sexta-feira, 20 de abril de 2012

Imagens da tragédia nabantina

Quando aqui se publicam factos dando conta da desgraça tomarense, que vai transformando uma cidade outrora próspera e limpa, numa porca aldeia decrépita, alguns residentes locais, que se consideram "de boas famílias", seja lá isso o que for, ficam muito amofinados. Nada dizem na ocasião, mas pelas costas vão sustentando que tudo não passa de má-língua, de baixa política, de falta de amor pela terra. Terão razão? Tomar a dianteira deu ontem uma volta pela velha urbe gualdina, recolhendo imagens que atestam a tragédia nabantina. E contra factos...

Rua Direita, frente ao Cine-Teatro PARAÍSO este prédio em ruínas, que mais parece um destroço de guerra. Ou saído do Inferno...

Na principal praça da cidade, que já foi limpa próspera e orgulhosa, restam agora apenas um morador, quatro escritórios, dois comércios, a autarquia e a igreja. Por enquanto...

Na mesma Praça da República, como uma desgraça nunca vem só, eis um sucessão de três estabelecimentos encerrados devido à crise persistente.

Corredoura, em tempos idos a artéria nobre da cidade. Nela se situa o PARAÍSO, numa altura em que viver por estas bandas começa a ser infernal. Pois mesmo assim, o Paraíso tem cada vez menos clientes. A crise aperta cada vez mais.

 Ao lado de uma das vias de entrada na cidade, vindo pela Estrada de Leiria.
 Outro edifício arruinado e entaipado na mesma artéria.

Cerrada de S. Gregório, mesmo ao lado da Estrada de Leiria. São mais os prédios em ruínas do que os ainda em bom estado e habitados.
Eis outra ruína na Cerrada de S. Gregório. Se não lhe acodem quanto antes, os vizinhos vão ter sérios problemas...

Rua das Poças, a caminho da ruínas da ex-Fábrica de Fiação, outra tragédia tomarense

A crise é de tal ordem que até os cães já beneficiam de descontos. Logicamente deve seguir-se uma redução de 50% nos remédios para ratos, que fazem imensa falta ali para os lados de certos departamentos da autarquia...

Mais uma galga dos digníssimos senhores autarcas. Quando não se sabe, o melhor é sempre perguntar a quem saiba. Lopo Dias de Sousa foi apenas e só o último mestre da Ordem de Cristo ELEITO PELOS SEUS PARES. Seguiram-se-lhe muitos outros, mas nomeados pelo Papa, mediante pedido ou acordo prévio do rei. O actual Mestre das ordens de Cristo, Avis e Santiago é o Senhor Presidente da República. Que por isso pode usar a Faixa representando as três ordens (vermelho = Ordem de Cristo, Verde = Ordem de Aviz, Azul = Ordem de Santiago). E esta hein?!

Edifício do Centro de Emprego de Tomar. No rescaldo da obras da Ponte do Flecheiro, a parte sul ficou assim. Se um dia um incêndio, ou qualquer outro incidente, obrigar os funcionários e os utentes a fugir pelas portas da traseiras (ao fundo, à direita), vai haver  pernas partidas. De certeza!

Junto à Ponte do Flecheiro, no pomposamente designado "Núcleo Histórico". Já nem para reboco há dinheiro?
Resultado das obras paivinas do Muro de Berlim. Muito pitoresco, não é? Ainda os vereadores socialistas se queixam (com toda a razão, de resto) que a autarquia não implementa hortas urbanas. Deve ser unicamente por falta de terrenos disponíveis.

7 comentários:

Maria disse...

Vieram-me as lágrimas aos olhos.
De cada vez que aí vou, venho mais triste.
E lembro-me de uma frase, que já repeti mil vezes: "Capitão Oliveira, volte"!
Quero a minha terra linda de volta.
Que degradação!
Um abraço triste, com lágrimas.
Maria

Unknown disse...

Maria, prezada conterrânea:
Permita-me que apanhe a boleia do seu comentário. O "capitão Oliveira" de que fala, deixou-nos o primeiro plano de urbanização da cidade, o mercado, o estádio, a estalagem, o agora bairro 1º de Maio, a Ponte Nova, o Parque de Campismo, etc. etc. etc. Legou-nos também uma imagem de honestidade tão vivida que até faleceu pobre. Tão pobre que houve alguma dificuldade em encontrar roupa adequada para o amortalhar. Mas quê! Era de direita, homem do 28 de Maio e salazarista. Por isso tem agora direito apenas a um minúsculo marco-memória, com busto em medalhão, escondido ali no Jardim da Várzea Pequena. E mesmo assim só graças à generosidade dos sócios da Casa do Concelho de Tomar em Lisboa.
Em contrapartida, Lopes Graça e Nini Ferreira, que pouco nos deixaram, mas foram considerados "homens de progresso" têm direito a monumento, no qual estão representados em tamanho natural, de costas para o rio, apesar do Nini sempre ter defendido o Nabão e as coisas simples da terra tomarense. Mais insólito ainda: o citado monumento foi instalado nos terrenos anexos ao ex-estádio, uma obra de Fernando Oliveira que condenaram desde o início. A tal ponto que até protestaram contra a municipalização dos terrenos da então "Horta dos Graças", onde agora temos um reles campo de treinos, após os milhões de euros ali dissipados por António Paiva. Tenho para mim que o monumento no local onde foi colocado constitui uma manifesta afronta à memória do honrado servidor tomarense Fernando de Oliveira. Que descanse em paz, já que muitos tomarenses foram e são ingratos.

Maria disse...

Meu caro António;
Leio-o todos os dias, nem sempre comento. Quase sempre, estamos de acordo.
Hoje foi diferente. Vi a terra que amo muito, onde nasci, transformada num monte de ruínas.
Nasci há 67 anos, na Rua Direita da Várzea Pequena, frente à Nabantina.
Nesse tempo, Tomar era linda, limpa, com jardins e flores, por todo o lado.
Falando do meu Capitão (General e Chefe Geral da Polícia), era Salazarista, mas acima de tudo, era Tomarense.
Meu pai, com ideias diferentes das dele, estimava-o e admirava-o.
Pessoalmente, vi-o uma ou duas vezes, em garota.
Um dia, conto-lhe duas provas de amizade, que ele deu a meu pai. Hoje, é de Tomar que falamos.
Da Cerca bem tratada, do Mouchão lindo, do Jardim mimoso da Várzea Pequena. Falo-lhe da Casa dos Pobres, que visitei muitas vezes, do Mercado, das ruas limpas, das casas caiadas e com flores nas janelas. Das lojas bem fornecidas, dos cafés.
Era a minha Tomar, a Tomar do meu Capitão, cumprimentado e reverenciado, por todos.
Anos passados, voltei a Tomar e fui ao cemitério velho, à procura de alguns amigos que lá estão. Comprei um ramo de flores, para distribuir por todos. Ao virar de uma rua, vi o Jazigo da família Oliveira. Vi o nome do "General Fernando de Oliveira", vi o abandono, o pó e nem uma flor. Entalei o ramo todo no puxador da porta, com umas lágrimas de revolta a caírem-me pela cara. Disse: Adeus, senhor capitão. Obrigada.
Não sabia do pormenor da roupa, mas o monumento, é como diz, uma ofensa.
Quem se lembra dele, hoje?
É só e já é muito.
Já o macei muito tempo, com recordações de velha.
Maria

Leão_da_Estrela disse...

Boa noite,
Desculpem meter o bedelho.
Também me custa ver a cidade assim( estive aí na Páscoa e na Pascoela ), bem como a cada vez menor importância dum concelho que já foi uma referência, mas caramba! não será de olharmos para o futuro e desejar, tentar que ele seja diferente para melhor?
Também eu morei no "Bairro das Flores", na R. Dr. Joaquim Jacinto, até aos 20 anos e pensam os meus caros que tenho saudades desse tempo? apenas porque seria mais novo, apenas!
A figura em causa passou-me completamente ao lado, vi-o algumas vezes, sei que ajudou até um familiar meu num jeito para progredir na polícia, que estava sempre disponível para ajudar, mas a ambição dos Tomarenses não pode ser o regresso ao passado. Prá frente é que é o tempo! oxalá os tomarenses queiram.

Unknown disse...

Tem razão, Leão da Estrela! O futuro é o único lugar para onde vamos, quer queiramos, quer não. Dito isto, convém lembrar certas ingratidões, para melhor compreender onde estamos e porquê...

Sebastião.José Pires disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sebastião.José Pires disse...

Olá pessoal!
Fiquei preocupado quando li o título "IMAGENS DA TRAGÉDIA NABANTINA" - É que nada disto teria acontecido se o rei Yakub de Marrocos no ano de 1190 tivesse
conseguido reconquistar a nossa
terra e os moçárabes que nós então éramos, quando pôs cerco ao castelo.Bem podia esperar sentado, pois os Templários, nossos novos senhores e que os nossos avoengos tiveram que passar a sustentar, recebiam reforços e abastecimentos
através de um túnel com ligação à Igreja de Stª.Maria dos Olivais... Se tivessem conseguido, talvez tivessem aqui feito uma cidade igual à de Córdoba ou Granada... Mas não desesperem, porque ainda temos uma escapatória; -a Al Qaeda tem nos seus planos a recuperação do Al Andaluz (Península Ibérica) e depois pode ser que com uma nova desgraça acabe com a tragédia da nabantina de vez...

Bem,e quanto a estátuas,Lopes Graça
era um intelectual politicamente de sinal contrário ao regime a que
o Capitão Oliveira pertencia e só por isso, confiscaram-lhe a carteira profissional de musicólogo
impedindo-o de exercer a profissão
e forçando-o a sobreviver de
trabalhos alternativos, enquanto que o Capião Oliveira tinha a torneira aberta para o seu lado, razão pela qual fez boa figura e eu
também lhe tiro o meu chapéu.

Sobre o monte de latas em cima do banco do jardim, garanto-vos que se
Lopes Graça ainda fosse vivo e lhe dissessem que aquilo era a sua
estátua e a do seu amigo Nini Ferreira naquela posição patética e ainda mais, colocada naquele local, lhe daria uma fúria que punha aquilo num monte de sucata.

Depois, ainda que isto custe a muita gente, o nome de Lopes Graça
e a sua obra vão atravessar os tempos ou séculos como a obra do
poeta árabe Ibn Mucana (1042)que residiu na zona de Alcabideche (Cascais)e o seu nome foi atribuido à escola secundária local e os seus poemas continuam actualizados e a serem lidos.

Também na Parede (Cascais)figura
na Escola Secundária o nome de Lopes Graça, com a seguinte legendagem: Professor em diversas academias de música, compositor, maestro///destacou-se pela sua acção pedagógica norteada pela defesa constante da liberdade e da democracia.

As novas gerações não sabem nem
querem saber quem foi o Capitão Oliveira - são uns ingratos...

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PS - Se com esta conversa irritei alguém, peço desculpa, mas não foi essa a minha intenção e por favor
D. Maria, não chore mais que se enferruja... Temos que ver as coisas pelo lado positivo. Tomar cresce para o lado Nascente e é lá
que estão as escolas e a juventude.
As zonas antigas das cidades estão
todas em decadência, a vida agora
mudou para os centros comerciais...

Saudações fraternais para todos.
Sebastião, José Pires