domingo, 10 de fevereiro de 2013

Mais um falhanço


Foi um falhanço pindérico o corso carnavalesco "espontâneo" que esta tarde desfilou em Tomar. Poucos carros, fraca ornamentação, raros foliões, modesta assistência local, evidente falta de qualidade. Indo ao princípio. Apesar de estarmos em pleno inverno, havia hoje em todo o país quase uma centena de desfiles carnavalescos. Neste contexto, tentar realizar em Tomar um corso de carnaval que não nos envergonhe aos olhos dos forasteiros, parece-me  relevar mais da presunção, da obstinação e da inveja, que do simples bom-senso. Como de resto bem demonstra a inscrição supra na fachada dos Paços do Concelho, assim como o carro dos "7 magníficos", com a enumeração dos subsídios atribuídos pela autarquia a outros eventos.
Qualquer cidadão, normalmente equipado em termos de massa cinzenta e sem óculos partidários a toldar-lhe a visão, terá já concluído que o governo Passos Coelho castiga os portugueses com impostos quase incomportáveis e outras medidas de austeridade, mesmo em ano eleitoral, não por sadismo ou opção ideológica, mas simplesmente porque a isso é forçado pelos representantes dos credores. Sob pena de nos fecharem a torneira do crédito, sem o qual teríamos de passar fome, entre outras amenidades. Na mesma linha, se a câmara de Tomar, presidida por um especialista em compra diferida de votos (passeios/comezaina/tintol/bailarico, tudo à custa dos contribuintes), mesmo em ano de autárquicas, não aceitou subsidiar a Tomar iniciativas, terá sido porque de todo não podia, por falta de fundos. Não há volta a dar-lhe! Pois se até a Festa dos Tabuleiros de 2011 ainda está à espera de metade do subsídio em tempos concedido...
Sabe-se que em geral os tomarenses são impermeáveis às ideias alheias. Só aquilo que julgam é que está certo. Mesmo assim, seria bom que começassem a aceitar alguns contornos da nova realidade, o principal dos quais é a morte da tradicional "vaca leiteira", vulgo orçamento público, que nunca mais voltará a ter disponibilidade para subsidiar as caturrices de cada um. Seja qual for a evolução da crise ou o vencedor das próximas autárquicas, doravante a norma terá de ser forçosamente que cada instituição pode organizar aquilo que entender, desde que respeite um módico de qualidade -para não envergonhar os tomarenses, abandalhando ainda mais a já muito depauperada reputação nabantina- e não conte à partida com qualquer ajuda monetária da autarquia. É muito duro, mas vai ter de ser assim.
E não adianta vir com falácias várias. É evidente que nada tenho contra os tomarenses, sejam eles quem forem, façam o que fizerem, digam o que disserem. O que tenho, isso sim, é a obrigação cidadã, o dever cívico de tentar convencer os meus conterrãneos a acompanhar a evolução dos tempos. A dar o corpo à curva, sob pena de virem a ser projectados pela borda fora. Sobretudo os  militantes partidários que andam por aí a apregoar a necessidade urgente de medidas de crescimento. Que medidas? Com que recursos?

1 comentário:

FUNICULIN disse...

(...)Pois se até a Festa dos Tabuleiros de 2011 ainda está à espera de metade do subsídio em tempos concedido...
E ao CIRE, quando é que a Câmara paga o que deve relativamente aos anos de 2009, 2011 e 2012? Recebeu o dinheiro das entradas mas não o desviou para quem de direito. Para onde foi desviado? Para as senhas de presenças dos 37 Membros da Assembleia Municipal? Para as senhas de presença dos 7 Estátuas Mortas?