domingo, 27 de março de 2011

OBRAS DA ENVOLVENTE AO CONVENTO DE CRISTO


Sem ser propriamente um diário de referência, o Correio da Manhã tem a maior tiragem dos jornais generalistas do país. O que já nos dá uma ideia da nação que somos. Na edição de hoje, 27/03/11, página 21 - Sociedade, publica o referido periódico a curiosa local supra.
Curiosa desde logo porque abre com uma manifesta falsidade. Ou seja, numa linguagem mais técnica, o lead ou parágrafo guia engana deliberadamente os leitores. Escreve-se que "As obras que vão permitir encurtar a ligação entre o centro histórico de Tomar e o Convento de Cristo já se iniciaram, com a construção de um colector de águas pluviais junto à estação de caminhos de ferro...", o que carece de qualquer fundamento. Por um lado, a dita empreitada em nada vai encurtar a ligação cidade-castelo. Nem é esse o seu objectivo. Por outro lado, qual é o contributo do colector de águas pluviais, agora iniciado junto à estação de caminho de ferro, para encurtar ou alongar o referido percurso? Mistérios e inverdades do jornalismo que vamos tendo, faltando saber qual a intenção ou intenções de quem redigiu semelhante peça noticiosa.
Na mesma "notícia", o último parágrafo reza que "A requalificação do terreiro D. Gualdim Pais (o parque de estacionamento da Cerrada dos Cães, em português de Tomar) e a construção da cafetaria vai custar 634,3 mil euros, 80% pagos pela União Europeia. As obras da ala norte custam 1,8 milhões de euros, estando a candidatura a fundos comunitários em fase de apreciação." Para além do verbo mal conjugado (usa-se escrever "A requalificação...e a construção da... VÃO custar, e não VAI custar, como está no periódico), bem como a expressão "obras da ala norte", quando devia ser "obras  exteriores, junto à fachada norte", o leitor mais a par da actualidade local e nacional, não poderá deixar de formular perguntas pertinentes: 1 - Se parte do projecto ainda está em fase de apreciação, porquê tanta pressa em começar? 2 - Será correcto ou sequer oportuno cortar o acesso rodoviário mais directo para o Convento até Dezembro próximo (na local escreve-se "durante nove meses"), em ano de Festa dos Tabuleiros? 3 -  O também referido parque provisório para autocarros, nas traseiras do monumento, será funcional e chegará para as necessidades?  4 - Chegou a ser referido pelos serviços da autarquia que as obras em questão só começariam após os Tabuleiros. Qual os quais as justificações para a antecipação? 5 - Houve insistência da construtora (com sede em Viana do Castelo!!!), alegando que não tinha mais nenhuma obra em carteira, o que a ia obrigar a despedir pessoal? 6 - Se afirmativo, que culpa disso têm os turistas e os tomarenses? 7 - Caso o projecto em apreciação não venha a ser subsidiado pela União Europeia, onde tenciona a autarquia ir arranjar os fundos para o custear? 8 - Depois logo se vê? 9 - Quando é que a relativa maioria  autárquica se decide a arranjar planos susceptíveis de evitar que vá administrando ao sabor do acaso e das pressões mais ou menos legítimas e bem intencionadas? 10 - Quando é que a oposição se resolve enfim a agir enquanto tal, opondo-se como lhe compete e apresentando propostas alternativas?
Blábláblá é muito fácil e por vezes até bonito, mas não resolve nada. Tal como o importante e profícuo não é arranjar respostas de circunstância, mas sim formular as perguntas pertinentes.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Por outro lado, qual é o contributo do colector de águas pluviais, agora iniciado junto à estação de caminho de ferro, para encurtar ou alongar o referido percurso?..."

Resposta: Sempre podemos vir pelo cano abaixo, tipo aquaparque, com saída directamente à porta da estação de comboios.