terça-feira, 6 de novembro de 2012

Um programa para Tomar

A 11 meses das próximas autárquicas e num clima de acentuada angústia, em Tomar já se conhece o candidato do CDS (aberto a coligações) e é dado como certo que Pedro Marques voltará a liderar a lista IpT, dado que nunca há duas sem três. Sobre o PSD, actualmente no poder, ao que se sabe, Carrão não liderará, mas só em Janeiro se ficará a saber o nome do cabeça de lista. Quanto ao PS, Tomar a dianteira julga poder avançar que Anabela Freitas vai ser a escolhida no conclave socialista do próximo dia 24. Resta a esquerda dura, cujas candidaturas, contudo, a julgar pela consultas anteriores, não terão qualquer importância prática. A menos que se juntassem aos socialistas, atitude muito pouco provável.
Já pelo lado das perspectivas, dos projectos, dos programas, por enquanto é o deserto total. O que não surpreende, considerando que nas autárquicas de 2009 nenhuma formação apresentou documento digno desse nome. A bem dizer, ficaram-se todos pelas listagens de boas intenções, das quais, como é sabido, está o inferno cheio. Dando de barato que tal coisa exista... 
E no entanto, prever, planear, projectar, programar são coisas que por assim dizer fazemos todos os dias, embora com pouca complexidade: quando à noite, eventualmente já deitado, cada um enumera o que tenciona fazer no dia seguinte, está a projectar, a planear, a programar, o que mostra tratar-se de coisa bem corriqueira.
Que pelo contrário se torna singularmente complicada na área da política partidária, quando se trata de elaborar documentos com infinidades de entradas, para convencer os eleitores, agradar aos apaniguados, satisfazer os financiadores, passar a mão pelo lombo aos jornalistas, seduzir as eleitoras, atrair a juventude, aliciar os funcionários, não decepcionar os reformados, abichar os subsídiodependentes...
Aqui há três séculos o patrício Sebastião de Melo, um estrangeirado que veio a ficar na história como Marquês de Pombal, perante a hecatombe provocada pelo tremor de terra do 1º de Novembro de 1755, anunciou o programa mais sucinto, mais prático, mais simples e mais mobilizador conhecido até hoje em Portugal. Respondendo de forma implícita àquela que veio a ser conhecida bem mais tarde pela interrogação leninista -Que fazer?- foi lapidar: "Enterrar os mortos e cuidar dos vivos."
257 anos volvidos, a tarefa dos políticos tomarenses no activo está singularmente simplificada. Não tendo que se preocupar com os mortos, resta-lhes apenas cuidar dos vivos. Como? Elaborando propostas capazes de melhorar as condições de vida da juventude, da população activa e da 3ª idade. Nada mais fácil, como se vê. Para quem, eventualmente, mesmo assim ainda não esteja a entender cabalmente o assunto, aqui vai outra abordagem sintética: Até agora os autarcas no poder têm-se esforçado para aprender a gastar os fundos comunitários e as receitas próprias que (não) têm. Os próximos terão de aderir ao novo paradigma: Aprender a gerar receitas próprias, para poderem funcionar e assegurar o serviço da dívida, contando o menos possível com as transferências do governo. Que serão cada vez mais magras. Alguma dúvida?!

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