terça-feira, 31 de agosto de 2010

NOVO INQUÉRITO DE TOMAR A DIANTEIRA

O actual mercado e suas redondezas, em foto de satélite. Copiado de Googlemaps.

Concluído o nosso inquérito sobre a melhor solução para a embrulhada tomarense, decidimos lançar outro. Desta vez sobre o futuro do mercado municipal. Os nossos leitores dispõem de 15 dias (até 17 de Setembro, inclusivé) para escolher uma de quatro hipóteses: Demolir tudo e fazer um mercado novo, com arquitectura moderna; Manter o actual aspecto exterior e modernizar por dentro, acrescentando um pavilhão para serviços e lojas (correios, farmácia, loja de conveniência, loja do cidadão, tabacaria/jornais, café, banco...) no terreiro a sul; Demolir tudo e edificar um fórum comercial; Demolir tudo, construir um fórum ao mesmo nível do Centro de Emprego e um parque de estacionamento coberto ao nível do actual terreiro de estacionamento.
Dado que, segundo alguns afamados especialistas locais em sondagens -cuja reputação e experiência são unanimemente reconhecidas a nível europeu e mundial- o inquérito anterior não é representativo seja do que for, aguardamos com grande expectativa os resultados deste e, sobretudo, os comentários dos mesmos consagrados especialistas na matéria. É assim que teremos de ir aprendendo e adquirindo o tal "saber de experiência feito", mencionado por Garcia da Orta, há mais de 450 anos. Quando ainda fazíamos, sem passar anos a afiançar que íamos fazer...

INQUÉRITOS RESULTADOS E REPRESENTATIVIDADE

Terminou o inquérito de Tomar a dianteira, ao qual nos referimos no texto de ontem. Os resultados definitivos são os seguintes: Total de votantes 217; Manter a composição actual da autarquia -25 = 11%; Substituir Corvêlo por Carrão - 19 = 8%; Substituir Corvêlo por Rosário Simões - 7 = 3%; Provocar autárquicas intercalares 166 = 76%.
Perante estes resultados, os interessados dirão que não são representativos, porque mais isto, mais aquilo e mais aqueloutro. Seja. Não é por acaso que somos a terra-mãe do manuelino. Um estilo simples, como sabemos. E também é significativo que nesta nesga à beira-mar plantada, no rescaldo da qualquer eleição, nunca apareceu até hoje um político a admitir a derrota. Todos ganharam sempre qualquer coisa.
Regressando ao inquérito, às sondagens e à representatividade em geral, passa-se a traduzir a ilustração acima, recortada do Le Monde, um jornal de referência, que nunca confunde patuscadas com jantares de gala. "Strauss Kahn e Martine Aubry largamente favoritos para 2012 - Na segunda volta das eleições presidenciais de 2012, Dominique Strauss Kahn ganharia a Nicolas Sarkozy com 59% dos votos e Martine Aubry ganharia igualmente, com 53% dos votos. É o que indica uma sondagem TNS-Sofres-Logica-Le Nouvel Observateur, sobre as intenções de voto... ...(inquérito realizado por telefone em 20 e 21 de Agosto, junto de uma amostragem de 1.000 pessoas). Esta sondagem mostra igualmente uma forte subida de François Hollande, que empataria com o actual chefe de estado. Ségolène Royal, antiga candidata presidencial vencida, perderia novamente por 49% contra 51%. A vinte meses das próximas presidenciais, estes resultados devem ser relativizados, mas traduzem uma forte subida da esquerda e acirram a competição no seio do PSF."
Temos assim que, para conhecer a opinião dos eleitores, as melhores empresas gaulesas de sondagens unem-se para um inquérito a uma amostragem de mil pessoas, num universo de 57 milhões de eleitores inscritos. Em Portugal, com os mesmos objectivos, ficam-se geralmente pelas amostras de 600 e poucos eleitores, para um total nacional de 8,5 milhões de eleitores inscritos. Nestas condições, o inquérito de Tomar a dianteira, que obteve 217 respostas, num universo de 39 mil eleitores inscritos, não é representativo?! Convém não brincar com coisas sérias e habituar-se a aceitar a realidade como ela é. A terra é redonda e no verão faz calor, quer isso nos agrade ou não.
Numa outra vertente da mesma questão, se vamos pela falta de representatividade, a actual maioria relativa PSD, com apenas 7959 votos, em 39 mil possíveis, é representativa de quê e de quem? De cerca de 12,5% dos inscritos? Mesmo coligados com o PS, representam um total de 12.715 votos, num universo de 39.000. Serão representativos ou não?
Acham que sim? Então aqui vai uma projecção dos resultados do nosso inquérito, tendo em conta o total de votos obtidos pelo PSD nas autárquicas de 2009. Se fosse hoje, Corvêlo obteria cerca de 897 votos, Carrão 654 e Rosário Simões 246. A opção novas eleições congregou à roda de 6.149.
Dizia Vítor Cunha Rego, em tempos director do Diário de Notícias, que as coisas são o que são; não aquilo que gostaríamos que fossem.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

UM RESULTADO INEQUÍVOCO PARA ACTUAÇÕES EQUÍVOCAS

A pouca horas do encerramento do nosso inquérito, é já possível dizer que se obteve um resultado inequívoco -A esmagadora maioria dos eleitores que se pronunciaram, escolheu a hipótese "novas eleições autárquicas". Recorde-se que a pergunta inicial era "Qual a melhor solução para a actual embrulhada tomarense". Seguiam-se quatro hipóteses, a saber: 1 - Manter a actual composição do executivo; 2 - Substituir Corvêlo por Carlos Carrão; 3 - Substituir Corvêlo por Rosário Simões; 4 - Provocar novas eleições autárquicas. Dos 214 votos até agora obtidos, 164 preferem novas eleições.
Perante tão clara manifestação de descontentamento popular em relação à maioria relativa PSD, que procura manter-se no poder, autarcas laranjas e respectivos apoiantes de óculos partidários vão proclamar que tais resultados não têm qualquer significado, porque o inquérito não é representativo. Cuidado! Em próximos textos, responderemos a esse pretenso óbice. Para já, registamos que, pela primeira vez, todos os eleitores que se interessam pelos problemas tomarenses e usam a internet, puderam escolher livremente, em circunstâncias idênticas às das eleições oficiais, aquela que consideram a melhor solução para os nabantinos, num inquérito insusceptivel de ser manipulado, dado que a respectiva aplicação informática impede "chapeladas". A resposta foi sem ambiguidade -Mais de 75% dos votantes a favor de novas autárquicas.
Se os três membros da actual maioria relativa quisessem veramente um melhor futuro para Tomar, agiriam de modo a provocar nova consulta popular. Não o farão certamente, demonstrando assim duas coisas: Por um lado, que estão solidamente colados ao poder, com aquele produto que até cola cientistas ao tecto -Os euros ao fim de cada mês. Por outro lado, que temem cair dos cavalos abaixo, se calhar até antes da próxima refrega eleitoral. Acham que estou enganado? Desmintam-me, com atitudes e decisões irrevogáveis. De blábláblá estou farto.
Com ou sem eleições intercalares, esta sondagem já conseguiu pelo menos um resultado assinalável -Os eleitores descontentes com o actual rumo da política local sabem, a partir de agora, que afinal não estão sozinhos, mas confortavelmente acompanhados. Agora só falta convencerem-se, finalmente, de que isto só poderá melhorar com a participação serena e legal, mas activa de cada um de nós.
Vamos aguardar a convocatória para a próxima sessão da Assembleia Municipal, a ter lugar nos termos da lei durante o mês de Setembro, onde marcamos desde já encontro. Com uma promessa. Se o salão nobre encher e ninguém se sentir com coragem para falar, não hesitarei em usar da palavra, abordando os temas que entretanto forem enviados para o mail a.frrebelo@gmail.com

O LOGRO DA OBRA PELA OBRA


Segundo o vereador Luís Ferreira (O único que, mal ou bem, vai informando sobre as operações camarárias em curso e/ou em preparação), está em estudo a transformação do terreno antes ocupado pela antiga messe de oficiais em parque de estacionamento para autocarros. Além do vespeiro em que se está a meter, por razões que a seu tempo intuirá, um outro problema se coloca -Porque hão-de os autocarros de turistas ir estacionar ali, no estado actual das coisas? Se na verdade se pretende que venham a estacionar ali, então o previsto parque para autocarros na fachada norte do Convento de Cristo vai servir para quê? Quem foi o especialista de planeamento turístico que afiançou ser possível os autocarros com turistas pararem duas vezes em Tomar, uma cá em baixo, outra lá em cima?Algum vereador actual sabe realmente quanto tempo demora um grupo de turistas só para sair e voltar a sentar-se no autocarro?
A já referida "Bíblia Paiva", que a actual maioria de circunstância continua a usar como livro sagrado, inclui o esquema acima reproduzido, muito bem esgalhado mas manifestamente para impressionar pacóvios. Porque a triste verdade é esta: Em termos de planeamento turístico, de macro-economia e de uso da língua portuguesa, que são as três áreas em que me sinto capacitado, o citado documento nasceu débil e já ultrapassado. Apenas um exemplo, por ser o mais rápido em termos de demonstração. Abordando a questão da mobilidade urbana sustentável, o texto inclui estas duas pérolas -"Neste domínio deverão ser desenvolvidos projectos em três domínios." E mais adiante -"Deverá ser estimulada a mobilidade pedonal, em particular de visitação da cidade..."
Para além da confusão lexical, avulta a flagrante incoerência. Afinal, se é questão de estimular a mobilidade pedonal, o comboio turístico e os recentes transportes colectivos urbanos vão servir para quê?
Olhando para o passado recente, os cidadãos mais sensíveis às sucessivas obras de transformação dos vários espaços urbanos, têm razão quando se lamentam que, em todos os casos (Várzea Pequena, Mouchão, ex-Estádio, Mercado, Flecheiro/Borda do Rio, etc.), foi gasto muito dinheiro e afinal ficámos todos a perder. Foram-se os lugares de estacionamento para autocarros e as retretes na Várzea Pequena, desapareceu a tradicional intimidade do Mouchão, destruiram as bancadas e os balneários do Estádio, acabaram com o acesso sul ao mercado e suprimiram a velha via marginal entre a Ponte Nova e o passadiço pedonal. Perante tão tristes resultados, é humano temer que o que aí vem não seja melhor. É aliás o próprio documento que temos vindo a citar que alerta o seu encomendante: "Ameaças - Incapacidade de estabelecer uma conectividade funcional e física entre a cidade e o Convento de Cristo. (Qual será a diferença entre a funcional e a física?!) -Insuficiente desenvolvimento de uma estratégia turística que torne os diversos recursos patrimoniais e ambientais num produto turístico atractivo."
Regressamos assim à questão das obras pelas obras. Ninguém discute, julgo eu, a utilidade da prevista requalificação das vias de entrada na cidade. A pergunta que importa é esta: São obras prioritárias? É agora a melhor altura para as fazer? Não há nada mais urgente? O largo do Pelourinho, por exemplo? O realojamento dos ciganos? O estacionamento de autocarros na Várzea Pequena? A simplificação dos serviços autárquicos? A adequada formação em técnicas de acolhimento? De que servem acessos modernizados para entrar numa cidade com um monumento Património da Humanidade, cujas ruas e outros espaços públicos estão um nojo? Não será já tempo de pôr de parte as bíblias e começar a ouvir a população?
Tinha trazão o presidente Lincoln. Pode-se enganar uma pessoa durante toda a vida, ou toda a gente durante um certo tempo. É no entanto impossível enganar toda a gente para sempre."
E ainda não havia informação electrónica, quanto mais agora!

domingo, 29 de agosto de 2010

MAIS OBRAS DESGARRADAS

Mapa copiado do site O Templário, a quem agradecemos.

Segundo noticia O TEMPLÁRIO, a autarquia acaba de adjudicar a empreitada de requalificação da Rua de Coimbra, entre a Rotunda do Bonjardim e a Rotunda do 15. Ainda de acordo com a mesma notícia, seguir-se-á em Setembro o início das obras entre a Rotunda do 15 e o nó do IC3, na Venda Nova. São mais uns milhões de euros de fundos europeus, complementrados com 25% de verbas autárquicas. Próprias ou pedidas aos bancos.
Segundo rezam os documentos oficiais, trata-se de implementar o primeiro ponto da Unidade Estratégica nº 5 - Cidade Nova. O que significa que a actual maioria continua a seguir fielmente o estranho plano congeminado pelo anterior presidente, antes do início da actual e persistente crise. Como se nada tivesse mudado entretanto!
Após uma longa série de obras, sem qualquer articulação e fora de qualquer contexto previamente aprovado pela população (Mouchão, Várzea Pequena, Campo de Jogos, Pavilhão, Ponte Metálica, Paredão, Deck do Flecheiro, Mata, Rotunda, etc.), surgem agora mais estas duas da Estrada de Coimbra, cuja utilidade em termos de qualquer futuro plano coerente de desenvolvimento, antes debatido com os tomarenses, não é nada evidente. Pelo contrário. Requalificar porquê e para quê? Só para facultar trabalho às construtoras? Para um dia destes termos uma cidade morta com uma requalificada estrada para Coimbra? Não teria sido mais coerente, útil, barato e urgente, concluir o Largo do Pelourinho? Ou reparar a Calçada de S. Tiago? Os senhores autarcas já ouviram falar de prioridades?
De acordo com o citado documento oficial, vão seguir-se, ainda sem datas marcadas, as requalificações da Rua de Leiria, da Av. Aurélio Ribeiro e da Avenida Nun'Álvares. Se houver fundos europeus para tal, bem entendido. Mais tarde (ou antes???), segundo o documento oficial que temos vindo a citar, que parece constituir a verdadeira bíblia da actual maioria relativa, vamos ter "O Fórum Comercial previsto no Plano de Pormenor do Mercado e Flecheiro [que] poderá dinamizar o comércio do centro histórico". Paira, no entanto, uma ameaça, referida no mesmo documento: "Impossibilidade de atrair um operador privado para a regeneração do Mercado." E esta?! Sem murmurar ai nem ui, afinal já está tudo decidido desde há muito tempo (o documento, recorde-se, foi elaborado em 2007). Vão os eleitores tomarenses consentir semelhante atropelo à democracia efectiva e participada? Ou vão continuar a comer e calar? Vamos deixar demolir o mercado actual? E os eleitos do PS, agora coligados para o bem e para o mal, o que têm a dizer sobre estas coisas? Que o conjunto vencimento+alcavalas+mordomias é extremamente confortável?

GRÉCIA: MORTOS CONTINUAM A RECEBER REFORMAS

"Tal como no Japão, onde os serviços de pensões procuram debalde reformados centenários já falecidos, mas que continuam "a receber" as suas pensões, também a terceira idade grega goza se calhar de menos longevidade do que se julgava. O ministério dos assuntos sociais acaba assim de revelar que, dos mil centenários ainda a receber pensões de reforma, trezentos já faleceram há bastante tempo.
Nem sempre a ganância é a causa de tais situações anómalas. Trata-se antes, com frequência, de falta de actualização dos registos oficiais, que lá vai permitindo o progressivo aumento das contas bancárias, à custa do orçamento. Já na área da invalidez, as autoridades gregas admitem ser enganadas em permanência e de forma deliberada, uma prática que custa ao governo 100 milhões de euros anuais, em pensões para falsos inválidos. Trata-se de um segredo que afinal já toda a gente conhecia mais ou menos, mas que as autoridades decidiram trazer a público nesta altura, dado que a Grécia foi obrigada a implementar uma política de austeridade para evitar a bancarrota.
Num país que inventou a palavra "apocalipse" para designar ao mesmo tempo a catástrofe final e a revelação, chegou a hora de acabar com a lei do silêncio, em relação às mil e uma habilidades que têm contribuído para despejar os cofres do estado. O ministério da finanças já deu o primeiro passo, ao reconhecer publicamente que ignora qual seja exactamente o total de funcionários do estado, ou quanto ganha cada um. Só agora está a ser feito o respectivo recenseamento e implementado um sistema unificado de pagamento de vencimentos. No meio disto tudo, o ministério descobriu finalmente os méritos dos cruzamentos informáticos, tendo entretanto começado a estabelecer uma relação das sumidades médicas que declaram rendimentos inferiores ao mínimo submetido a IRS, bem como a detectar via satélite as piscinas particulares não declaradas como sinais exteriores de riqueza.
Todos os gregos conhecem desde há muito as diferenças abissais entre a realidade e a estatística oficial. Porém, uma corrupção qualificada de "sistémica" pelo primeiro-ministro, a par com o tradicional clientelismo, têm permitido a sua sobrevivência e imposto até a opacidade existente. "O governo luta quotidianamente para reduzir a enorme gabegia do dinheiro dos contribuintes, provocada pelas patologias da administração pública", declarou esta semana o porta-voz governamental, que anunciou a informatização do tratamento das receitas médicas pelos serviços da segurança social. O novo sistema já permitiu detectar, por exemplo, tratamentos anti-esterilidade para cidadãos octogenários. Tradicional vaca leiteira conhecida de todos, o sector da saúde está agora sob vigilância permanente dos credores do estado grego: bancos em geral, BCE, UE e FMI.
Ainda há pouco tempo, revelou a inspecção geral da administração pública, ninguém sabia quantos aparelhos de tumografia axial computorizada existem nos hospitais do estado. Num permanente braço de ferro com os seus fornecedores de material médico, a quem não paga desde há anos, o ministério da saúde confessa agora que a respectiva sobrefacturação tem sido a regra geral, a título compensatório.
Outro buraco negro são as finanças das autarquias, na prática isentas de qualquer controlo rigoroso, situação que o governo procura agora ultrapassar reduzindo drasticamente o seu número. Todavia, uma vez que a necessidade cria o engenho, é muito provável que novas manigâncias para enganar o estado estejam já a ser postas em prática.

Catherine Georgoutsos, Atenas, Le Monde, 28/08/10, página 10
Tradaptação de António Rebelo/Tomar a dianteira

sábado, 28 de agosto de 2010

IMAGENS TOMARENSES DE FIM DE SEMANA

A nossa conhecida beldroega está bem e recomenda-se. Cresce a tal ritmo que, caso a autarquia a poupe e o próximo inverno não a queime, no verão de 2011 já dará para uma sopa colectiva, a distribuir aos séniores, quando estiverem na fila para a próxima passeata tudo incluído, paga pelos contribuintes. Será Sopa de beldroega urbana, à moda dos templários, em honra do Espírito Santo.

Há umas semanas atrás, o senhor vereador do turismo, reconhecendo implicitamente que não são muito distintos, nem primam pelo bom gosto, os cartazes atados às árvores, garantiu que ia providenciar. Vai-se a ver, agora até temos direito a publicidade do Motorfestival, a realizar no Caramulo que, como se sabe, fica logo ali ao fundo da rua, à esquerda.
Mesmo à ilharga da sede do turismo municipal. Se não é para gozar com o pessoal, pelo menos parece...

Na Mata, a velha Cerca do Convento, as obras supérfluas e prematuras lá se vão arrastando. Agora apareceram os previstos candeeiros de iluminação pública, que ninguém entende para que possam servir. A Mata fecha às 18 no verão e às 17 no inverno. Mesmo que venham a resolver, excepcionalmente, abri-la à noite, a iluminação continua a não ter qualquer utilidade, uma vez que acaba antes da escadaria da Torre da Condessa, e no Castelo não há. Inúteis por enquanto e nos tempos mais próximos, pelas razões apontadas, será que vão resistir muito tempo operacionais?

Entretanto, a título de simples curiosidade, repare no perfil de cada um destes moais da Ilha da Páscoa, e depois compare-o com os modernos candeeiros acabados de instalar na Mata. São ou não muito parecidos? Em mais reduzido, claro. Há cada coincidência!

Um novo aspecto da urbe, agora que foram removidos os restos do esqueleto da antiga messe de oficiais. Parece uma cidade deserta, abandonada, em vias de desmantelamento, evanescente...

Outro aspecto recente da cidade nabantina, que causa confusão a alguns espíritos mais sensíveis. Em frente ao multicentenário hospital da Misericórdia, agora transformado em centro de cuidados continuados de rectaguarda, um prédio novo em estilo século XVII. Falso velho de boa qualidade. Dá que pensar, lá isso dá. Porque uma terra sempre a olhar e a tentar imitar o passado, não me parece que possa vir a ter grande futuro. Oxalá esteja enganado!

UM DEBATE A NÃO PERDER

Assim à primeira vista são demasiados e, como dizia o saudoso Cartaxo da Fonseca, "pai" da biblioteca municipal, mais de dois tomarenses juntos, a discutirem, o melhor é ir andando. No entanto, os tempos vão mudando, cada vez mais depressa. E as pessoas também, embora por vezes contrariadas. Assim sendo, até pode acontecer que o anunciado confronto de posições venha a valer a pena. O melhor será ir assistir, ou participar, consoante os casos. A partir daí logo veremos em que param as modas.

DOS JORNAIS, COM A DEVIDA VÉNIA...

Do semanário O RIBATEJO, edição desta semana.

Do jornal LE MONDE, de 28/08/10.

Do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, de 28/08/10.

Com tanto apetite e semelhante preferência, deve ter sido coronel de cavalaria-blindados. Ou de artilharia-armas pesadas...

POBRES E POBRES DE ESPÍRITO

Foto 1 - Séniores tomarenses aguardam para se inscreverem na habitual e gratuita passeata/comezaina/tintol deste ano.

Foto 2 - Instalações sanitárias numas ruínas romanas, algures em Itália (A comparar com os três exemplares disponíveis na Cerrada dos Cães.)

Quando aqui há dias Tomar a dianteira abordou a questão das gentes do sul, que em cada país vivem em geral à custa das do norte, a coisa não caiu nada bem nalguns estômagos. Compreende-se. A verdade aleija quase sempre. Agora com as recentes declarações do presidente PSD da freguesia de Santa Maria dos Olivais sucedeu o mesmo. O que também se compreende. Frontalmente, o homem disse que fazem falta sanitários e um parque de merendas. Até se esqueceu do estacionamento para autocarros, sem o qual os sanitários e o parque para merendar não têm grande utilidade. Ninguém está a ver os excursionistas, de alcofas na mão, "máquinas fotográficas" na outra, atravessando a cidade, rumo ao tal local aprazível e equipado. Pois foi quanto bastou para ser acusado de afinal também não "andar na graça do senhor". E até de não ser afinal grande autarca...
É porém muito provável, desconfiamos nós, que as declarações mais acutilantes e dolorosas do dito autarca nem tenham sido as acima citadas. Se calhar, o que doeu mesmo foi quando ele disse que teve necessidade do referido parque para corresponder ao pedido de um colega autarca de Alijó, (Norte), que acompanhava um excursão à nossa cidade, cujos participantes -imagine-se a barbaridade!- traziam farnel!!! Sabido como é que o ex-autarca-mor Paiva (tutor dos actuais) resolveu acabar com o parque de merendas no então estádio, justamente para nos vermos livres dessa tropa fandanga dos turistas com almoço portátil e máquina fotográfica de cinco litros, imagine-se o escândalo!
Aqui em Tomar, graças a Deus e aos impostos, sobretudo do pessoal do norte (que os do sul nem chegam sequer para pagar aos funcionários), a autarquia não se mete nesses passeios miseráveis e até aciganados, de farnel e garrafão. Não senhor! Honra lhes seja feita, os passeios organizados pelos autarcas tomarenses, com dinheiros de todos nós, são do tipo "tudo incluído" = transporte + comezaina com fartura + bebidas alcoólicas e das outras + animação + acompanhamento + discurso de circunstância pelo senhor vereador de serviço, por acaso sempre o mesmo. À rica.
Na próxima excursão, prevista para Setembro, lá irão até ao triângulo Alcobaça, Nazaré, Batalha, num grupo aconchegado, discreto e cómodo, de 800 eleitores em 16 autocarros. Dois da autarquia e 14 de aluguer. Com almoço-comezaina-tintol, no complexo turístico de Santo Antão-Batalha. Pois então!
É claro que semelhante regimento a cinco companhias e 25 pelotões (tudo à grande, pois claro!) vai ter os seus inconvenientes. Em cada paragem, levará o seu tempo, tanto a deixar saír como sobretudo a recuperar a tropa. Mas são os inconvenientes do progresso. Também é verdade que o mais sensato era dividir o "passeio dos 800" em 8 passeios de 100 participantes cada, em oito semanas estivais. Mas ia dar uma trabalheira do caraças ao vereador de serviço, que assim resolve o problema de uma assentadada. Bem basta a maçada de ter de aturar os munícipoes todo o ano! E depois já não seriam precisos os autocarros alugados, o que também teria os seus inconvenientes mais tarde ou mais cedo, que elas cá se fazem, cá se pagam.
De forma que, lá vamos ter outra vez uma horda de excursionistas de ocasião, à custa de uma autarquia cujos autarcas continuam com a mania de que são ricos, quando afinal -em matéria de excursões, pelo menos- não passam de pobres de espírito. Tal como os excursionistas, que Deus quando faz panelas, faz também tampas para elas.
Uma nota final para o costumeiro pessoal de Olhão, que até joga no Boavista: Nada tenho pessoalmente contra as ditas passeatas, bem comidas e bem regadas, à custa dos contribuintes. Com mais de 65 anos, também poderia participar na desconfortável e folclórica aventura, designadamente nas intermináveis filas para os sanitários. Querem apostar que para mim haveria sempre lugar, mesmo sem fazer bicha ali à esquina da Praça, para me inscrever? É até pouco provável que o habitual autarca de serviço fosse ao "meu autocarro" fazer a usual perlenga pró-voto. Coisas. Bem dizia o Orwell: "Somos todos iguais, mas há uns mais iguais que outros."

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

UMA DEMOCRACIA OCA

Enquanto muitos cidadãos se lastimam, apresentando os seus problemas nas consultas médicas especializadas, e outros se vão queixando junto de amigos conhecidos e familiares, a situação local continua a degradar-se a um ritmo cada vez mais vivo. Sente-se por todo o lado, pelo menos na cidade, um clima de desalento de descrença de ausência de perspectivas, tanto nas camadas mais idosos como entre os jovens. Ninguém parece perceber para onde vamos, como vamos, com quem vamos, nem porque vamos.
Numa situação tão triste e complexa, os nossos representantes poderiam ao menos favorecer o debate de ideias, tendo como objectivo conseguir encontrar soluções à altura do nosso passado de cidade com recursos e pergaminhos. Mas não. Procedem exactamente ao contrário. Adulteram constantemente a natureza da democracia, quiçá sem disso se darem conta, transformando-a numa linda embalagem sem qualquer conteúdo. Numa noz chocha, em suma. Temos assim a chamada democracia oca, na qual cada um dos felizes eleitos faz de conta que, mas nunca passa daí. Chutam todos sistematicamente para canto, em linguagem desportiva.
Nas reuniões do executivo, conforme já foi referido por quem a elas assiste, nunca acontece qualquer debate, ou sequer simples troca de ideias. Vai já tudo cozinhado de véspera e resta apenas, por assim dizer, aquecer cada prato no micro-ondas, votar, para fazer de conta que, e passar ao prato seguinte, que terá tratamento idêntico.
Os dois vereadores oposicionistas, quando não apresentam propostas, requerimentos ou declarações de voto, são forçados a fazer o papel de meros assistentes. Por seu lado, entre os cinco membros da ocasional e estranha coligação, tudo se passa como se estivéssemos naqueles pequenos reinos da Idade Média europeia. Há um rei, um duque, uma marquesa, três nobres de linhagem. Temos depois dois condes, um de linhagem, outro transitório. Restam os dois nobres sem feudo, que por isso mesmo são tolerados mas raramente ouvidos. Sangue azul é sangue azul, plebeus são plebeus. Nada de confusões.
Nas cortes do pequeno reino, o procurador-mor tem-se igualmente na conta de nobre de ilustre linhagem, mas está em acelerada perda de influência. Ninguém o mandou voltar-se sobretudo para o reino alfacinha e para o príncipe herdeiro que representa todos os reinos laranja. Mesmo assim, tal como sucede no executivo, os procuradores apenas são convocados para cumprir calendário, evitando-se ao máximo qualquer debate, qualquer divergência, qualquer discussão.
Os sucessivos requerimentos dos procuradores adversos nunca obtêm qualquer resposta; as várias intervenções orais são inconsequentes por vontade do procurador-mor.
Numa tal democracia oca, tanto os procuradores como os nobres do campo maioritário estão à espera de quê? De conseguir chegar às autárquicas de 2013? Infelizmente pode assim acontecer, sim senhor. Mas então podem desde já ir procurando novos campos de aterragem porque ao reino autárquica nabantino não voltarão tão cedo. Os eleitores tomarenses poderão não ser uns portentos de inteligência; poderão até continuar erradamente a tentar agradar em simultâneo a Deus e ao Diabo; mas não votarão outra vez naqueles que os enganaram e arrastaram para o desemprego, a decadência e a penúria. Pelo andar da carruagem, tanto os laranjas como os rosas, caso consigam chegar ao final do presente mandato, estarão nessa altura mais queimados que o carvão. E os eleitores podem nada dizer, vingando-se todavia na altura de botar o papel na urna. Pensem nisso. Em tempo útil. Uns e outros.

SE AGORA ATÉ OS JOGADORES...

"Faço aqui um apelo, e vou fazê-lo por escrito ao senhor presidente da câmara: É necessário criar um parque de merendas, porque precisamos dele como de pão para a boca. ...Porque de facto não temos casas de banho na cidade, é preciso parque de merendas e casas de banho. O presidente da câmara já me prometeu que iam avançar com uma solução, mas só que a solução não avança. É verdade que não se pode fazer tudo ao mesmo tempo, mas faz muita falta. É essencial para a população local os sanitários públicos. Tanto me importa que sejam gratuitos ou a pagar. É preciso é que haja!"
"Só agora é que vi. Puseram árvores na Travessa Infante D. Fernando (Choromela), mas esqueceram-se que sem água elas não vivem. Estão todas castanhas. É triste. Dá vontade de perguntar para que lá as puseram. Para inglês ver? Que fazer a esta triste cena?Só vejo disparates uns atrás dos outros."

Vai sendo habitual os senhores autarcas que temos tentarem sacudir a água dos respectivos capotes, argumentando que são sempre os mesmos a criticar, que é só má-língua, que são pessimistas profissionais a querer derrubar a câmara, etc. etc. Cantilenas habituais de quem procura esquivar-se às suas obrigações cívicas, a principal das quais consiste em desempenhar cabalmente os lugares para que foram eleitos.
Os dois trechos transcritos acima não são de Tomar a dianteira. São de eleitores da cidade, dando a conhecer o seu desalento e as suas necessidades. Acontece até que o primeiro é de António Rodrigues, presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria dos Olivais, eleito numa lista PSD. Feito aos microfones da Rádio Cidade de Tomar, foi depois transcrito na página 8 da edição de hoje. E esqueceu-se de referir que também não há estacionamento capaz para autocarros de turismo. Já houve, mas acabaram com ele.
Se até os próprios jogadores titulares da equipa PSD/Tomar já sentem a necessidade de se irem queixar para as rádios e jornais locais, continuarão os senhores de executivo camarário a tentar justificar o injustificável? Não seria melhor arranjarem coragem, reunir as condições para ceder os lugares a quem saiba realmente da poda, e mudarem de vida?
Com o característico realismo das classes populares, o autarca de Santa Maria lá foi dizendo "que não se pode fazer tudo ao mesmo tempo", procurando assim adocicar a pílula constituída pelas suas reclamações, de resto inteiramente justas. Se fosse um dos tais críticos habituais, teria certamente dito "Não se pode fazer tudo ao mesmo tempo, mas também é mau não fazer nada o tempo todo, como tem estado a acontecer." Essa é que é essa!
Na segunda intervenção, de uma eleitora de Santa Maria, aborda-se a questão da manutenção dos espaços verdes, que em muitos casos não é feita. De tal forma que os canteiros e plantas de instalação recente dispõem de sistemas de rega automática. Que não funcionam porque não há ninguém para os reparar e/ou accionar. Ao que se chegou.
Têm razão os lordes ingleses, quando dizem que nunca se deve dar muito dinheiro aos pobres, porque sujam tudo, estragam tudo e fazem demasiado barulho. Quem houvera de dizer que em Tomar, uma cidade tão pacata e disciplinada, também se acompanharia o progresso, naquilo que ele tem de pior -o esbanjamento dos dinheiros públicos em obras de fachada, que depois são deixadas ao abandono, sem qualquer tipo de manutenção. Deve ser da crise...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

ANÁLISE DA IMPRENSA REGIONAL DESTA SEMANA

Foto 1

Foto 2

Foto 3

COLABORAÇÃO DA PAPELARIA CLIPNETO LDA.

Três temas em destaque na imprensa publicada hoje: Festival Bons Sons, Caso Lobo Antunes e Primeiro casamento gay em Tomar.
O TEMPLÁRIO publica um especial de 10 páginas a cores sobre a magnífica realização do SOCS, na dinâmica aldeia de Cem Soldos. CIDADE DE TOMAR ficou-se pelas três páginas, (duas a cores, uma a preto e branco), sobre o mesmo assunto. Por seu lado, O MIRANTE consagra aos Bons Sons uma foto na primeira página, toda a página 41, e várias piadas na habitual secção Cavaleiro Andante.
Sobre o incidente a propósito da não comparência de Lobo Antunes numa sessão/colóquio, prevista para o Café Paraíso, O MIRANTE é de longe o mais detalhado, enquanto que O TEMPLÁRIO nem sequer aborda o tema, e CIDADE DE TOMAR lhe dedica a página 23/Cultura.
Sobre estes dois assuntos quentes -Bons Sons pela positiva e Lobo Antunes pela negativa- pareceu-nos bastante original e bem articulada, a habitual crónica jocosa "E-mails do outro mundo", assinada por Manuel Serra d'Aire, na página 13 d'O MIRANTE. Passamos a transcrever, com a devida vénia e os nossos agradecimentos, a parte que interessa aos tomarenses: "Aguerrido Serafim das Neves!!
É lamentável a falta de operacionalidade dos reformados das forças armadas. Por causa deles perdeu-se uma grande oportunidade de recolocar Tomar no mapa guerreiro nacional. Se eles queriam ir ao focinho ao António Lobo Antunes, como disseram no Expresso, calavam-se bem caladinhos e atacavam quando o apanhassem a dar autógrafos. Com o Café Paraíso transformado num inferno, o Faria do Turismo tinha lá as televisões todas de Portugal e arredores. Até eu lá ia ajudar à festa. Nada melhor que uma boa briga à antiga portuguesa numa cidade templária. Assim Não!!!
O António Lobo Antunes diz que não foi a Tomar porque o Faria do Turismo o queria usar para propaganda cavaquista do passe férias cá dentro. Eu cá duvido. Ele não foi lá porque não estava para deslocar a mão que lhe guia a escrita, ao dar um sopapo numa dentadura de um qualquer ex-camarada. Fiquei triste por não poder observar de perto as técnicas de corpo a corpo da nossa reserva militar. Haveria bengaladas? Impropérios com gafanhotos? Bandalho sei eu que lhe chamaram. O que chamariam mais ao homem dos Cus de Judas? Nunca saberemos.
O Manuel Faria do Turismo disse que o Lobo Antunes não foi a Tomar falar dos tempos da tropa por uma questão de segurança. A explicação não explica nada. Para segurança dos leitores? Para segurança do focinho que os outros queriam partir?
Durante o encontro foi distribuída uma crónica que o autor escreveu há anos, em que narra como abandonou uma mulher que o tinha levado para a cama em casa de uma prima, à saída da cidade, em direcção à Serra. A mulher tinha ameaçado ir até ao café ajudar os reformados da tropa a partir o focinho ao Lobo Antunes? Iria lá o marido dela, que na altura do encontro com o António, era namorado e andava aos tiros na Guiné? Na crónica o autor confessa que não usou preservativo. Terá um filho tomarense e não sabe? Teria sido por ficar a saber que recuou a meio do caminho? Santo Deus, tantas perguntas que ficam sem resposta, por causa dos outros terem ido badalar para o Expresso, em vez de marcharem heroicamente sobre o Café Paraíso.
O que vale é que o fim-de-semana não se perdeu por completo por aqueles lados. Milhares de masoquistas acorreram a uma aldeia às portas de Tomar para um festival medieval. Dormiram no chão, raparam fome de cão porque não havia comida à venda e cagaram ao toro das oliveiras, que para o ano darão mais sombra e mais azeitona, graças ao ecológico adubo. O Festival era dos Bons Sons. Do que se passou nos palcos não posso dizer nada porque não consegui romper por entre a multidão, tal era o cheiro a bedum. Mas no terreno onde me agachei para me aliviar havia concerto de bombos e muita gaitada. Isso te garanto eu Serafim!!! Música Céltica, provavelmente, uma vez que os Bombos de Lavacolhos não rufam assim"... ... ...
Saudações focinheiras
Manuel Serra d'Aire

Sobre o terceiro tema, o do casamento neste caso entre dois homens, ambos de bigode e tudo, (foto 2), enquanto CIDADE DE TOMAR publica em manchete uma foto de costas (ver foto 1) e a notícia na última página, O TEMPLÁRIO dedica ao evento a manchete, com uma fotografia dos nubentes tirada de frente, e duas páginas inteiras. São posicionamentos diferentes, que por razões óbvias nos abstemos de comentar.
Outras notícias da semana são a crónica falta de instalações sanitárias, destacada em Cidade de Tomar, com declarações do presidente da Junta de Santa Maria dos Olivais, a queixar-se e a pedir providências, os problemas de poupança no hospital de Tomar, n'O Templário, bem como uma reportagem sobre as eternas obras da rotunda, igualmente no semanário dirigido por José Gaio.
Sobre política pura e dura, nada! Certamente por falta de assunto. Só no site da Hertz é que se refere a posição de Corvêlo de Sousa a respeito da não-vinda de Lobo Antunes: "Fui convidado e estive presente no Paraíso. A câmara não tem nada a ver com o assunto", declarou o nosso presidente, que a notícia da referida rádio apelida de líder da autarquia. Era bom era!!

A FALTA QUE FAZ UM PAINEL DESTES...

Do blogue ojumento, com os nossos agradecimentos.

A falta que faz uma proibição destas em diversos sítios do vale do Nabão. Principalmente à entrada do Paços do Concelho. ...E já agora aqui à porta de Tomar a dianteira.

DO FUTEBOL E DA POLÍTICA LOCAL

Do DN, com os nossos agradecimentos.

Seja-me permitida mais uma invasão de um território alheio, para mim inóspito e desconhecido -o mundo do futebol. Visto de fora e de longe, este início de época tem sido, parece-me, riquíssimo em acontecimentos que, na minha tosca opinião, vão fazer história. Refiro-me, bem entendido, à multimilionária transferência de Mourinho, mas também, e sobretudo, à de Vilas-Boas para o Porto, bem como à extraordinária actuação do Braga, liderado por Domingos Paciência.
Em todos estes casos, pelo menos para mim, que nada percebo do desporto-rei, estamos perante a nova escola portuguesa de futebol, que já demonstrou, com o Inter de Mourinho, os golos do Porto, e agora com os bracarenses em Sevilha, poder rivalizar com o que de melhor se vai elaborando pelos relvados do vasto mundo. Mesmo com o maravilhoso e produtivo jogo dos homens de Pep Guardiola, presentemente o melhor praticante, enquanto treinador, da chamada escola holandesa.
No nosso país, os três mencionados treinadores, e em certa medida o agora benfiquista Jesus, constituem, por assim dizer, os arautos da nova maneira de agir: trabalho árduo, contínuo e rigoroso, clara definição e hierarquização de objectivos, liderança forte e absoluta, audácia temperada de realismo. A título de exemplo, foi admirável ver na TV, no melhor estilo Mourinho, Domingos Paciência afirmar serenamente que o Braga iria certamente marcar em Sevilha. Muitos terão duvidado, tal como aconteceu comigo, mas afinal o homem sabia muito bem o que estava a dizer. E aqui reside, quanto a mim, a diferença fundamental em relação ao passado recente. Como parecem ultrapassados, por exemplo, os tempos de Artur Jorge ou do actual seleccionador, ambos exímios adeptos e praticantes daquela táctica miudinha, irritante, frustrante, feia, do não joga nem deixa jogar; não marca nem deixa marcar. O importante é defender o magro resultado já alcançado. Como uma vez disse um conhecido técnico da velha escola: Vamos jogar ao ataque, mas fechadinhos cá atrás. De tanto insistir em semelhante modelo de "jogo", Artur Jorge acabou mesmo por ser despedido do PSG. Não proporcionava espectáculo e os exigentes espectadores parisienses, cansados, agastados, protestavam.
Bem ao contrário, a nova escola de Guardiola, Mourinho, Paciência e Vilas Boas, mostra-se audaciosa. Arrisca, joga e deixa jogar. Raramente se decide a defender o resultado. Temos assim um futebol mais bonito, mais espectacular, com mais incerteza. Exactamente o inverso da anterior prática, bem patente nos jogos da nossa selecção, no recente campeonato da África do Sul.
Todas estas considerações para constatar e lamentar que, desde há muito tempo, os políticos eleitos que temos aqui pelo vale, insistam em praticar o tal irritante "jogo miudinho". Não fazem nem deixam fazer; não "coiso" nem saem de cima. Limitam-se a procurar defender a todo o custo os magros resultados conseguidos nas eleições. Na ânsia exclusiva de poderem chegar, mais ou menos incólumes, à próxima consulta autárquica. Para então voltarem a tentar iludir os eleitores. Não têm doutrina, nem planos, nem objectivos. Limitam-se a segurar o resultado, usando as armas mais irritantes -silêncio, hipocrisia, fingida indiferença, aparente serenidade, falsas promessas, constantes desculpas. O resto que se lixe. E o concelho vai definhando, definhando, definhando... Para quando Mourinhos, Vilas Boas ou Paciências, na política local e nacional? Ignoram, ou simulam ignorar, que "Quem não arrisca não petisca?" O tempo urge! Ontem já era tarde!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

UMA NABANTINA MANEIRA DE SER


As duas ilustrações supra são, opino eu, cada qual à sua maneira, excelentes exemplos da nabantina maneira de ser e/ou de estar (sabido como é que nalgumas línguas ser e estar são uma e a mesma coisa, dependendo da frase envolvente). Na primeira, avultam a intolerância, a susceptibilidade, o concentrar-se no mensageiro e não na mensagem, o hábito de valorizar o detalhe, em detrimento do conjunto. Na outra, há um subentendido de óbvia superioridade. Tipo eu é que sei, vocês não passam de criancinhas, eventualmente adultas, mas apenas em termos físicos. Porque assim é, tomem lá umas indicações tipo NEP -Normas de Execução Permanente. E nada de reclamações, ou outro tipo de descabidas observações.
Tanto num caso como no outro, parece fora de dúvidas que, com tais práticas, nunca mais vamos conseguir progredir enquanto comunidade, pela singela razão de que ninguém está para nos aturar. Mesmo (ou sobretudo?) quando os que nos frequentam nada dizem, mas nem por isso pensam menos, ou vão deixar de difundir junto dos amigos. E então agora que a comunicação electrónica está ao alcance de todos... O declínio, o evidente definhar da cidade, não é de modo algum obra do acaso, mas da nossa prolongada e profícua produção de asneiras. Comportamentais e outras.
No primeiro caso, quem escreveu terá sido algo precipitado. Se assim não fora, ter-se-ia dado conta de que, no actual contexto local, é extremamente difícil falar de política e outras misérias, sem mencionar o vereador Luís Ferreira, tanto para o bem como para o mal. Para o bem, porque mostra serviço, apresenta contas, mantém o contacto com os munícipes, procura investir no futuro da urbe. Trabalha.
Para o mal, os erros que vem acumulando, desde que resolveu celebrar a estranha coligação, uma vez que ninguém consegue fazer tudo bem, nem tudo mal. No fim se verá se o balanço será ou não positivo. Por agora é largamente negativo. Na minha humilde opinião de contribuinte, bem entendido.
Se não for sobre a acção de Luís Ferreira, poder-se-á escrever em concreto sobre que temas? É do conhecimento geral que, nestes últimos tempos, só ele e a vereadora Rosário Simões, são assíduos, visíveis, pontuais e actuantes. Os outros cinco eleitos do executivo, há mais de 15 dias que ninguém os vê pelas bandas da autarquia. Estão de férias? Oxalá que sim. Mas a verdade é que já antes, para além do corpo presente...
Assim explicitada a questão a/o amável correspondente já terá decerto entendido, salvo eventual preconceito partidário, que importa ater-se ao que se escreve, não a quem escreve. Abaixo a fulanização. Até porque, nem o blogue nem os seus administradores são eleitos, ou estipendiados para o efeito pela administração pública. Trabalham unicamente para cumprir os seus deveres de cidadania, sem visar qualquer recompensa material.
Quanto ao aviso caricato, conviria que os senhores funcionários -sobretudo os da classe dirigente- descessem quanto antes da elevada plataforma onde julgam estar instalados, aceitando o princípio da igualdade cidadã perante a lei. Numa sociedade plural e livre, tratar os outros como criancinhas, nunca poderá dar bons resultados. Como de resto está à vista de todos. E ainda agora a procissão vai a saír da igreja. Urge portanto mudar. Enquanto ainda é tempo.

FINALMENTE UMA SOLUÇÃO PARA O PAREDÃO

IRONIA

Quando, na prolongada ausência de uma explicação camarária e cabal, alguns munícipes mais despachados decidiram que o paredão junto à moagem só é bom para urinol público, houve logo quem protestasse. Como é costume. Afinal estamos em Tomar.
Realmente, funcionando como mijadouro público, o dito paredão será sempre discriminatório. Ninguém está a ver o belo sexo a usá-lo para se aliviar. Ou por outra, ninguém estava a ver. Porque a revista Tabu, publicada semanalmente em conjunto com o SOL, apresentou uma novidade que vem alterar tudo. E com um título muito bem escolhido -"O alívio feminino por um cone".
É certo que o novo apetrecho não se pode dizer que seja barato, tendo em conta a sua natureza descartável. 3,5 euros cada cinco unidades, é dinheiro. Mas a autarquia irá certamente mandar colocar no local um distribuidor gratuito (sempre abastecido, como vem acontecendo com os sacos para recolher os dejectos caninos...). Porque um município que em 9 meses gasta com museus 55.700 euros + encargos com pessoal, para uma receita de 6.270 euros (ver vamosporaqui.blogspot.com de 24/08), não é, como todos sabemos, uma rica autarquia; mas é, ou julga que é, uma autarquia rica.
Haja saúde e alegria! E boa leitura!

(P.F. clique sobre a ilustração para ampliar, se necessário.)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

LUÍS FERREIRA "INCENDEIA" CASO LOBO ANTUNES

D'O MIRANTE ON LINE, com a devida vénia e os nossos agradecimentos, reproduzimos esta insólita notícia sobre a posição do vereador da cultura e bombeiros em relação à tertúlia com Lobo Antunes, que devia haver, mas não houve. Com semelhante estilo, se a tradicional hospitalidade tomarense já estava combalida aos olhos de quem não nos conhece e segue a imprensa com regularidade, agora com semelhantes bojardas, ficamos pelas ruas da amargura. Só falta mesmo dizer às pessoas "Desamparem-nos a loja, que estamos fartos de vos aturar e só queremos é descanso!" Isto vai bonito, vai!

(Por favor, clique sobre a ilustração para a ampliar, se necessário.)

MAIS UM CASO DE COMPADRIO?



As habituais fontes bem informadas garantiram a Tomar a dianteira que as obras em curso neste prédio estão a ser feitas sem licença. Clandestinamente, portanto. A não ser que... A não ser que estejamos perante uma repetição do sucedido com aquele outro edifício, situado mesmo em frente da sede local do partido que devia dirigir a câmara, na Rua da Fábrica. Caso que, ao que consta, continua por resolver, pois não é mesmo nada fácil.
Nestas obras da ex-sede da Casa Bancária Mendes Godinho, depois Banco Espírito Santo, depois sede da Festa dos Tabuleiros, -que a câmara não quis comprar, contrariando os seus hábitos-, fala-se de investidor ligado a determinada formação partidária, ex-autarca de uma das juntas de freguesia do concelho, o que poderá explicar muita coisa. De qualquer maneira, se os trabalhos em curso não estão a ser feitos sem licença, são pelo menos ilegais, dado que não está afixado, como manda a lei, o cartaz-aviso com todos os elementos identificadores, incluindo o número e a data da licença. E sem isso, as pessoas falam, falam, falam... Tudo má-língua, claro! Como vai sendo costume.

MAIS IMAGENS INFELIZMENTE TOMARENSES

Esta pernada de uma das olaias da Cerrada dos Cães, caiu há quase dois meses. Observadores no local garantiram-nos que já lá foram pelo menos dois responsáveis autárquicos. Por enquanto sem resultado. Se calhar terão ouvido falar do multi-secular direito de pernada. Vai daí, aguardam que a dita pernada se endireite e volte ao seu lugar primitivo. Ele há gente capaz de tudo...

Anunciada com pompa e circunstância, que até incluiu fotografia de grupo, com o respectivo maioral, o vereador da cultura e o autarca-mor, a Brigada de Sapadores Florestais começou com coragem e até fez um trabalho meritório.

Infelizmente, como de resto já se está a tornar habitual, algo terá falhado. De tal forma que os detritos e ramagens se acumulam um pouco por todo o lado, na encosta entre a cidade e o castelo, zona intensamente frequentada por quem nos visita.

Neste caso, por exemplo, o excelente trabalho de consolidação do murete à direita, que levou meses e meses a ser decidido, mas ficou óptimo, perde logo muito do seu efeito, devido ao lixo que ali ficou abandonado, como se não houvesse serviços municipais de limpeza. Ou será uma consequência da tão falada falta de operários?

Até este terreno, que em tempos foi doado à edilidade, serve agora de depósito de ramagens ao abandono. O mais curioso é que os ramos mais grossos, sobretudo os de oliveira, desapareceram logo. Porque terá sido? Haverá alguma relação com lareiras?

Não se poderá dizer que os senhores da cultura mostrem muito respeito pelo património. Um cartaz pendurado numa barra de alumínio, por cima da Porta de S. Tiago, será tudo menos uma prova de bom senso e bom gosto. Ainda por cima, lê-se o texto todo e fica-se sem saber onde terá lugar a anunciada exposição de estátuas vivas.
Um malicioso nabantino de gema até nos veio confidenciar que baril mesmo seria que, nesse dia, tanto o executivo como a assembleia municipal se reunissem em plena Praça da República, naturalmente uns de um lado, outros do outro. Sempre seriam mais 40 estátuas vivas, o que não é brincadeira nenhuma! Vamos pensar nisso?

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

UMA MENTALIDADE CRIPTOCOMUNISTA

Vai ser um texto árduo. Adiá-lo seria, porém, ainda mais difícil. E susceptível de me perturbar o sono tranquilo. Vamos portanto ao inevitável.
1 - Há tempos que tenho a intenção de abordar o espinhoso e ingrato problema da mentalidade tomarense. Faltava-me, todavia, o pretexto. Que finalmente apareceu. Repare-se no seu conteúdo, repleto de axiomas, desde a primeira frase: "A Festa dos Tabuleiros tem um carácter não comparável com o Festival Bons Sons." Tal como, no último parágrafo, a frase que o abre é igualmente do tipo não discutível: "O Festival Bons Sons é completamente diferente."
A crónica falta de mundivivência dos portugueses em geral, e dos tomarenses em particular, origina semelhantes tomadas de posição, cuja natureza dogmática seria supérfluo realçar. Na verdade, é hoje um dado universal, pelo menos no universo ocidental, que o tempo, o pensamento e as coisas em geral, são aquilo que deles fazemos. Nada me impede de usar uma gabardine como roupão de banho, ou uns calções como esfregão; uma hora para me divertir, seguida de 15 minutos para chorar; ou transformar em ídolo uma das árvores do meu quintal. Nesta ordem de ideias, classificar assim ou assado a Festa dos Tabuleiros ou o Festival Bons Sons, é inevitavelmente de ordem ideológica. Não tem qualquer outra base.
2 - Em todos os países da chamada Europa do Sul, os tais PIGS, no pouco abonatório acrónimo, inventado pelos tecnocratas de Bruxelas para designar Portugal, Itália, Grécia and Spain, as populações do sul vivem em geral à custa dos habitantes do norte, por intermédio do orçamento do estado. Portugal não é excepção, salvo talvez no que concerne ao Algarve. Como é óbvio, tal dependência cria uma determinada mentalidade -a do estado que tudo pode e tudo deve: saúde, educação, cultura, divertimento, transportes, alojamento, emprego, pensões...
3 - No caso de Tomar, como em Alcobaça, em Avis ou na Flor da Rosa, a situação é ainda mais nítida, devido a um particular aspecto histórico: Foram, durante muitos séculos, sedes e feudos de mais ou menos poderosas ordens religiosas, ou de cavalaria, só a partir de D. João III definitivamente anexadas pela coroa. O que significa que durante múltiplas gerações justiça, impostos, emprego, liberdade forâneas, dependiam do mestre local, não do rei ou do governo central.
A dissolução oficial da Ordem de Cristo, em 1834, foi criando pouco a pouco uma nova relação de poder, em que este foi sendo assumido por alguma pequena burguesia rural, que se assenhoreou das propriedades da Ordem, mas sobretudo pelos militares e pelos funcionários. De tal forma que, até ao 25 de Abril -e mesmo até 1980, que os maus hábitos custam a perder- o Café Paraíso foi, por assim dizer, a Assembleia Municipal que não havia.
4 - Creio ser daí que nos vem a triste mentalidade tomarense que, sem que os nabantinos de tal se dêem conta, e de forma paradoxal, é uma mentalidade criptocomunista. Isso mesmo. Um modo de ser, de estar e de pensar, praticamente idêntico ao que existia antes da queda do Muro de Berlim, em 1989, nos chamados países do Leste e na ex-URSS. Já lá vão 21 anos, as coisas mudaram muito por aqueles lados, mas em Tomar nem tanto. Continua-se a pensar que o governo, directamente ou através da autarquia, deve providenciar tudo ou quase tudo: estradas, escolas, professores, cinemas, teatros, espectáculos, passeios, empregos, subsídios, pensões, segurança, transportes, melhoramentos, alojamento, etc.etc.
Os senhores autarcas, que salvo raras excepções, nunca ganharam nas sua vida privada tanto como auferem enquanto políticos a tempo inteiro, congratulam-se com tal estado de coisas, uma vez que lhes possibilita a descarada compra de votos.
5 - Infelizmente para tais políticos e felizmente para os cidadãos ciosos dos seus direitos, liberdades e garantias, consignados na constituição que nos rege, não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe. A maldita crise que nos assola contribuiu para nos aproximar muito rapidamente do momento fatal. Aquele em que tanto o estado como as autarquias, se vêem forçados a abandonar competências por falta de verbas disponíveis. E lá se vai o estado-papá e a autarquia-mamã. É chegada a vez da sociedade civil. Dos empreendedores sem rede de protecção.
6 - Na nova situação assim criada, contra a vontade dos políticos locais e nacionais, chegou a hora de os tomarense todos juntos aprenderem a tocar de forma harmónica os instrumentos de que dispõem. Na minha maneira de ver, esses instrumentos são 4, a saber: 1 - O conjunto monumental Castelo/Convento/Pegões/Mata; 2 - O conjunto de manifestações Festa dos Tabuleiros/Congresso da Sopa/Grandes eventos de envergadura nacional; 3 - O rio Nabão/terrenos anexos; 4 - A Albufeira do Castelo do Bode.
Agora só falta saber se temos ou não músicos à altura e, sobretudo, maestros ou candidatos a tal, para começar a tocar quanto mais depressa melhor.
Não repeti com frequência que tinha e tenho um plano devidamente estruturado para Tomar?
Por agora, julgo ser melhor ficar por aqui.

A TERTÚLIA QUE ERA PARA HAVER E NÃO HOUVE

Toda a imprensa de âmbito nacional noticia o caso da tertúlia que era para haver e não houve, com António Lobo Antunes, no Café Paraíso em Tomar. Escolhemos reproduzir, com a devida vénia e os nossos agradecimentos, as duas peças publicadas no Diário de Notícias, por nos parecerem as mais completas e esclarecedoras.
Se necessário, clique em cima de cada uma delas, para as ampliar. Boa leitura e melhores conclusões.


SURTO DE DESIDRATAÇÃO PROVOCA QUATRO MORTES

Surto de desidratação na cidade do Nabão provoca quatro vítimas. Mais precisamente quatro arbustos ornamentais, conhecidos por azevinhos, azevinheiros ou visqueiros. Trata-se de uma espécie vegetal rara, praticamente em vias de extinção, devido ao seu uso intensivo nas decorações de Natal. Os exemplares agora mortos são propriedade da autarquia e devem ter sido bastante caros, dado que os viveiristas têm tendência a valer-se da tal raridade.
Perante semelhante situação, Tomar a dianteira contactou um técnico silvicultor, que uma vez examinadas as plantas já secas, foi peremptório -Morreram vítimas de desidratação. Falta de rega, em linguagemn corrente. O que se compreende facilmente. As duas que estão junto ao Convento e à porta do Castelo foram prejudicadas pela falta de pessoal. Actualmente apenas há cerca de 35 funcionários no monumento. Logo a seguir ao 25 de Abril eram 5, um dos quais jardineiro.
Quanto às outras duas, uma à porta do Turismo Municipal, outra junto à Torre Sineira de Santa Maria dos Olivais, também não tiveram melhor sorte, devido à tal falta de operários na autarquia. Neste momento o município tomarense emprega um pouco mais de 500 funcionários. Em 1975 eram menos de 200. Mudam-se os tempos...

Azevinheiro junto ao Turismo Municipal. Agora até o regam, mas já é demasiado tarde. Resta proceder como disse o Marquês de Pombal, aquando do terramoto de Lisboa: Enterrar os mortos e cuidar dos vivos.

Este exemplar, colocado em frente de Santa Maria dos Olivais, também já faleceu, vitimado pela sede. Mas faz falta no local. O vaso metálico com a terra que o alimentava vai servindo de cinzeiro para os tomarenses que ali frequentam as santas missas.

O mesmo acontece com esta planta, colocada em frente da outra planta -a do conjunto convento-castelo-ao lado da Porta de S. Tiago. Também apenas resta proceder ao seu enterro quanto antes.

A mais torturada das quatro deve ter sido esta planta. Colocada à porta do Claustro da Micha, morreu de sede a poucos metros da gigantesca cisterna cheia de água do referido claustro. Pior do que isto, só morrer de miséria à porta do Banco Central Europeu...o que naturalmente nunca acontecerá, que o referido banco é na Alemanha.

domingo, 22 de agosto de 2010

IMAGENS TOMARENSES DE FIM DE SEMANA

A já nossa conhecida beldroega medra (favor não trocar as letras aquando da leitura) a olhos vistos. Beneficia da carência de pessoal autárquico de limpeza urbana. Como dizia um dia destes um vereador -Há falta de operários. Queria dizer que não há quem trabalhe. Com as mãos, não com um computador. Nota-se. Um pouco por toda a cidade.

Por exemplo nesta herança paivina da Rua da Fábrica. Nunca ninguém percebeu o interesse desta cavidade, uma vez que os vestígios arqueológicos nada têm para ver e foram cobertos com telas de protecção. Actualmente, os moradores da zona andam indecisos. Não sabem se é um contentor de lixo de recurso, uma zona sanitária para os gatos, ou ambos. E que tal tapar aquilo tudo? Sempre dava mais uns lugarzitos de estacionamento gratuito (por enquanto...).

Vêm aí as obras faraónicas dos museus da Levada, coisa para uns milhões de euros, que fará tudo de novo. Mas mesmo assim dá pena. Após o Convento de Santa Iria, o Colégio Feminino, a Central eléctrica e os Moínhos da Ordem, chegou a vez da Moagem a Portuguesa, ou Moagem velha, cujo telhado se está a despedir da família. Há na verdade edifícios que não tiveram sorte nenhuma. Nasceram nas margens nabantinas, e está tudo dito.

Mais um aspecto do colorido pavimento da requalificada ligação pedonal Cidade/Castelo, através da Mata. Em argamassa pobre de saibro cru. Com uns pòzinhos de cal hidráulica. Ou muito me engano, ou após o primeiro inverno bem chuvoso, terá mudado de cor e ficado cheia de regos. A seu tempo se verá. Se assim vier a acontecer, como a Mata não pertence à autarquia, nem tem pessoal operário suficiente, teremos regos para muito tempo. Logo agora, que já não há tanta falta deles como dantes.

A grande novidade das ditas obras são estes sanitários novos, com balcão de atendimento, o que significa que vamos ter funcionária ou funcionário de serviço, enquanto a Mata estiver aberta. Óptima ideia. Assim os utentes vão poder escolher o tipo da papel higiénico (o preto é que está agora na moda), bem como os restantes acessórios. E, se calhar, poderão optar entre vários tipos de sanita -normal, turística, executiva, ou de luxo. Será então altura para a autarquia, em parceria com o ICN, lançar a campanha "Aumente o seu nível de vida! Venha a Tomar defecar na Mata! É outro nível de alívio! Não tem comparação!"
Só nos faltava mais esta!

O POSSÍVEL E O DESEJÁVEL

Meu caro vereador, amigo e conterrâneo Luís Ferreira:

Vais desculpar que te responda aqui, e não no espaço dos comentários. Faço-o unicamente porque assim me posso alargar um pouco mais. Fica, todavia, desde já garantido que poderás enviar-me, se assim o julgares conveniente, uma resposta mais longa por mail, que logo aqui será publicada.
Agrada-me a tua pronta resposta. Porque ninguém gosta de escrever "para o boneco". Porque corresponde quase ponto por ponto ao que eu previa. Porque -sobretudo- constitui mais um exemplo positivo daquilo que, tal como eu, entendes por democracia: divergência, díalogo calmo, fecundo e fraterno, debate permanente, ultrapassagem de discordâncias, aceitação sem reservas das decisões maioritárias.
É claro que não concordas! O contrário é que seria surpreendente. Pois se até és tu que propões os subsídios e outras benesses... Dito isto convém lembrar-te, uma vez mais, a lamentável situação orçamental em que se encontra a autarquia, com uma dívida a aumentar à roda de um milhão de euros (200 mil contos) por mês, de acordo com os elementos que indicas no teu blogue (dívida de 29 milhões em 31/05, dívida de 3o milhões em 30/06). O que me leva a usar uma alegoria: Dois bêbados, pobres e vagabundos, discutiam na baixa de Lisboa -O qu'é que preferes pr'a ir jantar? A tasca do Maloio? Ou o Gambrinus? -O Gambrinus é muita melhor. Vou nele. -Não vais não, que não temos dinheiro p'ra isso! Vamos ao Maloio!
Em Tomar estamos numa situação semelhante. A política dos subsídios a fundo perdido, e dos passeios+comezainas+tintol+bailarico, é muita melhor. Dá mais votos, mais popularidade, diminui as críticas e grangeia apoios. Mas não pode continuar, que não temos dinheiro para isso. Ou continuamos e vamo-nos arruinando. Lentamente mas com segurança.
Há, é claro, a falaciosa argumentação de sempre. O turismo, dar a conhecer a cidade, a imagem...
Pois! Mas o turismo, o ser conhecida, a imagem, só interessam na medida em que os visitantes cá façam despesa. E despesa que se veja. Se assim não acontecer, nem os lucros cobririam os gastos, quanto mais agora os impostos recolhidos.
Temos aliás um excelente exemplo -a Festa dos Tabuleiros. Nunca ninguém se queixou de falta de espectadores, mas apesar disso, tem sido cada rombo no orçamento municipal, que até arrepia. Basta lembrar que, mesmo quando a festa não dá prejuízo, a autarquia entra com mais ou menos 100 mil euros (20 mil contos), a fundo perdido, e o turismo de Portugal com outro tanto. Valerá a pena tanto trabalho anterior, tanto transtorno naqueles dias e os espaços públicos que ficam num estado lamentável? Julgo que não. É assim mais ou menos como se a velha carreira da Índia não facultasse lucros substanciais, susceptíveis de compensar as perdas humanas.
Para além do caso exemplar da festa, é meu entendimento que não adianta atraír visitantes, quando todos sabemos, inclusivé tu e os teus colegas da vereação, que não estamos equipados, nem preparados, nem fornecidos para os receber capazmente. Ainda a semana passada fui assediado por alguém que pretendia "um guia em condições"... Dado que, sobretudo no turismo, a promoção de imagem é feita boca-a-orelha, quanto mais visitantes cá vierem, mais propaganda negativa teremos... E há que contar também com os candidatos a investidores. Que uma vez recebidos "à tomarense", sem elementos estatísticos, sem administração célere, sem interlocutores específicos e sem preços convidativos...procuram fugir daqui a sete pés! Até o Convento de Santa Iria, que tinha alguns interessados, segundo referiu várias vezes o presidente da edilidade...
Pensa nisso Luís ! Dentro de três anos, se não for antes, haverá novas autárquicas. Nessa altura, a manter-se o ritmo actual, a dívida global do município rondará os 70 milhões de euros, = a um milhão e quatrocentos mil contos. Cerca de mil setecentos e cinquenta euros por habitante = a 350 contos por cabeça. Vai preparando a tua parte, que já o Salazar foi para a pasta das finanças em 1928, exactamente para acabar com o défice. O que veio a acontecer depois é do conhecimento geral...

Cordialmente,

António Rebelo

TOMAR A NUVEM POR JUNO

Tomar a nuvem por Juno, ou deixar que a árvore esconda a floresta. Tal é a postura dos senhores autarcas tomarenses em geral. Indo por partes.
O Festival Bons Sons, realizado em Cem Soldos, uma freguesia rural, pela respectiva população, está ser, ao que consta, um extraordinário sucesso. Congratulemo-nos! Parabéns Cem Soldos! Trata-se de uma realização comunitária de grande envergadura e muita qualidade, que prestigia não só a aldeia que o realiza, mas igualmente a sede do concelho.
É igualmente um iman para o pobre e debilitado turismo tomarense e para as respectivas actividades dele dependentes (hotelaria, restauração, património, vida nocturna, recordações...).Nada, porém, de embandeirar em arco, como se fora uma realização óptima e única. Não é. Porque o óptimo é inimigo do bom e este pode sempre ser aperfeiçoado. Porque há por esse país fora -e mesmo no concelho- realizações similares, maiores ou menores, com semelhante sucesso.
O que agora deve preocupar os dinamizadores do excelente êxito de Cem Soldos, bem como os que se interessam realmente pela situação da comunidade tomarense no seu todo, é o honesto e completo balanço final. Pelo menos fazer a sua contabilidade rigorosa e publicitá-la. De forma a inviabilizar boatos maldosos que sempre pululam, sobretudo nos meios pequenos. Igualmente para se apuraram duas coisas: 1 - O Festival, tudo somado e subtraído, deu realmente lucro? Quanto? Para que vai servir? 2 - Sem o subsídio camarário de 20.000 euros, teria ainda assim dado lucro?
Na verdade, a questão cada vez mais premente, nestes tempos de crise e de encolhas, parece ser esta: As mais variadas actividades e realizações não poderão continuar a contar com a generosidade forçada dos contribuintes, via autarquia e autarcas mãos-largas. Sobretudo em Tomar, onde tudo aponta no sentido de o défice municipal se estar a agravar na ordem de um milhão de euros (= a 200 mil contos) por mês. É insustentável. E quanto mais tempo durar, pior.
Dado que a autarquia não pode deixar de pagar aos funcionários, assegurar o seu próprio funcionamento e garantir os serviços essenciais, cada vez mais onerosos, as contas são fáceis de fazer ou, se preferirmos, a dedução é lógica e fácil...
Seria uma extraordinária lição prática de civismo e de entrosamento comunitário se, feitas as contas e apurado o lucro, a organização de Cem Soldos resolvesse devolver à Câmara o total ou parte do subsídio recebido. Porque vai sendo tempo de ver as coisas como elas são. Tudo tem de ser pago. De uma maneira ou de outra. E o que vai para um lado, já não pode ir para outro. Dado que os recursos são cada vez mais escassos...
Compreende-se que o município possa ser fiador desta ou daquela iniciativa, uma vez debatida a questão. Aceita-se igualmente que avance um fundo de maneio, quando necessário, o qual deverá ser devolvido, salvo clara impossibilidade, por motivos imprevistos. Agora doações, esmolas, subsídios a fundo perdido, isso tem de acabar. Há por esse país fora, e no nosso concelho, dezenas de manifestações populares que dão lucro e nunca tiveram qualquer ajuda da autarquia. Nem a pediram, honra lhes seja feita!
Gastar balúrdios, que tanta falta faziam noutros lados (na manutenção do mercado, por exemplo, que nunca foi assegurada de forma cabal...), com o Festa dos Tabuleiros, o Congresso da Sopa, e por aí adiante, já era algo aberrante no tempo das vacas gordas, tendo contribuído em muito para o atoleiro em que nos encontramos. Agora com a crise, é algo absolutamente impensável e insustentável. Só autarcas invisuais em macro-economia ou deliberadamente palonços podem continuar a sustentar o contrário.
Segundo as melhores fontes internacionais, designadamente o Eurostat (que trabalha com dados do INE, no que a Portugal diz respeito), o nosso país gasta anualmente com a administração pública central, regional e local, um pouco mais de 15% do PIB. A média da União Europeia é de 9,8% e os nossos vizinhos espanhóis ficam-se por pouco mais de 7%. Por isso pagam menos IVA, menos IRS, menos IRC e menos IMI do que nós. Por isso há tanta coisa mais barata em Espanha. Os combustíveis, por exemplo...
É claro que também há o tão apregoado modelo escandinavo (sueco, finlandês, norueguês, dinamarquês), que muitos portugueses consideram uma maravilha. Mas estarão interessados em pagar 24 ou 25% de IVA? E na publicação anual da folha de impostos de cada um, sob a forma de lista telefónica, livremente consultável, em suporte papel ou na Internet?
O futuro não é só o que aí vem, mas igualmente o que estamos vivendo em cada momento, uma vez que a mudança é permanente e cada vez mais acelerada. Impõe-se, portanto, adquirir outros hábitos. Ontem já era tarde.