Foto O Templário, a quem agradecemos
Tomou posse o novo presidente concelhio do PSD, José Delgado, a quem desejamos as maiores felicidades e facilidades.
Na sua intervenção inicial foi corajoso. Disse não concordar com a forma como está a ser gerida a coligação 3+2, e que tenciona "marcar a agenda política". Parecendo que não, perante tais palavras, os coligados do PS não devem ter ficado nada serenos. Como diz usualmente o povo soberano, tudo indica que a partir de agora é que a porca vai começar a torcer o rabo. Porque José Delgado não é, de forma alguma, um principiante político. Por conseguinte, aquilo que disse foi concerteza bem pesado e melhor medido. Significará, portanto, em linguagem acessível a toda a gente -"daqui para o futuro, ou somos nós que lideramos activamente a coligação e marcamos a agenda política, ou acaba-se com o casório". Tudo bem, dirão talvez os outros dois coligados, mentido com quantos dentes têm na boca se o fizerem. Porque na verdade, além dos lugares bem pagos e outras mordomias significativas, os coligados minoritários apenas têm a ganhar, em termos políticos, alguma projecção, algum protagonismo. A partir do momento em que a outra parte a isso se opõe, que resta aos recém-casados por conveniência ? O simples ganha-pão ? A gamela, como se diz lá para o norte ? E a previsível reacção dos militantes e eleitores do PS ?
E os eleitos pelo PSD, que todavia não são filiados nas hostes laranjas ? Acatarão pacificamente as orientações da nova liderança local ? Ou, como habitualmente, aceitarão uma coisa por cima da mesa e farão outra por baixo da dita ? Convém não esquecer que, tendo sido eleitos sem qualquer programa político vinculativo, nada os obriga a seguir a agenda que eventualmente venha a ser definida. Poderão sempre alegar que não foram eleitos com base nela, pelo que não se sentem obrigados a implementá-la. Isto sem contar com o presente imbróglio da futura liderança nacional...
Resta apurar, na aborrecida prática quotidiana, a fibra do novo líder concelhio. Para já, tudo indica que temos homem, pois na devida altura soube bater com a porta, sem contudo cortar as amarras. Agora, porém, a música é outra. O que significa que só viremos a ter um bom concerto caso o novo maestro venha realmente a conseguir dirigir a orquestra autárquica, (onde pontifica pelo menos um músico que até sabe bastante solfejo, ou pelo menos tem obrigação disso...), com autoridade e novas partituras. O que implicará, bem entendido, no mínimo, o esqueleto de um programa político com fôlego. A autarquia tomarense não pode continuar às aranhas e à mercê de medidas de ocasião, cujos impactos reais nunca são conhecidos, nem foram minimamente estudados. Nem com declarações do tipo "vai ser feito logo que possível..."
Resumindo. Corremos o risco de uma futura vida política local assaz animada, mas nada é ainda certo. Vamos deixá-los pousar e começar a esgravatar, em conformidade com as novas linhas de força. Enquanto vamos contemplando o triste espectáculo da Assembleia da República, que alguma oposição pretende a todo o custo transformar num tribunal, de preferência capaz de condenar um suspeito, mesmo antes de o ter ouvido. Em vez de debater, procurar e votar soluções para os cada vez mais graves problemas do país, que somos todos nós.
Ó tempo ! Ó costumes ! E são aqueles os nossos representantes ! Tem razão Vasco Pulido Valente. Realmente, isto está cada vez mais perigoso !