não possuir- é indispensável dispor de um projecto robusto, adequado e realista, bem como de estatuto pessoal e político para o implementar. Sem esquecer inteligência ágil, prática e criadora, coisa que a experiência mostra não abundar por estas bandas nabantinas. Desgraçadamente.
Conquanto não o diga claramente, se calhar devido ao seu usual estilo mais recatado, António Madureira também assim pensa: "Estou certo que os políticos tomarenses apresentarão as suas propostas fundamentadas e com ligação à realidade. Senão, será mais do mesmo."
Oxalá!

(O destaque é de Tomar a dianteira)

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