quinta-feira, 19 de abril de 2012

Não brinquem com os tomarenses!


Todos os que se interessam pelo turismo, pelo património, pela política, pelo país, pela cidade e pela decência, sabem que a transferência de alguns dos principais monumentos portugueses (Alcobaça, Batalha, Convento de Cristo e Jerónimos, por exemplo) para o IPPC, depois IPPAR, agora IGESPAR, a seguir mero serviço da Direcção-Geral do Património, redundou num erro monumental. Cada um dos exemplos citados foi-se transformando ao longo dos anos num armazém de funcionários, com cada director a agir com se fosse o dono do património que lhe foi confiado. No caso de Tomar, o Convento tem perto de 40 funcionários, a maior parte dos quais sem utilidade evidente. Com efeito, excluindo as senhoras da limpeza e os que vendem os ingressos, mais um ou outro jardineiro, os restantes apenas integram a paisagem.
É nomeadamente o caso dos vários técnicos superiores, cujas funções práticas nunca foram difundidas. Num caso ou outro nem sequer se dão ao trabalho de lá ir com assiduidade.  Temos assim o mais imponente e complexo de todos os monumentos portugueses (excluindo Mafra) sem visitas guiadas, sem plano de exploração, sem plano de evacuação, sem sistema de segurança, sem horários adequados, sem vigilância eficaz, sem uma entrada digna, sem formação permanente dos seus funcionários e sem serviço de relações públicas digno do nome. Para já não falar no semblante geralmente carregado de todos os empregados, a lembrar guardas prisionais, ou familiares do Santo Ofício.
Confrontado com tão triste situação, o governo começou e bem por suprimir a autonomia do IGESPAR. Contudo, assoberbado com os problemas decorrentes da crise, ainda não passou à fase seguinte, que deverá consistir na implementação num só local de novo modelo de gestão operacional, o qual será posteriormente afinado e alargado aos outros monumentos. Tendo ouvido falar na inexorável tempestade que se aproxima, os aproveitadores do actual estado de coisas tocaram a reunir, não vá a dar-se o caso de terem de começar (finalmente!) a honrar a sua condição de servidores do Estado.
A foto supra é um flagrante exemplo do tal toque a reunir. Uma senhora directora, arqueóloga de formação e vinda de Lagos, sua anterior afectação, que mentiu descaradamente no recente caso do alambor, que posteriormente se recusou a dar explicações a quem lhas solicitou, escudando-se numa interdição superior que nunca existiu, que tende a armar-se em guia turística no Convento e na Mata, actividade para a qual não está profissionalmente habilitada, que tem manifestamente mau feitio, sentiu necessidade de se rodear de técnicos superiores (entre os quais dois antigos directores) para reforçar a sua posição no anúncio de uma manifesta infantilidade: "Eu e o Convento de Cristo - Fotografias com história". Por mais que me esforce, não consigo vislumbrar o interesse científico da coisa, mas deve ser apenas incapacidade minha. Ou não?
Por conveniente ingenuidade, prefiro acreditar que a maior parte dos que estão na fotografia ou foram forçados pelas circunstâncias, ou foram "levados". Porque a digníssima senhora directora devia pelo menos cultivar um mínimo de decoro e de respeito pelos tomarenses. Vir agora solicitar fotografias de casamentos, baptizados e outras reuniões não passa de uma reles brincadeira de mau gosto, uma vez que anteriormente a mesma senhora proibiu os fotógrafos profissionais de fotografar casamentos e baptizados no interior do Convento, incluindo o jardim da entrada. Até chamou a polícia em pelo menos um caso. E agora, após sucessivos actos de prepotência e abuso de poder (que até incluiram a proibição de uma missa na antiga capela do Seminário das Missões), vem solicitar fotos-recordação de actos antes proibidos? É preciso ter lata! Mas convém não abusar.
Bem sei que conta com o apoio do jornal e da Rádio Cidade de Tomar, a qual integra a ARIC, a rede de emissores de inspiração cristã. Mas não me parece nada católico proibir missas comemorativas em antigos locais de culto e depois recorrer à ajuda dos mesmos católicos...

Sem comentários: