Só para francófonos que saibam e gostem de ler francês. (Posso desenrascar um, emprestando-lhe o meu exemplar. Interessa FERROMA?). Os outros farão o favor de ler a obra sobre o mesmo tema, mas em português, de José Luís Peixoto. Não se assustem que é só um volume de 237 páginas, acima ilustrado com e sem "jaqueta" para leitura intensa.
O assunto? Um jornal de viagem de dois fabianos gauleses de meia idade. Um armado em turista, outro a fingir de agente de viagens, porque na sua qualidade de jornalista não poderia ter obtido o indispensável visto. O título? "Aletria fria em Pyongyang". Dois curtos excertos: "Folheei três ou quatro destes livrinhos azuis, à venda por todo o lado a um euro cada. Eis alguns princípios dessa filosofia que é indispensável repetir para se convencer: "O homem é o ser mais poderoso do mundo e o único capaz de o transformar. As massas constroem a história da sociedade. A história da Humanidade é a historia da luta de massas. A prioridade é a transformação ideológica." (Página 146)
"Até agora, o pai, o filho e amanhã o neto têm trabalhado bastante bem, mesmo se o big bazar deles vacila, abana e mostra estragos por todo o lado. Capítulo após capítulo, escribas de nuca rapada continuam a fornecer este pseudo-pensamento que pretende reger todos os domínios: revolução, como já foi referido, economia, educação, estratégia, engenharia, ciências, cinema, ópera, música, dança e mesmo a maquilhagem. E gostam de reiterar: "ninguém é tão sincero ou ama a vida tão ardentemente como um comunista. As suas emoções são mais humanas e mais profundas que as dos outros, E assim, em todo o lado onde aumenta o número de comunistas de um novo tipo, a vida é sempre vigorosa, vibrante, de um imenso optimismo revolucionário e rico..." (Página 150)
Julgo que doravante ninguém vai ousar acusar-me de não ler bons livros...
Jean-Luc Coatalem, Nouilles froides à Pyongyang, Grasset, 237 páginas, Paris, Dezembro de 2012, 17€60 (disponível a 15 euros + portes em amazon-fr)
Julgo que doravante ninguém vai ousar acusar-me de não ler bons livros...
Jean-Luc Coatalem, Nouilles froides à Pyongyang, Grasset, 237 páginas, Paris, Dezembro de 2012, 17€60 (disponível a 15 euros + portes em amazon-fr)
2 comentários:
DE: Cantoneiro da Borda da Estrada
Obrigadinho. Ando ocupado com outras leituras.
O "diplomata americano" está equivocado ao afirmar, que, sobre a Coreia, "L'on en savait moins sur lui que... sur les galaxies lointaines".
Ainda criança (+- 11 anos) - lembro-me! -, já ouvia na telefonia as notícias sobre a guerra na Coreia, juntamente com os operários da Fábrica de Papel de Marianaia, no estabelecimento comercial de meus pais, onde se bebia do tinto e do branco e bagaço de rachar. Os operários estavam pelos do norte. Mais tarde li sobre a história da guerra da Coreia. Uma história de ingerências externas que culminaria na divisão desse país. Uma história que se procura desde então abafar das sucessivas gerações.Uma história de luta sangrenta entre o capitalismo e o socialismo, que causou 4 milhões de mortos e retalhou um povo ao meio.
Se a Coreia do Norte é hoje uma ditadura feroz, um regime militar,detentor de armas devastadoras, deve-se ao capitalismo americano, os primeiros a interferirem nos assuntos internos desse país.
Essa é que é essa!
Caro professor,
Tenho alguma dificuldade em falar da Coreia do Norte. Por razões que todos perceberão, a mais evidente é a falta de informação isenta, que não questiono que esta seja, entenda-se.
"O homem é o ser mais poderoso do mundo e o único capaz de o transformar. As massas constroem a história da sociedade. A história da Humanidade é a historia da luta de massas. A prioridade é a transformação ideológica." Creio que não lhe custa muito admitir esta tese como verdadeira, aplique-a a que corrente ideológica aplicar.
Ademais, parece que há gente a passar fome, parece que não há liberdade de expressão, parece que há um culto exacerbado da personalidade do líder, parece que, parece que...
Pois...confesso que não me revejo muito neste regime (nada mesmo), mas na Europa dos direitos humanos e da liberdade, do prémio Nobel da paz, não parece, há mesmo fome; há presos por delito de opinião, há gente que se apropria da vontade do povo e se arvora em dono de países e regiões, etc., etc.
Sendo um pouco simplista, parece-me que a diferença é apenas a da temperatura das aletrias e a de cá está a arrefecer muito rapidamente. Na Alemanha do início da década de 1930, também assim começou...
Cordialmente
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