Expresso - Economia, 28/04/2012, página 2
É uma frase feita e corriqueira, porém muito apropriada neste caso: "Vale mais uma boa imagem que mil palavras." Com a vantagem de o autor da caricatura supra ter sido particularmente feliz. Exigir ao pobre Zé Português que salte com sucesso as sucessivas barreiras rumo ao futuro, com uma tonelada de encargos fiscais às costas, é quase a mesma coisa que dizer a um tetraplégico "Levanta-te e anda!". E no entanto, o governo insiste, insiste, insiste...
Além do IRS, do IVA, do IRC, do IMI e do IA, o sacrificado contribuinte português tem ainda de arcar com os impostos sobre os combustíveis, as taxas moderadoras, as portagens, o selo do carro, as taxas de aeroporto quando viaja, bem como a voracidade dos fornecedores dos bens essenciais, água, luz e gás. No caso da água, pelo menos aqui em Tomar, mais de metade da soma a pagar corresponde a taxas obrigatórias diversas. Como por exemplo a de recolha de resíduos sólidos, que há três décadas atrás era gratuita.
Apesar de tamanhos encargos resultantes de tão elevados custos, quais são os serviços públicos que funcionam bem? O fisco, por razões evidentes, e pouco mais.
Enquanto a esquerda que temos insiste em barafustar contra os neo-liberais e a favor dos serviços públicos, lastima-se o povo, com a sua sabedoria milenar, que a cadela não pode com tanto cachorro. Parafraseando o ministro-adjunto Miguel Relvas (a propósito dos hábitos de consumo e da produtividade dos portugueses), temos uma carga fiscal à escandinava, mas contrapartidas à africana. Bem dizia o Guterres -É a vida! Até quando vamos aguentar semelhante estado de coisas?
5 comentários:
Meu caro professor,
Eu sei que não lhe compete apresentar soluções, mas quem aponta o dedo, lá no fundo, tem sempre pelo menos a ilusão de que conseguirá resolver o problema.
Assim sendo, que solução engendrava, ainda que com alguma utopia à mistura, porque quem está fora não conhece tudo, para colocar a carruagem nos eixos?
Cumprimentos
A solução terá, no meu modesto entendimento, de passar sempre pela redução acentuada da despesa pública, logo seguida pela redução e/ou abolição de impostos e taxas. O que implica que sejam os privados a fazer aquilo que o Estado e/ou as empresas públicas fazem mal e porcamente. Designadamente porque falta em Portugal um escol qualificado de grandes servidores da República, honestos e empenhados em prol do bem comum. E sem eles...
Assim, "tout-court" (desculpe o francesismo que é mais coisa sua), embarco consigo!
Há no entanto uma questão que me deixa, ao fim de quase 52 anos de vida, digamos que...perplexo; tem alguma explicação para que os tipos que não têm um qualificado escol de grandes servidores da República, honestos e empenhados em prol do bem comum, quando transitam, eles ou as empresas por eles geridas, para o sector privado, a coisa funciona?
Sou eu que sou maldoso, ou a coisa se calhar é propositada?...
Seria uma explicação demasiado longa, que ficará para momento mais oportuno. Por agora bastará dizer que em Portugal nem sequer há escolas que formem esse tal escol, uma vez que neste abençoado país não há selecção pelo mérito no ensino. E sem selecção adequada e rigorosa...
Ok, meu caro professor, trataremos disso num Domingo qualquer...(Pinto de Sousa dixit).
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