Num bem urdido e sucinto texto, encimado por uma excelente ilustração, o meu conterrâneo e amigo Hugo Cristóvão disserta no seu blogue sobre auto-estima, afigurações e imagem pública. Escreve em síntese que, para efeitos práticos, não somos aquilo que pensamos ser, mas o que os outros pensam de nós.
Concordando embora com tal ponto de vista, não resisto a relembrar que vivemos aqui em Tomar num problemático contexto. Desde as primeiras eleições autárquicas que o eleitorado tomarense no seu conjunto não tem conseguido acertar. A tal ponto que uma popular chalaça local assevera que Luís Bonet e Jerónimo Graça foram até ao presente os dois melhores presidentes eleitos: "Como não fizeram praticamente nada, também não estragaram." Nestas condições, com um corpo eleitoral que nunca elegeu até agora para presidente um militante partidário, mas apenas independentes, tendo escolhido tanto candidatos apagados como hiperactivos, que tanto condena a falta como o excesso de obras, que protesta contra o excesso de despesa, mas adora subsídios, facilidades e outras borlas, que crédito conceder-lhe, quando emite opinião sobre concidadãos?
Acresce que, como bem viu René Girard, produto de uma sociedade de consumo, funcionamos em geral tendo como motor o desejo mimético: só ambicionamos aquilo que outros também ambicionam ou já têm. Por outras palavras, somos escravos da nossa própria inveja, porque afinal é disso mesmo que se trata.
Junte-se a esses dois factores uma ilustração da política nabantina, onde até agora não houve águias, mas apenas várias galinhas, que embora sendo aves, nunca voam, e temos um quadro bem sombrio, que pode ser resumido em quatro interrogações para bons entendedores: Podem-se esperar "golpes de asa" da parte de aves que nunca aprenderam a voar? É possível reverter a actual situação, dramática a nível local, sem "golpes de asa"? Será mais sensato acreditar em quem diz ter planos? Ou naqueles que, influenciados ou não pela inveja, sempre se enganaram até agora na hora de escolher?
Termino com uma citação de Arquimedes (287 - 212 antes de de Cristo): "Dêem-me um ponto de apoio e eu levantarei o Mundo."
Sem comentários:
Enviar um comentário