Elementos das forças especiais USA num exercício em Maio, na Jordânia.
"Forças Armadas: as unidades de forças especiais muito apreciadas em época de austeridade
O Pentágono propõe aos aliados dos Estados Unidos a criação de uma rede mundial de unidades militares de elite"
"O Pentágono apresentou para debate uma proposta, que os seus aliados vêem com agrado, visando criar uma rede mundial de forças especiais militares. Ontem na Líbia, agora no Afeganistão, um dia destes no Mali, tais unidades estão cada vez mais no âmago das intervenções militares internacionais. Este tema foi discutido em Paris, em 7 e 8 de Novembro, aproveitando o encontro entre os estados-maiores americano e francês. Seguiu-se um seminário comemorativo do 20º aniversário do Comando das Operações Especiais (COS) francês.
O êxito das forças especiais baseia-se numa equação aparentemente simples entre a economia de forças e a liberdade de acção. Os responsáveis destacam e gabam a "formidável relação custo/eficácia". Mas numa época de forte austeridade orçamental, tal vantagem assume uma nova importância. Os responsáveis políticos são tentados pela redução das forças convencionais para apostar nas forças de elite, combinando a sua acção no solo com meios aéreos modernos (vigilância e bombardeamento).
O comando americano das operações especiais (US Socom) afirma enviar forças para 77 países, entre apenas alguns elementos e algumas operações com vários milhares de combatentes. Dispõe de um total de 66 mil homens, bem como de enormes recursos próprios (transporte, informação, comunicações...) com um orçamento anual de 10,4 mil milhões de dólares.
Por seu lado, as forças especiais francesas englobam 3.500 homens + Legião Estrangeira = 10 mil homens. O respectivo comando (COS) não dispõe de recursos pesados próprios. Coordena as forças da marinha, do exército e da força aérea.
O sucesso da "Operação Jerónimo", que culminou com a eliminação de Ben Laden, levada a cabo pelas forças comandadas pelo almirante McRaven, o patrão do US Scomom, veio a constituir um importante trunfo para Barack Obama. E no entanto, a organização que conduziu a tal sucesso é muito recente à escala da História. Os comandos actuais nasceram de falhanços. No caso dos Estados Unidos, foi a operação lançada em 1980, para libertar os reféns da embaixada americana em Teerão, que foi um enorme fracasso, provocado pela descoordenação entre os vários serviços. A indispensável reforma só foi concluída em 1997, com a decisão do Congresso de criar um comando unificado das forças especiais, que os diversos ramos não viam com bons olhos.
Em França, foi a primeira guerra do Golfo que revelou a necessidade de um comando único. O COS foi criado em 1992 sob a autoridade do chefe de estado maior das forças armadas. Desde então essas unidades de elite têm vindo a crescer em importância: enquadramento das guardas presidenciais africanas, segurança pessoal, informação, negociação entre beligerantes, pistagem de criminosos de guerra, operações de influência, evacuação de compatriotas expatriados. Só em 2000 é que a componente "informação" (militar e civil) foi integrada no COS. E só aquando da Operação ARES, levada a cabo sob comando americano na região de Spin Boldak, no Afeganistão, entre 2003 e 2006 é que os comandos dos três ramos operaram realmente em conjunto no terreno."
(Para os eventuais interessados: Este texto é mais longo e termina assim:"Aumentar os efectivos das forças especiais, reduzindo as forças convencionais que são o seu viveiro natural, seria um perigoso erro, explicam os chefes militares. Por isso não deve ser uma prioridade". Mediante pedido devidamente identificado, terei todo o gosto em fornecer o resto da tradução.)
Natalie Guibert, Le Monde, 14/11/2012, página 4
Natalie Guibert, Le Monde, 14/11/2012, página 4
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