segunda-feira, 30 de abril de 2012

Estava escrito!



Estava escrito! Quando aqui há uns anos, no auge do império da farturas, a gerência autárquica de então decidiu comprar a Casa dos Tectos, tornou-se evidente que mais cedo ou mais tarde haveria outros tectos. Tanto mais que, agora com a nova ortografia do acordo, passámos a ter a Casa dos Tetos, o que vem mesmo a calhar, pois é voz corrente que a senhora câmara é uma espécie de Casa das Tetas, tantos são os mamões que por ali andam. Adiante...
Certo mesmo certo é que o presidente Carrão, colocado entre a espada e parede, que é como quem diz entre os euros e a penúria, lá se resolveu finalmente a fixar tectos máximos mensais para os quase 200 telemóveis distribuídos pela autarquia aos seus funcionários e políticos do executivo. Segundo nos foi dito, passa doravante a vigorar um regime semelhante ao das forças armadas. Neste caso camarário, 15 euros mensais para os funcionários = soldados, 25 euros para chefes médios = sargentos e 40 euros para chefes graúdos = oficiais.
Aplaudindo a decisão, Tomar a dianteira é contudo forçado a lastimar que continue a não haver tecto para os políticos do executivo autárquico. Decisão contra a qual os impolutos vereadores da oposição só não protestam  porque também beneficiam de telemóveis de serviço.
Que bem prega Frei Carrão, perdão! Frei Tomás. Façam como ele diz. Não olhem para o que ele faz! Ou então: Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é burro ou não tem arte!
Servir os tomarenses sem se servir, é uma nobre missão. Vivam os nossos eleitos!

À escandinava e à africana

Expresso - Economia, 28/04/2012, página 2

É uma frase feita e corriqueira, porém muito apropriada neste caso: "Vale mais uma boa imagem que mil palavras." Com a vantagem de o autor da caricatura supra ter sido particularmente feliz. Exigir ao pobre Zé Português que salte com sucesso as sucessivas barreiras rumo ao futuro, com uma tonelada de encargos fiscais às costas, é quase a mesma coisa que dizer a um tetraplégico "Levanta-te e anda!". E no entanto, o governo insiste, insiste, insiste...
Além do IRS, do IVA, do IRC, do IMI e do IA, o sacrificado contribuinte português tem ainda de arcar com os impostos sobre os combustíveis, as taxas moderadoras, as portagens, o selo do carro, as taxas de aeroporto quando viaja, bem como a voracidade dos fornecedores dos bens essenciais, água, luz e gás. No caso da água, pelo menos aqui em Tomar, mais de metade da soma a pagar corresponde a taxas obrigatórias diversas. Como por exemplo a de recolha de resíduos sólidos, que há três décadas atrás era gratuita.
Apesar de tamanhos encargos resultantes de tão elevados custos, quais são os serviços públicos que funcionam bem? O fisco, por razões evidentes, e pouco mais.
Enquanto a esquerda que temos insiste em barafustar contra os neo-liberais e a favor dos serviços públicos, lastima-se o povo, com a sua sabedoria milenar, que a cadela não pode com tanto cachorro. Parafraseando o ministro-adjunto Miguel Relvas (a propósito dos hábitos de consumo e da produtividade dos portugueses), temos uma carga fiscal à escandinava, mas contrapartidas à africana. Bem dizia o Guterres -É a vida! Até quando vamos aguentar semelhante estado de coisas?

domingo, 29 de abril de 2012

Complicar a vida alheia


Vivemos numa cidade onde a crise é bem mais grave do que alhures. Não sou eu que o digo. É o presidente da ACITOFEBA, a associação de comerciantes da zona, que deve saber do que fala por experiência própria. Urge por isso indagar das causas, como condição prévia para sairmos do atoleiro. Havendo outras terras onde a situação não é assim tão má como a nossa, certamente que os nossos gestores públicos (e privados) estarão a cometer erros desconhecidos fora de Tomar. Eis dois exemplos flagrantes.
Dia 5 de Maio terá lugar mais uma edição do Congresso da Sopa. Coisa para pelo menos 15/20 mil euros de custos, tendo em conta as exigências da ASAE, incluindo a barraca de lona, não vão os besouros e outros insectos cair na sopa... Usualmente a autarquia entregava 5 mil euros ao CIRE, por conta das receitas do evento, que nunca deu lucro. Este ano, decerto porque estamos em crise, os respeitáveis autarcas decidiram por unanimidade entregar ao CIRE a totalidade da receita. O que significa que a câmara, já atascada em dívidas, vai assumir integralmente todas as despesas. Vantagens?
As do costume. Promoção da cidade, movimento nas ruas e incremento do comércio local. Será mesmo assim? Ou trata-se apenas do paleio do costume, para esconder a inépcia local? Vejamos. Promoção da cidade? Para quê? Que produtos locais temos para vender? Teremos sequer condições mínimas de hospitalidade? (limpeza, sinalização, acessos, horários, preços, qualidade, instalações, sanitárias...) Movimento nas ruas e incremento do comércio local? Salta à vista que quem vem ao Congresso da Sopa não vai certamente frequentar depois cafés ou restaurantes. E também não se justifica pernoitar em Tomar, dado que a festança termina entre as duas e as três e meia. Poderiam, quando muito e não fora a arreliadora crise, comprar algumas recordações. Se as houvesse em quantidade e qualidade. Mas nem uma coisa nem outra.
Mas vão ao Convento, dirão os mais sagazes. Pois vão, para mal dos nossos pecados. O produto das entradas (6 euros por pessoa) irá depois direitinho para Lisboa, para o IGESPAR, que não paga IVA nem IMI nem IRS. Por conseguinte, interesse para a depauperada economia local = zero. Acresce que desde há longos meses e não se sabe até quando, os infelizes turistas que resolverem ir ao nosso principal monumento ficam sem vontade nenhuma de cá voltar ou de recomendar Tomar aos amigos. Para além de o bilhete de seis euros só lhes dar direito a olhar para as pedras, sem quaisquer explicações enquadradoras, outros erros  maiores se levantam.
Na Mata dos Sete Montes, -a velha Cerca do Convento ou Cerca dos Frades- quem resolver guiar-se pela sinalização que lá foi colocada recentemente, está desgraçado que nunca mais de lá sai. Basta dizer que até se indica um "Percurso da Cadeira d'El-Rei", a qual, por simples acaso, se situa na Estrada do Casal do Láparo, do lado de fora do muro... Mas há pior!
Repare-se na foto acima. Qualquer visitante motorizado que se dirija ao Convento de Cristo - Património da Humanidade é forçado a transitar por ali. Não conhecendo o local, terá de previamente interpretar as sete diferentes indicações junto ao muro. Para um estrangeiro, não é mesmo nada fácil. Aparece depois aquela inoportuna barreira, que é totalmente inútil e só complica, visto que:

  1. Ninguém percebe muito bem o que lá está escrito: "Excepto moradores e ao Convento". Que quer isto dizer, em português crrente? Os moradores não circulam por ali, pois fica-lhes muito mais perto a Estrada do Casal do Láparo, a partir da Rua de Leiria.
  2. Os estrangeiros, sobretudo se da Europa Central, da Ásia ou da América anglófona, não percebem patavina do que lá está.
  3. A indicação é inútil e redundante, uma vez que por ali só se pode ir para o Convento, junto ao qual há um outro painel a proibir o trânsito para a cidade. Resta portanto tirá-la dali quanto antes, para os visitantes não se irem a rir de nós, pobres grunhos.
Conclusão: Bendita terra que tais cérebros tem no seu seio. Amém!

sábado, 28 de abril de 2012

Relançamento económico pela procura?

Em França como em Portugal, que como dizia o Eça é a sua sucursal mais a ocidente, o grande anseio da esquerda toda, incluindo a mais moderada, é o relançamento da economia pela procura. Ou, noutros termos, a retoma pelo consumo. Mais sofisticado, o candidato socialista francês François Hollande, o mais provável vencedor da 2ª volta das presidenciais, conseguiu agregar em apenas duas medidas toda uma gama de implícitas esperanças para o povo de esquerda. Por um lado, confortando os que ainda continuam a ver no estado o generoso paizinho de todos os cidadãos menos favorecidos, anunciou a criação de mais 60 mil lugares para professores, naturalmente no quadro do Ministério da Educação, que um anterior ministro da pasta -o socialista Claude Allegre- alcunhou de "o Mamute". Naturalmente, o enarca socialista favorito para o próximo dia 6 de Maio esqueceu-se de indicar de onde virão os recursos para pagar aos novos funcionários docentes. Numa conjuntura em que o governo francês procura pelo contrário reduzir despesas na ordem dos 20 mil milhões de euros. Uma ninharia...
Na mesma linha de pensamento, porém jogando quiçá inadvertidamente com a tradicional inveja do eleitorado, avançou que, uma vez eleito, implementará uma nova taxa de 75% no IRS, para todos os contribuintes com rendimentos anuais superiores a um milhão de euros. É claro que, sobretudo os mais desprotegidos, os chamados ganha-pouco, já esfregam as mãos de contentes, enquanto vão salivando a nova fartura anunciada, que bem entendido será equitativamente distribuída através do tradicional maná estadual.
Infelizmente, Hollande não terá medido bem o alcance da medida fiscal anunciada. Assustados com semelhante espoliação, os detentores das grandes fortunas já tomaram as suas providências, aproveitando a situação geográfica da França. Bastou-lhes transferir os respectivos domicílios fiscais para Andorra, Mónaco, Alemanha, Bélgica, Itália, Espanha, Suiça ou Luxemburgo, todos com fronteira comum. A esta  hora, além das transferências electrónicas, já milhares de malas de euros procuraram climas mais clementes, cruzando fronteiras praticamente sem controle. 
Imitando Paris, a esquerda lisboeta navega nas mesmas águas dos socialistas gauleses. De forma menos sofisticada e convincente, é certo, porque não estamos em campanha eleitoral, mas sobretudo porque um escol político de qualidade não se consegue formar em apenas 38 anos de democracia plena. Veja-se o triste exemplo recente da Associação 25 de Abril e, mais surpreendente, de Mário Soares e Manuel Alegre, conhecidos francófilos.
Ainda assim, enquanto na Assembleia da República, Louçã, Jerónimo e Seguro vão clamando por medidas de relançamento, a CGTP aproveita a mobilização para o 1º de Maio para de forma mais explícita exigir aumentos. Aumento dos salários, aumento do salário mínimo, aumento das reformas e aumento das pensões. Além, claro está, do usual "trabalho com direitos".
Era bom era! E o dinheiro para custear tudo isso? Aumentando a produção? De quê e para vender onde e a quem? E a competitividade a nível internacional? O tempo dos milagres já passou. Agora já todos sabemos que, tal como as árvores nunca cresceram nem crescem até ao céu, também os salários e outros rendimentos...
Haja por isso humildade, haja decência, haja honestidade, haja sentido da realidade, haja bom senso!

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Turismo e criação de riqueza

O artigo de Mário Reis no Templário de ontem e a adesão de Tomar à Rede de Cidades e Vilas Medievais, noticiada no Cidade de Tomar, trazem mais uma vez à baila a questão do desenvolvimento turístico local. Sendo agora evidente que nenhum dos grupos políticos representados no executivo ou na AM dispõe de qualquer projecto minimamente adequado aos tempos que correm (E que estão para durar!), não espanta que também nessa área estejamos todos em pleno deserto de ideias profícuas. Daí a votação unânime aprovando a adesão à acima citada rede, o que vai custar ao depauperado orçamento municipal mais seis mil euros de entrada (Segundo consta do documento aprovado "para compensação de todo o trabalho já desenvolvido" !!!) e uma quota anual de mil e 500 euros.
Se a isto juntarmos os encargos com a  Rota da Judiarias, a Associação de Municípios com Centro Histórico, a Rota dos Monumentos Património da Humanidade, a Associação Nacional de Municípios, a Comunidade do Médio Tejo, etc etc, a que acrescem as deslocações, ajudas de custo e outras facturas, a pergunta surge naturalmente, agora que estamos praticamente como Egas Moniz, descalços e de corda ao pescoço: Compensará?
O turismo é a industria da paz, representando mais de 10% do PIB da maioria dos países da Europa Central e Ocidental. O que não significa que baste atrair visitantes para se conseguir uma mina de oiro. Temos perto de nós um exemplo flagrante: ninguém jamais planeou o turismo de Fátima, que mesmo assim se desenvolve a passos de gigante. Porque vão lá milhões de peregrinos rezar? Claro que também. Mas sobretudo porque compram velas, fazem donativos, adquirem recordações, comem nos restaurantes, dormem nos hotéis e visitam atracções locais (Museu de Cera, Vida de Cristo, por exemplo) ou próximas (Grutas, Batalha, Alcobaça, Tomar...)
No final, o que importa não é quantos lá estiveram mas apenas aquilo que gastaram em promessas, recordações, comida, bebida, dormida, entradas, etc. Ou seja o total dos "produtos" consumidos, que naturalmente implica uma oferta variada. Coisa que continuamos a não ter em Tomar, onde se insiste em pensar que basta os turistas virem cá. Sucede que a nossa principal atracção permanente, o Convento de Cristo, mal gerido e nestes últimos tempos mal servido de acessos, consegue ainda assim cerca de 150 mil visitantes anuais. Contudo, deste total, metade não pagam (visitas de estudo, entradas gratuitas aos domingos de manhã) e o remanescente conseguido (75 mil visitantes x 6 euros = 450 mil euros) vai directamente para uns senhores com gabinetes no Palácio da Ajuda, que integram um organismo chamado IGESPAR, o qual serve também para exarar uns pareceres, ao fim de meses e meses de paciência dos ingénuos que julgaram ser fácil investir nos Centros Históricos. Ao que se diz, nem chegará sequer para remunerar os quase 40 funcionários da antiga Casa da Ordem de Cristo. De forma que, bem pode o senhor director do dito organismo rubricar um louvor à actual directora, que todos os que andamos nestas coisas sabemos bem que não consegue dar conta do recado de forma cabal. Pelo que, enquanto não houver no município quem tenha audácia e capacidade suficientes para agarrar o futuro com força e com as ambas as mãos, naturalmente amparado pela maioria dos tomarenses, vamos continuar em marcha mais ou menos acelerada rumo à irrelevância e à miséria. Mas se é isso que as pessoas querem, apenas tenho a opor a força da minha razão. 
Numa visita livre, os turistas vão para onde querem e ficam o tempo que lhes apetece. Numa visita guiada, pelo contrário, vão para onde os levam e ficam o tempo que o guia quiser. Está percebido, ou é preciso fazer um desenho? E aquilo que vale para o Convento, vale para tudo o resto. No final, o que conta é o "carcanhol" que cá deixaram!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Temas da imprensa regional


N'O MIRANTE, dois assuntos se destacam: a manchete e o projecto de novo mapa judiciário. Quanto àquela, o semanário da Chamusca realça o evidente e boçal marialvismo de um autarca no exercício das suas funções. Trata-se do presidente da câmara de Torres Novas, o socialista António Rodrigues, ao que por aí consta com algumas hipóteses de vir a ser cabeça de lista noutra autarquia, uma vez que está impedido de se recandidatar novamente à autarquia torrejana, por ter atingido o limite legal permitido.
Já se sabia que o autarca Rodrigues é um patusco, que se recusa a cumprir decisões judiciais vinculativas, quando elas lhe não agradam.  Doravante poderemos acrescentar que é também o tosco e untuoso provocador de uma vereadora CDU, a qual ainda não arranjou coragem para o mandar publicamente para onde ele merece. Além de desprestigiar o órgão a que preside, o socialista Rodrigues dá igualmente uma péssima imagem de toda esta zona,  pois preside também à Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. Quem o elegeu deve estar agora a sentir-se mal na fotografia...
O outro tema é a reforma judicial ainda em projecto, que prevê apenas uma comarca em cada um dos 18 distritos, com secções nos respectivos centros urbanos mais importantes. No caso do distrito de Santarém e tal como Tomar a dianteira avançou em tempo útil, prevê-se a instalação em Tomar de uma secção de trabalho, família e menores, para todo o Médio Tejo, bem como uma outra secção de Execução com abrangência distrital. Foi portanto precipitado e sem fundamento o alarme lançado pelos IpT sobre a eventual saída do actual Tribunal do Trabalho para Abrantes. As autárquicas de 2013 já começam a provocar algum nervoso miudinho...


"Aqui a crise é mais grave", afirmou o presidente da ACITOFEBA, em entrevista ao TEMPLÁRIO. E tem toda a razão. Resta apurar porque assim acontece. Não será sobretudo culpa dos próprios tomarenses e da sua conhecida basófia?
Na segunda parte da sua crónica "Tomar e o turismo...", Mário Reis escreve aquilo que venho afirmando por escrito há mais de vinte anos, sem qualquer resultado até ao presente: "...A Festa dos Tabuleiros, que me parece não estar totalmente aproveitada turisticamente, porque não creio que para ser inscrita nos roteiros turísticos nacionais e internacionais, possa ser realizada apenas de quatro em quatro anos..." Ora até que enfim! Quase apetece exclamar Bendita crise, que torna as pessoas mais realistas! Porque a triste verdade é esta: Excepto os tomarenses, a maior parte dos quais ainda vive culturalmente na primeira metade do século passado, já praticamente todos os outros interessados tinham chegado a essa conclusão. Até o Turismo de Portugal, que desta última vez recusou o usual subsídio. E continuamos sem conhecer as contas finais. Porque será?
Igualmente interessante a coluna de opinião subscrita por Rui Sant'Ovaia, sobre a questão do hospital, com uma nota final condenando o triste episódio inquisitorial da irmandade da santa casa local, que de misericórdia já pouco ou nada tem. Será mais uma empresa da indústria assistencial.


Inadvertidamente, CIDADE DE TOMAR, assume a triste realidade actual: "Tomar quer aderir à Rede de Cidades Vilas Medievais". O que vai custar ao orçamento municipal seis mil euros de entrada, mais mil e quinhentos por ano. Para quê? Para que daqui a mais uns anitos a dita rede passe a ser de "Cidades > Vilas > Aldeias medievais? Olhando para lista de aderentes portugueses (Marvão, Vila Viçosa e Tomar), é-se forçado a concluir que já faltou mais...
Em manchete, a habitual posição tomarense: contra a sede do ACES em Torres Novas, contra a reforma do CHMT, contra a redução de freguesias, contra a lei dos compromissos, contra a saída do tribunal do trabalho para Abrantes, contra a Festa dos Tabuleiros todos os anos, contra as entradas pagas para assistir ao cortejo, contra o estacionamento pago, contra o progresso, contra a mudança, contra a corrente, contra a liberdade de opinião, contra a tolerância, contra eleições intercalares, contra a redução de chefias na autarquia... Ainda não deu para entender que com semelhante mentalidade todos se riem de nós por esse país fora? É que nem os comunistas de Alpiarça e da Marinha Grande alguma vez assim foram no tempo da outra senhora. Proponho até um novo lema local, para substituir o actual "Tomar - Cidade Templária": Tomar -Capital do contra tudo e contra todos. Amém!

Mais um percalço para Carlos Carrão


Tomar a dianteira sabe de fonte fidedigna que deu entrada no Tribunal das Caldas da Rainha um pedido de declaração de insolvência da empresa Construções José Coutinho SA, a qual concluiu com êxito as obras da nova escola D. Nuno Álvares Pereira e respectivo pavilhão desportivo. Igualmente encarregada da empreitada do futuro Museu da Levada, por motivos até agora ignorados, os trabalhos têm-se arrastado, praticamente a ritmo de tartaruga, estando parados desde há algum tempo.
A acção judicial foi desencadeada por credores da referida empresa, "que por se sentirem estrangulados com falta de liquidez, recorrem sem escrúpulos e com exagerado facilitismo a meios mais drásticos, que se esperaria fossem usados com bastante mais seriedade e coerência", segundo uma credenciada fonte da sociedade em causa. A qual acrescentou que Construções José Coutinho SA continua a laborar, a ser financiada pela banca e a procurar honrar todos os seus compromissos na medida do possível, detendo neste momento uma vasta lista de obras em carteira.
Conclui a fonte citada que a aludida acção judicial foi de imediato contestada por estar baseada em várias alegações falsas, aguardando-se agora o respectivo despacho do juiz a quem o processo foi distribuído.
Tomar a dianteira já solicitou informações mais detalhadas, nomeadamente sobre a morosidade da obras da Levada.
Cabe recordar que em relação à mesma obra deu entrada no Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria, em Dezembro de 2010, um pedido de impugnação da adjudicação efectuada pelo Município de Tomar, apresentado pela empresa BRITALAR - Sociedade de Construções SA, uma das concorrentes vencidas.
A confirmar-se a insolvência requerida, será mais um grave percalço para o presidente Carlos Carrão, que em recente conversa  pareceu bastante preocupado com a situação geral da autarquia tomarense. O caso não é para menos!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Até que finalmente os militares...

Foto 1 - O caminho para a Porta da Almedina ou do Sangue.

 Foto 2 - Restos de um dos cubelos da muralha derrocada no século XIX.

Foto 3 - Outro vestígio da muralha que desabou no século XIX

Foto 4 - A lápide certificando ter sido o 2º conde de Tomar a custear a obra de restauro da muralha que desabou.

Foto 5 - Uma perspectiva da antiga porta da Almedina, até agora impossível de obter, devido à vegetação existente.

Os mais novos não sabem e por isso vale a pena contar. Durante os 48 anos de ditadura, as oposições civis não estiveram inactivas. Tentaram por diversas vezes conseguir a queda do regime. Sem sucesso. Até que os militares do MFA venceram logo à segunda revolta. A primeira fora em 16 de Março. Uma coluna motorizada de Infantaria 5 avançou do seu aquartelamento, nas Calda da Rainha, até à entrada de Lisboa. Aí resolveram regressar ao ponto de partida. Saiu então de Tomar uma outra coluna militar pró-governamental, que foi cercar o quartel dos revoltosos, tendo conseguido a sua rendição.
Após o sucesso do 25 de Abril, disse-se que a intentona falhada das Caldas da Rainha mais não fora que um ensaio geral da depois chamada Revolução dos Cravos. Contudo, numa recente entrevista, o general Garcia dos Santos, encarregado das transmissões durante a revolta liderada pelo MFA, garantiu ter-se tratado apenas de um falhanço devido à habitual improvisação portuguesa.
Já o 25 de Abril foi planeado, segundo a mesma fonte, em conformidade com as normas NATO ou, como diriam os médicos, de acordo com as melhores práticas, sendo liderado por militares curtidos por várias comissões em África, com noites ao relento, rações de combate, roupa no corpo durante semanas, aquartelamentos em madeira e bidons a servir de chuveiros... Por isso, glória aos militares que ousaram revoltar-se! 25 de Abril sempre! Mas nada de novas aventuras. Agora temos um governo com origem em eleições livres e justas, que não deixa de ser legítimo só por implementar medidas demasiado severas. É dos livros que, enquanto houver liberdade de opinião, pluralismo partidário, imprensa livre e eleições não contestáveis, as armas devem manter-se nos quartéis. Mesmo se Otelo Saraiva de Carvalho, o estratega  do movimento militar vitorioso, pensa de modo diferente...
Todas estas considerações para chegar a uma analogia. Sem o MFA, muito provavelmente ainda hoje estaríamos a aguardar que a oposição civil conseguisse finalmente encarreirar. Da mesma forma, após mais de 50 anos de ineficazes protestos orais e escritos, tive hoje -finalmente!- a grande alegria de visitar a zona da Porta da Almedina ou do Sangue, limpa dos silvados como nunca esteve (Foto 1). Até já se conseguem identificar vestígios da antiga muralha templária, que derrocou no século XIX, devido às infiltrações originadas pela rega do actual laranjal (fotos 2 e 3). Vale a pena lá ir, para observar aquele troço sem alambor, ainda com os escombros da derrocada, cujos estragos foram parcialmente reparados pelo 2º conde de Tomar (foto 4). É também possível sacar novas perspectivas da outrora principal porta de acesso à povoação muralhada = almedina em árabe. Tudo isto porque finalmente os militares do RI 15 decidiram redignificar aquela parte do castelo onde, encimando a Porta da Almedina, se pode ver a mais antiga cruz templária nabantina, que é também o emblema do regimento aquartelado em Tomar.
Bem hajam portanto os briosos servidores das Forças Armadas, que mais uma vez se mostraram dignos do lema templário "Non nobis...(" Não por nós..."). Já Camões louvava há cinco séculos "Aqueles que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando". Não consta porém que se tenha referido aos papagaios daquela época...

terça-feira, 24 de abril de 2012

Ainda mais Estado na economia?

Quem siga a actualidade com atenção e paixão, já terá notado certamente que neste jardim à beira-mar plantado a comunicação social foge das comparações como o diabo da cruz. Compreende-se. Salvo no que concerne ao clima, ao futebol e ao consumo de peixe, raramente ficamos bem na fotografia. E, como nunca convém incomodar "os de cima", apesar de não haver censura, nunca fiando. O calado foi a Lisboa e veio sem pagar bilhete. Dizem...

Eurostat/Le Monde

Contrariando o hábito nacional, aqui temos uma infografia muito elucidativa, publicada pelo incomparável Le Monde, uma das poucas instituições europeias respeitadas em todo o mundo.
Permite-nos comparar a  taxa máxima de IRS (ou respectivo equivalente) nos 27 países da UE. Conclusão para nós bem triste: Conseguimos reunir o pior de dois mundos. Pagamos os impostos mais elevados e temos a pior burocracia. Com efeito, a taxa máxima portuguesa de 46,5% é comparável às da Suécia, Finlândia, Alemanha, França, Bélgica, Holanda, Itália e Áustria, onde os serviços públicos (saúde, educação, segurança, transportes...) funcionam a contento de todos, mas  suportamos uma burocracia asfixiante e serviços públicos medíocres, tal como os antigos países comunistas, onde em contrapartida os impostos são muito menos gravosos... Curioso, não é? Porque será que nos outrora países comunistas os impostos são agora muito mais baixos? Simples vingança à posteriori?
E depois ainda há por aí cada vez mais próceres de uma maior intervenção do Estado, para atalhar a crise , reduzir o desemprego e potenciar o crescimento económico. Nas actuais circunstâncias lusas, os keynesianos e apaniguados são cá uns líricos! Onde é que estão os fundos públicos disponíveis para dinamizar a economia? Não será muito mais eficaz diminuir o peso do Estado, emagrecer consideravelmente a burocracia redundante e parasitária, simplificar a vida de todos, sobretudo dos potenciais investidores, e depois baixar as diversas taxas e impostos? Quer-me parecer que sim, pois a cadela da República dá cada vez mais mostras de não poder continuar a amamentar tanto cachorro durante muito mais tempo...


Caso ainda restem dúvidas após a leitura anterior, aqui temos mais um exemplo flagrante. Neste quadro temos os países classificados em função da variação nos impostos tipo IRS, entre 2000 e 2011. Tratando-se de uma desgraça, mais uma vez temos Portugal no pódio. Pior do que nós só a Inglaterra, que entretanto já anunciou uma redução da taxa máxima (de 50% para 45%) em 2013.
Conclusão bem triste: Cada vez mais voraz chata e ineficaz, a burocracia lusa!

FMI/Le Monde

Mais uma comparação,  mais uma desgraça. Tal como os países do topo (França, Inglaterra, Espanha) temos um défice orçamental de todo o tamanho, mas não beneficiamos de bons serviços públicos nem conseguimos gerar crescimento económico. Triste sina a nossa!
Que tem tudo isso a ver com Tomar?! Pouco. É só por dizer que também temos a maior e mais chata burocracia da zona, o maior número de telemóveis distribuídos, as mais elevadas taxas locais, os prazos mais longos para a resolução de qualquer assunto, a maior dívida autárquica do norte do distrito, a mais elevada percentagem de desemprego, o maior número de barracas para habitação, a maior percentagem de imóveis em ruínas, e por aí adiante. Simples coincidências? Ou será que afinal, como usam dizer alguns marxistas de café, "Isto anda tudo ligado"?

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Esperança infelizmente infundada



Na sequência de muitas outras já publicadas, estas duas imagens ilustram o frustrante clima depressivo que se vive em Tomar. Uma cidade outrora florescente, esvai-se a arruína-se agora a um ritmo assustador. Claro que na linha da boa tradição nabantina, os tomarenses não têm culpa nenhuma, os eleitores também não, os funcionários superiores da autarquia ainda menos e os autarcas nem pensar. A culpa é do governo ou, quando muito, dos mandatos anteriores. E assim vamos.
Sem táctica nem estratégia, os actuais membros dos executivo vão-se deixando levar pelos acontecimentos, à espera de melhores dias (virão?). Sem emprego nem perspectivas locais, os jovens e os menos jovens fazem-se à estrada em cada vez maior número. Sem investidores que, vencidos pela medonha local-burocracia, foram jardinar alhures, e sem préstimo por falta de gente com paciência de santo, os imóveis devolutos vão-se transformando em ruínas, enquanto aguardam em vão algum comprador mais lorpa ou distraído.
Neste contexto lamentável, a oposição lá vai procurando reunir tropas, incitando à luta e sonhando com futuros mais promissores, como testemunha este cartaz do PCP, reivindicando um Portugal com futuro. Que futuro? Onde? Quando? Como? Com quem?
No charco nabantino, onde já nem se ouve sequer o coaxar das rãs, a vitória do candidato socialista na primeira volta das presidenciais francesas encheu de alegria e de esperanças muitos milhares de portugueses, entre os quais alguns tomarenses. O vereador Luís Ferreira não hesitou em usar aqui um estilo empolgante e triunfalista, a meu ver infelizmente prematuro e inapropriado. Prematuro porque sendo certo que as sondagens previam desde há muitos meses a vitória de François Hollande na primeira volta e mesmo na segunda volta, em política nunca é conveniente limpar o dito antes de defecar. A segunda volta confirmará muito provavelmente a vitória do candidato PS, o que não significa que a situação política melhorará em França.
Inapropriado porque, apesar de o presidente francês ter poderes executivos consideráveis, não consta que já alguma vez tenha tido o poder de fazer milagres. E como a situação financeira gaulesa, salvaguardadas as devidas  proporções, é tão ou mais grave que a portuguesa, as perspectivas não são as melhores. Acresce que, sem uma maioria sólida na Assembleia Nacional, ainda nenhum PR francês conseguiu governar a contento. Como as eleições vão ter lugar em Junho e a esquerda ampla não tem grandes hipóteses de vir a conseguir os almejados 300 deputados, não se antevêem àmanhãs que cantem.
Entre outras coisas, Hollande prometeu mais 60 mil professores e uma taxa de IRS de 75% sobre os rendimentos superiores a um milhão de euros. Esqueceu-se porém de indicar como serão financiados em clima de recessão os novos 60 mil lugares na função pública, bem como de uma realidade singela: a Suiça, um dos mais conhecidos e seguros paraísos fiscais, faz fronteira com a França, não havendo controle de passagem pois o país é equiparado ao Espaço Schengen. De maneira que, à cautela, a esta hora já há centenas de malas noutros tantos porta-bagagens,  dirigindo-se para o lado suiço do Lago Leman. Coisas da vida...
Quanto às actuais esperanças vãs, lá para depois do Verão, o mais tardar, não se falará mais nisso. O governo francês, constrangido e forçado pela conjuntura estará então a implementar medidas de austeridade tão duras como em Portugal, na Irlanda, em Espanha, na Grécia ou na Itália. Porque mesmo se a receita da troika não é nada agradável, causando demasiadas desgraças sociais, também ainda ninguém descobriu uma alternativa credível. Há séculos que o povo vem dizendo não ser possível fazer omeletes sem  ovos. Ou fazer chouriços sem carne. Mesmo quando, como os políticos tomarenses, se está muito habituado a encher chouriços...

As obras malditas da Estrada do Convento - conclusão (até à próxima visita)

Projectadas e adjudicadas à maneira de António Paiva (quanto mais depressa melhor), as obras da envolvente ao Convento de Cristo só podiam redundar em desastre, uma vez que depressa e bem não há quem. Os problemas começaram logo com a empresa vencedora, com sede em Viana do Castelo, a 300 quilómetros daqui. Dava para desconfiar, mas ninguém esteve para essa maçada. Estrangulada pelas dificuldades financeiras, a citada empresa limitou-se a comer a ração que lhe fora colocada na mangedoura. Os berbicachos vieram a seguir. O da destruição do alambor foi o mais falado, mas não foi o único, nem coisa parecida. Seguem-se mais quatro aspectos do estado actual da empreitada.


Sabe-se nos meios ligados à arquitectura, à mecatrónica e ao património que a tendência é agora para afastar o trânsito e o estacionamento dos monumentos. Por causa da poluição dos escapes. Tendo optado, certamente mal informados, pela solução exactamente inversa, ao aumentarem a capacidade de estacionamento de ligeiros e pesados mesmo à ilharga do monumento (onde, diga-se de passagem, as broncas são quase diárias, tanto lá dentro como cá fora, dando uma péssima imagem de Tomar), os projectistas e os políticos do executivo tinham a estrita obrigação de manter a coerência. Uma vez que se melhoram as condições de estacionamento, lógico seria melhorar igualmente as condições de acesso. Pois não senhor! A foto 9 da mensagem anterior documenta o contrário.
A compleição do terreno, o respeito pela paisagem circundante, e tal, rbéubéu, pardais ao ninho, amanhã vai estar um rico dia, se não chover. A verdade é que se gastou um dinheirão em betão, tendo todavia faltado o rasgo para endireitar tanto quanto possível a velha estrada salazarista e os problemas da ribanceira. Não só vamos continuar com aquela triste vista no enfiamento da Rua Alexandre Herculano, com velhas chulipas da CP (agora REFER), reconvertidas em sustentáculos do talude, como ficou por fazer o viaduto que evitaria aquela incómoda e perigosa escada na Calçada de S. Tiago. Pior ainda! Se em certos sítios a estrada é estreita e sinuosa, porque o terreno como estava não deu para mais, noutros alargou-se desmesuradamente o passeio, para a tornar mais estreita. Porquê? Para quê? Para que vai servir um passeio de mais de dois metros de largo naquele local?
Posso estar enganado, mas aposto que um destes dias vamos ter ali um ligeiro ou um autocarro parado, com os respectivos turistas no passeio, todos satisfeitos, a tirar fotografias... E os outros que esperem para passar!

Outra desgraça é este parque de estacionamento para apenas vinte ligeiros, ali a meia encosta, que nasceu torto e por isso nunca mais se vai endireitar. Sobre o estilo do mesmo, estamos conversados. Não destoaria em Las Vegas e está tudo dito. Quanto à execução, parece ter sido intencionalmente ao arrepio da lógica mais elementar. Em vez de adoptarem a cota mais baixa como referência para a indispensável terraplanagem, optaram pela mais alta. Seguiu-se a edificação dos paredões de contenção e, finalmente, o tosco arranjo do talude resultante, com terra vinda de alhures. Que se não levar qualquer protecção, na primeira tromba de água que vier, despede-se da família e vai à vida.

 Do lado oposto, que por mero acaso também é propriedade municipal, vamos ter o mesmo problema. Não compactada, a terra ali despejada vai aluir com as primeiras chuvadas fortes, arrastando a calçada entretanto colocada. Mas não interessa. Mesmo se a ordem já é rica como dantes, os senhores autarcas continuam convencidos de que Lisboa e Bruxelas não têm outro remédio que não seja pagar tudo, incluindo as piores asneiras...

E aqui temos, em conclusão, o por assim dizer inútil murete de protecção. Não se pode dizer afirmar que fique com mau aspecto. É apenas ridículo, porque estilo novo-rico, daqueles que no século passado compravam livros a metro, para decorar a biblioteca doméstica... Dinheiro mal arrumado, é o que é!|

domingo, 22 de abril de 2012

Mais uma visita às obras malditas da Estrada do Convento - 3

 Foto 1 - Estrada do Convento, cruzamento com a Calçada de S. Tiago, 21H30 de ontem.

 Foto 2 - Estrada do Convento, 20 metros mais acima.

 Foto 3 - O já célebre parque de estacionamento para duas dúzias de automóveis, estilo piscina Las Vegas.

 Foto 4 - O candeeiro no meio da ramagem.

 Foto 5 - Outro aspecto do mesmo candeeiro, com o castelo em fundo.

 Foto 6 - A Estrada do Prado vista da Calçada de S. Tiago.

 Foto 7 - A cidade antiga, a partir da Calçada de S. Tiago.

 Foto 8 - Um troço da Calçada de S. Tiago.

Foto 9 - Valeu a pena destruir o passeio do lado esquerdo no sentido ascendente, bem como a rede de esgotos, que eram do tempo de António Paiva. Agora temos esgotos novos e um passeio do lado direito, além da versão tomarense das conhecidas "Voltinhas do Marão". Salta à vista que dois autocarros de 55 lugares se poderão ali cruzar sem qualquer dificuldade... A estrada será de sentido único, vão garantir os chefes. Pois! E enquanto durarem as obras na estrada entre o Convento e o Casal do Láparo, os autocarros passam por onde?

É esbanjar enquanto houver, vilanagem!
Topa-se à légua que as obras junto ao Convento foram projectadas ainda no tempo das farturas, das vacas gordas e das excursões comezaina/tintol à custa dos contribuintes. Basta reparar na densidade de candeeiros, comparável à da Estrada do Prado (foto 6), outra empreitada para gastar quanto mais melhor, que a Europa paga tudo. Se isso não bastar, atente-se na estranha situação. Com a conclusão da obra ainda muito longe, o que terá levado os responsáveis a mandar colocar já os candeeiros e a ligá-los à rede de iluminação pública? Ontem circulei por ali durante cerca de uma hora e não encontrei vivalma. Nem um   notívago para amostra!
Claro que os candeeiros - led, o último grito em tecnologia luminotécnica, são de baixo consumo. Contudo, dada a sua profusão, acabam por consumir ainda mais que os anteriores, muito mais esparsos. E para iluminar o caminho a quem?

Esclarecimento final:
Todas as fotos foram obtidas sem recorrer ao "flash" da máquina. Apenas e só à luz dos novos candeeiros, excepto no caso da "piscina Las Vegas", cuja luz de cor diferente no primeiro plano é proveniente de um BIP (braço de iluminação pública, no paleio técnico da EDP) do antigo modelo A. L. (antes dos led).

Mais uma visita às obras malditas da Estrada do Convento - 2

 Foto 1 - Alambor ou sapata protegendo o talude junto ao cruzamento da Calçada dos Cavaleiros com a Estrada do Convento.

 Foto 2 - Obras no talude onde foi posto a descoberto o alambor templário. Pela quantidade de ferro, mais parecem os bunkers alemães na Normandia...

 Foto 3 - Outro aspecto do paredão para proteger o talude outrora sustido pelo alambor templário

 Foto 4 - Candeeiro moderno, instalado na ramagem de uma árvore

Foto 5 - Aspecto do que resta do alambor templário do século XII, parcialmente destruído aquando da sua descoberta.

CONTRASTES NUMA OBRAS COM ALGUNS TRASTES

É da sabedoria popular: ninguém consegue fazer tudo bem ou tudo mal. As obras na Estrada do Convento senão inúteis, pelo menos sem qualquer carácter prioritário, demonstram isso. Há raras coisas bem feitas e outras que valha-nos Deus. 
Como mostra a foto 1, os trabalhadores até sabem fazer as coisas, quando são devidamente orientados. Conquanto a sapata tenha sido interrompida a um nível demasiado baixo e por isso insuficiente para sustentar o talude, salta aos olhos que é esse o modelo a seguir. Pelo contrário, o que se vê nas fotos 2 e 3 é uma verdadeira aberração de novos ricos megalómanos em tempo de vacas gordas. Tanto ferro para um paredão de sustentação de um talude mais baixo que o da foto 1, até dá a ideia de estarem a edificar abrigos anti-bombas nucleares...ou um viaduto entre o Convento e a Igreja de S. João Baptista.
Por sua vez, a foto 4 mostra um exemplo do melhor e do pior num mesmo local. O candeeiro é moderno, muito sóbrio, bonito, altamente eficaz e de baixo consumo, mas foi instalado no interior da ramagem de uma árvore. Os responsáveis pela obra não têm olhos na cara?

Mais uma visita às obras malditas da Estrada do Convento




Com os leitores de TaD já sabem, sábado e domingo são dias para visitar de forma descansada as obras da oficialmente designada por Avenida do Dr. Vieira Guimarães, vulgo Estrada do Convento. São tantos os detalhes curiosos nesta fase de acabamentos, que se decidiu proceder por episódios. Eis o primeiro. Na inopinada terraplanagem da Cerrada dos Cães, arrancaram um bloco de betão que serviu aqui há anos para fixar um tabuleiro monumental. É claro que a coisa deu bronca e vai daí, nada como evitar que os senhores jornalistas locais -sempre inoportunos- venham meter o nariz onde não são chamados. Camuflaram o dito bloco o melhor que puderam. Exactamente como os cachopitos, quando fazem uma asneira... Agora só falta decidir para onde irá o empecilho. Visite a cidade de Tomar parque infantil.

sábado, 21 de abril de 2012

Recortes da imprensa de hoje

 Expresso - Economia, página 5


Jornal i, páginas 18/19

FUTURO MUITO INCERTO NA COMUNICAÇÃO SOCIAL TOMARENSE



A terrível crise que nos assola -a mais grave desde 1929/32- atinge todas as actividades e praticamente todos os cidadãos. Naturalmente a uns mais do que a outros. Não é possível desfrutar em simultâneo do melhor de dois mundos. Por isso mesmo, a formigas têm sempre muito menos problemas do que as cigarras. Mesmo desde que estas últimas começaram a consumir apenas cigarros com filtro.
Em Tomar, infelizmente passada a época das farturas, das vacas gordas, do deixa arder que é na cortiça, do só perde é quem tem, a penúria está por todo o lado. Prédios em ruínas, ruas porcas, jardins mal cuidados, estabelecimentos fechados, desemprego, insegurança, desespero, miséria... E a culpa não é só dos autarcas que temos tido e temos. Para mal dos nossos pecados, a peculiar mentalidade dominante em Tomar, particularmente alguns comportamentos nitidamente patológicos, já contribuiram e muito para nos arrastar até aqui. E ainda nos virão a causar muitos outros dissabores. Está muito enganado quem cuida que as coisas se resolvem aos gritos, com palavrões, caluniando, dando pontapés em tudo. Até na gramática e no bom-senso.
Havemos de conseguir renascer mais cedo ou mais tarde. Nós, os nossos filhos ou os nossos netos. Mas será com trabalho, persistência, honestidade, humildade e muito realismo.
Numa cidade ferida de morte pela crise, se entretanto nada vier a ser feito para mudar de rumo, a comunicação social não podia passar incólume pelos intervalos da chuva. Com muito menos publicidade, com menos vendas nos quiosques e com assinantes que se vão esquecendo de honrar os seus compromissos, naturalmente por "falta de oportunidade", tanto as duas rádios como os três jornais nabantinos atravessam um período de forte incerteza.  No caso concreto das rádios e dos dois semanários, há  salários em atraso, por manifesta falta de liquidez, bem como alguns empregados que já resolveram solicitar o subsídio de desemprego. 
Como em casa onde falta o pão, todos ralham e ninguém tem razão, ocorrências de índole particular têm complicado singularmente as coisas num dos semanários, enquanto no outro também pode vir a estar em causa a normal continuidade da publicação quando a chefia de redacção se afastar durante pelo menos dois meses, ao abrigo da legislação laboral em vigor.
Resumindo: Anunciantes! Ajudem a comunicação social local! Liquidem o que devem quanto antes! Assinantes! Vamos lá pagar logo que possível! Autarcas! Não é possível ajudar? Se calhar acabando com o boletim/agenda cultural e passando a publicitar na imprensa e na rádio... Fica o apelo.
Parafraseando o senhor presidente da câmara: "São muitas famílias que estão em causa".

ACTUALIZAÇÃO:


Telefonou o director da Rádio Hertz, esclarecendo que por enquanto não tem salários em atraso. Reconheceu contudo que são cada vez mais as dificuldades. A tal ponto, acrescentou, que até já há pelo menos uma autarquia (que não é a de Tomar, em geral cumpridora), seriamente atrasada na liquidação de facturas daquela emissora.. Indicou também que tem um débito antigo, com cortinas!
Fica portanto o esclarecimento. Na Rádio Hertz salários em dia! 

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Realidades divergentes

SOL, 20/04/2012, página 22, a toda a largura

Com os tomarenses muito ufanos em manifestações anti-reforma hospital e/ou petições idem idem, a vera realidade local e nacional segue o seu curso normal. Segundo o semanário Sol, "o ministro da saúde recebe hoje a Carta Hospitalar, que diz quais os serviços a fechar no país. Mas a estratégia agora é o segredo."
No que concerne à nossa zona, apesar das sucessivas manifestações, dos debates, das comissões, da petição e das idas à Assembleia da República, a mesma notícia adianta que "Outra das regiões onde a oferta de cuidados tem de ser reduzida é no Médio Tejo, que tem três hospitais. Segundo os peritos, na zona seriam necessários apenas dois, ou mesmo um. No entanto, aqui -e ainda antes de ser conhecida a Carta Hospitalar- já está em curso um plano de reorganização que prevê a concentração de especialidades. Ou seja, em vez de as valências estarem dispersas pelas três unidades, passa a existir apenas uma."
"Basta cortar o excesso de oferta em Lisboa e Coimbra para resolver o problema dos custos excessivos, pois é nestas zonas que há mais duplicação de serviços e, portanto, maiores gastos" -adianta fonte ligada ao processo."
Temos assim exactamente a situação que aqui tem sido referida desde o início. Com ou sem boatos deliberados, visando apenas gerar confusão, o que o Conselho de Administração do CHMT tem procurado fazer é racionalizar a oferta, evitando duplicações, de forma a reduzir o défice muito considerável das três unidades hospitalares. Porque é isso que se impõe, dada a situação financeira do país, e não a apregoada privatização e venda do hospital de Tomar, difundida por uma certa esquerda local. Caso o não venham a conseguir apesar dos esforços desenvolvidos, ou o governo se veja forçado pelas circunstâncias a reduzir ainda mais as despesas, num horizonte de dois/três anos ficarão a funcionar no distrito de Santarém apenas dois hospitais. Um para a zona sul, na capital de distrito. Outro para a zona norte, que poderá ser Abrantes, Tomar ou Torres Novas. Tudo depende do tipo de decisão que vier a ser tomada. Caso seja sobretudo técnica, manter-se-à o de Tomar, por ser o maior, o mais moderno e o que tem melhores equipamentos. Se for apenas ou sobretudo política, ficará o que os decisores entenderem.
Nestas condições, pena é que em vez de aceitarem a realidade tal como ela é, procurando posicionar-se desde já para a futura e inevitável selecção, os tomarenses se entretenham mais um vez em tarefas que apenas contribuem para nos isolar ainda mais em relação à região e ao país, ao acusarem sem provas  e questionarem tudo e todos, nem sempre tão educadamente quanto seria desejável. Feitios! exclamaria o saudoso Raul Solnado. Por isso estamos como estamos.
Pouco ou nada é mero fruto do acaso...

Imagens da tragédia nabantina

Quando aqui se publicam factos dando conta da desgraça tomarense, que vai transformando uma cidade outrora próspera e limpa, numa porca aldeia decrépita, alguns residentes locais, que se consideram "de boas famílias", seja lá isso o que for, ficam muito amofinados. Nada dizem na ocasião, mas pelas costas vão sustentando que tudo não passa de má-língua, de baixa política, de falta de amor pela terra. Terão razão? Tomar a dianteira deu ontem uma volta pela velha urbe gualdina, recolhendo imagens que atestam a tragédia nabantina. E contra factos...

Rua Direita, frente ao Cine-Teatro PARAÍSO este prédio em ruínas, que mais parece um destroço de guerra. Ou saído do Inferno...

Na principal praça da cidade, que já foi limpa próspera e orgulhosa, restam agora apenas um morador, quatro escritórios, dois comércios, a autarquia e a igreja. Por enquanto...

Na mesma Praça da República, como uma desgraça nunca vem só, eis um sucessão de três estabelecimentos encerrados devido à crise persistente.

Corredoura, em tempos idos a artéria nobre da cidade. Nela se situa o PARAÍSO, numa altura em que viver por estas bandas começa a ser infernal. Pois mesmo assim, o Paraíso tem cada vez menos clientes. A crise aperta cada vez mais.

 Ao lado de uma das vias de entrada na cidade, vindo pela Estrada de Leiria.
 Outro edifício arruinado e entaipado na mesma artéria.

Cerrada de S. Gregório, mesmo ao lado da Estrada de Leiria. São mais os prédios em ruínas do que os ainda em bom estado e habitados.
Eis outra ruína na Cerrada de S. Gregório. Se não lhe acodem quanto antes, os vizinhos vão ter sérios problemas...

Rua das Poças, a caminho da ruínas da ex-Fábrica de Fiação, outra tragédia tomarense

A crise é de tal ordem que até os cães já beneficiam de descontos. Logicamente deve seguir-se uma redução de 50% nos remédios para ratos, que fazem imensa falta ali para os lados de certos departamentos da autarquia...

Mais uma galga dos digníssimos senhores autarcas. Quando não se sabe, o melhor é sempre perguntar a quem saiba. Lopo Dias de Sousa foi apenas e só o último mestre da Ordem de Cristo ELEITO PELOS SEUS PARES. Seguiram-se-lhe muitos outros, mas nomeados pelo Papa, mediante pedido ou acordo prévio do rei. O actual Mestre das ordens de Cristo, Avis e Santiago é o Senhor Presidente da República. Que por isso pode usar a Faixa representando as três ordens (vermelho = Ordem de Cristo, Verde = Ordem de Aviz, Azul = Ordem de Santiago). E esta hein?!

Edifício do Centro de Emprego de Tomar. No rescaldo da obras da Ponte do Flecheiro, a parte sul ficou assim. Se um dia um incêndio, ou qualquer outro incidente, obrigar os funcionários e os utentes a fugir pelas portas da traseiras (ao fundo, à direita), vai haver  pernas partidas. De certeza!

Junto à Ponte do Flecheiro, no pomposamente designado "Núcleo Histórico". Já nem para reboco há dinheiro?
Resultado das obras paivinas do Muro de Berlim. Muito pitoresco, não é? Ainda os vereadores socialistas se queixam (com toda a razão, de resto) que a autarquia não implementa hortas urbanas. Deve ser unicamente por falta de terrenos disponíveis.