Acentua-se a debandada dos tomarenses e adensa-se o clima de catástrofe. É praticamente unânime que os preços praticados em Tomar são mais elevados que nos concelhos vizinhos. Tanto no que se refere ao comércio, como aos serviços e à administração local. Donde resulta que a população local só se abastece aqui quando de todo não pode ir alhures aproveitar a melhor relação qualidade-preço.
No mesmo sentido, há cada vez mais cidadãos isolados e até famílias que resolvem mudar de residência para o Entroncamento, a Barquinha ou Torres Novas, onde os preços são mais vantajosos. A título de exemplo, ainda hoje recebi o aviso do meu usual técnico de informática, um tomarense de quem fui professor, que resolveu mudar o estabelecimento para o Entroncamento. Quando indaguei quais os motivos, a resposta foi clara: "As taxas são mais baratas, o renda é metade e por aqui as coisas têm estado muito paradas..."
É claro que os cada vez mais raros comerciantes e industriais da zona, quando confrontados com a dita situação de preços demasiado agressivos para o consumidor, alegam em sua defesa que os custos fixos e/ou variáveis também são mais elevados, pelo que não é possível fazer melhor. Trata-se pois da velha questão da cadeia de formação de valor. Gestores da autarquia e dos SMAS invocam a necessidade de pelo menos conseguir receitas para cobrir as despesas. O que significa que continuam a trilhar a mesma via do governo, que em vez de reduzir despesas, insiste em aumentar as receitas. É assim que nesta abençoada terra e para não esmiuçar mais, num recibo de 35 euros dos SMAS, 17 são o preço da água e 18 referem-se a taxas e impostos. Com esta maravilha das maravilhas: Saneamento - 12,12 euros; Resíduos sólidos (CMT) - 4 euros. Pergunta ingénua: O saneamento não engloba já os resíduos sólidos? Algum gerente de café se lembraria de facturar, por hipótese, a bica a 80 cêntimos + o açúcar a 35 cêntinos?
Manda a honestidade reconhecer que a autarquia também tem os seus custos fixos e variáveis, não cobertos pelas transferências governamentais. Entre outros, avultam os subsídios às colectividades concelhias, na área do desporto e da cultura. Só no domínio da música e da folclore, temos no concelho 4 bandas filarmónicas e 7 ranchos folclóricos, sendo certo que aquelas são tradicionais e estes, todos posteriores a 1975.
Tanto quanto é possível saber, que os senhores autarcas continuam a cultivar o segredo e a sonegação, como se a autarquia fosse sua propriedade, ou não estivessem obrigados a prestar contas a quem os elegeu e lhes paga, há no concelho à volta de 150 colectividades a beneficiar de subsídio anual mais ou menos importante, bem como de subsídios específicos para cada evento a realizar. No que concerne só aos primeiros, o montante anual atribuído é da ordem dos 400 mil euros = 80 mil contos.
Com a população a diminuir a olhos vistos ( É meu entendimento que os resultados do actual recenseamento poderão vir a causar alguns problemas cardíacos por estas bandas), o garrote financeiro a apertar cada vez mais e em consequência disto tudo as diversas receitas fiscais a abrandar, convenhamos que a situação económica da autarquia é cada vez mais problemática. De forma que a minha interrogação final é esta: Se de qualquer maneira vão ser forçados, mais tarde ou mais cedo, a praticar cortes drásticos na despesa, cuja gravidade vai aumentando à medida que vão sendo protelados, estão à espera de quê? Que a situação do país e do concelho melhore? Ou fizeram alguma promessa e aguardam um milagre?
A não ser que se trate tão só de tentar imitar o primeiro-ministro e a sua visceral aversão à vinda do FMI. Nesse caso, convém esclarecer que José Sócrates está apenas a tentar evitar que antes da eleições se venha a saber que afinal a situação económico-financeira do país é bem mais grave do que aquilo que tem sido garantido, tanto pelo governo como pela UE. E que os peritos do FMI não tardarão a apurar, assim que Portugal tenha de pedir ajuda externa. Se até o Presidente da República e Passos Coelho já resolveram prescindir de uma auditoria às contas públicas antes das legislativas antecipadas...(Ver manchete do Expresso de sábado passado)
Entretanto, o executivo continua com as suas obras espampanantes, cujo real interesse para o concelho é mais do que duvidoso. As duas fotos supra documentam um exemplo lamentável. Como é do conhecimento geral, a ligação pedonal cidade/castelo, pela Mata, custou 190 mil euros = 38 mil contos. Quando se argumenta que foi dinheiro esbanjado, uma vez que o portão da Torre da Condessa continua fechado, assim impedindo a passagem para o Castelo/Convento, os senhores autarcas têm um outro pretexto na ponta da língua. Alegam que permitiu acabar com os esgotos do Convento desaguando a céu aberto na Mata. Pois! digo eu. Era bom, era! Infelizmente a ligação ao emissário entretanto instalado também continua por fazer. A primeira foto mostra a respectiva caixa de ligação, mas a segunda é como o algodão do anúncio televisivo -não engana. As duas fotografias foram tiradas ontem à tarde... O IGESPAR ainda não cumpriu a sua parte? Mais uma prova de que a coisa foi preparada em cima do joelho, tendo como únicos objectivos reais sacar fundos europeus e engordar empreiteiros.
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