segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O COMBOIO DA NATA DO REGIME SALAZARISTA

Quem houvera de dizer! O autoritário, humilde, austero e ultraforreta Salazar, que nos deixou as finanças públicas equilibradas e, no Banco de Portugal, um confortável colchão de quase 500 toneladas de ouro (num país onde havia fome...), afinal também sustentava um presidente e ministros gastadores que, quando em deslocações oficiais, aproveitavam para encher os respectivos bandulhos...
Aos factos. A revista Pública de ontem (distribuída junto com o jornal Público) insere uma reportagem com declarações trabalhadas do "último sobrevivente do Comboio Presidencial", da autoria de Carlos Cipriano (texto) e Daniel Rocha (fotos). Passamos a transcrever, com a devida vénia e os nossos agradecimentos, os excertos que nos parecem mais significativos, um dos quais se refere à nossa terra e à nossa Festa Grande.
"O Comboio Presidentcial era composto por cinco carruagens de luxo e transportou os Chefes de Estado até à década de 70 do século passado. Para o compor, usaram-se carruagens do tempo da monarquia, datadas de 1890, que foram transformadas em veículos modernos e atrelados à carruagem do Presidente, essa sim, comprada na Alemanha em 1930, e um furgão também dessa época. ... ... ...
Com 550 mil euros garantidos, o Museu Nacional Ferroviário (Entroncamento), recorreu à CP e à EMEF, que vão reabilitar três dos cinco salões do comboio. Um quarto, que o museu erradamente designa pela "carruagem dos jornalistas" mas que, na verdade, se destinava aos ministros e, pontualmente, ao Cardeal Patriarca, aguarda melhores dias...
... ... E agora, de repente, ali estava ele na estação lisboeta de Santa Apolónia, perfilado como na tropa, ... ... em frente ao Comboio Presidencial, para ser cumprimentado pelo "primeiro magistrado da Nação, o senhor almirante Américo Tomás". Juntos terão percorrido milhares de quilómetros naquele comboio de luxo, mas entre os dois não houve sequer uma troca de palavras. Manuel Silveiro era apenas um peão, numa tripulação de 15 pessoas, destinada a servir a comitiva do Chefe de Estado.
Da Wagons-Lits -a empresa de origem belga que se tornara famosa logo no século XIX, aquando da criação dos grandes expressos europeus, e que operou em Portugal até 1974- estavam adstritos à composição dois cozinheiros, dois ajudantes de cozinha e quatro criados de mesa. A "arraia miúda" do comboio ficava por aqui, mas com o presidente da República, os ministros e os jornalistas (que tinham carrugem própria), havia inúmeros pides e funcionários mais ou menos subalternos...
... ...No dia seguinte, já com o presidente a bordo, o comboio era precedido de uma batedora, uma locomotiva isolada que "batia o terreno" ao Comboio Presidencial, para garantir que tudo estava em condições e não havia sabotagens nem outros incidentes. Esta prática ainda hoje existe sempre que o Chefe de Estado viaja de comboio, como aconteceu quando Cavaco Silva se deslocou ao Algarve num comboio pendular. Um outro pendular vazio seguiu na dianteira...
Manuel Silveiro conta que a maioria das viagens que fez foi entre Lisboa e Porto, com uma única e breve paragem em Coimbra, onde os estudantes vinham à estação com as suas capas, cumprimentar o Chefe de Estado. A viagem de regresso era feita sem parar, mas demorava entre 4 e 5 horas, porque "quando eles iam a comer, afrouxavam a marcha".
O Presidente almoçava com um grupinho restrito na carruagem presidencial, que tinha cozinha própria e à qual estavam afectos um cozinheiro, um ajudante e dois criados de mesa. Exactamente os mesmos que viajavam na carruagem-restaurante, onde se sentavam à mesa os ministros e outros convidados. Jornalistas e pides, que viajavam na última carruagem, não comiam no comboio...
E nunca houve uma história, um episódio com Américo Tomás, que nos possa contar? -"Não! Nunca. Aquilo estava tudo preparado para não haver nada. Cinco minutos depois de sairmos de Lisboa, já ia tudo nas bebidas e nos petiscos. E antes de Coimbra já estavam todos a almoçar. Era comer e beber a viagem toda. ... ... ... Foi o Marcelo Caetano que acabou com aquilo, porque gastava muito dinheiro ao Estado. Disse ao Américo Tomás que, se quisesse, tinha o carro da presidência." ... ...
Lembra-se que foi neste modo de transporte que Américo Tomás foi inaugurar a Ponte da Arrábida, no Porto, e por lá ficou quatro dias. Quase todos os anos iam à Festa dos Tabuleiros, a Tomar. E a inauguração de uma fábrica de automóveis na Azambuja também obrigou à deslocação do Comboio Presidencial." ... ... .

oxoxoxoxoxoxoxoxoxo

Ah ganda Silveiro! Deus o abençoe e lhe dê muita saúde! Festa dos Tabuleiros quase todos os anos!!??? Era bom, era!!! Dá muito trabalho e está sempre muito calor!!! E quando o calor aperta e a sede desperta...
Não há melhor que umas passeatas à custa dos contribuintes, com comezaina e tintol à fartazana. Afinal, como mostra o texto citado, o Camões estava enganado. Quinhentos anos depois, mudam-se os tempos, mudam-se os regimes, mas permanecem as vontades e escasseiam as novas qualidades...

4 comentários:

Anónimo disse...

Festa dos Tabuleiros todos os anos até dava um jeitão! Sabe porquê, António Rebelo? Porque é em ano de festa que a Câmara manda limpar certos locais da cidade que depois ficam mais quatro anos ao abandono!
Lembra um pouco aquela dona de casa badalhoca que varre o pó para debaixo das carpetes...

Anónimo disse...

Acabei de ler na página "Local" na SAPO que a terceira fase do Projecto Flecheiro vai mesmo avançar, tendo os Socialistas e os Independentes decidido abster-se, justificando esta tomada de posição com o não quererem ficar ligados a um possível chumbo do processo.

Presidentes de câmara houve que ficaram na história da cidade pelos mais diversos motivos. Dada a minha idade não serei a pessoa mais abalizada para dissertar sobre isso mas, quer pelo que li, quer pelo que vivi, posso pelo menos dizer que se por um lado o general Oliveira ainda hoje é falado pelo que fez no sentido de tornar esta cidade conhecida como "cidade-jardim", já o sr. Paulino, o Paiva da Trofa, ficará para sempre ligado à história desta triste terra pela destruição da imagem e da atmosfera que faziam de Tomar um local único, porque a sua arrogância, a sua falta de sentido estético e a sua falta de escrúpulos se sobrepuseram ao interesse público.

Serve isto para dizer que estes senhores que agora governam o concelho têm uma oportunidade única para serem recordados no futuro como aqueles que ao fim de tantos anos de inércia acabaram de vez com uma situação intolerável para a cidade e para os seus habitantes, devolvendo o rio aos tomarenses e dignificando as condições de vida da comunidade cigana tomarense.
Por isso seria bom que metessem a mão na consciência e que pelo menos desta vez valorizassem o diálogo e se entendessem quanto à solução a dar aos habitantes das barracas à beira-rio, remetendo para segundo plano a partidarite.
Irão ver que não dói, e não ficarão menorizados por causa disso!

Anónimo disse...

Ao anónimo das 18:42

Deve propagar que foi noticia da Rádio Hertz na página do SAPO "Local".

Anónimo disse...

Pronto!!!!!

Propago que a notícia referente ao avanço da Terceira Fase do arranjo do Flecheiro foi colocada pela RÁDIO HERTZ...não vão eles ficar melindrados!

Contentes???!!!