Cada vez mais ingrata a tarefa de comentar a imprensa local e regional. Os três semanários habituais ressentem-se do actual contexto económico, rareando os grandes temas de fundo. Esta semana a notável excepção é o CIDADE DE TOMAR. Em manchete e ao longo de cinco páginas, publica as respostas de Pedro Marques a toda uma série de perguntas. A não perder, por razões óbvias.
Na página 12, Mário Reis opina sobre a tragédia local, a ultrapassagem da crise e o futuro económico do concelho, mostrando-se preocupado com aquilo a que assiste ao longo das semanas e dos meses -a costumeira atitude nabantina de aguardar que alguém resolva, que já nos trouxe à triste situação em que nos encontramos.
Ao contrário do que advoga, na área do turismo ou lideramos, ou em grupo também não iremos longe. Isto porque os recursos existentes são o que são e não basta boa vontade para desenvolver o turismo em concelhos cujo património é o que sabemos. Será por isso imperativo abandonar quanto antes a tradicional postura megalómana para, com os pés bem assentes na terra, interiorizar de uma vez por todas que o turismo no seu conjunto (tabuleiros,sopas, monumentos, rio, albufeira) só interessa se facultar retorno negociável. Para viver à custa do orçamento já há excesso de candidaturas.
Ainda no CIDADE DE TOMAR, mas comum aos outros dois semanários, outro tema importante é a inauguração do Centro de Apoio à Família. Quanto a mim, trata-se de uma situação assaz estranha, uma vez que a própria autarquia se debate com uma crise profunda, a precisar de apoio substancial e urgente. Nestas condições, inaugurar um centro de apoio...
Sobre este mesmo assunto cuido que O TEMPLÁRIO foi algo infeliz na foto escolhida para a primeira página. Titular "Crise: famílias desesperam por apoios" e mostrar três pessoas de etnia cigana, que obviamente nada têm a ver com o actual contexto económico, visto que sempre viveram de expedientes e da caridade alheia, não me parece muito adequado. Mas pronto, são critérios editoriais e está tudo justificado.
A manchete do mesmo semanário é a "Febre do ouro", com sete lojas dessa área de negócio que abriram em Tomar nestes últimos dois anos. Mau sinal, porque quando se chega ao clássico "Vão-se os anéis, fiquem os dedos", a coisa está preta. Quanto às preocupações já manifestadas por alguns tomarenses sobre a proveniência legal ou não dos objectos apresentados para venda, Tomar a dianteira sabe de fonte fidedigna que pode a população estar tranquila. Ao fim de cada dia, cada estabelecimento é legalmente obrigado a facultar às autoridades uma relação detalhada do ouro comprado, com os dados essenciais à eventual localização dos vendedores.
Numa outra página, o irmão Sérgio Martins procura alertar os leitores para a sua insólita situação. Está a ser alvo de uma espécie de processo disciplinar, tendo em vista a sua expulsão da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Tomar. Pretenso delito cometido: exercício do direito constitucional de liberdade de expressão e de opinião. E trata-se de uma Santa Casa... Realmente os tempos estão cada vez mais agrestes para os bem intencionados. Com o devido respeito -Ó Cristo, anda cá abaixo ver isto!
Na edição Médio Tejo d'O MIRANTE apenas merecem relevo duas fotos. Os Quinta do Bill na primeira página e a mostra de doces "De Tomar e dos Conventos", na última. Sobre esta, ao que ouvi, ninguém percebeu muito bem a vantagem de ter emigrado para o terraço do Muro de Berlim, quando tanto a Corredoura como a Praça da República ou o Mouchão estavam livres. Sugestão de António Paiva para justificar à posteriori o insólito, oneroso e inútil investimento?
Quem não alinhou na iniciativa foram as duas pastelarias mais tradicionais da urbe: O Pepe e as Estrelas de Tomar. Porque terá sido? Apenas mais um caso de "Cá se fazem, cá se pagam"? A seu tempo se saberá...
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