quinta-feira, 31 de março de 2011

ANÁLISE DA IMPRENSA REGIONAL DESTA SEMANA

Abre-se com O RIBATEJO, que apesar da recente remodelação, continua mais focado na Lezíria do Tejo. É notória a falta de notícias de Ferreira do Zêzere, Ourém ou Tomar, a denotar que não dispõem de um correspondente na nossa cidade. Nestas condições, doravante apenas será incluído nesta resenha semanal quando traga algo de interesse sobre Tomar ou sobre esta zona.
D'O TEMPLÁRIO destaca-se a prevista actuação de Tony Carreira e dos Deolinda, por ocasião da próxima Festa dos Tabuleiros, ao que parece patrocinados por uma empresa; o 2º assalto à Rosa dos ventos dos templários, de onde os larápios levaram mercadoria avaliada em mais de 80 mil euros e aquilo que parece ser o agravamento da crise na Misericórdia de Tomar, que terá registado em 2010 um resultado negativo da ordem das duas centenas de milhares de euros.
Nas páginas interiores, além do habitual suplemento sobre os Tabuleiros, há três páginas a cores com a reportagem da caminhada até às nascentes dos Pegões, uma iniciativa que reuniu cerca de 50 participantes, aqui a merecer destaque por se tratar de uma actividade paga, coisa rara por estas bandas, onde o pessoal gosta é de borlas à custa dos contribuintes. Colaboraram com intervenções sobre aquele monumento nacional Ernesto Jana e Luis Pedrosa Graça, este último igualmente com uma interessante crónica sobre o assunto, na página 28 do semanário dirigido por José Gaio.

Dois temas palpitantes nesta edição d'O MIRANTE, um dos quais com chamada de primeira página, totalmente justificada, diga-se em abono da verdade. Trata-se da absolvição pelo tribunal de Tomar de um trabalhador dos serviços de higiene e limpeza da autarquia, acusado pelo Bloco de Esquerda de desvio e  destruição de propaganda eleitoral. O alegado delito ocorreu  na nossa cidade, durante a campanha eleitoral de 2009. Ao ver que militantes do BE tinham colocado panfletos nos para-brisas dos veículos estacionados, o referido funcionário autárquico resolveu recolhê-los todos, lançando-os depois no seu contentor de detritos. Segundo viria a afirmar posteriormente, agira assim para evitar que a citada propaganda eleitoral fosse parar ao chão, arremessada pelos proprietários das viaturas. Assim não o entendeu o pessoal do BE, que chamou a PSP ao local e resolver apresentar queixa.
Quase dois anos depois, a juíza considerou que o funcionário em causa terá revelado excesso de zelo, mas não alguma intenção malévola, pelo que o absolveu, com a recomendação de que não volte a fazer outra parecida. Resta por conseguinte o insólito de uma situação em que militantes de uma formação política que se proclama representante e defensora dos trabalhadores, arrastaram um deles perante o tribunal.
A outra notícia refere-se a mais um empréstimo a contrair pela autarquia tomarense, assunto que se desenvolve na parte referente ao Cidade de Tomar.

Como devia ser do conhecimento geral, mas não é, qualquer aquisição de experiência implica raciocínios, condição indispensável para posterior a reiteração do interiorizado. Sucede que qualquer raciocínio, por mais elementar que seja, é sempre elaborado com palavras. Noutros termos, pensamos através de palavras e só através delas. Donde resulta que sem um sólido domínio de pelo menos uma língua, não é possível progredir seja em que matéria for. É uma lástima, mas é assim.
Isto para abordar a entrevista concedida por Eugénio Almeida, presidente do IPT, ao CIDADE DE TOMAR, onde defende assaz bem a posição do estabelecimento de ensino que dirige. Infelizmente, quando sustenta que aquela casa prepara os seus estudantes para aprenderem a aprender, em conformidade com as orientações da Declaração de Bolonha, tem razão mas não é credível. Tem razão, pois esse deve ser o caminho -dar a cada um uma cana de pesca e ensinar-lhe a pescar, em vez de o presentear com peixe já cozinhado e tudo. Não é credível porque a sua língua de trabalho o traiu: Quando se é doutorado por um estabelecimento idóneo, é inadmissível dizer "ocorrem-me sempre um conjunto", quando o correcto seria "ocorre-me sempre um conjunto de questões", ou em alternativa "ocorrem-me sempre questões que nunca vi abordar".
Nas altas camadas do saber académico, testemunhado por documentos, está-se permanentemente num exigente exercício de equilíbrio, sem rede de protecção, em que o mais pequeno desvio pode ser a morte trágica do artista. Quem não controla o discurso, também nem sempre consegue raciocinar adequadamente...
E chegamos à questão do novo empréstimo, a solicitar pela autarquia tomarense, noticiado no MIRANTE e na página 4 de CIDADE DE TOMAR. Trata-se de pedir à banca mais 987.691, para pagamento da participação autárquica na empreitada da Cerrada dos Cães e no Elefante Branco da Levada. Debatido o assunto na reunião extraordinária da passada terça-feira, acabou por ser aprovado por unanimidade. Situação inesperada, uma vez que Hugo Cristóvão, presidente do PS local e seu líder na Assembleia Municipal, garantiu há um mês que o PS não votaria favoravelmente mais nenhum empréstimo, quando afinal... Ou será para chumbar no parlamento local? Situação inesperada também, e mesmo algo incongruente, dado que as justificações apresentadas pela relativa maioria "não encaixam". Se não erro, a empreitada designada por Envolvente ao Convento de Cristo subdivide-se em duas: uma com a candidatura a fundos europeus já aprovada, no valor de 648 mil euros; outra ainda em fase de apreciação, num total de 1milhão e 800 mil euros. Quanto ao Elefante Branco da Levada, o painel informativo colocado junto à Ponte Velha, que entretanto foi removido, indicava um investimento de 6 milhões de euros. Sendo assim, como a participação obrigatória da autarquia é no mínimo de 20%, temos: Cerrada dos cães 120 mil euros; Envolvente ao Convento (se entretanto a candidatura a fundos comunitários for aprovada) 360 mil euros; Elefante Branco da Levada 1 milhão e 200 mil euros. Ou seja, um total de 1 milhão 680 mil euros, caso não haja qualquer derrapagem nos preços, o que seria caso raro, praticamente único. Nestas condições, os 990 mil euros agora a solicitar à banca, vão servir realmente para quê? Para ir entretendo a oposição até ao próximo e inevitável empréstimo? 
Admitindo que consigam a aprovação da Assembleia e um banco que esteja para aí virado, ficarão com uma dívida global de 35 milhões de euros = 7 milhões de contos. Que será paga como, quando, com que fundos e por quem? Esperam vir a encontrar petróleo algures no concelho? Ou contam com a reabertura das minas de  ouro do Poço Redondo?

PARA QUÊ ENTORTAR, VILANAGEM?! - ADITAMENTO

No escrito anterior, temendo pecar por excesso, acabei prevaricando por defeito. Procurando evitar ser má-língua, cuidei que pagava "só" 4 euros mensais de saneamento, numa factura global de 35,59 euros, e foi o que escrevi. Vai-se a ver, fiquei muito aquém da realidade. O dito saneamento custa-me na verdade 12,12 euros mensais = 145 euros anuais = 29 contos + 4 x 12 = 48 euros de recolha do lixo = 9 contos e 600 = Total de taxas anuais = 38 contos e 600. É mesmo merda a mais! Deve ser por isso que cheira tão mal nalgumas ruas da cidade antiga. E que os nossos concidadãos dos concelhos vizinhos acusam os tomarenses de serem demasiado cagões. Pelos vistos são mesmo, mas pagam esse defeito bem pago. O que ainda assim não obsta a que a autarquia vá produzindo dívidas a um ritmo que impressiona. Já ultrapassou os 34 milhões de euros = 6,8 milhões de contos. E ainda faltam mais de dois anos para o final deste mandato! Vivam os passeios copofónicos "à borliú"! E os telemóveis para todo o serviço!

quarta-feira, 30 de março de 2011

PARA QUÊ ENTORTAR, VILANAGEM?!

Direcção Coimbra > Tomar-lado direito

Direcção Tomar > Coimbra-lado direito

Direcção Tomar > Coimbra -lado esquerdo

Há cada vez mais coisas nesta terra que não consigo entender. Apesar de cá ter nascido e vivido a maior parte do tempo. Deve ser defeito de fabrico, ou avaria provocada pelos ventos da Europa do norte. Aqui temos três aspectos da rotunda que os senhores projectistas resolveram implantar na estrada de Coimbra, no chamado Cruzamento da Venda Nova. Como os leitores bem sabem, trata-se de uma longa recta de duas faixas de rodagem, com a qual se cruzam outras duas, formando uma cruz. Sem que se perceba porquê, nem para quê, a nova rotunda foi instalada não no eixo da actual via, como seria normal, mas totalmente do lado esquerdo, no sentido Tomar > Coimbra. Decisão assaz estranha, quando se constata que para tão peculiar implantação até houve necessidade de cortar parte da casa que se vê ao fundo, do lado esquerdo, nas duas fotos de baixo. Qual a justificação para semelhante critério? Quais as vantagens? Quando e se um dia houver ali algum acidente, quem será o responsável? O automobilista? O projectista? A autarquia? 
Tudo por hora perguntas sem resposta, num concelho cuja autarquia utiliza o silêncio e a inacção como armas defensivas. Julgam eles. Depois logo veremos. Em todo o caso, estamos perante mais um exemplo acabado do muito tomarense espírito de contradição: Se a estrada é uma recta, faz-se-lhe uma curva. Se é em curva, há que endireitar. Afinal em que ficamos?
Isto para já não falar nas curiosas prioridades camarárias. Numa altura em que tanto se fala de reabilitação dos centros históricos, e até de uma S.R.U. - Sociedade de Reabilitação Urbana,  aqui em Tomar os senhores autarcas resolvem requalificar a periferia. Devem ter-se esquecido de que ainda há várias ruas da cidade antiga a aguardar substituição das velhas infra-estruturas, entre as quais o colector de esgotos. Enquanto tal não acontecer, dado que após as obras na Rua de Pedro Dias e na Rotunda deixou de haver efluentes domésticos a correr para o Nabão (e ainda bem!), a ETAR de Santa Cita vai continuar a depurar a água das chuvas, proveniente dos emissários entretanto ligados à rede moderna... uma vez que estes, sendo únicos em cada casa, tanto transferem efluentes domésticos como pluviais. Se fosse uma autarquia pobre, seria certamente um problema grave. Tratando-se da de Tomar, que insiste em dar mostras de ser abastada, não deve ser nada. Deus nosso senhor tem lá muito para nos dar. Basta estender a mão e esperar, como tem sido costume. Há hábitos que nunca se perdem. Entretanto, cada cidadão consumidor dos SMAS vai pagando 4 euros mensais de saneamento = 48 euros anuais = 9 contos e seiscentos. Nem os parisienses, os berlinenses ou os londrinos pagam tanto. São uns pobretanas!
Vivó progresso! E as rotundas excêntricas, pois claro! Ou em linguagem vernácula, quase dez contos anuais de cada casa, só para tratamento de esgotos, é mesmo muita merda!

A INFORMAÇÃO E A MANIA DO SEGREDO

Continuam os tomarenses, ou pelo menos a maioria deles, acomodados com os autarcas que temos, os quais em vez de informarem adequadamente quem os elegeu, procuram pelo contrário ocultar tudo o que podem. Chegou-se à lamentável situação actual em que nem respondem aos requerimentos e outras solicitações da oposição, nem cumprem sequer as determinações da Comissão de Acesso aos Dados Administrativos, composta por deputados e presidida por um juiz-conselheiro do Supremo Tribunal Administrativo. Por este caminho, vão acabar por até ignorar sentenças dos tribunais, antes do final deste mandato. Vai uma aposta?
Face a tais desmandos, que são uma negação da democracia, continuam a reinar em Tomar a passividade e a paz dos cemitérios. E ai de quem ousar pensar diferente, erguendo a sua voz para reclamar mudança de hábitos. É logo apodado de todos os nomes possíveis, pouco importando que sejam pertinentes ou não. Somos assim. Falta-nos mundo, mas ficamos muito ofendidos quando no-lo dizem, porque nesta terra a verdade continua a magoar. 37 anos após nos terem dado a democracia de bandeja. Ou pelo menos os seus contornos...
Sobretudo para quem esteja convencido de que fazemos parte da Europa, somos um país desenvolvido e cavalgamos a onda do progresso, pelo menos meia hora à frente do futuro, aqui vai uma pequena crónica sobre informação e actuação dos eleitos...estrangeiros, claro!

"No site da Casa Branca, um atalho permite aceder à transcrição integral dos encontros com a imprensa. Trata-se de uma tradição tão antiga quanto a democracia americana. Todos os dias, o porta-voz presidencial, um conselheiro ou o próprio presidente, submetem-se a uma sessão de perguntas e respostas perante os jornalistas acreditados. Tudo o que é dito durante esses encontros, que têm lugar na sala de imprensa, é "on", portanto imediatamente transmitido ao público leitor, espectador ou ouvinte. Cada palavra dita é fielmente reproduzida na Internet, de forma a que os internautas do mundo inteiro dela possam tomar conhecimento, se assim o entenderem.
Em Inglaterra, o mesmo tipo de encontro tem lugar duas vezes por dia, perante os jornalistas acreditados junto do "10 Downing Street" (sede oficial do governo britânico).
Em França, não existe nada semelhante -diz-nos a nossa colega encarregada das questões diplomáticas do Le Monde, Natalie Nougayrède, na sua emissão de decifração dos media "Paragem na Imagem", difundida no site homónimo e animada por Daniel Schneidermann. De tal maneira que, explica ela, durante o conflito líbio, no qual a França tem uma importância preponderante, os jornalistas apenas têm acesso a ocasionais encontros para informação técnica, no ministério dos negócios estrangeiros ou no da defesa. Uma vez que o lugar de porta-voz da presidência da República foi suprimido em 2008, é virtualmente impossível recolher na hora o imediatamente publicável, o "on" da Casa Branca, sobre as operações militares em curso.
Ainda a semana passada, durante o encontro de imprensa no Quai d'Orsay (sede do ministério dos negócios estrangeiros francês), um jornalista interrogou o porta-voz sobre uma questão essencial -quem comanda a operação militar conjunta actualmente em curso? A resposta foi singular: "Estamos a trabalhar activamente nessa questão com os nossos parceiros." É no fundo, implicitamente, um comportamento idêntico aos dos polícias, quando intimam os cidadãos-mirones: Vamos a circular daqui para fora! Não há nada para ver!
Voltando ao site da Casa Branca, constata-se que o porta-voz, Jay Carney, é obrigado a enfrentar diariamente um verdadeiro bombardeamento de perguntas. "É importante, explica Natalie Nougayrède, que o poder seja responsabilizado pelo que diz e obrigado a explicar-se sobre as decisões que anuncia."
Igualmente presente no estúdio de "Paragem na Imagem", o jornalista David Pujadas vê na disparidade comportamental entre Londres e Washington por um lado, e Paris pelo outro, "uma diferença de mentalidade, de cultura entre os ditos países. E mesmo uma outra atitude perante a verdade e a mentira." Quer isso dizer que em França os políticos "dão música" aos jornalistas e, através deles, aos eleitores?, perguntou-lhe Daniel Schneidermann. "Dão música e não só! -respondeu-lhe o apresentador do Jornal das 20 no 2º canal. Em França, um político que mente, não é assim muito grave. Nos Estados Unidos ou em Inglaterra é uma coisa inimaginável."
"Temos em França uma tradição de não-informação, opinou Philippe Chaffajon, director de FranceInfo. "Basta perguntar aos correspondentes estrangeiros com base em Paris. Estão permanentemente alucinados perante a maneira como tudo funciona."
Resta-nos, por conseguinte, o recurso ao "off" para tentar perceber o que se esconde por detrás do paleio oficial dos porta-vozes franceses. Quando há!"


Franck Nouchi, Le Monde, 29/03/11, página 34


Comentário final de Tomar a dianteira


Afinal trata-se de uma tradição francesa. Tal como sucede em relação aos que morrem, que em "tomarês" "vão para o Maneta", por causa do general Loison, que era maneta e durante a última invasão francesa esteve aquartelado em Carregueiros, aí mandando matar quantos porisioneiros lhe apareciam, com a célebre frase "fusiller já!", a única que sabia usar em "português", também a informação autárquica foi "para o maneta".  Só interessa a propaganda. Enquanto houver eleições. Haja paciência!

terça-feira, 29 de março de 2011

FACTOS CONVERGENTES, PRÁTICAS DIVERGENTES


Segundo o site do semanário O TEMPLÁRIO, a autarquia tomarense abriu concurso para a admissão de mais 22 funcionários, entre os quais um arquitecto, dois técnicos de desporto e um técnico de higiene e segurança no trabalho. É a terceira vez desde Setembro de 2010 que o executivo resolve admitir funcionários, sem sequer informar os munícipes sobre a natureza das contratações -regularizações? substituições? novos lugares? Em todo o caso, após 13 contratações, ao que parece para "pôr no quadro" outros tantos contratos a termo certo, seguiram-se mais 23, incluindo alguns técnicos superiores. Com mais esta "fornada" agora noticiada pelo TEMPLÁRIO, que cita o Diário da República, temos um total de + 58 funcionários no quadro do município, o que representa mais de 10% do efectivo autárquico. Estranho, muito estranho mesmo, uma autarquia atascada em dívidas, que se comporta como se fosse abastada. Que em vez de aproveitar as aposentações para reduzir o quadro de pessoal, o que vai ser obrigada a fazer mais cedo do que tarde, não se coíbe de, pelo contrário, aumentar o efectivo total. O que implicará o subsequente aumento de despesas fixas e permanentes. Lindo de morrer! Só falta apurar como irá Corvêlo de Sousa resolver o eterno problema da quadratura do círculo.
A este propósito, o vereador Luís Ferreira decidiu prestar mais um bom serviço aos cidadãos, publicando no seu blogue vamosporaqui.blogspot.com um sucinto panorama da desgraça nabantina em termos económicos. Ali se pode ler que a dívida autárquica total já ultrapassa os 34 milhões de euros = 6,8 milhões de contos, com o executivo a liquidar facturas a 105 dias (três meses e meio). 
Constata-se igualmente que os limites legais para empréstimos não ultrapassam os 2,5 milhões de euros, se por acaso a banca andar cega e for na cantiga. Dado que o município terá de liquidar a indemnização de quase 7 milhões de euros = 1,4 milhões de contos à Bragaparques, forçoso é admitir que o futuro da edilidade poderá ser tudo menos risonho. 8,2 milhões de contos (6,8+1,4) de dívidas, eis que pode causar insónias a muito boa gente. A não ser que vivam noutro mundo...
Consciente de que assim é, o vereador socialista resolveu recorrer novamente à artilharia pesada, procurando iludir os eleitores com a cantilena do património municipal. Acontece que nestas coisas da economia e da finança, não basta avançar com soluções aparentemente engenhosas. É indispensável que os credores as aceitem. Pois sucede que neste caso, Luís Ferreira entrou na área da fantasia. Nenhum banco aceitará como garantia, ou sequer em dação para pagamento, bens que são na prática totalmente inegociáveis em tempo normal, quanto mais agora que o pior da crise ainda está para vir. O ex-estádio? Os paços do concelho? Os pavilhões da FAI? O Mouchão? O elefante branco da Levada? O muro-mijatório? O mercado? Os sanitários com balcão de atendimento? As ruínas de Santa Iria? A antiga abegoaria municipal? O decrépito Palácio Alvim, ex-esquadra da PSP? As piscinas? O campismo? A rodoviária? Os terrenos do Flecheiro, com os seus ocupantes actuais? Não me faças rir, Luís! Tenho cieiro e fico com os lábios todos gretados!
O que os potenciais novos credores vão querer saber é a evolução das receitas autárquicas cobradas no concelho nos três ou cinco últimos anos, uma vez que não é fácil calcular o PIB local. E aí, o resultado é confrangedor, com os totais cobrados a encolher de ano para ano, como mancha de álcool ao sol. Pelo que, caro Luís Ferreira, a época das farturas nunca mais vai voltar, sendo agora tempo de buscar novos figurinos.  A próxima campanha autárquica, seja ela em 2013 ou antes, vai ser agreste como nunca, sobretudo para quem tenha vindo a ocupar lugares de mando...como tu, por exemplo.

À MESA DO CAFÉ - 12


Foto Rádio Hertz
Uma interessante conversa sobre folclore, que não teve nada de folclórico. Pelo contrário.  José Joaquim Marques, delegado técnico regional da respectiva federação, mostrou-se inconformado com a presente situação, em que existem só no concelho de Tomar  quatro grupos federados e três não federados, para os quais a filiação é agora bem difícil. Lamentou que também no folclore haja alguma influência política, com certas autarquias da região a subsidiarem por igual todos os grupos, quer estejam ou não federados.
Referindo-se à Festa dos Tabuleiros, disse ser uma realização cara, cuja organização terá de ser alterada mais tarde ou mais cedo. Afirmou até ser necessário estabelecer quanto antes qual a verdadeira natureza do principal acto da festa. É uma procissão? Ou um cortejo? Consoante a resposta , assim deverá ser a distribuição protocolar dos diversos cargos políticos, religiosos ou culturais. Nunca de forma arbitrária, como pretendem alguns eleitos. Eleitos que, segundo referiu, entram por vezes numa espécie de compita inter-juntas, a ver qual leva mais tabuleiros, o que pode vir a custar alguns milhares de euros a mais à Comissão Central.
Partindo das posições de José Joaquim, é meu entendimento que chegou o tempo de alterar substancialmente não só a nossa Festa Grande como até a nossa atitude perante os poderes e a sociedade em geral. Julgo que, quer os tomarenses queiram ou não, a edição deste ano dos tabuleiros será a última com este figurino. Dentro de quatro anos, tudo aponta no sentido de existirem no concelho menos de metade das freguesias. Caso o próprio concelho se mantenha autónomo e com a actual área geográfica, o que não está de forma alguma garantido. Como bem diz a tradição popular, "águas passadas não movem moinhos", havendo já muita gente influente "a mexer-se", no sentido de sairem beneficiados na inevitável, urgente e profunda reforma autárquica. Estamos parados no tempo há vários anos, mas o mundo não ficou nem está à nossa espera. Com acontece com todas as outras estruturas políticas, apenas temos duas hipóteses -ou arrastamos ou somos arrastados...

NÃO HAVIA NECESSIDADE...



A notícia é da Rádio Hertz, que o João Franco e os seus colaboradores não brincam em serviço. Sempre em cima dos acontecimentos. (Salvo seja, que os tenho por sexualmente ortodoxos...)
Trata-se da inauguração, pelo vereador José Vitorino (PS), do novo local de atendimento do anterior "Departamento de Administração Urbanística", nos bons tempos do presidente Pedro Marques liderado pela saudosa e extremamente acolhedora Paula Marques, agora rebaptizado "Divisão de Ordenamento e Gestão do Território". Como escrevia Camões, há cinco séculos, "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, todo o mundo é feito de mudança, tomando sempre nova qualidades. Ao que o italiano Lampeduza acrescentou, muito a propósito -"É preciso ir mudando qualquer coisinha, para que tudo possa continuar na mesma". É o caso.
Esclareça-se que não se trata de atacar ou de algum modo tentar diminuir o esforço do Vereador Vitorino, que é bom cidadão, bom rapaz, e excelente técnico. Infelizmente para ele e para nós, em termos de política... cada qual é para o que nasce, diz a filosofia árabe; cada um é para o que se prepara, proclamam os europeus.
Conforme mostram as fotografias, o novo local pode considerar-se politicamente correcto, porque sendo o vereador responsável do PS, a porta do dito é a primeira à esquerda do edifício, como convém. Quanto ao espaço em si, é mais amplo e confortável, sobretudo para os funcionários. Para os cidadãos utentes tem uma vantagem -a tesouraria situa-se agora mesmo ao lado, na mesma sala. Deixou de haver necessidade de sair de um serviço para entrar no outro.
Dito isto, o problema é outro, bem mais grave e continua por resolver. Que eu saiba, nunca ninguém se queixou das instalações, aqui ou em qualquer outro serviço aberto ao público, excepto no que diz respeito às "casas de banho", que são praticamente inexistentes. Os cidadãos lastimam-se é do atendimento (funcionários com cara e modos de carcereiros), da burocracia, da morosidade, das exigências exorbitantes, dos elevados custos das taxas e licenças, das ruas sujas com presentes de cão, da ausência de critérios claros e conhecidos, da falta de um rumo, do PDM, cuja revisão nunca mais acaba, de uma autarquia onde cada eleito governa por sua conta, como se isto fosse uma herdade alentejana... Esquecem-se que na política acontece o mesmo que na fábricas em laboração contínua -trabalha-se por turnos. Agora tu, logo eu, depois aquele. Pelo que, diz o povo, "Filho és, pai serás; conforme fizeres, assim encontrarás." Faço-me entender? Trata-se no fundo daquele diálogo bastante comum: -Prazer em vê-lo! Está com excelente aspecto! -Pois, realmente eu também não me queixo do aspecto. O pior é o resto!

segunda-feira, 28 de março de 2011

AS OBRAS E O CLIMA DE CATÁSTROFE



Acentua-se a debandada dos tomarenses e adensa-se o clima de catástrofe. É praticamente unânime que os preços praticados em Tomar são mais elevados que nos concelhos vizinhos. Tanto no que se refere ao comércio, como aos serviços e à administração local. Donde resulta que a população local só se abastece aqui quando de todo não pode ir alhures aproveitar a melhor relação qualidade-preço.
No mesmo sentido, há cada vez mais cidadãos isolados e até famílias que resolvem mudar de residência para o Entroncamento, a Barquinha ou Torres Novas, onde os preços são mais vantajosos. A título de exemplo, ainda hoje recebi o aviso do meu usual técnico de informática, um tomarense de quem fui professor, que resolveu mudar o estabelecimento para o Entroncamento. Quando indaguei quais os motivos, a resposta foi clara: "As taxas são mais baratas, o renda é metade e por aqui as coisas têm estado muito paradas..."
É claro que os cada vez mais raros comerciantes e industriais da zona, quando confrontados com a dita situação de preços demasiado agressivos para o consumidor, alegam em sua defesa que os custos fixos e/ou variáveis também são mais elevados, pelo que não é possível fazer melhor. Trata-se pois da velha questão da cadeia de formação de valor. Gestores da autarquia e dos SMAS invocam a necessidade de pelo menos conseguir receitas para cobrir as despesas. O que significa que continuam a trilhar a mesma via do governo, que em vez de reduzir despesas, insiste em aumentar as receitas. É assim que nesta abençoada terra e para não esmiuçar mais, num recibo de 35 euros dos SMAS, 17 são o preço da água e 18 referem-se a taxas e impostos. Com esta maravilha das maravilhas: Saneamento - 12,12 euros; Resíduos sólidos (CMT) - 4 euros. Pergunta ingénua: O saneamento não engloba já os resíduos sólidos?  Algum gerente de café se lembraria de facturar, por hipótese, a bica a 80 cêntimos + o açúcar a 35 cêntinos?
Manda a honestidade reconhecer que a autarquia também tem os seus custos fixos e variáveis, não cobertos pelas transferências governamentais. Entre outros, avultam os subsídios às colectividades concelhias, na área do desporto e da cultura. Só no domínio da música e da folclore, temos no concelho 4 bandas filarmónicas e 7 ranchos folclóricos, sendo certo que aquelas são tradicionais e estes, todos posteriores a 1975. 
Tanto quanto é possível saber, que os senhores autarcas continuam a cultivar o segredo e a sonegação, como se a autarquia fosse sua propriedade, ou não estivessem obrigados a prestar contas a quem os elegeu e lhes paga, há no concelho à volta de 150 colectividades a beneficiar de subsídio anual mais ou menos importante, bem como de subsídios específicos para cada evento a realizar. No que concerne só aos primeiros, o montante anual atribuído é da ordem dos 400 mil euros = 80 mil contos. 
Com a população a diminuir a olhos vistos ( É meu entendimento  que os resultados do actual recenseamento poderão vir a causar alguns problemas cardíacos por estas bandas), o garrote financeiro a apertar cada vez mais e em consequência disto tudo as diversas receitas fiscais a abrandar, convenhamos que a situação económica da autarquia é cada vez mais problemática. De forma que a minha interrogação final é esta: Se de qualquer maneira vão ser forçados, mais tarde ou mais cedo, a praticar cortes drásticos na despesa, cuja gravidade vai aumentando à medida que vão sendo protelados, estão à espera de quê? Que a situação do país e do concelho melhore? Ou fizeram alguma promessa e aguardam um milagre?
A não ser que se trate tão só de tentar imitar o primeiro-ministro e a sua visceral aversão à vinda do FMI. Nesse caso, convém esclarecer que José Sócrates está apenas a tentar evitar que antes da eleições se venha a saber que afinal a situação económico-financeira do país é bem mais grave do que aquilo que tem sido garantido, tanto pelo governo como pela UE. E que os peritos do FMI não tardarão a apurar, assim que Portugal tenha de pedir ajuda externa. Se até o Presidente da República e Passos Coelho já resolveram prescindir de uma auditoria às contas públicas antes das legislativas antecipadas...(Ver manchete do Expresso de sábado passado)
Entretanto, o executivo continua com as suas obras espampanantes, cujo real interesse para o concelho é mais do que duvidoso. As duas fotos supra documentam um exemplo lamentável. Como é do conhecimento geral, a ligação pedonal cidade/castelo, pela Mata, custou 190 mil euros = 38 mil contos. Quando se argumenta que foi dinheiro esbanjado, uma vez que o portão da Torre da Condessa continua fechado, assim impedindo a passagem para o Castelo/Convento, os senhores autarcas têm um outro pretexto na ponta da língua. Alegam que permitiu acabar com os esgotos do Convento desaguando a céu aberto na Mata. Pois! digo eu. Era bom, era! Infelizmente a ligação ao emissário entretanto instalado também continua por fazer. A primeira foto mostra a respectiva caixa de ligação, mas a segunda é como o algodão do anúncio televisivo -não engana. As duas fotografias foram tiradas ontem à tarde... O IGESPAR ainda não cumpriu a sua parte? Mais uma prova de que a coisa foi preparada em cima do joelho, tendo como únicos objectivos reais sacar fundos europeus e engordar empreiteiros.

POBRE CERCA CONVENTUAL


O tornado do ano passado danificou gravemente a parte poente da Mata Nacional dos Sete Montes, a antiga Cerca do Convento, onde tantos tomarenses tiveram o seu primeiro parque infantil. Ao lado do qual, ali junto ao Tanque Grande, até havia um armário metálico com livros, à disposição dos papás, das mamãs, das titis e das vovós. Gentileza da autarquia. Outros tempos...













Numa altura em que prosseguem os trabalhos de desimpedimento dos caminhos, corte e remoção das árvores atingidas, Tomar a dianteira foi percorrer a zona, para depois mostrar o que viu. E o que viu não é, em geral, nada alegre. Operando praticamente em regime de autogestão, o pessoal que por ali exerce a sua actividade tem agido de tal forma que agora são absolutamente indispensáveis onerosos e demorados trabalhos de reparação. A começar por todo o sector poente da estrada antes alcatroada, pelo acesso à Charolinha e pela álea central do Vale dos Sete Montes. No meu entendimento, tudo provocado pelas cargas excessivamente pesadas de um veículo que me parece pouco adequado para este tipo de terreno. Mas deve tratar-se de uma questão de produtividade. Em qualquer caso, aqui ficam as fotos. Os leitores farão o favor de ajuizar.

OUTRA VEZ ASSALTADA "ROSA DOS VENTOS DOS TEMPLÁRIOS"





Assaltado em Setembro passado, o estabelecimento comercial de acessórios e pronto a vestir feminino de qualidade, Rosa dos ventos dos Templários, na Rua Infantaria 15, voltou esta noite a ser alvo dos amigos do alheio. Os gatunos tentaram primeiro partir o vidro da montra. Como não conseguissem, partiram o da porta. Uma vez no interior, roubaram tudo o que lhes pareceu valioso. Uma vizinha disse ter ouvido barulho cerca das quatro e meia da madrugada.
Segundo o proprietário, da última vez levaram cerca de 40 mil euros de mercadoria, mas agora devem ter levado bem mais, pois até procuraram nas gavetas e na reserva. Ao ser questionado sobre a ausência de sistema de alarme ou de grades metálicas de protecção, alegou que o negócio não dá para essas coisas. -Já viu?! São seis aberturas; uma porta e cinco montras; é muito dinheiro!

domingo, 27 de março de 2011

O CONVENTO, AS OBRAS E OS TURISTAS

Na sequência da notícia publicada no CM, sobre o início da obras da "Envolvente ao Convento de Cristo" (ver post anterior), tendo em conta outrossim o comentário de um leitor, que me aconselhou a ir trabalhar, lá resolvi meter pés ao caminho. Apesar de ser domingo. Junto à estação de caminho de ferro, colhi estas duas fotos. Em ambas é notório o estilo tomarense de empreitada: dá-se-lhe uma designação pomposa e manda-se executar outra bem diferente, além da constante do intitulado oficial. Neste caso da "Envolvente ao Convento de Cristo", trata-se de tentar solucionar uma vez mais o problema das águas pluviais da encosta do castelo, que teimam em vir desaguar na parte sul da Praça da República, apesar dos esforços anteriores, designadamente da ParqT. Vamos lá a ter esperança que seja desta...

Pelo caminho, surgiu-me este belo panorama da encosta de Nª Srª da Piedade, com a escadaria bem visível, o que não acontecia antes do tornado ter derrubado a maior parte das árvores de grande porte.
Lá em cima, junto ao castelo, eram duas da tarde e o aspecto geral do parque de estacionamento da Cerrada dos Cães era este. Não havia mais lugares livres, uma vez que a outra parte está ocupada com o estaleiro da obra, conforme já aqui foi referido.
Junto à fachada norte do Convento de Cristo, também já não restavam lugares livre para estacionar...
A não ser na extremidade nascente, junto à fachada do ex-Hospital Militar, numa zona de terra batida.
Uma vez que a já citada notícia mencionava um parque para autocarros nas traseiras do convento, fui procurá-lo, mas em vão. O que encontrei foi isto. Será aqui? Se for, convenhamos que não é nada exagerado, nem lá perto.
Estamos em Março, num ano de grave e prolongada crise. Ou me engano muito, ou vamos ter uma estação turística animadíssima. Com os potenciais visitantes a sairem de Tomar encantados, prometendo voltar quanto antes e recomendando vivamente a capital dos templários aos seus amigos, graças ao magnífico acolhimento de que beneficiaram. Visite Portugal, o país mais hospitaleiro da Europa! Visite Tomar, a cidade mais acolhedora! Mas por favor venha de comboio...

OBRAS DA ENVOLVENTE AO CONVENTO DE CRISTO


Sem ser propriamente um diário de referência, o Correio da Manhã tem a maior tiragem dos jornais generalistas do país. O que já nos dá uma ideia da nação que somos. Na edição de hoje, 27/03/11, página 21 - Sociedade, publica o referido periódico a curiosa local supra.
Curiosa desde logo porque abre com uma manifesta falsidade. Ou seja, numa linguagem mais técnica, o lead ou parágrafo guia engana deliberadamente os leitores. Escreve-se que "As obras que vão permitir encurtar a ligação entre o centro histórico de Tomar e o Convento de Cristo já se iniciaram, com a construção de um colector de águas pluviais junto à estação de caminhos de ferro...", o que carece de qualquer fundamento. Por um lado, a dita empreitada em nada vai encurtar a ligação cidade-castelo. Nem é esse o seu objectivo. Por outro lado, qual é o contributo do colector de águas pluviais, agora iniciado junto à estação de caminho de ferro, para encurtar ou alongar o referido percurso? Mistérios e inverdades do jornalismo que vamos tendo, faltando saber qual a intenção ou intenções de quem redigiu semelhante peça noticiosa.
Na mesma "notícia", o último parágrafo reza que "A requalificação do terreiro D. Gualdim Pais (o parque de estacionamento da Cerrada dos Cães, em português de Tomar) e a construção da cafetaria vai custar 634,3 mil euros, 80% pagos pela União Europeia. As obras da ala norte custam 1,8 milhões de euros, estando a candidatura a fundos comunitários em fase de apreciação." Para além do verbo mal conjugado (usa-se escrever "A requalificação...e a construção da... VÃO custar, e não VAI custar, como está no periódico), bem como a expressão "obras da ala norte", quando devia ser "obras  exteriores, junto à fachada norte", o leitor mais a par da actualidade local e nacional, não poderá deixar de formular perguntas pertinentes: 1 - Se parte do projecto ainda está em fase de apreciação, porquê tanta pressa em começar? 2 - Será correcto ou sequer oportuno cortar o acesso rodoviário mais directo para o Convento até Dezembro próximo (na local escreve-se "durante nove meses"), em ano de Festa dos Tabuleiros? 3 -  O também referido parque provisório para autocarros, nas traseiras do monumento, será funcional e chegará para as necessidades?  4 - Chegou a ser referido pelos serviços da autarquia que as obras em questão só começariam após os Tabuleiros. Qual os quais as justificações para a antecipação? 5 - Houve insistência da construtora (com sede em Viana do Castelo!!!), alegando que não tinha mais nenhuma obra em carteira, o que a ia obrigar a despedir pessoal? 6 - Se afirmativo, que culpa disso têm os turistas e os tomarenses? 7 - Caso o projecto em apreciação não venha a ser subsidiado pela União Europeia, onde tenciona a autarquia ir arranjar os fundos para o custear? 8 - Depois logo se vê? 9 - Quando é que a relativa maioria  autárquica se decide a arranjar planos susceptíveis de evitar que vá administrando ao sabor do acaso e das pressões mais ou menos legítimas e bem intencionadas? 10 - Quando é que a oposição se resolve enfim a agir enquanto tal, opondo-se como lhe compete e apresentando propostas alternativas?
Blábláblá é muito fácil e por vezes até bonito, mas não resolve nada. Tal como o importante e profícuo não é arranjar respostas de circunstância, mas sim formular as perguntas pertinentes.

sábado, 26 de março de 2011

PIOR A EMENDA QUE O SONETO...


Li e reli esta manchete do EXPRESSO de hoje, pois nem queria acreditar. Fez-me até relembrar um episódio ocorrido há largos anos, na estrada entre Alexandria e o Cairo (Egipto). Com o autocarro cheio de turistas e a fazer alguns SS, houve quem chamasse a atenção da guia para esse facto. A resposta foi pronta e "tranquilizadora": -Peço muita desculpa a todos, mas de facto o motorista não dormiu nada esta noite, devido a uma horrível dor de dentes. O que levou imediatamente alguns passageiros a solicitar a paragem do autocarro, seguida de algum descanso para o condutor.
Assim estamos agora, perante este insólito caso, relatado na manchete do semanário citado. Com efeito, escreve-se na página 3 "Segundo o Expresso apurou, Cavaco deu voz à preocupação (sua e das autoridades europeias) de que a descoberta de novos buracos nas contas ponha Portugal ainda mais em cheque, mas também a UE, que teria falhado pela segunda vez no acompanhamento de outro Estado membro. O pior cenário seria a repetição do que se passou na Grécia: a revelação de despesas escondidas e a evidência do falhanço dos mecanismos de controlo europeus. Para Passos -que tem dúvidas sobre o real estado das finanças- este travão em nome da salvação nacional, pode significar a perda de um poderoso trunfo eleitoral."
No meu entendimento, estamos perante um caso em que manifestamente é pior a emenda que o soneto. Isto porque "os mercados", ao lerem semelhante coisa, se antes já tinham dúvidas, passam a estar alarmados. Tal como sucedeu no relatado caso do autocarro egípcio.
A demonstrar que assim é, Daniel Bessa, ex-ministro da finanças, escreve nomeadamente o seguinte, no Expresso-Economia, sob o título FALÊNCIA: "O Estado português está há muito em processo de falência. A culpa é de todos nós, a começar por mim, que nunca o disse, de forma audível, com esta clareza. A recusa em encarar a situação agravou-a neste último ciclo político, de forma dramática, a partir do momento em que se alteraram os mercados do crédito (tornados muito mais avessos ao risco) e os credores, em concreto, foram deixando de confiar no devedor. Não podendo fugir aos grandes credores internacionais, únicos que poderão continuar a financiá-lo, impondo, naturalmente, as suas condições ... ... ...o Estado português deixou de cumprir os seus compromissos para com os credores internos, perante os quais tem poderes de soberania: reduziu pagamentos por salários, reduziu pagamentos por pensões, deixou de pagar a fornecedores, confiscou rendimentos, de forma por vezes arbitrária.
Pior, muito pior, é que, pela importância dos seus compromissos, o Estado português ameaça arrastar, se é que não arrastou já, no seu processo de falência, a falência de uma grande parte da economia privada do país. E mais não digo sobre este assunto.
Não vejo outra solução que não seja falar verdade. ... ... Saber do que falamos e de quando falamos (municípios e regiões autónomas, empresas públicas, BPN, PPP, avales prestados) e tentar um recomeço. Não vai ser fácil. E sem verdade, será impossível. 
É a maior de todas as mudanças que espero de um novo ciclo político."
Será por isso que sobre as finanças autárquicas nabantinas paira um estranho, longo, persistente, pesado e inquietante silêncio? Ou estarão apenas a tentar ganhar tempo e coragem para revelar a triste realidade?

O vermelho e o azul são da responsabilidade de Tomar a dianteira, sendo a escrita de Daniel Bessa, conforme indicado pelas aspas.

UM DOS BUSILIS DA QUESTÃO

Com aquela sua maneira  ao mesmo tempo singela mas solene de dizer as coisas, Jerónimo de Sousa foi ao fulcro do problema, numa recente declaração aos jornalistas. Em vez de longo fraseado, de entendimento muito duvidoso por parte da maioria dos eleitores menos escolarizados, o líder comunista usou o método usual dos jesuítas -respondeu a uma pergunta com outra pergunta. Só que, neste caso, a interrogação foi habilmente formulada, de forma a pôr a nu uma das principais contradições do sistema económico em que vivemos -a apropriação da mais-valia, da riqueza, do valor acrescentado, ou como lhe queiram chamar, que a este nível de escrita tanto importa. Foi assim: (Cito de memória) "Se o Banco Central Europeu faculta liquidez aos bancos a 1%, como se explica que  estes ["os mercados"] exijam depois mais de 7% ao Estado?"
É simples, é directo e nunca falha: fica assim demonstrado que o sistema económico em que vivemos não é justo, não é coerente e não é racional. Infelizmente, o substituto que se lhe arranjou e que tinha como farol a então União Soviética, revelou-se ainda pior. De tal sorte que implodiu. Não foi derrubado, foi-se derrubando a pouco e pouco, até à derrocada final.
Quanto à acutilante pergunta de Jerónimo de Sousa, todos os economistas dignos da designação conhecem a resposta. E o dirigente máximo do PCP também. A atitude dos bancos explica-se em termos económicos pelo facto de ser essa a lógica do sistema. São comerciantes de dinheiro. Se puderem ganhar 6%, não vendem por menos. Já em termos políticos, que tendem a condicionar sempre a esfera económica, a atitude é outra, embora neste caso compatível e mesmo facilitadora da anterior. Sob a égide alemã e dos europeus do norte, procura-se vacinar os países ditos "periféricos" contra as constantes tentações de assalto desenfreado ao orçamento, muito para além do razoável. Dito numa frase topograficamente situada, trata-se de procurar inculcar em políticos desprovidos de formação económica -como por exemplo os autarcas nabantinos- coisas simples, do tipo "uma dívida aos bancos de 33 milhões a 1,5% é igual a uma de 3,3 milhões a 15%." Uma taxa de juro incomportável para qualquer empresa, em período de muito baixa inflação, quanto mais agora para uma entidade que em geral não produz mais-valia. Pode parecer comezinho, sobretudo aos habituais especialistas de ideias gerais, mas a triste realidade actual...
Porque não adianta continuarmos a ter ilusões. Na Irlanda, o problema foi provocado pela banca; em Espanha pelo rebentamento da bolha imobiliário; na Grécia e em Portugal pelo excessivo peso da dívida pública, a exigir cortes drásticos e dolorosos para que a situação retorne ao aceitável em termos internacionais. Tais cortes vão implicar uma considerável diminuição do peso do Estado em todos os domínios, designadamente na saúde, na educação e nos benefícios sociais. O que levará a que cada vez mais cidadãos se interroguem. Se tenho de pagar os medicamentos, as portagens, a educação, a saúde, a água, a luz, o gás, o saneamento, os resíduos sólidos e por aí fora; então pago IVA, IRS, IMI, IRC para quê? Quais são os benefícios? A segurança? A defesa ? O direito de voto? Não me façam rir!

sexta-feira, 25 de março de 2011

CRITICAR FORTE E FEIO...

Há na política tomarense algumas almas pretensamente sensíveis que se sentem ofendidas com qualquer opinião mais frontal. Sobretudo quando fundamentada. Regra geral, vá de lamentar que o autor da crítica seja mal educado, de baixo nível, desleal, etc. etc. 
Sendo óbvio que tal tipo de reacção apenas denota falta de tolerância e de vivência democrática, torna-se ainda assim indispensável apresentar casos concretos, dado que os tomarenses, entre outras lacunas, também não são muito dados a leituras, excepto de jornais desportivos.
Seguem-se excertos de uma entrevista hoje publicada no semanário SOL. O entrevistado é Alípio de Freitas, ex-padre, ex-jornalista e ex-preso político no Brasil, agora com 82 anos. Para os leitores perceberem como se critica forte e feio, sem todavia exceder os limites do normal debate político robusto.

"Portugal está em crise desde D. João II. Crise essa que se agravou durante o reinado de D. Manuel, com a expulsão dos judeus. Aí Portugal perdeu o rumo. Houve uma tentativa de mudança das coisas com o Marquês de Pombal, mas depois ficou tudo na mesma. Fomos modelados pela Inquisição e por uma nobreza medíocre.
Perdemos [com a expulsão dos judeus] a formação de uma burguesia. Portugal nunca teve burguesia. E sem burguesia não há revoluções. Os Descobrimentos iniciaram-se com um capitalismo mercantilista e para isso foi necessária uma burguesia mercantil. Essa burguesia mercantil era formada por judeus, que eram os homens de negócios e os homens da banca.
As condições económicas agravaram-se [nos últimos anos]. Mas o problema é de toda a Europa. A Europa esbanjou as riquezas que lhe foram chegando de outros continentes. Portugal esbanjou o ouro do Brasil. Temos coisas sumptuosas, mas não se criou uma indústria. A Europa viveu sempre da espoliação dos continentes e agora isso terminou.
[Ouro do Brasil e fundos comunitários] é a mesma coisa. Os dois foram usados em coisas sumptuosas. Dos fundos europeus só restam as estradas. Do ouro do Brasil resta o Convento de Mafra e umas coisas ilusórias. O aproveitamento foi o mesmo. ... ...
...Mas as crises também podem desembocar em situações melhores. Há quanto tempo não vemos, por exemplo, notícias sobre a Islândia? Depois das cinzas não se soube mais nada, mas a Islândia venceu a crise. Deixou assentar as cinzas e está a levar à justiça todos aqueles que contribuíram para a sua falência. A Islândia deixou de ser notícia porque resolveu os seus problemas sem todas estas palhaçadas do Sócrates e dos outros... ... ...
Tudo isto é de um ridículo atroz. A política portuguesa é de um ridículo atroz. Parece uma farsa de loucos. A Assembleia parece uma gaiola de gente que está fora do mundo. Aquilo é um circo de ridículos com alguns palhaços, umas bailarinas e mais nada. Basta ver que Sócrates, quando vai ao Parlamento, fala, fala e não responde a nada. Quem esteja atento vê que aquilo é só gastar tempo. Se eu fizesse uma pergunta a um sujeito e ele me respondesse daquela forma, acho que lhe partia a cara. Levantava-me da bancada e partia-lhe a cara: Oiça lá, então eu pergunto-lhe uma coisa e você responde-me outra? ... ...
... ... ...O Presidente da República foi eleito com 23% dos votos dos eleitores inscritos e diz que é presidente de todos os portugueses, mas 77% não votou nele. ... ...Se isto fosse um regime político a sério, ele não aceitava tomar posse. ... ... ...
... ... Quando oiço o Jerónimo de Sousa falar -e eu sempre fui um tipo de esquerda- sobre a classe operária e os seus trabalhadores, acho que ele ainda está a pensar na Lisnave. Aqueles que não estão a tornear uma peça, para ele não devem ser trabalhadores. O mundo mudou. O conceito de Marx, do século XIX não se aplica mais a isto. E eu até gosto do Jerónimo. Acho-o uma boa pessoa.
...Acho que ele [Sócrates] está louco. Paranóico. É um caso de loucura aguda. Repete sempre o mesmo discurso, faz sempre as mesmas afirmações, tem sempre os mesmos comportamentos, mente permanentemente e acha que as suas mentiras são verdade. Vive uma realidade que não existe. E, na cabeça dele,  é coerente, tal como todos os loucos. Os loucos são mais coerentes do que nós. Nós somos incoerentes.  A incoerência faz parte da sanidade mental. Já as pessoas que estão sempre certas, precisam de um tratamento psiquiátrico. E Sócrates é um caso agudo. Devia ser internado a bem a nação. E depois tem à volta dele um monte de trauliteiros, tipo Chico Assis e outros, que defendem a torto e a direito tudo o que ele diz e faz. A política não pode ser isto. Não sou médico, mas o sujeito está com pancada. E é grave.
[Passos Coelho] ainda está de cueiros. Ainda usa fraldas. Duvido que os barões do partido queiram um imberbe daqueles a governar. Ainda acho que Sócrates é capaz de ganhar as eleições.
[Cavaco] acho que não é bom em nada. Como primeiro-ministro foi um desastre. É o pai de toda esta corrupção generalizada. Basta ver que os amigos dele estão aí todos encrencados com processos. ... Como presidente, está sempre em cima do muro. Não vai para um lado nem para o outro. Fica assim sempre sem saber o que fazer."


José Fialho Gouveia, SOL, 25/03/11, páginas 2 e 3
josefialho@sol.pt

As partes a azul são de Tomar a dianteira.

HONESTIDADE POLÍTICA E CONTABILIDADE CRIATIVA

António Barreto, ex-ministro da agricultura num governo de Mário Soares, reputado sociólogo formado em Genebra e grande senhor do Douro, não foi nada meigo. "O Presidente da República e o Governador do Banco de Portugal têm de dizer aos portugueses qual é a verdadeira situação financeira do país, antes das eleições", afirmou ele na SIC, na noite em que Sócrates se demitiu.
Se o primeiro-ministro socialista fosse conhecido como geralmente respeitador da verdade, Barreto não teria dito o que disse, pois se o fizesse poderia cair no descrédito. Infelizmente, Sócrates costuma ter relações complicadas com a realidade que todos vemos, dando dela, quando lhe convém, uma visão mais virtual do que real. Ainda por cima, veio-se agora a testemunhar que também convive mal com os hábitos democráticos. Em pleno debate do PEC IV, por si apresentado, ausentou-se da Casa da Democracia, sem qualquer explicação aos nossos representantes ou aos portugueses. Outro tanto fizerem mais tarde os seus ministros, excepto o das relações com o parlamento, Jorge Lacão. Tal comportamento, não sendo ilegal, tão pouco é elegante, denotando uma notória falta de respeito por aquele órgão de soberania. Como já antes sucedera, quando alguns líderes estrangeiros tiveram conhecimento do citado PEC, antes do Presidente da República e dos parceiros sociais...
Em semelhante contexto, não espanta que o economista Vítor Bento, Conselheiro de Estado escolhido por Cavaco Silva, avance no mesmo sentido de António Barreto. Num escrito publicado pelo Diário Económico e hoje citado pelo DN, é peremptório: "Ninguém fora do governo sabe a verdadeira situação financeira em que o país se encontra e que será muito pior do que se tem dito." O que levou o Presidente da República a receber ontem em Belém o governador do Banco de Portugal, com que esteve reunido durante mais de uma hora. No final do encontro, nenhuma das partes fez qualquer declaração aos jornalistas, o que pela lógica política, só deverá acontecer uma vez ouvidos os representantes dos partidos  e o Conselho de Estado.
Entretanto, em Tomar, a situação económica e financeira do município é também cada vez mais opaca. Indícios recolhidos por Tomar a dianteira apontam no sentido de a dívida global poder ser neste momento superior aos 33 milhões de euros oficialmente anunciados. Vários credores estarão há meses e meses aguardando o pagamento de volumosas facturas, sem que os competentes serviços da autarquia lhes forneçam quaisquer justificações convincentes.
Por outro lado, o executivo autárquico tomarense começa a nem sequer cumprir os normativos legais a que está obrigado. Apesar de presidido por um advogado. Em pelo menos um caso, nunca respondeu a uma comissão da Assembleia da República, estando agora a protelar o cumprimento da sua determinação final, que entrementes recebeu. Tudo isto com o consentimento pelo menos tácito dos quatro vereadores da oposição, uma vez que continuam em silêncio e, como é da sabedoria tradicional, "Quem cala consente!" Em conformidade com as tradições portuguesas, tanto em Lisboa como em Tomar, podemos estar perante gatos escondidos com as caudas de fora...

PROGRAMA DE RÁDIO "À MESA DO CAFÉ - 12"


A 12ª edição da iniciativa conjunta "Rádio Hertz/Tomar a dianteira" irá para o ar amanhã, das 11 ao meio dia, em directo a partir do Café D'Arco. Desta vez o convidado é o prof. José Joaquim Marques, um dos dirigentes da Associação de Folclore do Ribatejo, que irá falar sobre a etnologia local e regional, excluindo o folclore político-partidário. Com habitualmente, o programa estará aberto à participação do público presente no local, consoante a disponibilidade de tempo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

ANÁLISE DA IMPRENSA REGIONAL DESTA SEMANA



Quem leia no mesmo dia a imprensa de âmbito nacional e a regional, como acontece comigo, decerto que fica com a ideia de se tratar de dois  universos diferentes e sem qualquer ligação entre entre si. Veja-se, por exemplo, esta primeira página do TEMPLÁRIO: Militar esfaqueado, Mulher condenada por tráfico de droga, Adega cooperativa fecha e vai para insolvência, Falta um mês para a primeira saída das coroas, Mini-mercados que resistem. Só incidentes e miudezas. Nas páginas interiores, ainda assim, duas crónicas a merecer leitura: Uma de Carlos Carvalheiro, sobre cultura; outra de Ernesto Jana àcerca das conturbadas relações Tomar/Santarém ao longo dos tempos. Relevo também para duas páginas com o título "Povo mobiliza-se para recuperar casa do padre". Passa-se na Freguesia de Paialvo e o padre, brasileiro, aparece de avental e tudo. Não daqueles da Maçonaria, mas dos de cozinheiro mesmo. Assim é que é!
Segue-se uma reportagem sobre os minimercados que resistem, que já poucos são, bem como uma enérgica crónica de J. Godinho Granada contra o acordo ortográfico e a "cafrealização da língua portuguesa".


No MIRANTE, sobre Tomar temos a insolvência da Adega Cooperativa,  a nova associação de bandas  filarmónicas,  os bastidores da Festa dos Tabuleiros, neste caso os habitantes que fazem flores na freguesia de Santa Maria dos Olivais, a opinião do professor João Henriques e uma entrevista com Duarte Marques, presidente nacional da JSD. Diz ele, a dado passo que "É óbvio que temos de repensar o ensino superior no nosso distrito. Se calhar não podemos continuar a ter politécnicos desgarrados no distrito, cada um a puxar para seu lado. Algumas vezes com cursos repetidos. ... ... ...Faz sentido haver três cursos de gestão no distrito? Isso tem que ser repensado. Se bem que as instituições existentes podem coabitar bem uma com a outra. O Politécnico de Tomar com uma base mais tecnológica, o de Santarém com uma base mais virada para a educação, para as ciências agrárias... ... ... ...Infelizmente temos é politécnicos armados em universidades e universidades a fazer o papel de politécnicos. ... ... ... E temos uma classe dirigente que anda a gozar connosco." Quem fala assim, poderá ter outros defeitos; tímido ou gago não é de certeza!


O RIBATEJO, que na edição anterior lançou a questão da eventual fusão dos dois politécnicos do distrito, desta vez limita-se a publicar discretamente um esclarecimento do presidente do IPT, Eugénio de Almeida. Nele se refere que Santarém não é afinal o único distrito com dois politécnicos, pois também Viana do Castelo tem um em Barcelos e outro na capital do distrito. Indica-se outrossim que o politécnico tomarense, ao contrário do que foi escrito, não tem qualquer turma com menos de 25 alunos inscritos.
Anote-se que parece algo curioso o presidente Eugénio de Almeida limitar-se a um esclarecimento assaz pobre num semanário de pouca ou nenhuma difusão em Tomar, em vez de alertar os nabantinos para a presente tentativa de nos subordinar de novo a Santarém. Se calhar está à espera que aconteça, para depois aparecer então com lamúrias de circunstância.

CIDADE DE TOMAR publica, como se pode ver, uma curiosa manchete sobre os bombeiros municipais que "querem dar resposta ao transporte de doentes no concelho". Apetece dizer que também eu quero ganhar o euromilhões, mas por azar ainda não consegui. Coisas!
Nas páginas interiores, mais uma boa crónica de António Freitas, a defender a urgente necessidade de reduzir drasticamente câmaras e freguesias e notícia sobre as jornadas parlamentares do Bloco de Esquerda, que também passaram por Tomar, porém com alguns problemas de programação, acrescento eu.
Escondido na página 18 - Opinião, um escrito assinado por Hugo Filipe Pires e Christopher Pratt, alunos da Licenciatura em Gestão de Turismo Cultural, aborda a problemática dos turistas que visitam o Convento de Cristo, mas não descem à cidade. Ainda que de leitura por vezes algo difícil, devido a um português nem sempre limpo, julgo que vale a pena abordar a questão, pois o futuro de Tomar depende também da resolução atempada e satisfatória de tal situação anómala.

MAIS UM SINAL DA DECADÊNCIA ECONÓMICA

Foto Rádio Hertz
Segundo o site da Rádio Hertz, a 11 de Abril próximo a agência do banco Santander Totta a funcionar na Av. Nun'Álvares vai encerrar definitivamente. A respectiva carteira de clientes será transferida para a agência da Alameda 1 de Março. De acordo com a mesma fonte, a medida insere-se na decisão global de encerramento de 33 agências Santader Totta em todo o país, em localidades de pequena e média dimensão até agora com dois balcões, o que representa duplicação de serviços, mas igualmente de custos. E aqui reside, na opinião de Tomar a dianteira, a raíz do problema. Reduzir custos é cada vez mais urgente e necessário, designadamente devido à informatização e aos encargos elevados da mão de obra, assim tornada dispensável, mas também e sobretudo tendo em conta a evidente decadência económica, sobretudo do interior do país, com  o consequente definhamento em recursos humanos. Menos actividade económica = menos emprego = menos população = menos rendimentos = menos clientes = menos negócios = menos lucros = menos investimentos = actividade económica...e assim sucessivamente. Eis ao que chegámos. Enquanto país e enquanto concelho. Como temos neste momento em Tomar 3 agências da CD, 3 do BCP, 2 do BES e 2 da Caixa Agrícola, mais cedo ou mais tarde são inevitáveis outros encerramentos, posto que em economia e finanças não há milagres.
E as ferramentas mentais dos portugueses em geral não parecem calibradas para os novos tempos. Ainda há poucas semanas, o presidente da câmara de Viseu e da Associação Nacional de Municípios, Fernando Ruas,  interrogado por um jornalista sobre a sua posição àcerca da eventual hipótese da supressão de municípios e de freguesias, foi lesto na resposta: "Estamos dispostos a discutir esse tema, desde que não seja por uma questão de redução de custos." Que ideia! Então não se está mesmo a ver que é só por uma questão de libertar autarcas para outras funções???!!!
No fundo, tenha ou não lido O Leopardo, o cidadão Ruas é o perfeito exemplo da doutrina Lampedusa - É necessário ir mudando qualquer coisinha para se conseguir que tudo possa continuar na mesma. O problema é termos agora chegado ao ponto a partir do qual não mais será possível que tudo continue na mesma. Não basta simular. Tem mesmo de haver alterações substanciais. A todos os níveis. A começar pela cabeça dos políticos que temos tido. Sócrates acaba de fazer a triste experiência, inaugurando assim o ciclo dos cataclismos pessoais. Mas não será o único, nem coisa que se pareça. Recordando Darwin e a sua evolução das espécies, as que não conseguiram adaptar-se às novas condições de existência, desapareceram rapidamente. É o que espera muitos eleitos, incluindo os do vale do Nabão. Essa é que é essa! O resto são balelas.

quarta-feira, 23 de março de 2011

A EUROPA, O PAÍS E A CIDADE

1 - Infelizmente, enquanto País europeu, raramente acertamos uma. A crise agora aberta pela oposição, na sequência do recente comportamento canhestro do primeiro-ministro, que o seu próprio ministro de Estado Luis Amado admitiu e lamentou, confirma uma vez mais que assim é. Com inteira liberdade para planear de forma ponderada o debate do PEC IV, seguido da votação das resoluções subsequentes, a Assembleia da República falhou. Foi anunciado publicamente, julgo que pelo governo, o encontro do primeiro-ministro com o presidente da República, para as 19 horas, bem como uma comunicação de José Sócrates ao País, para as 20 horas. 
Dado o habitual atraso nos trabalhos do parlamento, a referida votação apenas ocorreu cerca das 20 horas, o primeiro-ministro só foi recebido em Belém por essa mesma hora, tendo a comunicação aos portugueses acontecido às 21 horas, com uma hora de atraso. Julgo por isso legítimo e pertinente colocar esta pergunta inocente: Se nem em planeamentos tão simples como este de hoje, conseguem programar de forma adequada, como querem que em Bruxelas acreditem nos nossos planos a curto, médio e longo prazo? Se é que existem mesmo...
2 - Fiel à sua palavra, José Sócrates apresentou a sua demissão logo que soube da votação maioritária, por parte de toda a oposição, de resoluções de rejeição do PEC IV. Vamos assim ter eleições, uma vez cumpridas as formalidades legais, lá para o fim de Maio/princípio de Junho. Ainda a tempo, portanto, de haver novo governo empossado para cumprir um pouco mais de dois anos de mandato, o que corresponde a sensivelmente metade da legislatura. A oposição agiu por conseguinte de acordo com os seus interesses, mas igualmente tendo em conta a tarefa ingrata do futuro governo, seja ele qual for. Com efeito, se a queda do governo viesse a ocorrer apenas aquando do debate e votação do orçamento para 2012 -como chegou a estar previsto- as eleições seriam apenas no primeiro trimestre do novo ano, pelo que o governo delas resultante na prática apenas teria tempo para preparar nova consulta eleitoral e pouco mais. Andaram por conseguinte bem os líderes da oposição, ao decidirem aproveitar a manobra (ou o descuido?) de José Sócrates, provocando a sua demissão.
3 - Sabia-se que o PEC IV nem carecia de qualquer votação para "passar" no parlamento. Bastava para isso que nenhuma força política apresentasse qualquer resolução para ser votada. Conscientes desse facto, PEV, BE, PCP, CDS e PSD apresentaram cada um seu documento, mas todos com um ponto comum -rejeição do PEC IV. A oposição deu dessa forma a volta à Lei e provocou o derrube do governo.
Há semanas, a Assembleia Municipal de Tomar, debateu e aprovou por maioria uma moção de censura ao executivo camarário. Temos assim que PS, IpT, CDU e BE resolveram censurar a actual maioria relativa, com a particularidade de os socialistas censurarem os seus próprios parceiros de coligação. Tal como no caso do PEC, também a moção de censura não é vinculativa, a menos que os seus apoiantes saibam dar a volta à legislação. O que até agora ainda não sucedeu, permitindo que o trio liderado por Corvêlo de Sousa continue a arrastar Tomar para a ruína, tudo na maior das calmas.
Caso realmente pretendam pôr fim ao descalabro quanto antes, é meu entendimento que os apoiantes da citada moção de censura deveriam comunicar com urgência ao presidente da edilidade que tencionam votar contra qualquer medida tendente a agravar as finanças municipais (inclusão no orçamento da indemnização à ParqT, autorização para contraír qualquer empréstimo, orçamento para 2012), pelo que julgam que a relativa maioria PSD deve apresentar a sua renúncia colectiva aos cargos quanto mais cedo melhor, no sentido de haver eleições intercalares e um novo executivo legitimado, ainda com algum tempo útil pela frente. A não procederem assim, perderão a última oportunidade que lhes resta para se demarcarem do que aí vem. E serão então, em conjunto com o PSD, os bombos da festa em 2013... Resta-lhes optar enquanto é tempo.

MÁQUINAS, SISTEMAS E VÍTIMAS



É o costume. Se no País andamos atrasados dezenas de anos em relação à Europa do norte, aqui em Tomar andamos atrasados dezenas de anos em relação à última moda de Lisboa. Em todos os domínios. Veja-se o caso documentado nas fotografias.
Só agora é que um estabelecimento local colocou à venda uma máquina doméstica para depenar galinhas. E galos e frangos e frangas, suponho eu. Sobretudo frangas. Numa altura em que até a nossa autarquia -tão antiquada em vários domínios- já tem montada desde há vários anos uma rede de máquinas para depenar, tosquiar e esfolar os cidadãos eleitores. Saneamento, resíduos sólidos, água, IMI, derramas, licenças, coimas, são outros tantos procedimentos encapotados para depenar, tosquiar ou esfolar cada um, não se sabe a que propósito, tão mau e magro é o retorno obtido em contrapartida. Se calhar para imitar o governo de Lisboa, que inventou o IVA, o IRS, o IRC, o IC, o ISC e por aí fora, aos quais resolveu depois acrescentar o IA e as portagens, tudo para melhor depenar, tosquiar e esfolar os utentes/contribuintes. Mesmo assim, com cada vez mais máquinas para explorar os recursos dos indígenas, como também estes se foram entretanto especializando e montando cada qual a sua própria máquina (Veja-se o nosso conterrâneo José Carlos Sousa, que aguardou ser expulso do local que ocupava ilegalmente, mas se recusou a assinar qualquer documento, conseguindo assim um alojamento decente, pelo qual não paga renda nem água nem luz, segundo declarou. E sofre de stress de guerra. O que não o impede de esfolar o orçamento da autarquia, sem que alguém o consiga depenar...), houve necessidade de inventar novas máquinas, mais sofisticadas, mais europeias. Surgiram então os sucessivos PECs -Processos de Esfolar Contribuintes. Tão eficazes que chegada a quarta versão, o próprio responsável pela sua utilização -o nosso amado José Sócrates- será hoje, segundo tudo indica, vítima da sua própria máquina - Depenado, tosquiado e esfolado, acabará por ser abatido no próprio local onde se autoriza o uso das ditas máquinas. Uma forma subtil de ir à lã e ser tosquiado, dirão os eleitores ingratos.
Então e a outra foto, a da Rotunda do Muro-mijatório? Tem alguma coisa a ver com a máquina? Interrogarão as habituais melgas de serviço, todos os dias depenadas, tosquiadas e esfoladas, mas apesar disso quedas porque conformadas.
A foto da Rotunda tem tudo a ver, pois demonstra com um exemplo elucidativo que também os "empresários" de obras públicas já utilizam desde há muito máquinas mais ou menos sofisticadas para depenar, tosquiar ou esfolar os contribuintes através do orçamento de Estado, dos Fundos Europeus e dos orçamentos autárquicos. Ou julgarão os leitores que uma obra de 515 mil euros = 103 mil contos, (preço afixado naquele painel exterior do lado esquerdo da porta da Casa dos Cubos), ficou cheia de mazelas por mero acaso? Aconteceu simplesmente que à força de tanto querer depenar, tosquiar ou esfolar, o animal acaba por ressentir-se. O governo deve ser abatido hoje. A autarquia acabará por ter a mesma sorte. Inteiramente merecida. Só falta saber quando. Porque nesta vida, quem anda sempre à lã, só pode acabar tosquiado!

terça-feira, 22 de março de 2011

A NOSSA CRISE VISTA DE FORA

Agora que o governo Sócrates está a caminho da estocada final, prevista para amanhã na Assembleia da República, vale a pena ler os grandes comentadores internacionais, de forma a poder comparar com o que por cá se vai escrevendo. O economista, historiador e editorialista do Le Monde, Nicolas Baverez, mostra-se preocupado com o futuro da Europa, muito sombrio caso não sejam adoptadas atempadamente medidas essenciais, como por exemplo um governo económico comum ou a harmonização das contribuições e impostos. Eis parte do que escreve na edição de hoje, sob o título Reconstruir a Europa:
"Após as negociações do G20 e a devastação do Japão, a crise europeia acelera. No plano económico, a divergência exacerba-se entre o milagre alemão (crescimento de 3% do PIB, desemprego nos 7%, défice público de 2,5% do PIB, excedente comercial de 155 mil milhões de euros) e a recessão persistente dos países periféricos (de -4% na Grécia a -0,1 em Espanha, onde o desemprego ultrapassa os 20%). No plano financeiro, a Grécia não consegue escapar à reestruturação da dívida, enquanto que o novo governo irlandês pretende renegociar a ajuda externa que lhe foi concedida e Portugal persiste em diferir o recurso inevitável ao casal BCE/FMI, mesmo quando já só obtém empréstimos a 7,7% e apresenta uma dívida pública de 85% do PIB e um crescimento esperado de 1%.
A Europa terá portanto perdido todas as batalhas desde o início da crise. A batalha da retoma, em que funcionou como variável de ajustamento, devido à sobre-avaliação do euro. A batalha comercial, com o bloqueio da dinâmica do mercado único, a respectiva abertura sem reciprocidade e a sua gestão no sentido de uma política de concorrência, em detrimento da produção e da inovação. A batalha financeira,  com as sucessivas crises ligadas à dívida soberana e a um sistema bancário ainda não reestruturado e regulamentado de forma absurda. A batalha política, com a ascensão do populismo e a hostilidade para com a Europa dos seus próprios cidadãos. A batalha diplomática, enfim, com a inexistência trágica da União Europeia enquanto tal perante as revoluções do mundo árabe.
A constatação da falência, partilhada pelos parceiros da União, pelos mercados e pelos cidadãos é muito clara: Num mundo incerto e feito de riscos e de choques, a Europa age sempre demasiado pouco e  demasiado tarde. A crise vai prolongar-se até provocar a ruptura da moeda única e da Europa, se entretanto não se conseguir um acordo  global, assente em três pilares: Transformação da zona euro numa zona monetária perene, irreversível, o que implica desendividamento, competitividade económica e solidariedade financeira; permitir que a Alemanha retome a sua confiança nos parceiros europeus, condição da eficácia de tal acordo; criação de um governo económico, que constitua a base da legitimidade europeia. 
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E mesmo assim a estabilidade do euro e a retoma na Europa não estão garantidas. Com efeito, o dito plano [supervisão orçamental rigorosa, esforço competitivo centrado nos salários e na racionalização do Estado-providência, um fundo europeu de apoio, elevado de 450 a 500 mil milhões de euros, permanente a partir de 2013, uma reanimação do mercado único sob a forma de um princípio de harmonização fiscal e social (IRS e depois IRC)], comporta dois ângulos mortos: desde logo a ausência de normas precisas para bancarrotas organizadas  -às quais certos países, como a Grécia, não vão poder escapar. Depois, a reestruturação dos bancos, cujos activos tóxicos deveriam poder ser comprados pelo fundo europeu.
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O encontro entre a Europa política à francesa e a Europa económica e monetária à alemã só será duradoira se a recuperação francesa vier completar o renascimento económico da Alemanha reunificada."

E os socialistas/socratinos tão preocupados com a queda de um governo minoritário, que a bem dizer já deixou de governar há vários meses, para se dedicar exclusivamente à elaboração de embustes tendentes a tentar ludibriar os europeus do norte...