segunda-feira, 14 de março de 2011

A TENTAR ENGANAR O PAGODE, COMO É COSTUME...

Sinto-me cada vez mais incomodado. Com os barcos a adornarem perigosamente, tanto o português como o tomarense, os respectivos capitães insistem, insistem, insistem, insistem, insistem. Obstinam-se a tentar enganar o eleitorado. Como é costume.
José Sócrates saca da realidade envolvente unicamente os detalhes que lhe convêm, pondo-os nos píncaros da lua, ao mesmo tempo que vai escamoteando o melhor que pode e sabe tudo o que não se enquadra no seu esquema mental. Corvêlo de Sousa consegue fazer melhor. Nada diz sobre a situação local e, quando de todo não se pode eximir a dizer umas palavrinhas de circunstância, pinta maravilhosos quadros impressionistas, de paisagens locais que só ele vê. É assim que, por exemplo, o futuro elefante branco da Levada vai ser segundo ele uma importante âncora turística local. Só não diz de que barco...pois não ignora que se trata de um futuro armazém de funcionários (mais um!) e, por conseguinte, um sorvedoiro de dinheiros dos contribuintes. Voltaremos a falar do assunto dentro de dois ou três anos, qualquer que venha a ser a evolução política local.
Procurando introduzir algum bom senso e alguma verdade factual na situação económica portuguesa, eis o que escreviam os especialistas de economia no Le Monde de ontem:
"Crise da dívida: a zona euro avança aos poucos. O pacto para o euro foi adoptado. Perspectiva-se um acordo global, apesar da teimosia da Irlanda (que recusa aumentar o imposto sobre as sociedades) e de Portugal (que não aceita pedir a ajuda internacional).
Nem bom nem mau aluno, mas sob grande pressão dos mercados, Portugal anunciou um novo pacote de austeridade e de reformas."São medidas importantes, que reforçam a confiança e solidariedade dos parceiros europeus", comentou Van Rompuy, presidente do Conselho europeu.
José Sócrates continua a ter esperança de poder evitar a ajuda internacional. Oficialmente, ninguém lho exige. Na realidade, porém, o seu governo continua sob forte pressão para aceitar quanto antes um plano de ajuda externa. Para vários países da zona, uma pronta intervenção externa em Portugal permitiria oxigenar o país, protegendo a Espanha de um eventual contágio.
Os Estados "periféricos" ao sabor das correntes.
Na zona euro continua a alargar-se o fosso entre as taxas de juro dos países ditos "periféricos" e os do coração da Europa. Desde há um mês os empréstimos soberanos na Irlanda, na Grécia, em Portugal, e mesmo em Espanha vão-se afastando cada vez mais em relação às dívidas francesa e alemã.. Esse afastamento acentuou-se ainda mais na semana de 7 a 11 de Março.
Na passada sexta-feira, enquanto se aguardavam as conclusões da cimeira europeia de chefes de Estado e/ou de governo, a taxa a 10 anos para a Grécia era de 12, 5% (contra 10,6% no início de Fevereiro), para a Irlanda de 9,3% (contra 8,83%), para Portugal de 7,3% (contra 6,7%) e para Espanha de 5,45% contra 5%). Nas mesmas datas, as taxas de juro dos empréstimos para a Alemanha e a França andam à roda de 3,5% e 3,2%, respectivamente, desde há um mês.
Apesar das medidas tomadas para recuperar os países da zona euro em dificuldade, os investidores continuam a não confiar e não parecem convencidos de que as medidas já implementadas sejam suficientes. Continuam a temer uma reestruturação da dívida irlandesa e da grega, enquanto vão aguardando que Portugal solicite a ajuda europeia...."
´"É cada vez mais difícil obter fundos junto dos investidores, dado que quase todos compram em função das respectivas notações financeiras. Apesar disso, Portugal conseguiu na quarta-feira passada colocar mil milhões de euros de obrigações. Mas foi obrigado a oferecer 5,993% a dois anos e meio, nitidamente mais do que os anteriores 4,086% de Setembro de 2010, numa operação similar. O país conseguiu assim resolver cerca de 35% do seu programa anual de financiamento, cujo montante é de 20 mil milhões de euros.
A directora de estudos económicos do banco de investimentos HSBC-França, Mathilde Lemoine, calculou que, com uma taxa de 7,5 a dez anos, contra os 4,7% previsto pelo governo no programa de estabilidade para este ano, a dívida pública portuguesa aumentará mais 3,3 mil milhões de euros em 2013, o que corresponde a 1,8% do PIB. O que representará então, em termos de dívida total, 91,6% do PIB, contra os 89,8 previstos pelo governo. ... ...A diferença pode parecer mínima mas "esta subida das taxas longas contribui para afastar ainda mais o momento em que o país conseguirá estabilizar a sua dívida pública em percentagem do PIB. Para Portugal nunca antes de 2018/2020", considera Mathilde Lemoine.
Se Portugal e Espanha não conseguirem estabilizar a médio prazo a relação dívida pública/PIB, serão obrigados a baixar o défice primário (sem encargos da dívida), muito mais do que o que já previram."
Cécile Prudhomme, Le Monde, 13/03/11


Conclusão: Apesar do optimismo de fachada, continuamos a afundar-nos de modo seguro e cada vez mais rapidamente. Devemos estar preparados, qualquer que venha a ser a evolução política, para medidas de austeridade bastante mais duras, incluindo eventuais despedimentos na função pública e supressão, ou pagamento em títulos do tesouro, dos meses suplementares (13º e 14º). Tratem de ir economizando quanto puderem. Depois não venham com lamúrias, alegando que ninguém vos avisou.

4 comentários:

Anónimo disse...

Esclarecimento:

Para afundarmos era necessário termos barcos. Acontece que deixamos de os ter. Hoje em vez de barcos temos Mercedes, Audis e BMW nas estradas, F-16 no ar e submarinos No estuário do Tejo.
É verdade... temos também alguns cacilheiros e trafareiros da TransTejo. Mas estes penso que não contam...

O Lacrau do Nabão

Anónimo disse...

O amigo Rebelo pode pagar-me os cafés à tarde quando a coisa começar a ficar preta ?

Jaqinzinho

Carlos Pereira das Olalhas disse...

Estou fora mas gostria atntos de uns comentários sérios, sem serem poisas de jornalsiats que foram pagaos pelo JAIME para a merdae que s epassou na inauguração do Centro Escolar de Casais. Porque não foi convidado o GOVERNO, que mandou fazer a obra? Que interesses estão por detrás da FANTOCHADA QUE LÁ SE PASSOU, segundo me contram e pals fotos que vejo no site da HERTZ

Anónimo disse...

O Pagode é chinês e está nas lojas destes.