sexta-feira, 9 de novembro de 2012

DESAGUISADOS

Aproximam-se eleições, aumenta a temperatura política, multiplicam-se os desaguisados. Segundo relata a Hertz aqui, desta vez José Vitorino e Pedro Marques divergiram energicamente a propósito da requalificação do Mercado Municipal, já com 62 anos. No meu tosco entendimento, não era para tanto. Ambos têm razão, ambos pecam por defeito.
Tem razão o vereador socialista, ao afirmar que os membros do executivo estão ali primordialmente para resolver os problemas dos tomarenses e não para longas querelas políticas. Tem razão o eleito IpT, ao sustentar que se trata de um órgão político, pelo que ali devem ser debatidos todos os assuntos do concelho.
Percebe-se contudo na implícita irritação de José Vitorino a sua oposição à técnica que consiste na transformação das reuniões do executivo noutras tantas tribunas políticas, mediante o uso imoderado da palavra para intervenções bizantinas, do tipo serrar presunto, partir pedra ou mastigar marmelada.
Acresce que, mesmo com exageros orais em termos de tempo, não consta que o essencial já tenha sido examinado, pelo que ambos pecam por defeito. Que se saiba ainda nenhum eleito do executivo abordou a questão fulcral: a reabertura do velho mercado, uma vez requalificado, depende de inspecção e eventual autorização posterior, emitida pela ASAE. Sucede que esta polícia económica está legalmente impedida de emitir tal licença, por uma directiva comunitária de aplicação obrigatória, enquanto a autarquia não proceder à substituição total da cobertura dos pavilhões, até agora em placas de fibrocimento = amianto, material cujo uso está proibido na União Europeia desde 2007, por ser cancerígeno. Por conseguinte, quer-me parecer que em vez de discussões para mobilar, o melhor será debater as modalidades da citada substituição, nada fácil em termos legais, devido à natureza do material a remover. Aqui fica o alvitre.

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