domingo, 31 de março de 2013

Outubro e os candidatos


Alambor templário do século XII, parcialmente destruído para a edificação de um paredão e duas caixas de visita da rede de saneamento. Do lado esquerdo vê-se bem a parte destruída, que em tempos os senhores eleitos do executivo referiram como "só meia dúzia de pedras". Na verdade, foram arrancados cerca de 20 metros quadrados. Consequência de termos políticos de aviário.


Obstinados como sempre, muitos tomarenses continuam convencidos de que vale a pena e serve para alguma coisa ir votar em Outubro. Que os candidatos não são todos iguais. Que uma união de esquerda é que era. Que desta vez é que a CDU, o BE e afins vão conseguir eleger um vereador. Que o PS vai ganhar. Que os IpT, desta vez não falha. Que o PSD "até com um asno à cabeça ganhava". Tudo ilusões!
No que concerne à extrema esquerda, a experiência demonstra que, mesmo com um candidato conceituado, de obra feita, o resultado é decepcionante. Serve apenas para "contar espingardas". Outro tanto tem acontecido, de resto, com a franja do lado oposto -o centro direita. Tanto o projecto Lebre como o CDS - Ivo Santos, não foram em 2009 propriamente dois triunfos eleitorais.
Restam os membros da troika local que, desde 2005, infelizmente, monopolizam o poder executivo tomarense, com destaque para o PSD. Com os resultados que estão à vista de todos os que não se deixam cegar por óculos partidários. Se outros motivos não houvesse para recusar em Outubro próximo o voto em tal gente, bastaria pensar neste último mandato. Ocupar as cadeiras do poder durante quatro anos, só para auferir as mordomias, deixando correr o marfim, eis uma prática condenável, que retira qualquer credibilidade a quem teve o desplante de a usar. Não só por se tratar  de chulice descarada, mas também por ter permitido, por manifesta cobardia, que alguns funcionários municipais continuem a mandar de facto na autarquia e nos seus eleitos, quando devia ser o inverso. A relativa maioria por claramente se limitar a manter o barco a flutuar. Os comparsas maioritários porque incapazes de se entenderem, o que evidencia a a sua inépcia = analfabetismo político + falta de coragem. É duro, mas é a realidade nua e crua. Tal como sucede com as árvores, a utilidade dos eleitos mede-se pelos frutos que dão. E os do actual executivo só se alimentam, procurando não fazer ondas. Frutos, ou  não há, ou são bem amargos.
Além do já referido, todos -PSD, PS, IpT- comungam da ideia peregrina segundo a qual cabe ao governo e à autarquia implementar políticas de crescimento. Conquanto sejam incapazes de enunciar  quais, subentende-se que estarão a referir-se às velhas políticas keynesianas de obras públicas, que tão bons resultados deram, mas foi no século passado. Nos tempos do pós-guerra e das vacas gordas. Agora não há dinheiro nem obras úteis e rentáveis para fazer. Apesar disso, não se lhes conhece, aos tais arautos locais do progresso, uma ideia, um plano, um projecto, um rumo, uma solução para o que quer que seja. Apenas reclamam fundos e mais fundos. Para aplicações sensatas? Não! Apenas para comprar votos, com subsídios, empregos, obras para inglês ver, passeatas e almoçaradas bem regadas, tudo à conta do orçamento. A ordem é rica e os frades eleitos são poucos, uns escolhidos por voto secreto, a maior parte por compadrio.
Após todos estes anos de aselhices monumentais e de descarado regabofe, esperava-se que tão ilustres figuras tivessem pelo menos a decência de sair de cena. É o sais! Trabalhar faz calos e o desemprego alastra a olhos vistos. Apesar de haver empresários a queixar-se com falta de trabalhadores. É o velho problema tão português: postos de trabalho há; trabalhadores é que não! Todos querem arranjar ou manter um  emprego de mãos limpas e costa direita, mesmo que seja na política local, condenada a reformar-se ou morrer a breve prazo. Com a inevitável reforma dos concelhos, que não tarda aí. Não por opção ideológica; apenas porque a cadela já não pode com tanto cachorro.

Ignorância? Má-fé? Ambas?



Em domingo de Páscoa, desatei a pensar no cabrito do almoço. Lembrei-me que "Quem cabritos vende e cabras não tem, certamente lixa alguém". Dado que os nossos eleitos prometem muito, mas nada têm para oferecer, a conclusão é óbvia. E explica, entre outras coisas, porque razão numa factura dos SMAS - Tomar, de 31 euros, 16 são de taxas... Nestas condições, será de admirar que, entre 2001 e 2011, segundo dados do INE, o concelho de Tomar tenha perdido quase 2.500 habitantes, enquanto a população de Ourém, Leiria e Caldas da Rainha aumentou na mesma proporção? Porque terá sido? Clima agreste? Ou má administração, péssima qualidade de vida e custos escaldantes?
Não há pior cego que aquele que não quer ver, nem pior ignorante que aquele que não quer aprender. Como acontece com a maior parte dos nossos eleitos locais. Ainda recentemente, publicou O Templário um trabalho sobre os famigerados parques de estacionamento da execrada era paivina. Baseando-se em dados fornecidos pela autarquia, referia a dita notícia que o parque além da ponte dava prejuízo, mas o seu mano ex-ParqT dava lucro. Vejam lá e vejam bem! Um parque de estacionamento quase sempre às moscas, se exceptuarmos os senhores autarcas e as viaturas municipais, que não pagam, ainda assim com uma exploração equilibrada.
Devidamente escalpelizado o assunto, concluí tratar-se apenas de mais uma das habituais manobras publicitárias da autarquia. Uma daquelas usuais vigarices políticas, para iludir os papalvos. Neste caso recorrendo a uma forma de contabilidade criativa.
Resulta da referida notícia que a receita mensal do dito cujo, ao que parece, dá para custear a energia e a despesa com a vigilância, assegurada por uma empresa privada de segurança. Muito bem. Mas em bom rigor, uma exploração rentável seria aquela que assegurasse receitas que cobrissem, não só as despesas de exploração, como também a progressiva amortização do investimento, os concomitantes juros + outros encargos, e uma reserva para custos de manutenção corrente.
Uma vez que, devido a uma gestão desastrosa dos sucessivos autarcas, o citado ParqT custou aos contribuintes a bagatela de sete milhões de euros = 1,4 milhões de contos, a amortizar em 14 anos (prazo usual dos empréstimos bancários às autarquias), para a sua exploração ser rentável deveria proporcionar aos cofres municipais um mínimo de meio milhão de euros anuais + juros + despesas de exploração + fundo de manutenção. Algo como um plancher de mil e quinhentos euros diários. Alguma vez será o caso?!? E lá terão os desgraçados e já esfolados contribuintes de arcar com mais este encargo com o estacionamento dos outros...
Apesar de sucessivos desastres semelhantes a este (pavilhões sem as medidas legais, estádio transformado em campo de treinos, paredão do Flecheiro, Elefante branco da Levada, Núcleo de Arte Contemporânea, Envolvente ao Convento de Cristo...) aí temos de novo os mesmos actores a submeterem-se ao voto popular. Tão ufanos, tão convencidos, tão contentes consigo próprios, que até parece terem feito uma obra admirável nos últimos anos. E até devem estar convencidos disso. Santa ignorância! Nem sequer imaginam os prejuízos que já causaram aos tomarenses da cidade e do concelho, cada vez mais numerosos a dar corda aos sapatos, em busca de autarquias com menos fanfarrões.
Em Outubro próximo, com o meu voto não contam. Sem escolha possível, não se justifica a deslocação.

sábado, 30 de março de 2013

Vale a pena...

Vale a pena insistir com os autarcas para que melhorem a sinalização e o acolhimento, de forma a cativar os turistas. Como bem mostra a fotografia, os tomarenses merecem. São muito bons cidadãos, nunca põem os seus cães a empastelar as ruas, pagam pontualmente os seus impostos, e sobretudo, sobretudo, respeitam a sinalização turística, nomeadamente os painéis do roteiro urbano. Com gente assim, já estamos tão bem e vamos continuar a melhorar, cada vez mais rapidamente. 
Boa Páscoa, apesar de tudo!



sexta-feira, 29 de março de 2013

"Mamocracia" nabantina

Perguntam-me alguns o que me levou a anunciar, com seis meses de antecedência, que não irei votar em Outubro. É uma pergunta pertinente, cuja resposta é fácil e praticamente indesmentível. Consideremos então a compota política local. Chamemos-lhe assim, para não cheirar tão mal.
Desde 2009 que temos no poleiro municipal uns galitos divididos em três capoeiras, como toda a gente sabe. A capoeira A com 3, a B e a C com dois cada uma. Durante os dois primeiros anos houve coligação de A com B, por se ter pensado, algures à beira Tejo, que sem isso lá se ia o poleiro. Vai-se a ver, era só angústia e temor. Rota a mancebia, as capoeiras B e C, apesar de maioritárias, nunca quiseram chegar a acordo. Nem sequer por omissão, pois bastava-lhes deixar de comparecer nas reuniões para que a capoeira A, isolada e minoritária, não pudesse deliberar. E sem tal capacidade não aguentaria mais de um mês. Mas vai conseguir chegar até Janeiro. Com o seu galito principal tão convencido, tão cheio de si próprio, que até teimou e volta a apresentar-se à franganada do aviário tomarístico.
Sucede que tive acesso a uma recente sondagem, simultaneamente muito elucidativa e muito enganadora. Muito elucidativa pois mostra os putativos resultados de Outubro próximo, com a actual capoeira C  a vencer, a capoeira A em segundo lugar e a actual B em terceiro. Muito enganadora porque se trata de uma simples sondagem telefónica e, sobretudo, por se tratar de resultados em percentagem, tão próximos uns dos outros que a usual margem de erro de 3% permite vir a justificar qualquer futura ordenação diferente.
Uma coisa é certa porém: salvo improvável terramoto eleitoral, ou fenómeno semelhante, tudo parece indicar que vamos ter, a partir de Janeiro de 2014, exactamente o que já temos desde 2009 -uma trempe de sete galitos de pouca envergadura e crista murcha, agrupados em três capoeiras: 3 em A, 2 em B e 2 em C. Uma vez que tal esquema já vigora há quase quatro anos sem qualquer benefício para os tomarenses, valerá a pena ir votar em Outubro? Julgo que não. Para pior já basta assim.
Apesar de maioritárias, as capoeiras B e C sempre têm preferido até agora que cada qual  governe a sua vida, incluindo os próprios. Senhas de presença, telemóveis, computadores, impressoras, instalações, consumíveis e penacho dão sempre muito jeito. Sobretudo com a crise que por aí vai. E os eleitores que se lixem! Têm é inveja!
E assim temos que o actual regime político em vigor no país varia consoante o concelho. A nível nacional é uma espécie de democracia fechada a cadeado pelos partidos. Só entra nas respectivas capoeiras quem os galos-chefes querem. Em Tomar sucede o mesmo, mas a democracia local tem, além disso, todo o aspecto de uma "mamocracia". Com uns miseráveis galitos a agir em função de senhas de presença a 100 euros e outras mordomias do mesmo fraco nível... Ao que se chegou! E ainda querem que eu vá votar? Para quê? Qual a real utilidade das sucessivas reuniões camarárias? Em quatro anos, decidiram adjudicar as inúteis obras junto em Convento e as do Elefante Branco da Levada. E que mais fizeram? 

quinta-feira, 28 de março de 2013

O MIRANTE, 29/03/2013, página 33

Infelizmente os tomarenses também já sabem. E de que maneira!

quarta-feira, 27 de março de 2013

Desemprego jovem na Europa

Nouvel Observateur, 20/03/2013, página 13

Se, após ter lido o quadro supra, continua a pensar que:

      1 - A culpa é da União Europeia
      2 - A crise é passageira
      3 - O PS vai reduzir o desemprego quando governar
      4 - Passos Coelho obriga os jovens a emigrar
      5 - Portugal vai encontrar uma solução a curto prazo
      6 - O melhor é sair do euro
      7 - Devemos correr com  a troika
      8 - O governo deve criar empregos para jovens
      9 - Os capitalistas não querem contratar jovens
    10 -  A nacionalização da banca resolvia tudo

Marque já uma consulta no serviço público de psiquiatria mais próximo. Você padece de ideias fixas desconexas. 

Subscrevo inteiramente

Retornado de Paris, onde fui uma vez mais só para tomar ar, que ao fim de um certo tempo por aqui o bafio tomarense torna-se insuportável, fiquei encantado com esta crónica do meu amigo Carlos Carvalheiro. Não só por estar bem esgalhada, mas sobretudo por evidenciar que não estou só na área da crítica política. Em Tomar não é pouca coisa.

O Templário, 28/03/2013, página 4

Paralelamente, o PSD realiza amanhã à noite um plenário de militantes. Numa terra normal de um país normal, já há muito que o imbróglio laranja em curso teria sido ultrapassado. Como estamos em terra templária mas lusa, nem o paí morre nem a gente almoça. Que é como quem diz que nem atam nem desatam. Nem Carrão desiste, (única atitude decente nesta altura do campeonato); nem os seus adversários se definem de uma vez por todas; nem as duas partes conseguem adoptar uma posição intermédia e consensual: escolher um candidato independente, com estaleca, consensual, que não possa fazer carreira nem precise da política para nada, dando-lhe depois liberdade para escolher a sua equipa.
Infelizmente, tudo indica que vamos ter mais uma noite a nadar em potes de iogurte, que só não é também uma longa sessão a serrar presunto porque com a crise já nem sequer há dinheiro para comprar o dito cujo...

sábado, 23 de março de 2013

Que crise!

Cada vez mais palpitante a actualidade política nabantina. Ainda bem. Após o desaguizado Pedro Marques - Augusto Barros, com este a bater com a porta, as declarações de Carrão na recente reunião do executivo permitem deduzir que o seu futuro político já esteve mais firme. (Ler texto anterior) Tomar a dianteira sabe que, na recente reunião de emergência, o presidente em exercício perdeu pontos no seu braço de ferro com a CP laranja. Continua a ser o indigitado cabeça de lista apoiado por Lisboa, mas deixou de ter a capacidade de escolher os seus acompanhantes, que serão todos indicados pelos seus adversários. Perspectivas muito sombrias para Outubro, após 16 anos em prol do partido. E não parece poder-se excluir uma reviravolta realista de última hora, que o mais importante é ganhar.
Pelas bandas do PS, a candidata já apresentada, Anabela Freitas, deu uma entrevista ao Templário, na qual se destacam três questões fortes: eventuais independentes na lista PS, posição actual da autarquia, soluções para a ruína local.
A lengalenga sobre os independentes, de tão repetida já não tenta ninguém. O que o PS pretende é encontrar lacaios submissos, mas esse tempo já lá vai, como bem mostra o que se está a passar um pouco por toda a Europa, com destaque para Itália. 
Já sobre o posicionamento geral da autarquia tomarense, Anabela tem razão. Aquilo "precisa de uma grande volta internamente", porque "está voltada para sí própria e não... para o serviço dos munícipes." Dito isto, que é fulcral, falta o essencial: Que grande volta? Para quê? Quando? Com que recursos humanos? Quem terá a coragem de tentar reformar aquele feudo de funcionários?
Tal como o bacoco PDM, que até hoje ninguém conseguiu tornar apresentável, também o actual organograma municipal data do tempo de Pedro Marques, sob proposta externa da SISMET, uma consultora da área comunista. Vinte anos mais tarde, não será certamente o PS, mesmo que consiga vencer em Outubro, o que está por demonstrar, a contrariar os senhores funcionários, que são afinal o seu principal eleitorado, tal como acontece com o PSD. Trata-se por conseguinte de vender mais uma ilusão aos eleitores, na linha geral dos políticos portugueses, que já nos trouxe até aqui.
Noutro passo, numa bem conseguida frase feita, a candidata socialista sustenta que "Os outros candidatos são velhas soluções para novos problemas." Soa bem, mas é totalmente falso. Desde logo porque os outros candidatos não são solução nenhuma, nem velha nem nova. Se fossem, já se saberia há muito tempo. E nunca tal constou. Segue-se que os actuais problemas desta terra também não são novos, nem coisa parecida. Já o Infante D. Henrique, que governou a Ordem de Cristo ("dona" da urbe) entre 1420 e 1460, deixou dívidas que só vieram a ser pagas no reinado de D. Manuel I, quarenta anos mais tarde...
Quanto às novas soluções a propor pela candidata socialista, falta conhecê-las em detalhe para poder ajuizar. É porém lícito delas desconfiar desde já, tendo em conta não só a triste aventura socrática, mas igualmente a manifesta inépcia prática do actual secretário-geral rosa, especialista em lutas oratórias ocas, uma vez que em matéria de alternativas eventuais se tem apresentado com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, tentando dar música ao auditório do momento. E promessas leva-as vento...

sexta-feira, 22 de março de 2013

Troca de galhardetes e angelismo

Em mais uma típica troca de galhardetes em plena reunião do executivo, Pedro Marques, dos IpT, reforçou declarações anteriores, difundidas pela Rádio Hertz. Disse estar na disposição de indicar quem beneficiou das despesas de hotéis e restaurantes que agora constam da lista enviada ao Tribunal de Contas no âmbito do PAEL. Segundo a Hertz, Carlos Carrão mostrou-se agastado, acusando o líder dos IpT de demagogia e referindo que, por esse caminho, "um dia destes as pessoas vão pensar que os autarcas do executivo são todos uns malandros".
Perante esta posição tão angelical de Carlos Carrão, que até tem alguma razão no fundo, mas não na forma, pelo menos duas reacções são possíveis, ambas bastante cínicas, mas muito realistas. A primeira resume-se numa dupla interrogação: Só um dia destes? Ou já é o caso há muito tempo?
A outra faz parte da pequena história de Tomar. Do tempo em que havia profissionais do sexo oficiais, ali na Rua de Pedro Dias, agora por alguns conhecida como Rua da Saudade. Uma das melhores patroas do então alcouce nabantino, de cada vez que as suas pensionistas começavam a tentar sair fora dos eixos, não hesitava na severa admoestação: -"Meninas! Portem-se bem! Quando não ainda vão pensar que somos putas!" Outros tempos. Quando os presidentes da autarquia, apesar de nomeados por Lisboa, não sendo uns malandros, também não eram assim tão anjinhos...

Razoável vereador mas mau presidente

Se dúvidas ainda houvesse a tal respeito, aí temos um exemplo definitivo. Perante a recusa do Tribunal de Contas em conceder o indispensável visto prévio ao empréstimo no quadro do PAEL, Carlos Carrão afiança por todo o lado que vai recorrer, que irá até às últimas consequências. Como argumentação a seu favor, apenas um item -"é injusto". Será mesmo?
Seja como for, vamos ter mais uma onerosa maratona jurídica, custeada como sempre pelos contribuintes, sem que se vislumbre à priori o interesse da coisa, excepto para os causídicos envolvidos, que têm todo o direito de ganhar a sua vida, e para Carlos Carrão, que assim vai conseguir intrujar os eleitores mais uns tempos, graças a uma falácia -a tal alegada injustiça que praticamente só ele vê.
Porque a triste e reles realidade é esta: Em representação do executivo, que o mesmo é dizer do Município e de todos nós, Carlos Carrão prevaricou com dolo três vezes consecutivas -não respeitou a decisão imperativa da Assembleia Municipal, mentiu ao mesmo órgão e solicitou o empréstimo fora do prazo legal estipulado. Exactamente como no caso ParqT, em que apoiou sempre Paiva, mesmo nas evidentes ilegalidades, mas vem agora declarar candidamente que foi ouvido pela Judiciária "na qualidade de denunciante". De si próprio?
Donde se conclui, sem qualquer margem para dúvidas, que o respeitável cidadão e esforçado pai Carlos Carrão será um bom executante = razoável vereador, mas um péssimo decisor = mau presidente. Contra factos não adianta argumentar.
Quem assim não pensar, fará o favor de votar PSD em Outubro próximo. E depois não se queixem. Todos sabemos que bater com a cabeça na parede faz "galos", ó se faz!

quinta-feira, 21 de março de 2013

Semanários de hoje






Megalomania - doença incurável


Já tínhamos o Opel Insígnia, a 630 euros por mês, os TUT a 400 mil euros por ano e a iluminação do castelo e arredores, a dar àquilo tudo um ar de feira. Agora foi a vez do Turismo Municipal. Havia os magníficos móveis de mogno, estilo renascença, das oficinas Sousa Braga, datados de 1936. Havia todo o mobiliário moderno, nomeadamente o existente nos serviços a funcionar na Corredoura, frente ao Turismo de Lisboa e Vale do Tejo, outro excelente exemplo de boa gestão dos dinheiros de todos nós. Pois apesar de tanto por onde escolher, não senhor! Compra-se novo, que é mais bonito e há dinheiro com fartura.
A megalomania é mesmo uma doença incurável. E a gente a pagar e não bufar!

quarta-feira, 20 de março de 2013

Agravamento do tempo político tomarense


A pouco mais de seis meses da próxima consulta eleitoral, está cada vez mais carregado o firmamento político nabantino. No PSD, é motivo de especulações a presença de António Paiva na recente Assembleia Municipal, presidida por Miguel Relvas. Fontes presentes informaram que antes do início da sessão houve um encontro a sós entre o actual presidente da AM e o ex-presidente da câmara. Certamente não terão debatido a complicada situação do União de Tomar.
Entretanto continua por decidir o braço de ferro Comissão Política/Carrão, com ambas as partes a fazer finca-pé. Carrão não abdica da liderança da lista, no que é apoiado pelas instâncias superiores; a CP tinha decidido debater o assunto num plenário já convocado para o dia 28. Enquanto isto, ontem à tarde, a Comissão Política Distrital pediu uma reunião de emergência com a CP tomarense, a qual terá lugar a partir das 21H30 desta noite. Na agenda um só ponto: ultrapassagem do actual impasse, tendo em conta designadamente eventuais avanços judiciais no processo ParqT, que está em curso.
No PS, foi fraca a assistência à mais recente iniciativa, desta vez sobre a elaboração de uma carta autárquica para o distrito. "Foi mais do mesmo. Conversa de circunstância, para continuar a fingir que se está a fazer alguma coisa em prol do concelho", referiu um dos que  participaram. Acresce que a presença na mesa de António Rodrigues, actual presidente de Torres Novas e da comunidade do Médio Tejo, que não pode voltar a concorrer por já estar a terminar o terceiro mandato, também não agradou a todos. Tomar a dianteira está em condições de afirmar que aquele autarca torrejano, ao que parece muito conceitado entre os socialistas, mais não é afinal que um reles autocrata que, pelo menos num caso, se recusou a cumprir uma sentença do Tribunal Administrativo de Leiria, bem ao estilo de Isaltino de Morais. Apresentar em Tomar exemplos destes, mostra bem onde já chegou o PS local.
Com excelentes perspectivas no início da corrida, não tardou que os IpT começassem também a desbaratar trunfos. Pedro Marques insiste em servir pela terceira vez o mesmo prato: Pedro com acompanhamento = quero, posso e mando. Após o abandono de Jorge Neves e a recusa de Graça Costa em apresentar-se a novo mandato, o presidente da Junta de S. João Baptista, Augusto Barros, anunciou ontem que se afasta definitivamente de Pedro Marques, por se sentir escorraçado. Com efeito, o líder dos independentes escolheu Vasconcelos, actual membro da AM, para concorrer à futura junta de Santa Maria/S. João em Outubro próximo, quando teria sido muito mais justo e lógico avançar com Augusto Barros.
No meio disto tudo, o CDS tem andado desaparecido dos ecrãs-radar, o que leva a supor que também por aquelas bandas o mar não estará nada calmo, antes pelo contrário. Quanto aos outros tradicionais animadores de pista, a CDU só não avançará uma vez mais com Bruno Graça se este não aceitar, enquanto o BE deverá insistir nas caras do costume.
Tudo visto e devidamente ponderado, mantenho o já dito: em Outubro e pela primeira vez na vida, não vou votar porque com os candidatos já conhecidos seria simples perda de tempo. As coisas são o que são. Mesmo pintadas com cores alegres.

terça-feira, 19 de março de 2013

Tomar dantes e agora


Dantes, Tomar era uma cidade limpa e sossegada, onde dava gosto viver e até havia empregos. Agora é como se sabe. Já nem os pacíficos e indefesos defuntos podem continuar sossegados, pelo menos no que diz respeito aos seus restos mortais. Precisão, a quanto obrigas!

domingo, 17 de março de 2013

Não se entende...


Foto 1 - Aspecto actual do que resta do alambor templário do século XII. À esquerda, parte  do troço destruído antes da edificação dos actuais paredões.


Foto 2 - Troço do alambor templário entre o paredão da direita na foto 1 e uma das passagens pedonais provisórias para acesso ao Convento de Cristo.


Foto 3 - O mesmo alambor, entre o lado direito da foto anterior e a parede norte do Convento de Cristo.


Foto 4 - Vista de conjunto da zona referida nas fotos anteriores. O trecho de paredão visível ao fundo é o mesmo do lado direito da foto nº 1


Foto 5 - Trecho nascente do alambor templário, à esquerda da foto nº 1.


Foto 6 - Caixas de visita da rede de saneamento, na parte destruída do alambor templário, lado esquerdo da foto nº 1.


 Foto 7 - Cabine eléctrica no novo e supérfluo paredão de cimento, agora forrado a pedra.

 Foto 8 - Detalhe da foto anterior, vendo-se em baixo os vãos destinados à entrada das calhas técnicas e respectivos cabos.


Foto 9 - Praça da República, frente aos Paços do Concelho, esta manhã, com dois quiosques para venda e publicidade de uma marca de cerveja, por ocasião do Festival de Tunas Académicas do IPT.


Após mais de ano e meio de obras, lá se resolveram finalmente a escavar uma parte do alambor templário com mais de 800 anos, até à parede norte do Convento ( Fotos 1, 2 e 3). Fica assim à vista de todos aquilo que aqui se escreveu há mais de um ano: Destruíu-se deliberadamente um troço de mais de 15 metros quadrados, para implantar caixas de visita e edificar um paredão de cimento absolutamente desnecessário ( Fotos 4, 5 e 6). Bastava ter feito antes aquilo que agora executaram: libertar o alambor do posterior aterro que o cobriu.
Quando confrontado com o desastre, o anterior presidente da câmara disse que se tinham destruído apenas meia dúzia de pedras. Agora vê-se perfeitamente que o nosso estimado conterrâneo estava cheio de razão... 
Quanto aos supérfluos paredões, continuam no mesmo sítio. Não se entende.

A não ser que se procurasse, sobretudo e antes de mais, arranjar um local para edificar uma cabine da EDP, sem chocar demasiado os visitantes do monumento (Fotos 7 e 8). Dado que a referida empresa é agora totalmente privada, tendo como accionista mais importante a empresa chinesa Três gargantas, controlada pelo governo comunista chinês, custa a perceber como e porquê a câmara de Tomar resolveu conceder-lhe tal benesse. Haverá algum protocolo sobre tal matéria? Se há, ninguém o conhece. Poderá a magnífica oposição que temos fazer o que lhe compete, solicitando esclarecimentos ao presidente do executivo? Ou será pedir demasiado? Confesso que já não sei. Mal se escreve qualquer coisinha, há eleitos que se sentem logo atacados, ficando muito enchicharados. Não se entende.

A foto 9 mostra uma das causas evidentes da nossa ruína enquanto cidade sede de concelho, outrora florescente. Acossados por uma autarquia mesquinha, pelos seus técnicos gulosos e inquisidores, pagando preços nada competitivos e taxas ainda menos, mal servidos por políticos de opereta, investidores, comerciantes, industriais e simples cidadãos têm votado com os pés. Entre 2000 e 2011, o concelho perdeu cerca de 2500 habitantes, mais de 800 famílias, o que dá uma média de 80 famílias por ano. Por este caminho, até quando continuaremos a ser cidade e concelho?
Mas quê! Os senhores autarcas não se incomodam com semelhantes ninharias. Têm mais que fazer. Por isso, quando os sacrificados comerciantes da cidade antiga podiam fazer mais algum negócio, graças aos eventos organizados pela sociedade cidade civil, a câmara resolve autorizar a instalação de concorrentes que nem sequer pagam os seus impostos na cidade, como é o caso dos dois quiosques da foto 9. Apesar disso, os comerciantes prejudicados continuam mudos e quedos. Já perderam a esperança? Não se entende.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Finalmente uma explicação pelo exemplo...

Assim já se consegue perceber melhor porque motivo o Gaspar e o governo ainda não foram detidos, apesar de andarem há meses e meses a fecundar o juízo e o resto a todos os portugueses. É que, apesar de algumas evidências, não estão alcoolizados nem vão a conduzir. Quem conduz é a troika! Ora toma!

Correio da Manhã, 15/03/2013, página 15

quinta-feira, 14 de março de 2013

Ó PAELe!

Soube-se ontem, mas já era previsível, que o Tribunal de Contas "chumbou" o empréstimo de 3,5 milhões de euros ao Município de Tomar, entretanto concedido pelo governo, mas aguardando visto prévio favorável daquele órgão de fiscalização. Imediatamente o senhor presidente da edilidade veio para a comunicação social lamentar o sucedido e garantir que o executivo ia apresentar recurso, alegando que tal decisão prejudica gravemente a economia local = fornecedores da autarquia. É preciso ter lata!
Enquanto presidente da câmara, Carrão não conseguiu negociar capazmente com a oposição e com os presidentes de junta, de tal forma que, na Assembleia Municipal, a proposta apenas logrou 13 dos indispensáveis 19 votos = maioria absoluta requerida para a aprovação do empréstimo pelo TC. É a lei e Carrão não pode fingir ignorância, posto que "ninguém pode invocar a ignorância da Lei para daí retirar benefício". Apesar deste óbvio revés, o edil PSD -acostumado a uma prática que não tem primado pelo estrito respeito do ordenamento jurídico em vigor- declarou que iria mesmo assim solicitar o empréstimo, alegando ter um parecer nesse sentido. Ou seja, praticou descaradamente o dois em um. Prevaricou não respeitando a decisão vinculativa da Assembleia Municipal e reincidiu mentido, pois afinal não existia qualquer parecer.
Sou um tomarense degenerado. Ao contrário da maioria dos meus queridos conterrâneos, que sabem tudo de tudo, confesso a minha ignorância na área jurídica e em muitas outras. O que me tem permitido ir aprendendo qualquer coisinha. No caso presente, por exemplo, quer-me parecer que os magistrados do Tribunal de Contas nunca emitem despachos/pareceres "estilo Isaltino". Daqueles que apenas servem para ir protelando a execução de decisões anteriores. Nesta conformidade, julgo que nem a "língua de pau" usada por Carlos Carrão vai facilitar a ultrapassagem do citado parecer negativo. Porque, a bem dizer, a douta decisão do TC não prejudica a economia local. Apenas impede a câmara de insistir em gastar sem ter dinheiro para pagar, sempre fiada no que virá, seja sacado, transferido ou emprestado.
Caso estivesse habituado a viver numa sociedade europeia estilo Europa do Norte, o presidente tomarense já teria adoptado uma saudável atitude cidadã. Em vez de deliberadamente procurar ignorar a Lei, ultrapassando-a como fez,  teria ido logo para a negociação com a oposição no seu conjunto, até obter a garantia dos almejados e necessários 19 votos. Tendo-se comportado como eleito de uma terra e de um país com uma maioria de bananas, conanas e sacanas, resta-lhe agora arrepiar caminho, negociar e informar o Tribunal de contas só depois de eventualmente ter em seu poder a acta autenticada da sessão da AM onde tenha conseguido a supracitada maioria absoluta. Pedindo desculpa por inadvertidamente ter faltado à verdade na questão do parecer que alegou.
Caso assim não proceda, havendo para mais outros processos em curso, bem se pode ir já preparando para outra vida, que o bem-bom não dura sempre. E Outubro é já ali adiante.

domingo, 10 de março de 2013

Assim vamos indo - Reportagem no Convento

Já dizia o nosso conterrâneo Manel da Avó que "Um homem não é de pau". Apesar de estar em pousio, Tomar a dianteira ainda não bateu a bota. E quem consegue manter-se mudo e quedo perante tanta asneira? Vai daí, publica-se uma curta reportagem sobre as infindáveis e infelizes obras da Envolvente ao Convento de Cristo. Como se  verá adiante, mal empregado dinheiro!
E o Seguro ainda tem a distinta lata de vir propor que seja a Europa do Norte a custear o nosso desemprego...

1 - Requinte...


                        

Lindo! Numa zona muito frequentada por turistas nacionais e estrangeiros, este refeitório para os trabalhadores das obras junto ao Convento é uma verdadeira maravilha. Cumpre decerto as normas europeias, com tal requinte que até fornece equipamento para deitar a escada a alguma comida...

2 - Começar pelo fim...







O secretário do senhor de Lapalisse disse-o há séculos: "É sempre conveniente começar pelo princípio, continuar pelo meio e acabar no fim". Parece evidente e por isso simples, mas não é. Pelo menos em Tomar. Aqui, as obras começam sempre pelo fim. O ParqT já está a funcionar há tempos, apesar de nunca ter sido licenciado validamente ou sequer obtido o obrigatório visto prévio do Tribunal de Contas. Na Ponte do Flecheiro, só depois de concluída a empreitada concluíram que faltava um acesso pedonal ao Mercado. Acrescentaram então  a escada. Na Levada, já as obras iam avançadas quando resolveram fazer escavações arqueológicas...e encontraram restos de um lagar quinhentista. Agora, as obras continuam, apesar de ainda não haver um projecto detalhado de interiores e o resto... No turismo municipal, junto à Mata, as obras acabaram há mais de seis meses, mas agora não há verba para comprar o novo equipamento. O outro foi à vida...
E finalmente -Por agora!!!- nas obras da envolvente ao Convento, apesar de repetidamente avisados, os senhores camaristas e respectivos acólitos insistiram nos paredões para segurar o talude e na desculpa de que "é só má-língua". O resultado aí está, à vista de todos. Como sempre aqui se escreveu, o velho alambor da torre gémea da de Dª Catarina vai até à fachada norte do ex-Hospital Militar, pelo que os novos paredões são totalmente inúteis. Terão de ser removidos numa futura empreitada, que inclua igualmente a retirada de todo o entulho posterior e a reconstituição dos sectores entretanto danificados ou destruídos do dito alambor templário. 
Isto é que vai uma crise!!! Apre! 
Despejado o saco, já me sinto mais aliviado!