segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O LOGRO DA OBRA PELA OBRA


Segundo o vereador Luís Ferreira (O único que, mal ou bem, vai informando sobre as operações camarárias em curso e/ou em preparação), está em estudo a transformação do terreno antes ocupado pela antiga messe de oficiais em parque de estacionamento para autocarros. Além do vespeiro em que se está a meter, por razões que a seu tempo intuirá, um outro problema se coloca -Porque hão-de os autocarros de turistas ir estacionar ali, no estado actual das coisas? Se na verdade se pretende que venham a estacionar ali, então o previsto parque para autocarros na fachada norte do Convento de Cristo vai servir para quê? Quem foi o especialista de planeamento turístico que afiançou ser possível os autocarros com turistas pararem duas vezes em Tomar, uma cá em baixo, outra lá em cima?Algum vereador actual sabe realmente quanto tempo demora um grupo de turistas só para sair e voltar a sentar-se no autocarro?
A já referida "Bíblia Paiva", que a actual maioria de circunstância continua a usar como livro sagrado, inclui o esquema acima reproduzido, muito bem esgalhado mas manifestamente para impressionar pacóvios. Porque a triste verdade é esta: Em termos de planeamento turístico, de macro-economia e de uso da língua portuguesa, que são as três áreas em que me sinto capacitado, o citado documento nasceu débil e já ultrapassado. Apenas um exemplo, por ser o mais rápido em termos de demonstração. Abordando a questão da mobilidade urbana sustentável, o texto inclui estas duas pérolas -"Neste domínio deverão ser desenvolvidos projectos em três domínios." E mais adiante -"Deverá ser estimulada a mobilidade pedonal, em particular de visitação da cidade..."
Para além da confusão lexical, avulta a flagrante incoerência. Afinal, se é questão de estimular a mobilidade pedonal, o comboio turístico e os recentes transportes colectivos urbanos vão servir para quê?
Olhando para o passado recente, os cidadãos mais sensíveis às sucessivas obras de transformação dos vários espaços urbanos, têm razão quando se lamentam que, em todos os casos (Várzea Pequena, Mouchão, ex-Estádio, Mercado, Flecheiro/Borda do Rio, etc.), foi gasto muito dinheiro e afinal ficámos todos a perder. Foram-se os lugares de estacionamento para autocarros e as retretes na Várzea Pequena, desapareceu a tradicional intimidade do Mouchão, destruiram as bancadas e os balneários do Estádio, acabaram com o acesso sul ao mercado e suprimiram a velha via marginal entre a Ponte Nova e o passadiço pedonal. Perante tão tristes resultados, é humano temer que o que aí vem não seja melhor. É aliás o próprio documento que temos vindo a citar que alerta o seu encomendante: "Ameaças - Incapacidade de estabelecer uma conectividade funcional e física entre a cidade e o Convento de Cristo. (Qual será a diferença entre a funcional e a física?!) -Insuficiente desenvolvimento de uma estratégia turística que torne os diversos recursos patrimoniais e ambientais num produto turístico atractivo."
Regressamos assim à questão das obras pelas obras. Ninguém discute, julgo eu, a utilidade da prevista requalificação das vias de entrada na cidade. A pergunta que importa é esta: São obras prioritárias? É agora a melhor altura para as fazer? Não há nada mais urgente? O largo do Pelourinho, por exemplo? O realojamento dos ciganos? O estacionamento de autocarros na Várzea Pequena? A simplificação dos serviços autárquicos? A adequada formação em técnicas de acolhimento? De que servem acessos modernizados para entrar numa cidade com um monumento Património da Humanidade, cujas ruas e outros espaços públicos estão um nojo? Não será já tempo de pôr de parte as bíblias e começar a ouvir a população?
Tinha trazão o presidente Lincoln. Pode-se enganar uma pessoa durante toda a vida, ou toda a gente durante um certo tempo. É no entanto impossível enganar toda a gente para sempre."
E ainda não havia informação electrónica, quanto mais agora!

9 comentários:

Anónimo disse...

Outra boa utilização que se pode dar a este novo espaço recém promovido a zona poeirenta é recinto para as festas de engorda e vomita, isto é: Festival da Cerveja, Congresso da Sopa, Festa da Telha, Festa do Frango Assado, etc, etc.

O aldeão Carrão, a Gracinha Costa do castelo, e o Rosa Dias sem espinhos ficariam muitagradecidos...

Anónimo disse...

Bora, tudo a ir para ali comer e cagar. Grande português vernáculo, verdadeiro e genuíno!
É esta a Tomar templeira, a Tomar cigana...alarga o cinto Zé Povinho.

Anónimo disse...

O Flecheiro é melhor!
Tem os gitanos à ilharga!
Ainda fazem a segurança!!!!!!!!
O espaço da antiga messe está reservado para o Palco do Cidade de Tomar na Feira de Santa Iria!!!!!!

Anónimo disse...

O local em causa, poderia ter muitos aproveitamentos, mas se os que lá existem ao pé, nunca foram embelezados, será que vai ser aquele!
É de entendimento que todos eles deveriam levar asfalto, para não prejudicar quem ali vive e estaciona o carro diariamente com todas aquelas poeiradas.
Poderá dizer-se que os espaços que se referem têm outra finalidades e que existem até projectos, mas se pensarem bem, as vezes que as máquinas lá vão anualmente regularizar o piso (deviam ir mais), em pouco tempo seria compensado o custo do betuminoso, para além de o piso estar sempre muito mau...

Luis Ferreira disse...

Estimado Prof.Rebelo

Faz quanto a mim uma excelente desmontagem do dito "documento estratégico", apresentado no mandato do PSD-Paiva, que sem desprimor do seu trabalho, foi na altura alvo de frontal opiniao desfavoravel dos autarcas socialistas.

Quanto a que seja este o documento orientador, lamento mas ele compromete apenas quem o defendeu e o apresentou ou seja, os meus colegas eleitos pelo PSD.

Sofre a questão das prioridades muito poderia ser escrito, aqui e agora, sobre as mesmas. Mas convenhamos que, sendo certo que se vive um momento muito difícil em termos de manutenção de níveis mínimos e aceitáveis de serviços como sejam os da higiene urbana ou da jardinagem, não será demais recordar que os investimentos de que falamos são de indolE e complexidade totalmente diferentes.

Assim, estou convicto do acerto de melhorarmos de forma definitiva os principais acessos à cidade. Isso não invalida a sua, e a minha tristeza, por termos ainda uma Cidade suja e pouco cuidada para serviço não só aos turistas e
visitantes, mas muito especialmente para nosso serviço - dos residentes da Cidade e do Concelho.

O primeiro promotor de Tomar é o cidadão de Tomar, essa é a minha convicção. E aí temos, de facto, uma lacuna grave: devíamos ser mais positivos e orgulhosos de nós próprios!

Anónimo disse...

Mais uns bitaites do bestunto amigalhaço do Prof. Rebelo.
Este rapaz sabe-a toda, todinha!
Quem o ouvir não o leva preso ... fica é preso de não se põe a pau!
Mais um socialeiro no poder nesta terra sem governo!
Irra!!!!!!

Unknown disse...

Para anónimo das 21:16

Peço licença para uma pequena correcção e um um humilde comentário.
A correcção: Sou amigo do vereador Luís Ferreira, como já era antes de ele ser vereador. Não sou seu, nem ele é meu amigalhaço. Podendo parecer que não, há uma grande distâncias entre ambas as coisas. Que fique claro.
O comentário: Amigos amigos, negócios à parte. Não concordo, nem pouco mais ou menos, com a acção política dos vereadores eleitos pelo PS, como de resto é do conhecimento geral, desde antes da por mim condenada coligação.É favor tomarem nota.
Cordialmente,

A. R.

Anónimo disse...

Pois...

Anónimo disse...

A questão das prioridades sofre...ai não que não sofre!!!