quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

ORÇAMENTO MUNICIPAL: E AS DÍVIDAS ?

E as dívidas ? E as dívidas ? Não se nasce e/ou vive impunemente em Tomar, uma das poucas cidades do então reino que acendeu as fogueiras da inquisição. As outras foram Lisboa, Évora, Braga e Goa. Com algum exagero, pode escrever-se que, mesmo em pleno século XXI, o povo continua a querer sangue, no quadro da conhecida política praticada no império romano: pão e circo. Dado que o "pão" tende a escassear, em virtude tanto da crise como do mau governo, há cada vez mais necessidade de circo. Daí talvez, entre outras, as presentes tentativas de julgamento na praça pública, seguido de execução da sentença, sem que os acusados tenham sequer sido ouvidos. Ou o renascer dos carnavais de Tomar. Isto é que vai uma época ! E gastam os países milhões e milhões em educação !
Descendo a Tomar, que como todos sabemos, mas nem sempre nos damos conta, fica numa cova, a nossa querida autarquia prevê gastar no corrente ano um total de 2.891.410.01€ com encargos financeiros (ver ilustração supra), que o mesmo é dizer, com juros e amortizações de um longo rol de empréstimos (24, mais precisamente), todos já gastos, excepto o último, de 753.882,00€). A esta soma simpática, há que acrescentar 44.000€, para locação de viaturas, máquinas e outro equipamento (página 15), e uma provisão de 930.504€, mencionada na página 14 como previsão, lapso a denunciar falta de agilidade no uso da língua normal de trabalho. Ou estamos enganados ?
Somando tudo, obtemos 3.865.914€ de encargos anuais. O que, dividido por doze meses, vem a dar um dispêndio mensal de 322.159€50 = 64.431.900 escudos = 65 mil contos mensais. Sem contar com os cerca de 25 milhões de dívidas diversas, não incluídas no orçamento.
Já perceberam agora porque razão pagamos 12 euros mensais, mesmo quando não consumimos água nenhuma, enquanto os leirienses, por exemplo, só pagam 5€ ? Quem vos mandou dar sucessivamente a maioria absoluta ao ex-presidente Paiva, que assim teve todas as condições para gastar como entendeu ? Julgam que são só os outros a pagar as asneiras que fazemos ? Cuidavam que eram só os europeus a financiar os dois pavilhões municipais, os campos de ténis, o parque subterrâneo, ou a transformação de estádio em campo de treinos, e as lombas ? Oxalá vos sirva de lição!
Como bem sabem os nossos conterrâneos rurais, quanto mais o carneiro recua, maior é a cornada.

2 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia António Rebelo,

Nunca ouviu dizer que as d´´ividas não são para pagar mas sim para gerir? Assim é que as empresas encerram, os clubes de futebol se aguentam, a banca engorda, e o Zé Povinho se lixa...

Anónimo disse...

As dívidas só são um problema quando se pensa em pagá-las!

AA