sexta-feira, 25 de março de 2011

HONESTIDADE POLÍTICA E CONTABILIDADE CRIATIVA

António Barreto, ex-ministro da agricultura num governo de Mário Soares, reputado sociólogo formado em Genebra e grande senhor do Douro, não foi nada meigo. "O Presidente da República e o Governador do Banco de Portugal têm de dizer aos portugueses qual é a verdadeira situação financeira do país, antes das eleições", afirmou ele na SIC, na noite em que Sócrates se demitiu.
Se o primeiro-ministro socialista fosse conhecido como geralmente respeitador da verdade, Barreto não teria dito o que disse, pois se o fizesse poderia cair no descrédito. Infelizmente, Sócrates costuma ter relações complicadas com a realidade que todos vemos, dando dela, quando lhe convém, uma visão mais virtual do que real. Ainda por cima, veio-se agora a testemunhar que também convive mal com os hábitos democráticos. Em pleno debate do PEC IV, por si apresentado, ausentou-se da Casa da Democracia, sem qualquer explicação aos nossos representantes ou aos portugueses. Outro tanto fizerem mais tarde os seus ministros, excepto o das relações com o parlamento, Jorge Lacão. Tal comportamento, não sendo ilegal, tão pouco é elegante, denotando uma notória falta de respeito por aquele órgão de soberania. Como já antes sucedera, quando alguns líderes estrangeiros tiveram conhecimento do citado PEC, antes do Presidente da República e dos parceiros sociais...
Em semelhante contexto, não espanta que o economista Vítor Bento, Conselheiro de Estado escolhido por Cavaco Silva, avance no mesmo sentido de António Barreto. Num escrito publicado pelo Diário Económico e hoje citado pelo DN, é peremptório: "Ninguém fora do governo sabe a verdadeira situação financeira em que o país se encontra e que será muito pior do que se tem dito." O que levou o Presidente da República a receber ontem em Belém o governador do Banco de Portugal, com que esteve reunido durante mais de uma hora. No final do encontro, nenhuma das partes fez qualquer declaração aos jornalistas, o que pela lógica política, só deverá acontecer uma vez ouvidos os representantes dos partidos  e o Conselho de Estado.
Entretanto, em Tomar, a situação económica e financeira do município é também cada vez mais opaca. Indícios recolhidos por Tomar a dianteira apontam no sentido de a dívida global poder ser neste momento superior aos 33 milhões de euros oficialmente anunciados. Vários credores estarão há meses e meses aguardando o pagamento de volumosas facturas, sem que os competentes serviços da autarquia lhes forneçam quaisquer justificações convincentes.
Por outro lado, o executivo autárquico tomarense começa a nem sequer cumprir os normativos legais a que está obrigado. Apesar de presidido por um advogado. Em pelo menos um caso, nunca respondeu a uma comissão da Assembleia da República, estando agora a protelar o cumprimento da sua determinação final, que entrementes recebeu. Tudo isto com o consentimento pelo menos tácito dos quatro vereadores da oposição, uma vez que continuam em silêncio e, como é da sabedoria tradicional, "Quem cala consente!" Em conformidade com as tradições portuguesas, tanto em Lisboa como em Tomar, podemos estar perante gatos escondidos com as caudas de fora...

3 comentários:

Anónimo disse...

Quem cala DEVENDO FALAR é que consente!!!!!!
Será este o caso aqui em Tomar?
Parece bem que não é!
A opacidade estende-se a vereadores e deputados municipais!!!!!!

Anónimo disse...

Talvez mais caudas escondidas com o gato de fora...

Sergio disse...

A Ponte e a Fila
A HISTÓRIA DE UM FILHO DA PUTA HONESTO





Resumo
O grau de honestidade, de certa forma, sempre foi tratado como um tabu. A esperança em encontrá-lo de forma satisfatoria nas outras pessoas é o que fazem alguns não enterra-lo dentro de si próprio de uma vez por todas. Ninguém quer ser vitima dos desonestos, mas, às vezes, fazem vitimas para os iguais.




Autor
Sufi, Sergio

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Detalhes
Em nossa contemporaneidade, mas no passado distante, Laura Santos, uma órfã abandonada no portão de um convento, ainda bebê recém-nascido, foi encontrada pela irmã Sofia, uma freira, que com a ajuda de outras irmãs a criou e a educou dentro dos princípios cristãos. Aos seus dezessete anos, em uma investida de caridade, Laura conheceu Rebeca, uma drogada, interna em um hospício. Laura, em sua ingenuidade, achou ter encontrado uma amiga, porém, Rebeca a desvirtuou dos caminhos e das práticas cristã, levando-a a prostituição. Já pós-Balzaquiana, e conhecendo os dois lados da vida, resolve dar um sentido à sua existência, concebendo um filho e ensinando-o, na sua concepção, o lado mais compensador da vida, pela sua experiência. O certo é que o menino foi aprimorado e se tornou o filho de uma puta honesto! Mas, mesmo na fase adulta, seus empreendimentos eram escassos. Formado em história, vivia conspirando contra a própria história da humanidade; sempre reinventava interpretações, que embora lógicas, não tinha como prová-las. Nos fatos históricos, que podiam ser temperados com profecias, para cada acontecimento, como marco na humanidade, criava hipóteses em forma de teorias, que ele norteava como certa, ainda mais quando essas podiam ser recheadas de algo divino, nestes acontecimentos. Quando perde a mãe por uma doença terrível, desenvolve em si um estado de inércia que nada parecia ter a menor importância. Assim, algo extremamente cotidiano o desperta para vida. Então, resolve ser um político, como forma de ocupar-se e trazer um novo sentido para a sua existência. E daí? Um filho duma puta honesto ele conseguiu ser! E agora como político! Será que ele conseguirá ser um político honesto? Esta é a historia de A Ponte e a Fila!
Informação Adicional
A VENDA NA SARAIVA
Autor Sufi, Sergio
ISBN 978-85-7923-251-0
Páginas 243
Formato