Hugo Cristóvão, o mais votado pelos leitores de TaD para candidato do PS à autarquia, aborda uma vez mais no seu blogue o drama do Mercado Municipal. Tem toda a razão, que a questão é grave e ilustra bem o descalabro a que já chegámos a nível local. Claro que a principal responsabilidade pelo desastre incumbe aos sucessivos eleitos do PSD. Contudo, a oposição também não se pode eximir, tentando sacudir a água do capote. Particularmente a que agora temos, desde 2009. Embora maioritária, nunca conseguiu impor os seus pontos de vista, com coligação ou sem ela. Surge assim a pergunta: Será que têm mesmo soluções diferentes das do PSD para mercado?
No meu entender, não estando vinculado a nenhuma formação política, parece-me que aquela odiada tenda é apenas uma das chagas de um concelho que está coberto delas: Museu da Levada, Paredão da Rotunda, Barraquinha do Mouchão, Pavilhão e parque junto ao ex-estádio, ParqT, ciganos, Bairro 1º de Maio, Bairro Sra. dos Anjos, Envolvente ao Convento, Edifício do turismo municipal, ex- esquadra da PSP, instalações urbanas do Lar de S. José, Convento de Santa Iria e ex-CNA feminino, Ponte Marreca, Convento de S. Francisco, etc. etc. Tudo consequências de sucessivas vereações sem qualidade.
Porque, na verdade, penso eu, o nosso problema de sempre é esse mesmo -falta de qualidade em todos os domínios, da política ao ensino, dos blogues ao teatro, da comida à televisão. Quem anda por esse mundo ou tem acesso ao que se faz lá fora, sabe bem do que estou a falar. Enquanto da fronteira para lá e no hemisfério norte é ponto assente que "ou se faz com qualidade, ou mais vale não fazer", por estas bandas lusitanas, o importante é fazer, a qualidade não interessa. Por isso já chegámos aonde estamos, bem lançados para descair até que tal seja possível. Enquanto não compreendermos que o fundamental não é desenrascar, mas sim deixarmos de ser rascas, nada feito.
A onze meses das próximas autárquicas, é já possível antever que as hipóteses de virmos a trilhar outros caminhos não são muitas. O usual espartilho partidário propiciará mais uma vez o triste espectáculo de candidatos que intelectualmente calçam 36, ou nem isso, a voluntariar-se para funções que, para virem a ser bem desempenhadas -com a tal ambicionada e indispensável qualidade- exigem quem calce pelo menos 43, tromba larga, como a seu tempo se verá. De uma maneira ou de outra, que o futuro vai ser de quem saiba dizer e fazer; não de quem só saiba prometer.
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