Quem conviva diariamente com tomarenses, não pode deixar de reparar num sensível aumento de angústia, motivado pela ausência de esperança no que se refere à política. Raro é o nabantino que, durante uma larga troca de propósitos, não acaba por queixar-se da clara ausência de escolha em Outubro. Importa por isso perceber qual ou quais as causas de tal situação.
Ainda que o PSD Tomar seja agora a única formação presente no executivo que ainda não apresentou oficialmente o seu cabeça de lista, a verdade é que já há mais de seis meses observadores bem informados garantiam que seria Carlos Carrão, em vez do escolhido pela Comissão Política local.
Para desautorizar a estrutura tomarense, a instância nacional laranja invocou uma norma que, bem vistas as coisas, nem sequer se aplica. Segundo essa norma, o partido deverá candidatar de novo o presidente de câmara, casa este não esteja legalmente impedido. Sucede que em Tomar Carlos Carrão nunca foi nem é presidente de câmara, mas apenas substituto do dito até ao fim do mandato. O que faz toda a diferença. Um presidente já encabeçou uma lista e já venceu pelo menos uma eleição, pelo que se sabe aproximadamente qual o seu peso eleitoral. Em relação a Carrão, nada disso sucedeu ainda, ignorando-se portanto o que possa valer em termos de votação. E se em 2009, com um candidato de outro patamar político, social e cultural, os social-democratas perderam a maioria absoluta, tendo sido praticamente forçados a coligar-se, desta feita, com a estrutura local dividida, não será preciso fazer um desenho para imaginar o que poderá acontecer-lhes na próxima consulta eleitoral.
Em todo o caso, as outras duas formações da trempe executiva não parece que tenham dúvidas. O PS e os IpT já apresentaram os seus cabeças de lista, que tanto num caso como no outro parecem indicar que consideram ser Carlos Carrão o candidato mais fácil de vencer. Se assim não fosse, decerto que o PS não avançaria com Anabela Freitas, fortemente conotada com Sócrates e, a nível local, com quem bem sabemos, enquanto Pedro Marques não teria ousado servir aos eleitores o mesmo prato, requentado pela terceira vez.
Agora que nesta primeira fase les jeux sont faits, o PSD é o único a poder ainda emendar o erro sem dar muito nas vistas, uma vez que as estruturas competentes não apresentaram formalmente qualquer candidato. Os outros dois agrupamentos estão já amarrados e até confrontados com uma situação curiosa. Ambos estão a ter dificuldades para completar as listas respectivas, nuns casos porque os sondados têm medo de perder, noutros porque têm medo de vencer. O que, convenhamos, se percebe perfeitamente. Nas actuais circunstâncias, sem ideias e sem programa, quem quer correr o risco de perder e ficar mal visto, ou de ganhar e ter de desistir, por não aguentar a pressão popular? Os tempos em que era possível limitar-se a despachar os assuntos correntes já foram. Agora há que apresentar projectos e depois trabalhar a sério. Quer queiram, quer não, os actuais sete magníficos são os últimos abencerragens. Felizmente!
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