sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Falta de qualidade

Hugo Cristóvão, o mais votado pelos leitores de TaD para candidato do PS à autarquia, aborda uma vez mais no seu blogue o drama do Mercado Municipal. Tem toda a razão, que a questão é grave e ilustra bem o descalabro a que já chegámos a nível local. Claro que a principal responsabilidade pelo desastre incumbe aos sucessivos eleitos do PSD. Contudo, a oposição também não se pode eximir, tentando sacudir a água do capote. Particularmente a que agora temos, desde 2009. Embora maioritária, nunca conseguiu impor os seus pontos de vista, com coligação ou sem ela. Surge assim a pergunta: Será que têm mesmo soluções diferentes das do PSD para  mercado?
No meu entender, não estando vinculado a nenhuma formação política, parece-me que aquela odiada tenda é apenas uma das chagas de um concelho que está coberto delas: Museu da Levada, Paredão da Rotunda, Barraquinha do Mouchão, Pavilhão e parque junto ao ex-estádio, ParqT, ciganos, Bairro 1º de Maio, Bairro Sra. dos Anjos, Envolvente ao Convento, Edifício do turismo municipal, ex- esquadra da PSP, instalações urbanas do Lar de S. José, Convento de Santa Iria e ex-CNA feminino, Ponte Marreca, Convento de S. Francisco, etc. etc. Tudo consequências de sucessivas vereações sem qualidade.
Porque, na verdade, penso eu, o nosso problema de sempre é esse mesmo -falta de qualidade em todos os domínios, da política ao ensino, dos blogues ao teatro, da comida à televisão. Quem anda por esse mundo ou tem acesso ao que se faz lá fora, sabe bem do que estou a falar. Enquanto da fronteira para lá e no hemisfério norte é ponto assente que "ou se faz com qualidade, ou mais vale não fazer", por estas bandas lusitanas, o importante é fazer, a qualidade não interessa. Por isso já chegámos aonde estamos, bem lançados para descair até que tal seja possível. Enquanto não compreendermos que o fundamental não é desenrascar, mas sim deixarmos de ser rascas, nada feito.
A onze meses das próximas autárquicas, é já possível antever que as hipóteses de virmos a trilhar outros caminhos não são muitas. O usual espartilho partidário propiciará mais uma vez o triste espectáculo de candidatos que intelectualmente calçam 36, ou nem isso, a voluntariar-se para funções que, para virem a ser bem desempenhadas -com a tal ambicionada e indispensável qualidade- exigem quem calce pelo menos 43, tromba larga, como a seu tempo se verá. De uma maneira ou de outra, que o futuro vai ser de quem saiba dizer e fazer; não de quem só saiba prometer.

Medo do futuro

Escolha o melhor candidato PSD para 2013 >>>

É o sentimento agora mais difundido em Tomar -o medo. Até eu tenho medo. Há porém uma diferença básica. Enquanto os meus prezados conterrâneos têm medo do futuro, do que aí vem inexoravelmente, porque se habituaram a viver o presente com saudades do passado, eu não temo o futuro, o único sítio para onde podemos ir. Temo, isso sim, os eleitores tomarenses. Não porque sejam más pessoas. São como eu. Apenas porque desde o 25 de Abril ainda não conseguiram acertar uma, no que se refere a eleições locais. Já sei, já sei! Foram enganados. Ou tiveram muito gosto em deixar-se enganar?
A pergunta impõe-se visto que, mesmo na actual envolvência de evidente desgraça, há muito quem insista em ver a realidade do avesso. Quando, por exemplo, lêem o que escrevo, na Internet ou no Cidade de Tomar, tendem a murmurar com os seus botões, e até com os amigos, que "este gajo é do bota abaixo; só sabe é dizer mal; fazer crítica negativa". Pois...

Sucede que não é nada disso, mas exactamente o oposto. Estou à vontade para o dizer, uma vez que não devo satisfações a ninguém, nem pretendo vir a fazer carreira, na política ou fora dela. Assim sendo, bem gostaria de poder louvar, de dizer bem, de apoiar. Mas de quê e o quê? Podem dar-me algum exemplo? Conclusão minha: não sou eu que tenho o "apreciómetro" avariado; são os eleitos e técnicos que temos que tendem a meter água em tudo o que decidem ou fazem. Seguem mais dois exemplos:

Caixa técnica ou caixa de visita da PT, instalada e acondicionada com calçada aquando das recentes obras de requalificação da Av. Vieira Guimarães, vulgo Estrada do Convento. A estrada reabriu ao trânsito há menos de dois meses.Por este caminho, dentro de uma ano como vai estar? Má língua minha? Ou uma vez mais mau trabalho de empreiteiro e da fiscalização?

Nova iluminação do Castelo dos Templários, com projectores colocados a 15 metros das muralhas. Aquela sombra de árvore fica ali mesmo a matar, não fica? E, para resolver o problema, não lhe dou muito pela vida. Está em mau sítio, em má altura. Instalar os novos projectores a meio da sapata, nos sítios dos anteriores, que dizem ter sido roubados, dava muito trabalho, e os empreiteiros não estão para isso. Querem é muito dinheiro, que os "encargos" são cada vez mais.

Vista nocturna do castelo e baixa de Salzburgo (Áustria), para os leitores poderem comparar um trabalho bem feito, a partir de um projecto bem executado, com outro que nem tanto. Mas é o que temos tido. Infelizmente. Será em 2013 que o eleitorado tomarense finalmente mata o borrego? Tenho dúvidas, mas ainda não perdi a esperança.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Análise sucinta da imprensa regional

Vote na sondagem sobre melhor candidato PSD >>>





A reportagem da cerimónia de ratificação da candidatura de Anabela Freitas pelo PS é a peça dominante da imprensa regional de hoje. O trabalho mais detalhado é o do Templário, conquanto os outros dois também estejam escorreitos. Tendência dominante: José Gameiro, o maioral distrital socialista, ou foi infeliz ou teve duas escorregadelas. A primeira logo a abrir. Proclamar que usava da palavra "por direito próprio", quando ninguém lhe tinha perguntado nada, não lembra ao diabo e revela uma deslocada basófia de quem parece pensar que Tomar é assim a modos que uma sucursal de Santarém, em que os campinos se devem submeter ao feitor.
A outra é ainda pior, se tal é possível. A dado passo da intervenção realçou que "Anabela Freitas é uma mulher com agá grande", trocadilho que não caiu nada bem entre a assistência. O Mirante, por intermédio do seu Cavaleiro Andante, "confessa que não percebeu a comparação sexista, mas também não deve ter sido o único". Já O Templário opina que se tratou da "gafe da tarde". E um outro profissional, que solicitou o anonimato, acha que, seguindo o mesmo raciocínio do orador, "Luís Ferreira  poderá ser um homem com éme pequeno mas com um coiso grande e uns apêndices a condizer. Ou será antes um homem com éme grande e o resto a condizer?"
No que concerne às manchetes, Cidade de Tomar alerta uma vez mais para a problemática hospitalar, uma área que não tem corrido nada bem para Tomar, apesar de sucessivas manifestações e algumas idas a Lisboa, tudo praticamente em vão, o que terá desmotivado prematuramente muitos dos participantes. A política é uma actividade muito exigente, embora nem sempre assim pareça, pelo que os cabotinos fariam melhor caso decidissem dedicar-se à pesca ou coisa semelhante. Poupariam tempo e paciência a todos os que honestamente procuram defender os interesses nabantinos, sem procurar dar nas vistas.
Quanto ao Templário, diz que "Assaltam casas durante os funerais". Será o mesmo grupo que no concelho de Ourém assalta automóveis, enquanto os respectivos donos estão nos cemitérios? Aguardemos pela acção das forças policiais.
Ainda no Templário, destaque para uma novidade. Pela primeira vez desde há longos meses, o semanário toma posição, criticando com aspereza o excessivo conformismo do bispo de Santarém, segundo o articulista algo divorciado da realidade do distrito.  Está na página 5 e tem por título "Esperança?" A ler sem falta.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Desabafando

Já votou na sondagem do lado direito? >>>

Era para manter um prudente silêncio sobre o assunto, pois sei muito bem que nesta santa terra se é geralmente olhado de soslaio quando se ousa ter razão antes do tempo. Falo da situação a que chegámos, como concelho que já liderou a zona, posição agora ocupada por Ourém. Vai por aí uma despropositada euforia, ao que julgo alimentada pela ignorância da bicuda situação em que nos encontramos.
Enganam-se os candidatos já designados e os pretendentes a tal, se pensam que na próxima campanha eleitoral bastarão as bacoradas do costume e outras insanidades, para conseguir os indispensáveis votos. É grande a desilusão dos eleitores, que em grande número vão proclamando desde já que não tencionam votar. Além desta evidente aversão ao sufrágio directo, provocada por sucessivas e gravosas desilusões, há que ter em conta um aspecto até agora mantido sob silêncio: a natureza das inevitáveis medidas a tomar e implementar, como condição para mudar de rota. No meu tosco entender, nenhuma faz parte do usual catecismo socialista, o que vai complicar e de que maneira a candidatura da Dona Anabela & Companhia. Vejamos.
Ante a dívida acumulada, a penúria reinante, o actual volume de despesas certas e permanentes, bem como os preços e taxas a cargo dos munícipes, importa quanto antes, como condição sine qua non para a retoma local, encolher despesas, diminuir preços e taxas, reduzir drasticamente a burocracia, rarear e tosquiar subsídios, eliminar chefias, suprimir serviços, cobrar ocupações até agora gratuitas, e assim sucessivamente. Sucede que toda a esquerda, incluindo o PS, age geralmente em conformidade com uma cartilha que postula exactamente o oposto: aumentar despesas, incrementar o emprego na função pública, aumentar preços e taxas, expandir a burocracia, aumentar subsídios, promover funcionários, instituir serviços, alargar facilidades, e por aí adiante. O que significa que as medidas a tomar pela futura maioria saída das urnas em 2013 poderão ser tudo, menos socialistas. Assim sendo, que programa eleitoral coerente, realista e exequível vão poder apresentar os socialistas locais? Confesso que não estou a ver. Haja quem me esclareça.

Mau início para o PS Tomar

Antes de iniciar a leitura do texto infra, faça favor de votar, do lado direito deste ecrã, clicando primeiro na bolinha da sua escolha e depois em "votar". Obrigado.


Infelizmente para todos, não se pode dizer que o arranque do PS Tomar para as eleições de 2013 tenha sido um êxito retumbante. A cerimónia na cafetaria do Convento de Cristo -assim uma espécie de beija-mão à norte-coreana- desencadeou uma onda de contestação entre os socialistas locais. Já se fala em demissões e alguns militantes mais conhecidos não se coíbem, em privado, de considerar que a comissão política não funciona e o secretariado se limita a carimbar decisões já tomadas alhures. Numa frase mordaz, há até quem afirme que aquilo já não é o PS mas apenas a firma Ferreira & Freitas S.A.
No meio desta balbúrdia, a líder local em título e futura cabeça de lista -que muitos tomarenses consideram um puro produto do nacional-facilitismo, do ensino politécnico e da função pública- também não tem sido muito feliz nas suas intervenções públicas. Logo na primeira alocução como candidata advogou a mudança, sem contudo especificar que mudança, quando, como, com quem e para quê. O pior que se pode fazer, numa envolvência agreste como a presente, com uma larga maioria angustiada perante o futuro sombrio que se adivinha, quando o que as pessoas esperam são palavras realistas e de esperança.
Falou igualmente da abertura do PS para um consenso local com todas as forças partidárias, desde que liderado por ela. Reconhecimento implícito de que todos os outros políticos locais não passam de simples tótós, incapazes de liderar qualquer projecto. Mesmo que fosse verdade -e não andará longe disso- é das tais coisas que nunca convém admitir ou sequer dar a entender, como é o caso. De resto, para que serviria o tal ambicionado consenso? Isso a candidata não explicou. É pena.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Mazelas tomarenses

Outra trafulhice

O caso do pavimento das casas de banho, antes noticiado nestas colunas, não é único. Pelo contrário. Ainda na mesma empreitada de requalificação da ligação pedonal entre a cidade e o convento, o principal argumento utilizado foi a necessidade de dotar a referida via com um colector de esgotos domésticos, para acabar com os esgotos conventuais a desaguar a céu aberto na Mata.


Esta foto, de 25 do corrente, mostra a actual situação. O requalificado caminho pedonal está em péssimo estado, devido às obras de iluminação do castelo templário agora em curso. Quanto ao falado colector de esgotos, há realmente uma caixa, mas só para vista. Para inglês ver, como dantes se dizia. Na verdade, os esgotos da parte poente do convento continuam a correr para a Mata, pois a ligação ao colector está por fazer, quase dois anos após a conclusão da obra em causa.


Tudo porque o IGESPAR, que inicialmente integrava uma parceria com a autarquia e o Parque Nacional da Serra de Aire e Candeeiros, acabou por borregar. Alegando falta de verba, nunca fez a parte que lhe competia, de cerca de 80 metros. De forma que o panorama continua a ser este que mostra a fotografia: esgoto doméstico a céu aberto, rumo à Mata. Conclusão provisória: a colocação do colector ainda não serviu para nada. Até quando? Se calhar até que os eleitos que temos e os tomarenses pagadores de impostos insistam em calar-se, uma vez que "quem cala consente" e "quem não se sente não é filho de boa gente". Diz o povo...

Mais obras estrambóticas






As cinco fotografias acima, obtidas no passado domingo, ilustram outros tantos aspectos do estado actual das obras em curso e de uma parte dos caminhos da Mata, a velha Cerca Conventual. Quando aqui há tempos a comunicação social tomarense noticiou o roubo de parte do material de iluminação do castelo, nem sequer fiquei surpreendido. Com esta crise, pensei, tudo é possível para governar a vida. Contudo, agora que tomei contacto com as obras em curso, levadas a cabo de forma praticamente clandestina, uma vez que nem a autarquia nem os media falaram até hoje no assunto, começo a ver as coisas de outra maneira. E a desconfiar.
É que os gatunos -se gatunos houve mesmo- estavam realmente muito bem informados, pois sabiam já que ia ser instalada outra iluminação. E prestaram um excelente serviço à autarquia e ao empreiteiro, poupando-lhes o trabalho de desmontar a iluminação antiga e de explicar à população as razões de tal substituição. Realmente muito oportunos, os ditos amigos do alheio, se os houve mesmo, conseguiram juntar o útil ao agradável. Apesar disso, com um bocadinho de sorte, um dia destes ainda nos vêm outra vez com a cantilena de que fenómenos, só no Entroncamento...
"Roubada" a rede anterior, está em curso a instalação de uma nova. Que me pareceu com dois sectores distintos: um que vai da extremidade norte do ex-Hospital Militar até ao ângulo sudeste da Porta de S. Tiago, outro do campanário do sino de alarme, do lado esquerdo da Porta do Sol, até à divisória com a antiga Horta do Conde, 50 metros para cá da Porta da Almedina. O primeiro troço está dotado com projectores enterrados, do tipo daqueles que em tempos houve na Corredoura, que por manifesta inutilidade acabaram por ser removidos. O outro sector, vá-se lá saber porquê, está a ser equipado com aqueles horriveis blocos de betão, tipo obstáculos anti-carro, colocados dez metros mais longe em relação aos anteriores projectores.
Sendo ainda prematuro apontar os vários inconvenientes das opções adoptadas, salta desde já à vista que, em caso de incêndio naquele sector da Cerca, as viaturas de bombeiros, designadamente os autotanques, não vão ter a vida facilitada. É também óbvio que a solução encontrada pode ser muito adequada. Estética não é de certeza. Finalmente, fazendo votos para que não venham a existir problemas do arco da velha com os novos cones luminosos, muito mais volumosos que os anteriores devido à nova distância dos projectores, tudo parece indicar que, mesmo antes de inaugurada, a futura iluminação já está tecnicamente ultrapassada.
Tal como os eleitos da oposição e os jornalistas locais, que até à data, se sabiam de semelhante aberração, optaram pelo silêncio. E quem cala consente.

Já acabou de ler? Já votou, do lado direito deste ecrã? Não? Então vamos lá! Clique na bolinha da sua escolha e depois no rectângulo "votar". Deus lhe pague, que estou sem trocos.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Os que se julgam donos dos tomarenses



 Sinalização turística no interior da Mata, junto às ruínas do lagar.

Sinalização turística no interior da Mata, junto à Torre da Condessa
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 Acesso ao Convento pelo Portão do Lagar.

Acesso ao Convento pela Torre da Condessa, impróprio para cardíacos e pessoas com dificuldade de locomoção.

É do conhecimento geral que quem manda na autarquia não são os eleitos, mas meia dúzia de funcionários, pelas mais diversas razões. Sabe-se igualmente que tais funcionários e os seus subalternos têm por adquirido que os tomarenses são propriedade da autarquia, pelo que devem obedecer e não refilar. Exagero? É o que afirmam os visados, garantindo que não senhor. Pelo contrário. Os funcionários sempre estiveram e continuam lealmente ao serviço da comunidade tomarense.
Infelizmente, certas situações não permitem dúvidas. Como a que se passa a descrever.
Após grande alarido publicitário sobre a renovada ligação pedonal cidade > convento pela Cerca, eis que afinal tal coisa deixou de existir. Tomar a dianteira está em condições de testemunhar que há várias semanas que não há possibilidade de chegar ao Convento através da Mata, pelo menos aos sábados, domingos e feriados. Quando há mais visitantes. Tudo porque os empregados do empreiteiro das malditas obras da Envolvente ao Convento andam neste momento a executar mais uma palermice monumental (cuja descrição detalhada fica para o próximo texto) e resolveram fechar o Portão do Lagar, única via disponível, dado que o IGESPAR nunca aceitou manter aberta a porta da Torre da Condessa, e a autarquia também nunca protestou.
Em qualquer outra cidade, turística ou não, mas com eleitos e funcionários educados, respeitadores dos cidadãos locais e dos visitantes, teriam sido colocados painéis em cada entrada (em português, espanhol, francês e inglês), informando não ser temporariamente possível chegar ao Convento pela Mata, ou à cidade pela mesma via.  Em Tomar porém, como na óptica de quem manda é tudo gado propriedade da autarquia, sendo certo que "manda quem pode e obedece quem deve", não vale a pena gastar cera com tais defuntos. Em protesto, aqui fica o velho grito de Manuel Alegre: "Há sempre alguém que diz não!"  

MAZELAS TOMARENSES

Já votou na sondagem aqui do lado direito deste ecrã? Não?! Então vamos lá! Clique na bolinha antes da indicação que escolheu. Depois clique no rectângulo laranja (!) "VOTAR", em baixo. O seu voto só aparece contado na visita seguinte.

A trafulhice


Alertado por pessoas amigas, como eu muito preocupadas com o futuro desta terra e dos seus habitantes, resolvi percorrer o tão falado percurso pedonal paivino, rumo ao Convento através da Mata. De passagem, pensei para com os meus botões que a vida não é só pagar equipamentos para outros se servirem. Vai daí, fui utilizar as novas instalações sanitárias, logo à entrada, do lado esquerdo. Luxuosas, como se pode ver nas fotos. Até têm uma imponente recepção, que a julgar pelo caminho que isto leva, ainda há-de vir a servir para cobrar bilhetes de entrada.
Fiquei desiludido ao constatar uma vez mais que não há manutenção adequada. Os equipamentos estão lá, mas vazios. Ontem de manhã não havia papel higiénico, nem sabão, nem toalhetes de papel, nem secadores. E a limpeza também não era das melhores.
Em contrapartida, há indicações infantis (ver foto). Se instalaram sensores de movimento para a iluminação, porque não fizeram outro tanto para as torneiras? Eram demasiado caras?
Na linha daquilo que já se vai transformando numa tradição, não podia faltar também numa obra destas, uma daquelas espertezas saloias... 







em somos mestres. Neste caso, numa instalação bem decorada e com bons equipamentos, tinha forçosamente de haver uma trafulhice, como forma de conseguir "óleo" para untar certas "engrenagens".
Como é sabido, em conformidade com normas europeias e nacionais, qualquer particular (café, pastelaria, restaurante, casa de pasto, hotel, habitação, etc.) é obrigado a ter instalações sanitárias com o piso forrado a mosaico ou ladrilho anti-derrapante. Caso não cumpra, não lhe dão o alvará ou a licença de utilização. Pois nestas retretes da Mata o dono da obra -que somos todos nós, os pagantes do costume- foi intrujado, como mostra a última foto. Em vez de revestirem o solo com mosaicos ou ladrilhos, limitaram-se a pintar de azul a laje de cimento. O resultado está à vista. Em pouco mais de um ano de (pouco) uso, o aspecto já é de piso leproso. 
E até agora ninguém reparou na trafulhice evidente. Nem a fiscalização da obra, nem os fiscais da câmara, nem a ASAE, nem a comunicação social. Porque será?

domingo, 25 de novembro de 2012

Que candidato para o PSD em 2013?

Ora cá temos a sondagem que todos esperavam, uma vez conhecidos os resultados relativos ao PS e a ratificação de Anabela Freitas: Qual o melhor candidato PSD em 2013? Tal como para o PS, a pergunta é neutra e cada leitor de Tomar a dianteira só pode votar uma vez. Basta clicar no círculo antes de cada nome e depois em votar, que está no fim da lista. A escolha é vasta. Se mesmo assim nenhum nome agradar, restam duas hipóteses: Outro filiado no PSD ou Outro independente. Os leitores podem votar durante os próximos 14 dias. Está à espera de quê?!?!?

Pobres e ricos

Correio da Manhã, 25/11/2012

Se, após ter lido o texto anterior, ficou com a ideia de que a autarquia não tem dinheiro nem para mandar cantar um cego, desiluda-se. Está redondamente equivocado. O que temos realmente é uma população pobre (de espírito e não só...), mas uma autarquia rica. É verdade que quando aqui se escreve semelhante coisa, é-se logo apodado de aldrabão e outros elogios do mesmo calibre. Porém as notícias são como o algodão -não enganam.
Repare no mapa supra. Dos 309 municípios existentes, apenas 24 custeiam as iluminações de Natal e Ano Novo. qui na zona centro só Coimbra, Castelo Branco, Tomar e Porto de Mós. Com uma particularidade regional: nenhum informou quanto vai gastar com a folia feérica. Por estas bandas, o segredo continua a ser a alma do negócio.

Mazelas tomarenses

Custa muito, mas tem que ser. Quando está a chover, não é honesto informar que o céu está límpido e faz sol. O mesmo em relação à nossa querida terra. Todos sabemos que a doença é grave e os respectivos sintomas cada vez mais numerosos e evidentes. Seguem-se mais dois:


Na Rua Aurora Macedo, sector poente, em pleno núcleo histórico e a 50 metros dos Paços do Concelho, um longo troço da calçada está assim há meses. Cansado de esperar pela reparação, o vizinho do lado já resolveu colocar aquele improvisado mas muito útil sinal de perigo. O mais curioso é que entretanto os calceteiros camarários já por aqui andaram pelo menos duas vezes. A mais recente foi na sexta-feira passada, quando repararam duas outras mazelas. Mas informaram que não tinham ordem para cuidar desta que a fotografia mostra. Coisas da burocracia autárquica. Mas que culpa têm os moradores que os funcionários e os eleitos nem sempre se entendam?


Continuam a proliferar por estes lados as reuniões, simpósios, seminários, conclaves, congressos, conferências, etc. A maior parte das vezes sobre turismo mais isto e turismo mais aquilo. Honra lhe seja prestada, o presidente Carrão vai a todas e em todas usa da palavra, para se gargarizar com os extraordinários recursos monumentais e paisagísticos desta terra e com o brilhante futuro que aí vem  Só não diz é quando.
É fora de dúvidas que caso houvesse aqui pelas margens do Nabão por exemplo um auditório capaz, devidamente equipado, um pavilhão multi-usos com as medidas internacionais e uma estrutura humana susceptível de fornecer eventos "prontos a usar", outro galo nos cantaria. Mas não há. Nem haverá tão cedo. Por agora o que temos são mazelas e mais mazelas, bem como equipamentos milionários de pouca ou nenhuma utilidade, devido a erros de planeamento e de projecto. Ou à falta de uma coisa e outra.
E depois há também as pequenas lacunas, a revelar desinteresse, desmazelo, deixa andar. Como esta sinalização, ali à saida do Hotel dos Templários, junto ao jardim. Assim como está, o painel serve para quê? Para ornamentar? Tenham vergonha!

sábado, 24 de novembro de 2012

Socialistas tomarenses confirmam candidata

Um aspecto da cafetaria conventual, a funcionar num magnífico salão renascentista.

Hugo Cristóvão no púlpito

Uma centena de eleitores compareceu esta tarde na cafetaria do Convento de Cristo, para participar na confirmação de Anabela Freitas como cabeça de lista socialista nas autárquicas de Outubro próximo. Houve música de metais, com um dos presentes a estranhar o seu carácter triunfalista, que considerou prematuro. Notou-se a ausência dos dois anteriores cabeças de lista socialistas, respectivamente Carlos Silva e José Vitorino. A confirmar uma vez mais que a política activa tende a queimar.
Durante a votação, reservada aos militantes PS que fazem parte da respectiva comissão política, ou são autarcas, registo para um protesto de José Mendes, ex-presidente da Assembleia Municipal, que lamentou ter sido impedido de falar anteriormente, reprovou o facto de não ter havido debate prévio sobre a candidata e informou recusar-se a votar, por não haver cabine isoladora nem boletins com o nome já impresso, o que forçou cada um dos votantes a inscrever o nome da candidata no boletim de voto, sob o olhar atento dos membros da mesa. Alguém murmurou, já à saída, que na Coreia do Norte ou na China ainda não descobriram nada mais aperfeiçoado. Um evidente exagero, uma vez que se tratava apenas de ratificar algo anteriormente decidido.
Efectuada a contagem, verificou-se unanimidade dos votantes, que assim confirmaram o que já haviam  consensualizado anteriormente, em lugar próprio e longe dos olhares sempre indiscretos dos jornalistas e outros curiosos. Vamos ter assim, nas autárquicas de 2013, uma lista socialista encabeçada por Anabela Freitas, com Hugo Cristóvão em segundo lugar e Luís Ferreira em terceiro. Para o quarto lugar há três hipóteses: António Alexandre, Anabela Estanqueiro e Hugo Costa.
Seguiram-se os usuais discursos de congratulação e apoio, com destaque para o do presidente da federação distrital de Santarém, assim uma espécie de bispo socialista. Felicitou a candidata, que disse conhecer há muitos anos, louvando as suas qualidades, o seu empenhamento e a sua vontade de vir a presidir aos destinos de Tomar. Acrescentou que Anabela Freitas "tem um projecto sólido". Fiquei tão surpreendido, por ser a primeira vez que tal acontece desde o 25 de Abril, que até perguntei ao vizinho do lado, para ter a certeza de que não ouvira mal. Mas não. O bispo socialista disse mesmo que a candidata "tem um projecto sólido", uma novidade absoluta por estas bandas. Agora resta aguardar a apresentação e discussão do mesmo. Ou pelo menos das suas grandes linhas, bem entendido já com objectivos tácticos e estratégicos, articulações e previsíveis fontes de financiamento. Tempo ainda há muito. As eleições serão só dentro de onze meses. O pior é o resto.
Um registo final para o lema da candidata: "Um novo futuro. As pessoas estão primeiro." Quanto ao futuro, a ver vamos, como dizia o cego, que nunca chegou a recuperar a visão. Sobre as pessoas que estão primeiro, não tenho qualquer dúvida, designadamente quando toca a pagar as espertezas saloias dos senhores governantes e autarcas.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Eis a triste situação

Le Monde, 21/11/2012, página 3

Este mapa mostra o estado financeiro da Zona euro. Os países com menos dificuldade estão a azul escuro e são cinco: Alemanha, Áustria, Finlândia, Holanda e Luxemburgo. Excepto a Finlândia, têm uma bolinha preta, a indicar que as perspectivas são negativas.
Portugal está na parte inferior do meio da tabela, com a classificação Ba3, enquanto que a Irlanda tem Ba1. O que significa que os irlandeses estão no topo e nós na base da categoria. Ambos os países têm perspectivas negativas.
Pior do que nós só os gregos, com C, mas ainda assim sem perspectivas negativas. A situação deles é tão má que já não pode piorar. Enquanto que a nossa...
Isto promete!

PS Tomar: Ratificar ou rectificar???

A - Apreciação técnica

A sondagem de Tomar a dianteira, que ontem terminou, constitui uma novidade absoluta em Tomar, tanto pelo tema como pela participação conseguida. Impõe-se portanto proceder com todo o cuidado à análise dos seus resultados, que terão surpreendido muitos leitores, incluindo este vosso servidor. É o que se vai procurar fazer.
 1- Ensina-se em todas as boas escolas de jornalismo que "A opinião é livre, mas os factos são sagrados". Significa isto que cada um pode pensar o que quiser, sendo no entanto eticamente obrigado a respeitar a realidade, as coisas tal como aconteceram, sob pena de vir a passar por troca-tintas, mais tarde ou mais cedo.
2 - A sondagem de Tomar a dianteira respeitou a transparência, o anonimato e a imparcialidade, tendo utilizado um aplicativo comprovado e não manipulável, bem como uma pergunta neutra, logo insusceptível de influenciar os votantes. Os resultados são por isso totalmente credíveis, ainda que naturalmente sujeitos à crítica.
3 - Ao obter-se 217 votos, conseguiu-se a maior participação de sempre, praticamente o dobro da conseguida há quase três anos, na sondagem sobre uma solução para o mercado. Significativamente, a percentagem de eleitores anda à volta dos 50% dos leitores usuais do blogue, uma vez que, segundo o contador Google, Tomar a dianteira registou ontem 445 visitas. Comparativamente, nas autárquicas de 2009 a taxa de abstenção foi de 41,21%, e de 41,34% nas legislativas de 2011. Existe portanto uma certa relação, que não será só fortuita.
4 - Hugo Cristóvão venceu largamente a candidata já escolhida pelo PS, ao conseguir 50 votos = 23%, quase o dobro de Anabela Freitas, com 29 votos = 13%. Logo a seguir ao ex-presidente do PS local aparece o inesperado Virgílio Saraiva, que averbou 35 votos = 16%. Todas as outras figuras do PS local (António Alexandre, Luís Ferreira, José Vitorino, Zeca Pereira) ficaram aquém dos 5%.
5 - Os 76 votos = 35% em "Outro" englobam várias categorias de eleitores: os que não tencionam votar PS, os que votarão PS se o candidato for outro, os que só votarão PS se o candidato for X. Como é evidente só outra sondagem permitiria, ainda assim com alguma dificuldade, apurar a importância numérica de cada um dos três referidos subgrupos.

B - A minha opinião

A sondagem constitui, no meu entender, uma pesada derrota para Anabela Freitas e para os estrategas socialistas, uma vez que torna evidente, a 11 meses das próximas eleições, o enorme fosso que os separa dos cidadãos eleitores, mesmo dos usuais votantes socialistas. É simultaneamente uma folgada vitória para Hugo Cristóvão, por assim dizer a consagração do seu labor como líder dos socialistas locais e como deputado municipal. Outro vencedor é o inesperado Virgílio Saraiva, cujos 16% resultam, julgo eu, do seu posicionamento na ala esquerda do partido e, sobretudo, da sua acção sindical. Ao votarem nele, os seus eleitores sabiam bem que não se tratava de o indicar para hipotético cabeça de lista, mas apenas de lhe agradecer desse modo a militância política e sindical que tem desenvolvido com afinco e com brilho.
Perante tais resultados, os membros da Comissão Política socialista que amanhã vão decidir em definitivo quem vai liderar a lista PS em 2013 têm uma escolha díficil -rectificar ou ratificar. Caso optem por ter em conta os insofismáveis resultados da sondagem -que vão sem dúvida deixar marcas- terão de escolher outro cabeça de lista, susceptível de vencer em Outubro do ano que vem. Se, pelo contrário, optarem pela ratificação, entregam a Anabela Freitas uma espinhosa tarefa -espécie de via dolorosa longa de onze meses- para a qual parte, infelizmente para ela e para os simpatizantes socialistas, já ferida de asa. As coisas são o que são...
Haveria uma terceira hipótese: Adiar a decisão final para melhor oportunidade, tendo em conta a dramática situação local, nacional e internacional, que não pára de se agravar. Não está porém nos hábitos locais parar para pensar. A palavra de ordem é por assim dizer sempre "Prá frente que depois logo se vê!" Por isso já chegámos onde estamos.
Cá conto estar para ver. Tal como vi em tempo útil que Vitorino não era um candidato vencedor, ou que a coligação era um erro e que não duraria até ao fim do mandato...

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Análise sucinta da imprensa regional


A manchete d'O Mirante merece honras de abertura, embora não propriamente devido ao tema, como adiante se concluirá. Segundo a notícia, a dado passo da audiência, a juiza interroga o queixoso, que ficou sem 55 mil euros, extorquidos por um astrólogo africano pouco sério: -Qual é a sua profissão? -Sou reformado da maçonaria. -O que fazia na maçonaria antes de se reformar? -Era mação. -E como mação, o que é que fazia? -Assentava tijolos, rebocava paredes, punha mosaicos... -Então afinal era pedreiro. -Era sim senhora. Mas em França diz-se maçon.
Quanto ao astrólogo pouco honesto, foi mandado em paz, por não ter sido possível provar em tribunal que recebeu tal soma do queixoso. É no que dá quando se resolve não seguir as instruções do Gaspar. Se tivesse exigido facturas, pagava mais 23%, é verdade, mas o réu sempre era condenado...Que o dinheiro já deve estar em Africa há muito tempo... Ganda país!


Praticamente na mesma onda de fait-divers, que ao que se diz são excelentes argumentos de venda,  O Templário noticia "Sexo, droga e assaltos junto ao cemitério de Marmelais". Pelo menos no que concerne ao sexo, pode dizer-se que se trata seguramente de pessoal da esquerda radical. Isto porque, se nos idos de 60-70 do século passado se garantia que "A alvorada será vermelha", neste caso basta reparar na foto abaixo, copiada do semanário de José Gaio, para perceber, sem margem para dúvidas, que a introdução foi vermelha. Eles lá sabem porquê. Fazem lembrar aquela anedota do jovem que entra numa farmácia e pede preservativos pretos. Após breve procura, o empregado conclui que não tem e pergunta se têm de ser mesmo pretos. -Convinha, porque quero ir apresentar os meus pêsames a uma jovem amiga que ficou viúva...




Igualmente muito curiosa  a principal notícia de Cidade de Tomar: "Câmara vai receber 3,5 milhões de euros". Sendo verdade, trata-se contudo de uma visão parcelar do problema. Na realidade, a autarquia vai limitar-se a transformar dívidas de curto prazo em dívida de longo prazo. Com um inconveniente: passará a pagar juros, como já acontece com a curiosa negociação ParqT, que segundo Carlos Carrão custa a bagatela de 100 mil euros mensais. Nas barbas da oposição, que continua muda e queda, como se tudo isto fosse normal. E não estou a falar dos pagamentos que vão ser feitos, que os fornecedores não têm culpa alguma do descalabro autárquico tomarense.
Ainda no jornal de António Madureira, pode ler-se na página 5 que, segundo Augusto Mateus, que é presidente do conselho consultivo do Politécnico (ou coisa parecida), "O IPT é uma instituição viva, que reflecte sobre coisas importantes para o nosso futuro". A notícia conclui assim: "Recorde-se que na coordenação institucional do evento [1º Congresso de Turismo Cultural Lusófono] esteve António Pires da Silva [anterior presidente não doutorado ou mestrado do IPT] e na coordenação lusófona Manuel Coelho da Silva."
Em resumo, "Gaba-te cesto, que vais para a vindima" ou, noutros termos, o método mais seguro para conseguir ter êxito continua a ser o tradicional "fazer a festa, deitar os foguetes e ir apanhar as canas, para fazer foguetes para a próxima ocasião". Ganda país! Ganda terra!

Só até às 10 horas...

Está prestes a terminar a sondagem de Tomar a dianteira visando determinar, na opinião do leitorado do blogue, qual o melhor cabeça de lista para o PS nas próximas autárquicas. A respectiva análise detalhada será feita no texto de amanhã de manhã. Para já, é possível realçar dois aspectos importantes: 1 - A elevada participação dos leitores de Tomar a dianteira, acima de 50% da média diária, de acordo com o contador Google; 2 - O gritante fosso entre a escolha dos militantes socialistas através da sua Comissão Política (Anabela Freitas) e a opção largamente maioritária dos leitores de Tomar a dianteira resguardados pelo anonimato, garantia de imparcialidade (Hugo Cristóvão). Este último vem confirmar finalmente aquilo que por aí se apregoa há muito, mas que nunca tinha sido possível demonstrar com dados insofismáveis -o divórcio entre as cúpulas políticas locais e respectivos seguidores, por um lado; os eleitores não filiados mas preocupados e prontos a participar, por outro lado.
Cabe agora aos respectivos quadros e militantes proceder quanto antes no sentido de eliminar a burocracia partidário miudinha (de que é exemplo a recente regulamentação sobre candidaturas no PS, no qual se nota sem margem para dúvidas que a estrutura distrital e a nacional continuam a funcionar em regime de "quero, posso e mando") que vai afastando da vida pública os mais capazes, sem paciência nenhuma para aturar carreiristas videirinhos.
Em conclusão, se ainda o não fez, vote quanto antes, que o prazo está a acabar. E, citando a PT, "Até já!"

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Teoria da relatividade, políticos, águias, galinhas e outras aves

Num bem urdido e sucinto texto, encimado por uma excelente ilustração, o meu conterrâneo e amigo Hugo Cristóvão disserta no seu blogue sobre auto-estima, afigurações e imagem pública. Escreve em síntese que, para efeitos práticos, não somos aquilo que pensamos ser, mas o que os outros pensam de nós.
Concordando embora com tal ponto de vista, não resisto a relembrar que vivemos aqui em Tomar num problemático contexto. Desde as primeiras eleições autárquicas que o eleitorado tomarense no seu conjunto não tem conseguido acertar. A tal ponto que uma popular chalaça local assevera que Luís Bonet e Jerónimo Graça foram até ao presente os dois melhores presidentes eleitos: "Como não fizeram praticamente nada, também não estragaram." Nestas condições, com um corpo eleitoral que nunca elegeu até agora para presidente um militante partidário, mas apenas independentes, tendo escolhido tanto candidatos apagados como hiperactivos, que tanto condena a falta como o excesso de obras, que protesta contra o excesso de despesa, mas adora subsídios, facilidades e outras borlas, que crédito  conceder-lhe, quando emite opinião sobre concidadãos?
Acresce que, como bem viu René Girard, produto de uma sociedade de consumo, funcionamos em geral tendo como motor o desejo mimético: só ambicionamos aquilo que outros também ambicionam ou já têm. Por outras palavras, somos escravos da nossa própria inveja, porque afinal é disso mesmo que se trata.
Junte-se a esses dois factores uma ilustração da política nabantina, onde até agora não houve águias, mas apenas várias galinhas, que embora sendo aves, nunca voam, e temos um quadro bem sombrio, que pode ser resumido em quatro interrogações para bons entendedores: Podem-se esperar "golpes de asa" da parte de aves que nunca aprenderam a voar? É possível reverter a actual situação, dramática a nível local, sem "golpes de asa"? Será mais sensato acreditar em quem diz ter planos? Ou naqueles que, influenciados ou não pela inveja, sempre se enganaram até agora na hora de escolher?
Termino com uma citação de Arquimedes (287 - 212 antes de de Cristo): "Dêem-me um ponto de apoio e eu levantarei o Mundo."

Na imprensa de hoje

Antes de mais, uma pergunta: Já votou, aqui do lado direito do seu ecrã? Ainda não?! Mas então está à espera de quê?! Avie-se! Olhe que o prazo termina dentro de algumas horas. Depois não se lastime.


A verdade é como o azeite na água -acaba sempre por vir à tona

De cada vez que tenho a ousadia de escrever que, para começar a resolver a crise tomarense, é indispensável desmantelar o "polvo autárquico", o que implica a prévia redução dos funcionários da autarquia na ordem dos 30%, alguns dos visados acusam-me logo de inimigo dos funcionários, filho de uma senhora pouco séria, lacaio de não sei quem, e outros mimos do género. Isto apesar de ser voz corrente na cidade que muitos empregados da autarquia, entre os quais vários técnicos superiores, "não fazem nada; passam os dias a jogar às cartas nos computadores", segundo informações dos próprios colegas...
A verdade, que por muito dura que seja, não deixa de ser verdade, é que actualmente só o conúbio BE/PCP/INTERSINDICAL ainda defende, por razões óbvias, a redundante função pública que temos, com cada vez mais empregos e menos postos de trabalho. Julga que se trata de mera posição ideológica, de direita ainda por cima? Então faça favor de ler a notícia seguinte. E tenha a bondade de me desculpar, se contribuí para lhe cortar o apetite para o almoço. Com o que aí vem inevitavelmente, talvez não fosse pior ir começando já a fazer dieta. Quem te avisa... 


Jornal i, 21/11/2012, página 3

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A evolução não perdoa...

Foto O Templário

O inesperado e envergonhado (não há qualquer indicação nas portas do estabelecimento) encerramento do Café Santa Iria, é a notícia triste desta semana. Inaugurado no início da década de 70 e dirigido por um ex-empregado d'A Primorosa, cedo se tornou poiso certo e obrigatório de tomarenses conotados primeiro com o reviralho e mais tarde, após o 25 de Abril, com a esquerda e extrema esquerda. Ocupando uma antiga sacristia do convento adjacente, do qual herdou o nome, foi decorado e mobilado a partir de um projecto do arquitecto tomarense João Pedro da Mota Lima. Conviria por isso que os serviços competentes da autarquia procurassem providenciar no sentido de preservar pelo menos as mesas e as cadeiras, que são exemplares únicos.
Quanto à cessação de actividade -que se deseja provisória- não passa afinal de algo infelizmente corrente nas sociedades actuais. Tal como os seres vivos ou outras organizações menos complexas, os cafés também nascem, crescem, definham e morrem. O Santo Iria é apenas o caso mais recente, após o Transmontano, o Noite e Sol, a Veneza, a Samaritana, o Central, a Havaneza, a Primorosa, o Sellium, o Tomarense, o Diogo, o Arco Iris e tantos outros.
Ao que contam alguns livros, na hora de se finar, nos idos de 80 do século XVI, Camões terá exclamado "Morro com a Pátria!". Se falasse, outro tanto poderia gritar o Santa Iria: Morro com a cidade, cada vez mais uma aldeia porca!
É a vida, lamentaria o Guterres, aproveitando para lembrar que, de acordo com Schumpeter, a evolução mais não é afinal que uma permanente destruição criadora...

Acabou a leitura da infausta notícia? E já votou, aqui do lado direito do ecrã? Despache-se, que a sondagem encerra amanhã.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Desejos e realidades

Ontem foi Freitas do Amaral, hoje Luís Ferreira. Ambos garantem que a queda do governo estará para breve, baseando-se nos mais variados argumentos. Se quanto ao ex-líder centrista se entende que durante uma entrevista  aponte a tal mudança provável de primeiro-ministro, embora não esclareça qual ou quais as vantagens daí resultantes, em relação a Luís Ferreira, não se percebe o que o possa mover, para além de uma sempre condenável confusão entre desejos e realidades. Para mais, não se vislumbrando a nível nacional qualquer melhoria proveniente de um futuro governo, a nível local então, nem vale a pena pensar nisso.
Como é sabido, a crise tomarense tem causas locais, embora seja agora exacerbada pela situação de austeridade e respectivas consequências nefastas. Foi provocada por anos e anos de executivos ineptos e inaptos, infelizmente seguidos de outros com opções erradas, interesses espúrios, obras megalómanas e inúteis, má administração e deficiente controlo orçamental. Assim sendo, acenar com a eventual queda ou derrube do governo, quando se foi incapaz de agir no sentido de derrubar em tempo oportuno um executivo de maioria relativa e reputação largamente negativa, só pode ser uma manifestação de mal assumido masoquismo, à mistura com algum protagonismo cabotino. Os tomarenses precisam de quem seja capaz de inverter a presente situação cada vez mais dramática. Dispensam quem se entretenha com grandes análises nacionais, pois sabem muito bem que não temos qualquer influência a esse nível, para além do direito de voto e de protesto. É atrozmente pouco.

O nosso futuro próximo

O texto seguinte, subscrito por Jacques Attali, um dos mais reputados especialistas mundiais em prospectiva, socialista encartado e ex-conselheiro económico de Mitterrand e Sarkozy, tem o mérito da franqueza e da simplicidade. Mostra sem rodeios o que aí vem, apontando uma via para ultrapassar esta já longa crise. É por isso um viático fundamental, tanto para autarcas como para governantes nacionais, convindo que uns e outros o leiam com toda a atenção e abandonem de vez a ideia de milagres ou de homens providenciais. Fátima não é longe, mas mesmo lá, já há algum tempo que se deixou de falar em milagres...

"Mar alto ou recifes da costa?"


"Há uma argumentação que está neste momento muito na moda em Paris: reformas estruturais para quê? A crise financeira planetária está quase a acabar; o mundo está no final de mais um ciclo económico; o crescimento económico não tarda, sobretudo no Ocidente, primeiro nos Estados Unidos e depois na Europa. Nessa altura o desemprego baixará em França, e a zona euro encaminhar-se-à pouco a pouco para o federalismo, que todos os países membros vão aceitar sem sobressaltos particulares, mediante reformas institucionais e homeopáticas.
Há alguns indícios a favor desta tese: uma retoma do sector imobiliário  nalgumas regiões dos Estados Unidos; o consumo e o emprego também aumentam e a situação só poderá melhorar doravante, dizem alguns, agora que as eleições já passaram e graças aos formidáveis progressos técnicos que aí vêm. A Ásia e a África estão em plena explosão económica, com taxas de crescimento superiores a 10% em muitos países. Finalmente, a renovação do poder na China vai acabar com as últimas incertezas. A zona euro, doravante unida no desejo de conservar a sua integridade, será arrastada por essa vaga de crescimento económico, como um barco empurrado pela corrente para o mar alto.
Todavia, outros factos tão importantes como os anteriores apontam em sentido inverso. Nos Estados Unidos, a necessidade de controlar a dívida interna e externa vai provocar decerto, a partir de Janeiro de 2013, aumentos de impostos que originarão uma nova recessão, bem como uma redução do valor do dólar, catastrófica para a Europa. Além disso, nada está ainda resolvido na zona euro. A situação económica, social e política agrava-se na Grécia, cuja dívida pública se encaminha para os 200% do PIB, com todos os planos de austeridade a falharem sucessivamente; em breve vai acontecer o mesmo em Portugal, em Espanha e na Itália. Os franceses e os alemães ainda não chegaram a acordo sobre os mecanismos a implementar para financiar os bancos e os Estados. E nenhum dirigente francês ou alemão tem a coragem de confessar aos seus eleitores que salvar a moeda única vai custar a cada um dos dois países mais de cem mil milhões de euros, mas que deixar o euro explodir custaria ainda mais caro. Nada está ainda pronto para entrar em vigor um orçamento federal, capaz de emitir euro-obrigações, as únicas aptas para financiar essas necessidades imensas.
Mais grave ainda, mesmo admitindo que o crescimento económico mundial vem aí, não estamos numa crise com um regresso ao ponto de partida. Antes, como em 1929, numa longa mutação em direcção a um mundo novo; uma crise da qual alguns países vão sair num estado ainda pior do que no início, como barcos arrastados por uma onda mais alterosa para os recifes da costa.
Por outras palavras, poder-se-à assistir lá para o fim de 2013 a um avanço no crescimento económico e até a um regresso duradoiro do crescimento mundial. Mas, a acontecer, será enganador para a Europa e para a França, porque sem garantia a longo prazo.
Pelo que só se pode compreender o que convém fazer agora tendo em conta uma visão da História muito mais longa que aquela que implicam os períodos eleitorais. E aqui, torna-se claro que a Europa não sairá da crise sem a adopção voluntarista e urgente de um federalismo orçamental, sem o qual a França não vai poder conservar o seu nível de vida senão tendo a ousadia de reformas fundamentais, enumeradas desde há muito.
Apostar na retoma económica mundial como substituto das reformas estruturais é muito tentador. E politicamente confortável. Mas, creio eu, trata-se de uma aposta com uma hipótese em cinco de ganhar a curto prazo, 1 em 10 a médio prazo e nenhuma a longo prazo. Acham satisfatório?"

Jacques Attali, Perspectivas, L'EXPRESS, 07/11/2012, página 82

domingo, 18 de novembro de 2012

Há mesmo políticas alternativas credíveis?

A questão das eventuais alternativas à actual austeridade, tão propugnadas por A. J. Seguro, já aqui foi desmontada, no post "Um sonho que durou pouco", de 12 deste mês. Contudo, para que não prevaleça a ideia de que se tratava de uma  opinião externa, segue-se outro ponto de vista sobre o mesmo assunto, desta vez de um economista português. Faça favor de ler e não se esqueça de votar, aqui do lado direito do ecrã, caso ainda o não tenha feito. Pode estar em causa o devir de Tomar. Não lhe interessa?

"HERÓIS COM PÉS DE BARRO"

"Parece que o senhor François Hollande está em desgraça. O nível de popularidade caiu em seis meses para cerca de 41%, um dos mais baixos de que há memória para um presidente francês. É certo que o homem nunca inspirou grande confiança. A vitória nas eleições foi mais demérito de Sarkozy do que mérito dele próprio. Mas, vá-se lá saber porquê, tornou-se o herói improvável de uma esquerda europeia ansiosa por ter um.
Essa esquerda via no senhor Hollande uma espécie de anti-Merkel e, aparentemente, o próprio acreditou nisso. Durante a campanha eleitoral encheu o peito daquilo a que chamam "orgulho francês", uma espécie de bonapartismo serôdio, e prometeu  contrário daquilo que a chanceler alemã vem aplicando à Europa. O crescimento contra a austeridade, o investimento contra o rigor orçamental, diminuição da idade da reforma, ao contrário do que fez o seu antecessor, controle de preços e toda a restante cartilha da esquerda.
Conseguido o Eliseu, a primeira coisa que o senhor Hollande fez foi voar para Berlim, ainda que à segunda tentativa, para, esperava a esquerda, enfrentar a senhora Merkel. Saiu de lá com a vaga promessa de uma ainda mais vaga aposta comum no crescimento da economia europeia. Depois disso o senhor Hollande desapareceu na cena europeia, onde deixou de riscar o que quer que seja.  A frente interna reclamava pelo milagre anunciado e foi aí que o senhor Hollande caiu na realidade. E em popularidade.
O herói do crescimento comunicou tristemente aos franceses, esta semana, que vão ter de poupar 60 mil milhões de euros em cinco anos, ou seja um montante próximo do pacote de ajuda externa a Portugal. Reconheceu ainda que a França precisa de diminuir em 20 mil milhões de euros os custos do trabalho, para repor a competitividade da economia francesa. É conveniente recordar que, durante a campanha eleitoral, o senhor Hollande tinha garantido que os custos do trabalho não eram um problema.
E assim, num abrir e fechar de olhos, o senhor Hollande aderiu às políticas de rigor e austeridade, ainda que, segundo o próprio, para defender o crescimento. A quem é que já ouvimos isto? Bom, desde logo à senhora Merkel, a tão odiada inimiga da esquerda francesa, portuguesa e europeia em geral. Depois, já agora convém puxar pelos nossos galões, a Passos Coelho e a Vítor Gaspar. Por último: essa é a política da Europa do euro, imposta pelos alemães, para a qual era suposto o senhor Hollande ter uma alternativa. Não tem, como se vê. E não tem por uma razão muito simples: ela não existe, no actual quadro de uma economia global.
A demagogia e o populismo não conseguem esconder esta realidade. A França, como muitos países europeus, tem desequilíbrios graves que colocam em risco o financiamento da respectiva economia. Depois, como o próprio senhor Hollande reconhece, a economia francesa não está competitiva, necessitando baixar os custos unitários do trabalho. Lá como cá e na generalidade das economias europeias.
A solução de esquerda seria colocar as máquinas a imprimir dinheiro e colocar barreiras alfandegárias às importações, promovendo a inflação. Mas tal solução nem o antigo herói da esquerda europeia -François Hollande- se atreve a defender. Apesar de tudo, é mais digna a rendição ao pragmatismo que, como sabemos, não tem cor política."

Luís Marques, Massa Crítica, Expresso Economia, 17/11/2012.

Sobre o mesmo tema, não perca sob nenhum pretexto o próximo texto, da autoria de Jacques Attali, ex-conselheiro económico de François Mitterrand e ex-presidente da comissão nomeada por Sarkozy para elaborar um relatório sobre o desenvolvimento da França. 
Partindo do princípio que não há alternativa às políticas de austeridade, mostra quais são as duas hipóteses de evolução possíveis no actual estado das coisas.

Mazelas tomarenses

Aspecto do passeio poente da estrada de Leiria. A foto é desta manhã. Se ao transitar por aqui um cidadão for atingido numa perna, ou num pé, por um destes calhaus, a culpa será de quem? Do cidadão, pois claro! Quem é que o mandou passar por ali a pé? Não estava já farto de saber que há amiúde pequenos desmoronamentos? Julga que os eleitos e os funcionários municipais não têm mais com que se preocupar? 
Não se pode contar com o poder local para tudo. Cada um tem de cuidar de si. Cuide-se e cale-se!

Lixo acumulado nas traseiras da Câmara Municipal, fotografado esta manhã.

Desgraçada terra esta, onde tive a desdita de nascer e crescer, e onde gosto muito de viver. Há dinheiro para obras faraónicas, tipo Museu da Levada ou Envolvente ao Convento; para casas de banho com recepção ou com ar condicionado; para técnicos superiores supérfluos ou para compra de edifícios que logo a seguir são deixados ao abandono. Mas não há verbas nem vontade para elevar um murete e colocar uma rede retentora nas encostas da Estrada de Leiria, tal como não há recursos para proceder à recolha atempada dos resíduos sólidos -vulgo lixo doméstico- apesar das gravosas taxas pagas pelos munícipes juntamente com o recibo da água. Os três autarcas a tempo inteiro, afinal servem para quê? Valerá a pena continuar a viver em Tomar?

sábado, 17 de novembro de 2012

Leitura de fim de semana

Tencionava publicar uma crónica do ex-conselheiro de François Mitterrand, Jacques Attali, igualmente presidente da comissão nomeada por Sarkozy para elaborar um relatório sobre a modernização da economia francesa. Pensando melhor, só o respectivo título já deve dar que pensar aos responsáveis políticos locais, habituados ao marasmo nabantino, mas agora visivelmente contrariados em plena convulsão europeia e mundial.
"Mar alto ou recifes da costa?" -assim se designa a supracitada crónica- fica para segunda-feira de manhã. Entretanto publica-se algo mais recreativo e adaptado ao fim de semana. Ora faça o favor de ler, para constatar que os portugueses não passam afinal de meros aprendizes nalgumas áreas.
E a propósito, já votou, aqui do lado direito do seu ecrã?

"Caça às pensões gregas"


"Quem diria que o calvário dos pensionistas gregos, amiúde apresentados como os mais atingidos pela crise, poderia mesmo assim ser invejado por outros? Pois é contudo o caso de muitos dos seus vizinhos balcânicos, sobretudo búlgaros e romenos. Alguns milhares deles já entregaram requerimentos de passagem à reforma, junto da IKA-Etam, a principal instituição grega de segurança social. Antigos trabalhadores sazonais ou precários, procuram vir a conseguir a pensão mensal mínima, que é de 486 euros. Uma soma astronómica na Bulgária, onde a pensão média raramente ultrapassa os cem euros.
"Alguns perceberam que, devido às regras da União Europeia, bastava ter descontado apenas alguns meses na Grécia, para ter direito à pensão mínima, explicou-nos um funcionário do ministério búlgaro das finanças, com ar divertido. A notícia propagou-se como um rastilho de pólvora entre todos aqueles que já trabalharam no nosso outrora opulento vizinho do sul."
Caso os requerimentos venham a ser aceites, estes reformados raianos podem requerer igualmente na Grécia uma pensão suplementar de 230 euros. atribuída aos mais desfavorecidos. O  suficiente para levar uma "vida de pachá", segundo um jornal de Sófia, a capital, que com todo o gosto conseguiu localizar alguns búlgaros habilidosos que recebem pensões gregas. A operação vale a pena, num país cujo salário mínimo é de 135 euros mensais e onde os preços são muito convidativos, mesmo para os padrões gregos.
Os pensionistas gregos -os verdadeiros!- foram de resto os primeiros a perceber isso mesmo. Desde o início da crise, centenas deles instalaram-se do outro lado da fronteira, na cidades búlgaras de Sandanski e Petritch, onde gastam as respectivas pensões, tornando muito felizes os comerciantes locais. "Graças aos reformados gregos conseguimos um incremento no sector dos serviços", disse-nos com visível satisfação Metodi Bisserkof, vice-presidente da câmara de Petritch. "Aqui consigo viver à rica!", garantiu-nos o ex-comerciante ateniense Kostas Michoulis, que sentia algumas dificuldades na Grécia, com a sua pensão de 600 euros mensais. "Mas por outro lado, ainda não consegui perceber como é que esta gente consegue viver com tão pouco", conclui Michoulis, grego de 67 anos, a viver na Bulgária há três.
Uma pensão grega para preços búlgaros... Dezenas de milhares de apanhadores de azeitona, serventes e ajudantes de enfermeiro, que trabalharam alguns meses ou vários anos do outro lado da fronteira, têm agora essa hipótese, susceptível de lhes vir a assegurar prosperidade e felicidade na sua própria terra. É verdade que, de acordo com a legislação grega, é necessário residir no país de modo permanente para ter direito à reforma e às ajudas sociais. Mas os espertalhuços já encontraram uma solução. Segundo o jornal económico grego Imerisia, funcionários corruptos arranjam facilmente atestados de residência para estrangeiros, mediante finanças. Os inspectores da IKA até já conseguiram descobrir que vários desses pensionistas búlgaros raianos têm exactamente a mesma morada. Outros há até que conseguem receber pensões sem qualquer relação com os anos de descontos. O referido jornal noticiou o caso de uma búlgara de 66 anos, há um ano a viver na Grécia mas que, de acordo com o seu processo, já descontava há 25 anos para a IKA. Simples erro informático, certamente..."

Alexandre Lévy, L'Express, 07/11/2012, página 41

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pode ser que finalmente...

Peço desculpa por insistir em traduções do Le Monde sobre a actuação do presidente François Hollande. Sucede que as esquerdas que temos tendem a difundir uma versão falsa da situação em França e uma visão enviesada da política do presidente socialista gaulês. Resta-me portanto tentar restabelecer a verdade factual, desta vez com o Editorial do Le Monde de ontem, subscrito pelo seu director. Façam favor de ler com cuidado, que o estilo é denso:

"Dizer a verdade de forma clara, até certo ponto..."


"Um triunfo. Se por acaso lesse a imprensa do dia seguinte -o que ele nega- François Hollande não poderia deixar de manifestar a sua satisfação. Graças à sua longa conferência de imprensa, em 13 do corrente, a primeira do seu quinquénio, o chefe de Estado seduziu os jornalistas. Os medias, que ainda há alguns dias atrás o criticavam asperamente, descobriram terça-feira passada um presidente responsável, sereno e determinado; um chefe à vontade na sua nova função, que defende com gravidade a coerência da acção do seu governo, que determina sem complacência o seu trajecto (o abandono do voto dos estrangeiros, por exemplo) e que nem hesita, quando necessário, criticar um membro da sua equipa ministerial (desta vez foi Manuel Vals), como forma de mostrar que está acima das questões partidárias e que o patrão é ele. Os que viam em Hollande um novo Queuille, incapaz de decidir, evocam doravante Churchill ou Mendès France, nada mais, nada menos! Na verdade, voltou a ser ele próprio: um social-democrata europeu, partidário do "socialismo da oferta" (há que produzir antes de distribuir), exactamente como foi antes da campanha eleitoral. Terça-feira passada tentou perspectivar o caminho percorrido pelo seu governo desde 6 de Maio. Embora possa haver algumas pequenas diferenças entre o que foi dito em Tulle e agora no Eliseu, não há de certeza, disse ele, na condução que assegura há um semestre, "nem curva apertada, nem curva larga". Os decretos de urgência de Julho passado (reforma aos 60 anos para algumas categorias de trabalhadores, aumento do salário mínimo), a austeridade e a pancada fiscal de Setembro (o orçamento e o défice de 3%), o pacto de competitividade de Novembro (crédito de imposto para as empresas): cada um dos marcos deste percurso é assumido pelo presidente. Mesmo as decisões que desagradam à esquerda, como por exemplo o aumento do IVA.
Está convencido que é esse caminho ainda inexplorado que vai permitir a recuperação do país. O chefe de Estado não esconde que se trata de uma via difícil: o desemprego vai aumentar nos próximos doze meses. "Não estou a governar para as próximas eleições, mas para a próxima geração", garante o presidente, fingindo indiferença perante a impopularidade do momento. Para já, os próximos passos estão marcados: haverá "compromisso histórico" entre os parceiros sociais, no que concerne às relações laborais e à reforma do Estado. Pela primeira vez, Hollande defendeu energicamente um redução massiva das despesas públicas. Mas apesar da argumentação forte e vigorosa, manteve uma certa indefinição sobre a maneira de conseguir tal redução.Questionado já no final [a conferência contou com a presença de 400 jornalistas e durou duas horas e 50 minutos] sobre se toda esta estratégia económica não constituía para a esquerda francesa "uma revolução copérnica", segundo a fórmula usada por um dos seus ministros, Pierre Moscovici, a propósito do pacto de competitividade, o presidente preferiu não responder directamente. Apesar da sua evidente vontade de dizer a verdade de forma clara, é ainda decerto demasiado cedo para o admitir."

Le Monde, Editorial, Erik Izraelewicz, 15/11/2012, 1ª página

Já votou, aqui do lado direito do ecrã? Está à espera de quê? 

A cor vermelha e o texto a azul são de TaD.

Boas notícias para Aguiar Branco?

Elementos das forças especiais USA num exercício em Maio, na Jordânia.

"Forças Armadas: as unidades de forças especiais muito apreciadas em época de austeridade

O Pentágono propõe aos aliados dos Estados Unidos a criação de uma rede mundial de unidades militares de elite"

"O Pentágono apresentou para debate uma proposta, que os seus aliados vêem com agrado, visando criar uma rede mundial de forças especiais militares. Ontem na Líbia, agora no Afeganistão, um dia destes no Mali, tais unidades estão cada vez mais no âmago das intervenções militares internacionais. Este tema foi discutido em Paris, em 7 e 8 de Novembro, aproveitando o encontro entre os estados-maiores americano e francês. Seguiu-se um seminário comemorativo do 20º aniversário do Comando das Operações Especiais (COS) francês.
O êxito das forças especiais baseia-se numa equação aparentemente simples entre  a economia de forças e a liberdade de acção. Os responsáveis destacam e gabam  a "formidável relação custo/eficácia". Mas numa época de forte austeridade orçamental, tal vantagem assume uma nova importância. Os responsáveis políticos são tentados pela redução das forças convencionais para apostar nas forças de elite, combinando a sua acção no solo com meios aéreos modernos (vigilância e bombardeamento).
O comando americano das operações especiais (US Socom) afirma enviar forças para 77 países, entre apenas alguns elementos e algumas operações com vários milhares de combatentes. Dispõe de um total de 66 mil homens, bem como de enormes recursos próprios (transporte, informação, comunicações...) com um orçamento anual de 10,4 mil milhões de dólares.
Por seu lado, as forças especiais francesas englobam 3.500 homens + Legião Estrangeira = 10 mil homens. O respectivo comando (COS) não dispõe de recursos pesados próprios. Coordena as forças da marinha, do exército e da força aérea.
O sucesso da "Operação Jerónimo", que culminou com a eliminação de Ben Laden, levada a cabo pelas forças comandadas pelo almirante McRaven, o patrão do US Scomom, veio a constituir um importante trunfo para Barack Obama. E no entanto, a organização que conduziu a tal sucesso é  muito recente à escala da História. Os comandos actuais nasceram de falhanços. No caso dos Estados Unidos, foi a operação lançada em 1980, para libertar os reféns da embaixada americana em Teerão, que foi um enorme fracasso, provocado pela descoordenação entre os vários serviços. A indispensável reforma só foi concluída em 1997, com a decisão do Congresso de criar um comando unificado das forças especiais, que os diversos ramos não viam com bons olhos.
Em França, foi a primeira guerra do Golfo que revelou a necessidade de um comando único. O COS foi criado em 1992 sob a autoridade do chefe de estado maior das forças armadas. Desde então essas unidades de elite têm vindo a crescer em importância: enquadramento das guardas presidenciais africanas, segurança pessoal, informação, negociação entre beligerantes, pistagem de criminosos de guerra, operações de influência, evacuação de compatriotas expatriados. Só em 2000 é que a componente "informação" (militar e civil) foi integrada no COS. E só aquando da Operação ARES, levada a cabo sob comando americano na região de Spin Boldak, no Afeganistão, entre 2003 e 2006 é que os comandos dos três ramos operaram realmente em conjunto no terreno."
(Para os eventuais interessados: Este texto é mais longo e termina assim:"Aumentar os efectivos das forças especiais, reduzindo as forças convencionais que são o seu viveiro natural, seria um perigoso erro, explicam os chefes militares. Por isso não deve ser uma prioridade". Mediante pedido devidamente identificado, terei todo o gosto em fornecer o resto da tradução.)

Natalie Guibert, Le Monde, 14/11/2012, página 4

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Análise sucinta da imprensa regional de hoje




Como os leitores devem calcular, fiquei entusiasmadíssimo com a manchete d'O Templário: após os congressos internacionais disto e mais daquilo, um burlão internacional julgado em Tomar, não é brincadeira nenhuma! Ainda por cima, segundo o mesmo semanário, o vígaro em questão diz-se técnico de turismo e proprietário de cinco agências de viagens, em Inglaterra, na Bélgica e no Brasil. Já há muito que sabia haver burlões vários ligados ao turismo. Contudo, um alegado técnico da especialidade a contas com a justiça aqui em Tomar, julgo ser a primeira vez. Apesar de haver por aí vários autoproclamados especialistas de turismo. Vamos dar tempo ao tempo.
O outro tema da semana vem na página 3 de Cidade de Tomar e versa sobre a eventual recuperação do Mercado Municipal. Eventual porquanto uma fonte credível garantiu a Tomar a dianteira tratar-se apenas de conversas e debates para ornamentar a questão, sendo certo que a autarquia não dispõe de verba disponível para o indispensável restauro dos pavilhões. Além de que a questão da cobertura em amianto, até agora omitida, ainda vai fazer correr muita tinta, de tal forma é complicada.
A agregação forçada de algumas freguesias continua também a ser notícia, com os respectivos presidentes a meu ver sem se darem conta que os tempos mudaram, as oportunidades não foram aproveitadas e agora há que cumprir as leis do país, quer se goste ou não.
Ficaram surpreendidos com algumas agregações, que não desejavam nem julgavam possíveis. Compreende-se. Mas porque se recusaram a propor outras soluções em tempo útil? Já viram algum comboio parar duas vezes na mesma estação, durante a mesma viagem? Eu não.

D'O Mirante, além da notícia sobre a recuperação do mercado, esta foto legendada, da habitual secção humorística Cavaleiro Andante. O semanário de JAE mostra  mais uma vez estar muito bem informado. Com ou sem a bênção episcopal, Tomar a dianteira pode adiantar que o actual presidente nabantino foi escolhido para dirigir a estrutura distrital laranja que está a preparar as próximas autárquicas, estando também em bom caminho para vir a ser designado cabeça de lista da coligação PSD/CDS à câmara de Tomar. Mesmo ao arrepio do pretendido pela actual comissão política social-democrata.

Concluiu a leitura? Então agora faça o favor de votar, do lado direito deste ecrã. Obrigado.

Concorda ou discorda?

Os membros da Comissão Política do PS - Tomar vão votar na próximo dia 24 -na Cafetaria do Convento de Cristo, local sagrado por excelência- o cabeça de lista socialista para as autárquicas de 2013. Conforme já aqui anteriormente referido, tudo indica que a vencedora antecipada é Anabela Freitas, em virtude do consenso interno antes conseguido. Há, contudo, rumores de alguma insatisfação, por parte de militantes que prefeririam a candidatura directa de Luís Ferreira. Eles lá sabem porquê. 
Procurando contribuir para o esclarecimento prévio da questão, Tomar a dianteira adicionou uma aplicação do lado direito do ecrã, na qual cada leitor pode dar a sua opinião votando. O período de votação termina em 22 de Novembro, último dia em que podem ser apresentadas candidaturas na sede do PS.
Está à espera de quê? Que lhe sirvam numa bandeja as soluções para os seus problemas? Mexa-se! Vote! Faça algo pela sua terra! Deixe-se de parasitismos bacocos!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Os liberais, esses malandros

Felizes os cidadãos de países livres onde continuam a imperar a educação, o protocolo e as boas maneiras. Nesta foto do Le Monde de ontem, vemos o presidente da república, François Hollande, seguido do seu primeiro-ministro Jean-Marc Ayraut. Apesar de amigos íntimos há mais de 20 anos, durante as comemorações do fim da segunda guerra mundial, em Paris, o segundo respeita rigorosamente o protocolo: três passos atrás do PR.

Não me acusem daquilo que não sou!

Numa bem urdida catilinária, o meu preclaro amigo Luís Ferreira apoda-me, em termos cordatos, de liberal encapotado, agora depois de velho, no seu blogue vamosporaqui.blogspot.com E aproveita para vincar uma vez mais que "sem crescimento não é possível pagar a dívida". No que tem inteira razão. O problema está em saber como é que se pode espevitar o crescimento económico sem aumentar ainda mais a já colossal dívida pública, gloriosa herança socratina. Os especialistas apontam geralmente uma de três vias: A - Pela procura, mediante o aumento da massa monetária em circulação; B - Pela oferta, mediante o incremento das exportações; C - mediante um mix de A+B. Qualquer das opções exige meios de que a depauperada tesouraria portuguesa não dispõe, nem virá a dispor tão cedo.
Aqui chegados, Luís Ferreira propõe logo o modelo alemão do pós-guerra, quando a pátria da senhora Merkel, que alguns especialistas alemães já baptizaram de "Merkiavel" (Ulrich Beck, Angela Merkel novo Maquiavel, Le Monde, 13/11/2012, página 20) foi pagando a sua gigantesca dívida com uma percentagem fixa do seu crescimento económico. Até nem seria nada descabido, não fora um pequeno detalhe que o estimado vereador socialista omite, quiçá involuntariamente: Portugal não pediu dinheiro à troika para pagar a dívida, mas apenas para ir liquidando os juros da dívida. Para ir gerindo a dívida, diria o anterior primeiro-ministro.  Assim sendo, que taxa de crescimento será necessária para assegurar uma coisa e outra, sem auxílio internacional? E como consegui-la? Com mais uns programas à la Sócrates, tipo Parque Escolar?
Não, meu caro amigo Luís. Não virei liberal, adepto dos Chicago boys, de Milton Friedmann. Nem coisa parecida. Apenas vou procurando, na modesta medida das minhas limitadas capacidades, manter alguma clarividência, evitando tanto quanto possível a cegueira ideológica. E para que possas constatar que estou muito bem acompanhado, farás o favor de ler a tradução seguinte:

"François Hollande e a via social-liberal"

"Feliz relatório Gallois, que se espera venha a marcar a viragem do quinquénio, seis meses apenas após a eleição de François Hollande. Era um nado-morto antes de ser publicado. Ei-lo agora em todas a bocas, tanto à esquerda como à direita. E no entanto, a opinião do antigo patrão da Airbus inflige uma dupla  afronta: à direita de Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy, que deixaram a França ficar para trás durante dez anos, dando assim razão às Cassandras, que denunciavam o declínio da nação; e ao Partido Socialista, pelo seu programa económico indigente, ao pretender que a França não tinha qualquer problema de competitividade, preferindo abrir a caça aos ricos.
François Hollande teve o mérito de agarrar o relatório com coragem, reciclando logo o "IVA anti-deslocalização" do seu predecessor. O chefe de Estado restabelece assim a coerência entre os seus actos e as suas opiniões, difundidas desde há algumas semanas, em off, junto dos seus conselheiros. Anuncia também, aos seus parceiros europeus, mais passos na mesma direcção, nomeadamente na flexibilização do mercado laboral.
Será conveniente não se deixar influenciar pela Frente de Esquerda ou pelos ecologistas, incentivando a política social-liberal. Não, não é nenhum palavrão, nem nenhuma injúria."

Arnaud Leparmentier, Le billet, Le Monde, 13/11/2012, página 2

Se ainda por cá andasse, o saudoso Fernando Pessa não deixaria decerto de usar a sua exclamação preferida: E esta heim?!?!