terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Reabilitação, dizem eles...

No final do século passado, uns autarcas invejosos (como são muitos tomarenses) souberam que a família Gonçalves da Silva tinha celebrado um contrato promessa para venda do antigo convento de Santa Iria. Gananciosos, os nossos eleitos fizeram valer imediatamente o direito de opção da câmara. E lá se foram 80 mil contos = 400 mil euros.
Ao lado do ex-convento, um grande conjunto de construções pertencente a particulares acabou também na posse da autarquia, ninguém sabe bem como nem porquê. 15 anos volvidos, esse conjunto de edificações é agora um monte de ruínas, subsistindo apenas e por enquanto algumas paredes mestras. Exactamente aquilo que acontece também no antigo convento.
Pouco tempo após a compra do ex-convento e a apropriação do ex-colégio feminino, começou a constar que tudo aquilo era para "um hotel de charme de quatro estrelas". Decorrido todo este tempo, protelando, rodeando, fingindo, errando, temos agora dois conjuntos de destroços, mas a mania inicial continua:

Só desapareceu o "charme", se calhar por ninguém saber explicar em que consiste tal coisa. Impõe-se assim a pergunta: No concreto (como gosta de dizer o camarada Jerónimo), reabilitar o quê? Isto?:



Em boa verdade, quer-me parecer, a mim que sou leigo na matéria, porém não inculto, nem desprovido de inteligência, que é um bem raro, que há muito pouca coisa a preservar. Porque é disso que se trata agora. No ex-colégio, apenas as cantarias. No ex-convento, o claustro, que é muito pobrezinho,


 o Pego de Santa Iria, uma mera curiosidade histórica, com um arco e alguns azulejos do século XVII,


e um nicho renascença com duas mísulas laterais, dentro de uma ex-capela abobadada, transformada em arrecadação:



Apesar de anos de gargarejos, continua por demonstrar que o desejado hotel de 4 estrelas possa ser edificado naquela área, respeitando todas as normas legais, mais umas minhoquices que os competentíssimos arquitectos municipais não deixarão de inventar a seu tempo. Há pelo menos um entrave de peso. Nos hotéis de 4 estrelas é obrigatória a existência de corredores duplos -um para a circulação dos hóspedes, outro para o serviço interno. Os senhores técnicos municipais, do alto da sua elevada competência, têm a certeza que cabem esses dois corredores no Arco de Santa Iria, aquele que atravessa a rua, permitindo a ligação entre os dois terrenos? Tencionam autorizar a sua duplicação? Têm na manga outra solução?
De acordo com opiniões de profissionais da área, no estado actual das coisas só um eventual investidor louco ousará comprar aquilo à Câmara. Pelo que, se realmente os actuais ocupantes dos Paços do Concelho querem mesmo libertar-se definitivamente daqueles monos, o que não é nada certo,  só lhes resta a solução mais escorreita: Mandar executar o projecto do anunciado hotel, pelos serviços camarários, por ajuste directo ou por concurso público. Uma vez aprovado, será então muito mais fácil vender tudo aquilo.
Os excelsos técnicos municipais da área é que são bem capazes de não gostar da ideia. Com o projecto aprovado será muito mais difícil para eles criar dificuldades por cima da mesa, para conseguir escorrências por baixo da dita... É a vida!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Falsa notícia

Uma folha informativa local titulou na sua mais recente edição isto: Igreja de Santa Maria dos Olivais - Pedra do pórtico da entrada principal da igreja está "doente". E logo a seguir, a encabeçar a pretensa notícia: A pedra do pórtico da entrada principal da Igreja de Santa Maria dos Olivais em Tomar está a deteriorar-se, consequência da denominada "doença da pedra", que lentamente vai destruindo as imagens na pedra.
Seguem-se, no citado texto, dois parágrafos deveras curiosos: Para além da situação ser visível, e evidenciar já um avançado estado de deterioração, vários tomarenses já se manifestaram, alguns dos quais através de cartas enviadas à Câmara Municipal a alertar para a situação. Segundo os mesmos cidadãos, é dever da autarquia tomarense informar as autoridades responsáveis -a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), que tutela o monumento, património nacional desde 1910.
Abstenho-me de nomear a folha informativa em causa. Não se trata aqui de atacar quem quer que seja. Apenas de tentar esclarecer com rigor aqueles que fazem o favor de me ler. Dito isto, não posso calar-me perante semelhante chorrilho de asneiras e de impropriedades vocabulares. Indo por partes.
Antes de mais, trata-se de uma óbvia não-notícia: Com factos verdadeiros, mas não novos nem coisa parecida. De nenhuma novidade portanto. O portal de Santa Maria, a segunda igreja mais antiga de Tomar (a primeira é a Charola do Castelo dos Templários), encontra-se no seu estado actual -irremediavelmente corroído pelo salitre- há mais de 50 anos. Prova disso é aquele bloco novo não lavrado, do lado esquerdo do portal, ali colocado para evitar a derrocada do arco, na primeira metade do século passado:

Nestas condições, os alegados cidadãos pretendem que a autarquia tomarense alerte a tutela lisboeta sobre quê?
Segue-se um manifesto abuso de linguagem (para não dizer outra coisa...) por parte do autor da notícia, que não sei quem seja e a quem não quero mal, pois decerto terá feito o melhor que sabe. Escreveu ele que a "doença da pedra" vai destruindo as imagens na pedra. Assim mesmo, com redundância e tudo. O que é totalmente falso. O salitre que deteriorou gravemente o portal, de certeza absoluta que não destruiu nenhuma imagem. Pela simples razão que o dito portal nunca teve tal coisa.
Noutro passo da "notícia", o articulista legendou Rosácea já está muito deteriorada, numa foto mostrando afinal o medalhão do tímpano do portal, com o pentáculo ou signo de Salomão (estrela de cinco pontas), realmente bastante carcomido:


Quanto à mencionada rosácea, encontra-se de perfeita saúde. E até tem uma adequada protecção anti-vandalismo, conforme mostra esta foto.


A fechar a sua peça, o articulista, que desconheço, menciona em tom crítico a implantação por ordem do pároco de corrimãos em aço inoxidável. Tem toda a razão e o meu apoio nesse ponto. Trata-se mesmo de um grave atentado contra o património que nos pertence. Mais um. Perpetrado por quem tem a obrigação moral de proteger os bens públicos à sua guarda. Mas infelizmente também neste caso se trata de uma não-notícia. Os ditos apetrechos modernaços já foram abusivamente instalados há mais de um ano. Parece-me por isso demasiado tarde para denunciar o caso. Concordo contudo que mais vale tarde que nunca!
Resumindo, que a prosa já vai longa. Salvo melhor opinião, a comunicação social nabantina não está bem, nem mostra indícios de melhoras. O que é pena. Neste triste caso do portal de Santa Maria, tenho a impressão que estão até, sem disso se darem conta, a colaborar numa campanha encapotada, tendente a justificar futuras obras marianas de reconstituição do portal. O que seria um desastre de proporções incalculáveis. Oxalá me engane.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Marinheiro de Água das Pedras...

Em mais uma brilhante crónica no CM, Pereira Coutinho é particularmente certeiro. Analisando o ainda extremamente curto reinado de António Costa, concluiu haver em Portugal doravante três tipos de marinheiros. Os tradicionais, de água salgada; os de café, de água doce; e os de Água das Pedras, cujo expoente máximo é o PM António Costa, constantemente empenhado em amainar as azias, tanto da direita como da esquerda. Sobretudo desta.
Marinheiro de Água das Pedras, o nosso bem amado PM rosa é apoiado pela generalidade  dos calhaus de esquerda. Tanto da tradicional como da moderna. Com destaque para alguns mais eminentes. Não espanta por isso que os resultados magníficos já comecem a aparecer. 
A Comissão europeia deu o primeiro puxão de orelhas ao bem intencionado governo de Lisboa. A redução do esforço fiscal e o anunciado incentivo de 100 milhões às empresas, bem como o aumento de salário mínimo não são compatíveis com a indispensável continuação da política económica espartana, dizem eles. E regra geral o que eles dizem tem muita força.
Agoniado, o governo mexicamo já protestou publicamente contra a renacionalização, mesmo encapotada, da Carris e do Metro de Lisboa, onde empresas mexicanas têm interesses. Visivelmente irritados, o dono da Barraqueiro e o da Azul, agora accionistas maioritários da TAP, onde entretanto já meteram 180 milhões para despesas correntes, martelaram publicamente que tencionam cumprir o acordo livremente celebrado com o governo anterior.
Também algo indisposto ante a audácia dos novos tapistas, Costa não esteve com meias medidas. Anunciou na TV que o estado pretende voltar a ser o sócio maioritário da transportadora aérea portuguesa (a tal renacionalização com vergonha de dizer o nome), e que se não for a bem, vai a mal.
O que a ser implementado vai custar aos contribuintes mais umas centenas de milhões. Um detalhe sem qualquer relevância, num país rico e com finanças desafogadas, como o nosso.
O que o bom do Costa -que tenho por alguém muito inteligente  e com um arcaboiço político fora do comum- ainda não fez e terá de vir a fazer é fornecer aos ignaros contribuintes, entre os quais me incluo, uma pequena mas fundamental explicação: Para os cidadãos não filiados na CGTP - Intersindical nacional - A força de quem trabalha, quais as vantagens da prevista renacionalização da TAP e dos transportes urbanos de Lisboa e Porto? Essas empresas alguma vez deram lucro, quando nas mãos do estado?

sábado, 19 de dezembro de 2015

Uns são cegos, outros incompetentes

...Outros ainda são ambas as coisas. Só ainda não consegui responder cabalmente a uma dúvida fundadora: São cegos porque incompetentes? Ou incompetentes porque cegos? Ou está tudo ligado?
Aos factos. 
Murmura-se por aí que estou contra a comunicação social local por inveja, por ressentimento e porque estou sempre contra tudo e contra todos. A esses respondo com a célebre frase dos idos de 1975: Olhe que não! Olhe que não! E avanço um exemplo, a apoiar.
Semana após semana, a comunicação social local vai despejando notícias de forma acrítica e geralmente incompleta. A maior parte das vezes limitam-se a reproduzir parte daquilo que as diversas entidades lhes enviam. E assim, porventura sem disso se darem conta, os jornalistas que temos vão enganando os leitores com a verdade...incompleta porque fora do seu contexto.


Cidade de Tomar publica, na sua edição desta semana, a notícia local cujo título se reproduz acima. Suponho que será da autoria da excelente jornalista Elsa Ribeiro Gonçalves, que terá sido induzida em erro pelos competentíssimos serviços camarários encarregados dos contactos com a comunicação social. Conforme salta aos olhos de qualquer leitor que saiba português e não seja totalmente analfabeto em termos societais e políticos, aquela longa frase titular contém dois erros crassos. Um de protocolo, outro de política elementar.
Em termos protocolares (e há um Protocolo de Estado que todos os governantes devem respeitar), um ministro só reúne com alguém quando são os seus serviços que convocam essa ou essas pessoas. Quando pelo contrário é uma pessoa ou entidade, como por exemplo o Município de Tomar, que solicita uma reunião, deve escrever-se que o ministro recebe fulano ou cicrano.
Por conseguinte, Anabela Freitas não reúne com Ministro da Saúde, que lhe é -fora do concelho- hierarquicamente muito superior em termos protocolares. Anabela Freitas É RECEBIDA pelo ministro da saúde, devia escrever a comunicação social tomarense. O ministro da saúde RECEBE a presidente do executivo tomarense, escreverá a restante comunicação social, cujos leitores ignoram totalmente quem possa ser Anabela Freitas.
Mas há pior. Muito pior. Além de passarem por mal educados aos olhos de quem ler o dito título, os membros do executivo tomarense serão também considerados perigosos esquerdistas contestatários...e pouco preocupados com aquilo que dizem. Porque não lembra a ninguém, para além dos seguidores do Mandanela, noticiar que a presidente de um executivo autárquico desacreditado e de segunda categoria resolveu ir PRESSIONAR o ministro da saúde. Além de ser uma idiotice, é também uma completa burrice. Como devia ser bem sabido, nunca um governante admitirá que sofreu ou cedeu a pressões.
Portanto, o problema hospitalar tomarense só pode continuar a agravar-se. Tanto mais que a autarquia nem dinheiro tem para manter as ambulâncias operacionais. E os serviços do ministro não devem andar a dormir. Credibilidade, precisa-se com urgência.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Esclarecimento do vereador Bruno Graça

Escrevi aqui, na peça sobre mancebias, que Bruno Graça, eleito na lista da CDU, entregava o seu vencimento de vereador a tempo inteiro ao partido pelo qual foi eleito. Num encontro casual, sem qualquer sombra de ressentimento, o dito autarca esclareceu que na realidade prescindiu e portanto não recebe o vencimento a que tem direito, pelo que não o pode entregar ao partido. 
Agradeci a informação e fiquei contente por saber que assim o meu amigo Bruno terá uma vida menos fatigante como autarca, pois como diz o povo, na sua sabedoria milenar, quem corre por gosto não se cansa. Mas mesmo assim é preciso ter feitio para certas coisas. Acho eu.

Nódoas...

Inicialmente pretendia escrever sobre nódoas e a sua inevitável reprodução exponencial, quando não são removidas a tempo. Sobretudo na política, mas não só. Basta atentar no que todos os dias acontece ali para as bandas da Praça da República. Vai daí, veio à tona uma das grandes nódoas citadinas:

´

Trata-se da fachada poente do antigo Convento de Santa Iria. Há algum tempo rebocada e pintada, levou também janelas e telhado novo. Obras de fachada, dirá o leitor, com toda a razão. Neste caso financiadas pelas Fundação EDP. Que segundo sabe Tomar a dianteira, só não foi além dos 100 mil euros porque ninguém lhe pediu mais. Temos autarcas que até a pedir são fracos 
Mas a questão agora é outra. Porque razão resolveram manter na agora alva fachada, aquela nódoa do muro do Pego de Santa Iria? Falta de dinheiro não foi. Disso temos a certeza, por dois motivos. Primeiro, porque até houve tinta para pintar também parte da fachada sul, que nem sequer é visível da ponte.


Segundo, porque um munícipe nos garantiu já se ter comprometido a pagar a tinta necessária à pintura do muro, tendo a autarquia feito orelhas moucas. Pobres e mal agradecidos Sendo assim, porquê aquela nódoa? Aquilo só não é mais um muro da vergonha porque os cérebros que presuntivamente pastoreiam o concelho já demonstraram não ter vergonha nenhuma. Chamemos-lhe por conseguinte, à falta de melhor, A nódoa de Santa Iria. Que pelos vistos está para durar.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Desmazelo...

À noite, o altivo Castelo dos templários não tem cabeça. A iluminação da Torre de menagem há meses que não funciona. O mesmo acontece com a parte nascente da Ermida da Conceição, com os arcos da Ponte Velha, com um dos arcos da Ponte do Flecheiro, com o nicho da Santa Iria, com a antiga biblioteca e por aí adiante.
Regra geral, as papeleiras danificadas ou destruídas por vândalos desnorteados nunca são substituídas. Os distribuidores de sacos para recolher os pastéis de cão, ou não são abastecidos ou até já desapareceram.
A limpeza urbana já conheceu melhores dias e dos parques e jardins é melhor nem falar, para evitar as lágrimas.
Ao cimo da Rua de Pedro Dias, a sarjeta nunca funcionou. E continua entupida desde o tempo do Paiva. Outro tanto acontece com a caixa de visita do colector pluvial junto ao viaduto do caminho de ferro. À mínima bátega entorna. O que significa que o colector está bloqueado.
É sempre a mesma coisa. Fazem-se as obras e/ou instalam-se os equipamentos, aproveitando sempre as escorrências por debaixo da mesa. Depois, a indispensável manutenção que se lixe, porque daí não escorre nada.
 Cabe por isso interrogar. Ninguém vê? Ou limitam-se a fingir?
Entre os quase 600 funcionários camarários, há quantos trabalhadores. E entre as dezenas de dirigentes, quantos é que dirigem mesmo alguma coisa, além da comida prá boca e do dinheiro pró bolso?
Concluo citando Augusto Gil, levemente modificado:

Que quem é pecador sofra tormentos, enfim!
Mas os tomarenses, Senhor,
Porque lhes dais tanta dor?!
Porque padecem assim?!

E uma infinita tristeza
Uma funda turbação
Entra em mim, fica em mim presa
Cai neve na natureza
E cai no meu coração

                                          
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Capital do desmazelo

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

MANCEBIAS POLÍTICAS E NÃO SÓ...

Política e mancebia -eis duas matérias que raramente dão bons frutos. Já no Império romano, a mancebia de Marco António e Cleópatra veio a revelar-se uma tragédia. Tanto para Roma como para Tebas. Muitos séculos volvidos, a mancebia de D. Pedro com D. Inês de Castro conheceu um duplo final. Primeiro o sangue e a morte, mais tarde a glória da coroação. O rei D. Afonso IV mandou assassinar a galega Inês, alegando o interesse da coroa. D. Pedro, rei após a morte de seu pai, mandou exumar e depois coroar o cadáver da sua amada, em pleno mosteiro de Alcobaça. Onde ambos estão sepultados.
Já na época contemporânea, após 16 anos de balbúrdia política republicana, alguns militares marcharam de Braga rumo a Lisboa, onde proclamaram uma ditadura militar. Estávamos a 28 de Maio de 1926. Canhestros em matéria política e financeira, acabaram chamando um professor de finanças de Coimbra, de seu nome António de Oliveira Salazar. Politicamente conservador, mas intelectualmente muito ágil, depressa o novo governante e antigo seminarista disse ao que vinha. "Sei muito bem o que quero e para onde vou", afirmou num dos seus primeiros discursos.
Seguiram-se mais de 40 anos de regime autoritário de partido único, pois entretanto o novo chefe resolvera amancebar-se com o poder. Tanto assim que nunca se casou ou viveu em comum de forma continuada com qualquer mulher, para além da sua governanta. E não fora uma simples querela sobre promoções e carreiras, que descambou numa revolta militar vitoriosa em 25 de Abril de 1974, é muito plausível que ainda hoje se mantivesse essa espécie de ditadura à portuguesa. Dita dura, mas assaz mole em vários aspectos.
Volvidos 41 anos, temos agora em Tomar, outrora uma cidade próspera, agora em vias de se transformar rapidamente numa pobre aldeola porca e inculta, um novo modelo de gestão autárquica. Trata-se da mancebia generalizada como forma de governação municipal. Uma espécie de via rápida para a catástrofe económica e social. Os sinais de alarme já aí estão, entre os quais a continuada fuga da população, à média anual de 300 pessoas na última década...
Após as eleições de há pouco mais de dois anos, nesta terra gualdina e em termos políticos, há duas interpretações políticas possíveis: A - Na política tomarense nada é aquilo que parece; B - Na política tomarense aquilo que parece é. O leitor fará o favor de optar.
Por mim, escolhi a opção B. Temos assim que, na minha opinião, ao nível daquilo que se pode ver na prática diária, a putativa líder da autarquia na passa afinal, em termos reais, de mera secretária do seu mancebo, enquanto este, suposto chefe de gabinete, é quem de facto determina, manda publicar e orienta a sua manceba. Mais curioso ainda, o dito mancebo, que vive em mancebia doméstica e política com a oficialmente eleita, resolveu amancebar-se também com a Assembleia Municipal. Alavancado pela dita mancebia, controla o parlamento municipal por interposta pessoa e puxa os cordéis no PS local.
Tudo isto porque as oposições fingem que não percebem o que salta à vista. O verdadeiro presidente do executivo, inteligente e com muito traquejo político, consegue tocar cada vez mais instrumentos, não só por já ter sido músico profissional, mas também por não recear a 2ª parte da velha máxima segundo a qual na política podemos avançar até onde nos deixam, mas devemos recuar até onde nos obrigam. Não teme que o forcem a recuar porque desde o início do mandato intuiu o óbvio. Todos os vereadores da oposição estão afinal, eles também, amancebados com o poder.
O PSD pretende a todo o custo evitar ondas, por ser evidente que não estaria à altura caso as eleições fossem agora. O vereador IPT não pode exceder-se muito, por se encontrar na incómoda posição de cão de luxo. Usa açaimo, coleira e trela curta. Caso tente libertar-se, perde a sede, com água, luz e equipamentos, tudo à custa dos contribuintes, via benesse da autarquia. Resta o vereador CDU. Sendo certo que não precisa para nada do vencimento como vereador a tempo inteiro (que segundo julgo saber entrega ao partido), francamente ainda não consegui perceber o que o levou a embarcar em semelhante bote, que continua sem rumo certo e cada vez com mais buracos. A tal ponto que pelo menos um dos vereadores PS já confessou a terceiros estar arrependido de ter integrado a lista agora no poder.
Resumindo, certo, mesmo certo, é que toda esta gente, presidente, vereadores, deputados municipais, presidentes de junta e população em geral, vão-se lastimando por onde calha, mas nada fazem para pôr fim a mancebias que a todos envergonham. A começar pela dos mandantes máximos. Que a lei tolera mas a moral e  os costumes condenam.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

MAIS UM TRAMBOLHO...

De há muito se sabe que a comunicação social local não vale grande coisa. Os seus responsáveis lamentam-se que as receitas não dão para mais. Os leitores, por sua vez, dizem que não compram por evidente falta de interesse = qualidade. Tipo círculo vicioso: não há qualidade por falta de leitores; não há leitores por falta de qualidade. Parece anedótico mas é a trágica realidade nabantina.
Apesar de tão lúgubre estado de coisas, aqui há tempos um grupo de esforçados obreiros locais anunciou tencionar ressuscitar esse monumento à comunicação social que foi o falecido O Nabão. Seguiu-se o silêncio que ainda perdura, não se sabe se aguardando o amadurecimento da ideia ou, o que é mais provável, porque entretanto lhes passou a bebedeira inicial do entusiasmo neófito.
Em qualquer caso, um desses esforçados próceres dessa peregrina ideia é o director do mais recente trambolho do jornalismo local. Uma coisa mal enjorcada que dá pelo nome de A tal. Nada me anima contra o cavalheiro e ilustre conterrâneo. Contudo, por imperativo de consciência, devo aqui dizer que a citada publicação, na minha opinião, apenas serve para conspurcar ainda mais o já bem decrépito panorama da informação local.
Basta atentar na capa do seu último número:


Aí vemos o ex-presidente da câmara e actual vereador Pedro Marques com todo o aspecto de alcoólico em fase terminal. O que coloca desde logo dois tipos de problema. Por um lado, se a dita foto retratasse a realidade, não devia nunca ser publicada, em nome da decência e da dignidade do retratado. Por outro lado, uma vez que Pedro Marques não é um bêbedo já bem corroído pelo álcool, era imperativo arranjar outra foto mais de acordo com a realidade.
Apesar de tudo isso, ninguém parece ter-se incomodado. Nem o ilustre director da publicação, todavia amigo do retratado, nem o fotógrafo, nem o paginador, nem os impressores. NEM O PRÓPRIO PEDRO MARQUES!
Verdade seja que o conteúdo da entrevista em questão, uma pequena série de lugares comuns e outras banalidades, também não abona muito em prol do conhecido político local. Que pouca gente entende com que objectivos realistas continua a arrastar-se pela política local. Simples miopia? Ou as coisas não parecem aquilo que são na realidade? 

REGRESSO CONTRA VONTADE

Regresso contra vontade

Após dois anos de silêncio auto-imposto, vejo-me forçado a voltar à escrita. É verdade! O miserável estado a que chegou a política local a isso me obriga. Não exclusivamente por causa da política. Também porque a comunicação social nabantina está como se sabe. E porque os meus conterrâneos insistem na sua tradicional posição de espectadores mudos e quedos. Falo, como é evidente, daqueles que, se quisessem, poderiam intervir, falando ou escrevendo. Uma pequena minoria. O grosso da coluna, infelizmente, está limitado a falar por frases feitas, incapaz que é de alinhavar dez frases originais seguidas. É triste e sem remédio: a inteligência não se aprende nem se compra. Ou se tem ou não. Não adianta e só pode prejudicar (como está à vista) andar a fazer de conta.
Fruto de tal estado de coisas, fui nestes últimos tempos censurado duas vezes por auto-proclamados jornalistas locais. Não no sentido censurado = criticado, repreendido. Censurado porque me recusaram a publicação de textos meus devidamente assinados. E eu que julgava a censura prévia abolida no país desde Abril de 1974. Afinal continuamos a ter nesta abençoada terra uns inquisidores armados em fiscais dos bons costumes.
Que textos eram, perguntará o leitor, que como qualquer tomarense adora bisbilhotices e outras calhandrices. Um era sobre a festa do tabuleiros e foi recusado pelo blogue Tomar na rede, com a alegação de que eu usava vocabulário impróprio e demasiado violento para qualificar os tomarenses. Ao que isto chegou!
O outro nunca foi publicado, nesse arauto da esquerda local que dá pelo nome de O Templário. porque a sua sapiente directora achou impróprio e inaceitável que eu criticasse asperamente todos os órgãos de comunicação locais. Mais uma defensora acérrima de causas perdidas!
E assim me senti constrangido a retomar o Tomar a dianteira. Não como blogue de notícias, ou sequer de comentários. Apenas de crítica verrinosa, para ser lida só por aqueles que sabem o significado pleno de verrinosa. Os restantes, que são a esmagadora maioria, agradeço que se abstenham. Para evitar mal entendidos e outras tricas.
Uma nota final. Nesta nova fase de Tomar a dianteira não haverá lugar para a publicação de comentários. Os ilustres comentadores locais farão o favor de ir publicar alhures. Nestas colunas apenas se respeitará, nos termos da lei e de forma estrita, o direito de resposta de quem tenha sido criticado nominalmente. Nada mais.