segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

SERÁ QUE TUDO ISTO VAI ACABAR BEM? - 2

Bem me parecia que a notícia do EXPRESSO sobre a ida de Sócrates a Berlim (ver post "Será que tudo isto vai acabar bem?") tem forte influência da máquina PS de comunicação. Num despacho da agência noticiosa Reuters, publicado na edição de ontem do EL PAÍS, a música é muito diferente do fado daquele conceituado semanário português. Para obstar a qualquer dúvida, aqui vai a tradução integral:

"ESPANHA DE NOVO EM PERIGO"
"O país poderá cair de novo no pântano, caso os líderes europeus não tomem as medidas adequadas"

BREAKINGVIEWS REUTERS
Neil Unmack

"Desvanecem-se as esperanças de que os líderes da zona euro cheguem a um acordo em Março, sobre as reformas a longo prazo para solucionar a crise da dívida. O mais provável é que se consiga um remédio para a Grécia e a Irlanda e que logrem convencer Portugal a aceitar a ajuda internacional. Os mercados já perderam entretanto parte da euforia inicial deste ano, mas pode haver mais repercussões se a zona euro decepcionar. Neste caso, Espanha será arrastada para o pântano.
No mínimo, aguarda-se que os ministros da economia aumentem a capacidade de empréstimo do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) até aos 440 mil milhões de euros previstos inicialmente, em vez dos 225 mil milhões impostos pelas agência de notação. Trata-se de um tema praticamente sem contestação.
O tópico seguinte é o custo do financiamento. As actuais taxas de juro dos empréstimos concedidos pelos mecanismos de ajuda da UE são elevados, geram controvérsia política e tendem a agravar os problemas de solvência dos países beneficiários. Além disso,  vai ser necessário tornar menos dolorosos os empréstimos, para convencer Portugal a solicitar ajuda. Finalmente, o novo governo irlandês vai querer renegociar as condições do pacote de Dezembro passado, podendo ocorrer que a zona euro queira demonstrar alguma boa vontade. Todavia, para que tenham um impacto significativo, as taxas de juro deverão ser bastante mais baixas do que as actuais, ou então os empréstimos terão de ser ampliados para prazos muito mais longos. Tudo isto poderá provocar problemas de legalidade na Alemanha.
À medida que os dias vão passando, vai-se acentuando a ideia de que a adopção de medidas mais radicais é cada vez menos provável. Uma das propostas em cima da mesa é que se permita ao FEEF comprar títulos, para ajudar a orquestrar as reestruturações de dívida pública. Contudo, dado que os parceiros de coligação da chancelarina Merkel, e mesmo o seu próprio partido, se arriscam a ser derrotados nas eleições regionais alemãs, estão a propor leis que impeçam tais planos para o futuro da zona euro. Tudo isto deverá endurecer a postura de Berlin na próxima cimeira europeia. Já as ideias mais insólitas, como a de permitir ao FEEF recapitalizar directamente os bancos, parecem mais inverosímeis.
Os investidores que aguardam um solução para os problemas básicos de insolvência dos países periféricos e a capitalização bancária da zona euro, vão provavelmente ter de aguardar até uma outra ronda de conversações. Entretanto os CDS (seguros contra riscos de crédito) espanhóis estão 56 pontos base acima do seu nível mais baixo de Fevereiro, mas continuam 86 pontos base abaixo do ponto mais alto de Janeiro, o que indica que poderão vir a aumentar se o pacote final da cimeira for decepcionante. Espanha poderá nesse caso sofrer, se novas tensões nos mercados provocarem maiores dificuldades aos bancos para refinanciar as suas dívidas e ao governo para financiar as recapitalizações. Madrid não está, por conseguinte, fora do eventual turbilhão do contágio."

EL PAÍS, 27/02/11, Negócios, página 22

Relacionada com esta matéria, o PÚBLICO de hoje publicou nas páginas 16/17, numa entrevista conduzida por Ana Rita Faria, declarações de Fátima Barros, desde 2004 directora da Católica-Lisbon School of Business and Economics (ex-Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica Portuguesa). Considero particularmente importante este excerto da entrevista, pois até parece que a ilustre senhora ou vive em Tomar ou adivinha o que por aqui também vai acontecendo em relação à autarquia:
"Já entrámos no discurso irrealista há muito tempo. Quando disse demasiado optimista estava a ser politicamente correcta. Há muitos anos que se está a escamotear os problemas e a enganar toda a gente. Agora estamos a pagar as consequências. Quando alguém dizia que estávamos a caminho de uma situação muito complicada, o governo dizia que era um discurso pessimista, mas isso só nos conduziu a uma situação muito pior. Porque em vez de começarmos a tomar as medidas restritivas quando era necessário e, se calhar, evitar este descalabro, fizemos disparates cada vez maiores, avançámos nos projectos de grandes obras públicas, em vez de os termos parado. Eu assinei o manifesto em 2005, onde pedíamos estudos de custo-benefício. E o aumento dos salários em 2009, ano eleitoral, foi uma medida desonesta.
Acho que a recuperação vai ser dolorosa, mas os portugueses sempre foram melhores a reagir em dificuldades do que a aproveitar as situações mais favoráveis"...  ...

REMENDO O FATO NOVO?

Economia de Crise, Nouriel Roubini e Stephen Mihm,  Publicações D. Quixote, Lisboa, Outubro 2010,  418 páginas, 22 euros

Eis a obra que faltava em tradução portuguesa. A análise da crise e as hipóteses de solução, pelo único economista -Nouriel Roubini- que previu a hecatombe em 2006. Dois anos antes do seu início. Infelizmente, em tempo útil ninguém levou muito a sério aquilo que ele então disse. Não é aqui o local nem será a hora para apresentar e debater o conteúdo do livro. Isto porque, mesmo partindo do princípio segundo o qual "o saber não ocupa lugar", estamos no local errado. Em Tomar, regra geral o saber não só ocupa o lugar reservado aos réus, como desclassifica os seus detentores. Os nabantinos adoram uma boa refeição, uns bons copos ou um Sporting-Benfica, mas detestam quem demonstre, de forma activa ou passiva, que detém algum saber. Se tiver razão, então ainda é pior. Começam a ter-lhe raiva. Deve ser por  isso também que estamos cada vez melhor. E com tendência para aperfeiçoar. Ou estarei enganado?
Desta obra fundamental para perceber o mundo e a sociedade em que vivemos, limito-me por agora a destacar dois pequenos excertos: "Em 1933, John Maynard Keynes declarou: "O capitalismo internacional, decadente mas individualista, nas mãos do qual nos encontramos desde o final da guerra [Primeira guerra mundial, 1914/1918], não é um sucesso. Não é inteligente, não é bonito, não é justo, não é virtuoso. E não cumpre a sua obrigação. Em resumo: Não gostamos dele e começamos a desprezá-lo. Mas quando pensamos no que colocar no seu lugar, ficamos extremamente perplexos." (contra-capa)
"...Stephen Roach, do banco Morgan Stanley, e David Rosenberg, da Merrill Lynch, há muito que tinham expressado preocupações sobre o facto de os consumidores nos Estados Unidos viverem acima das suas possibilidades."
Em resumo e usando linguagem coloquial, A) -  O capitalismo não vale um chícharo, mas ainda não se conseguiu implementar nada melhor. Logo, temos de ir vivendo nele e com ele, embora continuando a procurar; B) - Não são só os consumidores norte-americanos que vivem acima das suas possibilidades. Assim como quem tenta falar acima do nível da sua boca, ou dar passos maiores do que as pernas. Em Portugal e particularmente em Tomar, a megalomania, a basófia, as afigurações, são tudo coisas correntes. Tanto a nível individual como colectivo. Armar ao pingarelho, agir para o penacho, fingir de carapau de corrida, são práticas nabantinas quotidianas. A própria autarquia, cuja envergadura política ou arcaboiço fianceiro são aquilo que se sabe, vai-se enterrado pouco a pouco, mas de forma segura. À medida que as dívidas vão aumentando, em vez de ir reduzindo as despesas, insiste na ideia de aumentar as receitas, o que acentua a debandada dos contribuintes e a redução dos impostos cobrados. Temos assim um prática auto-sustentada: o executivo camarário vai afundando o buraco à medida que nele se vai enterrando. Já estamos nos 40 milhões de euros de dívida global = 8 milhões de contos = 8.000.000.000 de escudos. Quem vai pagar? A União Europeia? Julgam que eles são tão imprevidentes, esbanjadores, preguiçosos, acomodados e parvos como nós? Se assim fossem, já teriam morrido de frio, que o clima daquelas bandas não perdoa...
Neste contexto de profundo mal-estar, tanto a nível nacional como local. Destaco duas reacções, ambas de quadros militantes do PS. 1 -  O presidente dos socialistas nabantinos, o meu amigo Hugo Cristóvão, dedica o seu mais recente post (alguresaqui.blogspot.com) aos Óscares. O que se compreende. Quaisquer que tenham sido os resultados finais, houve de certeza uma falha: não atribuiram à câmara de Tomar o Óscar da pior autarquia do país. Ingratos!
2 - Luís Ferreira, outro amigo meu e  estratega-mor, o Relvas do PS tomarense, finalmente lá acabou por perceber e aceitar que a hipocrisia e o equilibrismo político também têm os seus limites. No seu blogue (vamosporaqui.blogspot.com), advoga uma requalificação da já demasiado arruinada coligação. Assim uma operação de refrescamento + reformulação, tal como antigamente se mandavam virar os casacos, quando já estavam demasiado coçados. A problema é que ficava sempre a notar-se a dita operação, pois o bolso superior mudava de lado. Coisas...
A pergunta que faço é esta: Dado o estado de ruína da coligação e das políticas, não seria melhor ouvir os tomarenses sobre a melhor solução possível, em vez de procurar remendar o que já não tem conserto? Pensos em pernas de pau carunchosas nunca remediaram, craram ou evitaram o que quer que seja. 

domingo, 27 de fevereiro de 2011

SERÁ QUE TUDO ISTO VAI ACABAR BEM?

Acentuam-se as similitudes entre o país e a cidade, entre o governo e a autarquia, entre Sócrates e Corvêlo. Vejamos em detalhe, indo do macro para o micro. Portugal está para a Europa dos 27, assim como Tomar está para as restantes cidades do país. Em termos económicos, Portugal está cada vez mais atascado em dívidas, a cidade nabantina idem idem. O governo aumentou os impostos, a autarquia aumentou as taxas e os preços. O governo é minoritário, o executivo autárquico PSD também. O País tem excesso de funcionários, o município igualmente. Os portugueses emigram, os tomarenses migram.
Como se tudo isto não fosse já preocupante, temos ainda um modus operandi comum ao primeiro-ministro e ao presidente da câmara de Tomar. Ambos são cada vez mais considerados pelos eleitores respectivos como exímios ilusionistas políticos, excelentes no malabarismo verbal. Enquanto Sócrates vai criando pouco a pouco uma espécie de realidade paralela, com a sua continuada reivindicação de sucessos políticos e/ou económicos, Corvêlo consegue ir embalando os seus pares com sucessivos discursos cheios de boas intenções, plenos de optimismo, mas sem consequências práticas. Quando o primeiro-ministro menciona casos concretos, tipo energia eólica, Magalhães ou aumento das exportações, Corvêlo relembra as obras grandiosas erguidas durante os mandatos do PSD, ou ainda em curso. Que segundo afirma trazem ou trarão grandes benefícios para a cidade e para o concelho. O elefante branco da Levada, por exemplo, vai finalmente permitir o desenvolvimento do turismo local...
Chegados aqui, porém, os destinos de um e outro bifurcam. Convocado pela senhora Merkel, que nunca brinca em serviço, Sócrates vai a Berlim na quarta-feira. Segundo a imprensa portuguesa, para de lá trazer boas notícias. De acordo com a imprensa internacional, para ouvir uma rabecada das antigas e para ser intimado a implementar imediatamente medidas de austeridade comparáveis às de Espanha, da Irlanda ou da Grécia. Sob pena de "desligarem o país da máquina europeia". A bancarrota em menos de 24 horas, caso tal venha a acontecer. Exactamente o que pediram à chancelerina alemã quase 200 professores de economia alemães, numa tribuna publicada num dos principais diários daquele país.
Estou mais virado para a versão internacional do que para a do EXPRESSO (página 3), uma vez que para conceder um "satisfaz bem" à Espanha e felicitar o seu presidente do governo, Merkel não hesitou e  veio a Madrid há uma semana. Teria sido, portanto, uma excelente ocasião para um salto a Lisboa, caso se tratasse da mesma agradável incumbência. Assim, tudo parece indicar não ter qualquer fundamento a versão oficial portuguesa do convite, tratando-se antes de uma convocatária/intimação, daquelas que são usadas em relação aos subordinados relapsos. Aguardemos.
Nesta altura, os leitores mais por dentro destas coisas perguntarão: Mas afinal quais são essas medidas de austeridade em Espanha, na Grécia e na Irlanda, ainda não decretadas em Portugal? Apenas posso dar um exemplo. Enquanto em Portugal a administração pública substitui um de cada dois funcionários que se aposentam, (50%) em Espanha a proporção é de um para dez, (10%), salvo na saúde e no ensino, onde é de 3 para 10 (30%). Assim já podem fazer uma ideia do que aí vem...
Entretanto, a nível local não há Merkel que nos possa valer. Apesar de termos um executivo minoritário, especialista em arranjar despesa. Já em 2010, num contexto de evidentes  dificuldades de tesouraria, tratou de integrar nos quadros pelo menos uma boa dúzia de contratados a prazo. Mais recentemente, foi a conhecida reformulação das chefias, que redundou nas 15 divisões e nos 3 departamentos. Agora só falta saber onde irão arranjar autorização prévia, votação maioritária e banqueiros ousados para obterem os indispensáveis 8 milhões de euros, sem os quais...
Tendo em conta as actuais condições de mercado, caso consigam concluir o prévio calvário com êxito, o que parece estar longe de ser um dado adquirido, podem-se ir preparando para uma liquidação anual da ordem dos 400 mil euros, só em juros.  A tradicional megalomania tomarense, quando associada a uma ignorância crassa da economia, leva a confundir despesa com investimento e a precipitar o "estampanço" contra a parede. Aguentem-se. Pode ser que consigam pagar atempadamente a todos os funcionários até ao final do mandato. E até continuar com os subsídios, as cedências dos autocarros e os passeios comezaina+tintol+animação. Pode ser...

PROGRAMA "À MESA DO CAFÉ" - 8

Oitava edição da realização conjunta Rádio Hertz/Tomar a dianteira "À mesa do café". Desta feita com o arquitecto José Lebre como convidado. E no Café Paraíso. Somos das raras, se não mesmo a única cidade do país onde basta subir a rua principal para entrar no Paraíso. Apesar da crise!
Vereador numa câmara AD, nos idos anos 80 do século anterior, José Lebre foi também cabeça de lista do movimento independente "Tomar em primeiro lugar", nas autárquicas de 2009. Questionado sobre essa iniciativa, disse estar muito satisfeito, pois lhe permitiu dizer aos eleitores o que sentia. Referiu ter até ficado de algum modo agradavelmente surpreendido com os quase 800 votos conseguidos, uma vez que um partido conhecido como o CDS, por exemplo, não chegou aos 1300.
Num tom cordato, de boa companhia, manifestamente moderado, não deixou ainda assim de lastimar que a nossa administração em geral e a autarquia em particular sejam burocracias tentaculares, "onde 50% dos procedimentos não se justificam, estão a mais, não fazem falta nenhuma". Deu até o exemplo do munícipe que pretende consultar um processo pessoal e é obrigado a fazer um requerimento. Para quê?!, exclamou.
Noutro passo, vincando ser absolutamente necessário que cada cidadão participe activamente na vida política da sua comunidade, condenou a política geralmente hostil dos eleitos, a qual segundo avançou, parte de um pressuposto errado: o de considerar que quem discorda é sempre um inimigo. Acontece, acrescentou, que tal não é verdade. Na maior parte dos casos os eleitores discordam, mas não se trata de nada de pessoal. Pelo contrário, procuram de alguma maneira melhorar as soluções encontradas. Neste quadro, concluiu, hostilizar ou exercer represálias são práticas que já deram resultados em ditadura, mas condenáveis e inaceitáveis em democracia. Tendem a desencorajar o exercício da cidadania, quando é exactamente o oposto que se pretende.
Abordando a questão do "elefante branco" da Levada, opinou que logo à partida a doação de tudo aquilo à autarquia pelo BES, foi um presente envenenado. Mais tarde ficou estarrecido, quando soube que primeiro mandaram fazer o projecto de requalificação e só depois o executivo autárquico reuniu para debater e decidir os equipamentos a instalar. Regra geral, adiantou, é o contrário que se faz. Primeiro determina-se para que irão servir as edificações e de seguida manda-se projectar em função dessa ocupação prevista. O contrário não faz qualquer sentido.
No capítulo da actual conjuntura, lastimou o despesismo da administração pública, a maneira como acolhem os cidadãos, as insensatas dificuldades que arranjam para quem quer investir, afirmando ser imperativo adoptar doravante políticas de bom senso, de contenção, de poupança.
Em relação ao nosso futuro enquanto comunidade humana, disse estar convencido de que o turismo é a nossa melhor opção, enquanto alavanca decisiva para o progresso económico da cidade e do concelho, havendo por conseguinte necessidade urgente de melhorar radicalmente as entradas da cidade e a paisagem urbana, pois sem isso nada feito. Referindo os nossos trunfos na área do acolhimento dos visitantes, referiu a festa dos tabuleiros, estranhando que seja feita apenas e só de quatro em quatro anos.
Questionado sobre o seu eventual futuro político, foi assaz evasivo, não descartando ainda assim a hipótese de vir a participar activamente na vida autárquica, tudo dependendo do contexto.
Na próxima semana, para a nona edição do programa, a emitir também a partir do Paraíso, o convidado será José Delgado, líder local do PSD. Até lá!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

IMAGENS DE FIM DE SEMANA PARA MEDITAR

Eis aqui um exemplo da magnífica sinalização urbana nabantina, que só pode deixar os tomarenses orgulhosos. Além do nome da rua, temos a indicação Junceira cá fora, e a Serra atrás das grades. Ainda por cima com o poste à frente, para facilitar a leitura. Não há dúvida -era difícil fazer mais típico!
Outro exemplo do cuidado sempre posto pela autarquia no que concerne à toponímia urbana. Na mesma  artéria, que os tomarenses conhecem como Estrada da Serra, temos do lado esquerdo de quem sai da cidade "Rua Coronel Garcês Teixeira", numa placa que já conheceu melhores dias. Mesmo em frente, do lado oposto portanto, a mesmo rua na sua versão mais actual "Avenida Dr. Aurélio Ribeiro". Uma artéria urbana com um nome para quem sai da cidade e outro para quem entra na dita, temos de convir que é muito bem capaz de ser caso único no país. Originalidades nabâncias!







Há por aí uns pessimistas crónicos, línguas venenosas, sempre a zurzir nos excelentes autarcas que temos. São tão verrinosos que até insistem em negar as evidências. Garantem que a cidade está cada vez mais parada, a definhar, sem animação. Tudo mentira! As oito fotos supra aí estão para provar que há cada vez mais movimento...de gente a mudar-se para ares mais clementes. Estas oito ilustrações foram obtidas unicamente no conjunto de prédios onde está o Centro Comercial Templários. Oito apartamentos para vender, num conjunto habitacional de cerca de 50, dá que pensar, não dá?


A situação está tão complicada que até os turistas mais recentes -os corvos marinhos nórdicos, chegados há pouco mais de um mês- já se fartaram, preparando-se agora para bater asas. Bordalos, carpas e barbos pequenos agradecem. E os patos, que ficam mais à vontade. Tanto os do rio como os outros, bem mais numerosos.

PARA JÁ, A ÚLTIMA HIPÓTESE


Este oportuno comentário de um anónimo consegue algo bastante raro por estas infelizes paragens -Situa as coisas e põe o dedo na ferida. Sem ofender e sem basófia. Dito isto, que não é nada pouco, estamos mesmo tramados? Quanto ao presente e ao futuro imediato, parece não haver dúvidas.
A nível nacional, onde os pobres e esquecidos provincianos que somos praticamente nada podem fazer, a conjuntura chega a ser mesmo trágico-cómica. Enquanto o senhor primeiro-ministro continua a percorrer o país apregoando êxitos que só ele vê, a colocação da dívida pública é cada vez mais difícil, mesmo com taxas superiores a 7%. Enquanto isto, o primeiro-ministro grego (Socialista como Sócrates, mas formado nos Estados-Unidos) anda de Bruxelas para Berlim e daqui para Paris, buscando obter um redução da taxa de juro que lhe foi imposta pela troika FMI/BCE/CE, que é de 5,25%. Por aqui já se pode ver a profundidade do buraco em que estamos metidos.
Se apesar da ajuda externa, a Grécia continua a definhar, com uma economia que encolheu 4,5% em 2010, não sendo sequer capaz de aguentar juros de 5,25%, como é que Portugal, com ou sem ajuda europeia, com ou sem FMI, vai poder continuar a pagar juros superiores a 7%?  E uma vez obtida a ajuda externa, que outras medidas ditas de austeridade vamos ter de suportar? Serão suficientes para ultrapassar a crise? Na Grécia e na Irlanda, apesar de bem mais gravosas do que as nossas, não estão a conseguir grande êxito...
Resta-nos, por conseguinte, tratar de arrumar a nossa casa concelhia, de forma a darmos a volta por cima a uma situação cada vez mais insustentável. Até já se chegou ao cúmulo de a autarquia não ter sequer possibilidade de promover com eficácia a execução das suas tarefas básicas. Ao reconhecer que o executivo não tem condições para mandar as máquinas para as freguesias, com a periodicidade desejada, Carlos Carrão admitiu o inadmissível: no actual contexto, o município apenas serve para sustentar os seus funcionários não produtivos.  Se agora já é assim, como vai ser quando o município tiver de liquidar os 7 milhões de euros à Bragaparques? Vão pôr os Paços do Concelho, a Fai e a Abegoaria no prego? Pelo caminho que isto leva...
No meu modesto entendimento, para já, a última hipótese reside numa eventual actuação unida dos presidentes de junta. Tal como no 25 de Abril foram os capitães operacionais que assumiram o essencial das despesas, pondo em risco a sua liberdade e as suas carreiras, é agora a vez dos autarcas que estão sempre na primeira linha, dando o peito às balas, fazerem valer a sua força e a sua razão, na defesa dos reais interesses de quem os elegeu. Tudo depende agora deles. Como? Se estiverem dispostos a ouvir, juntem-se todos e chamem-me. Lá irei para explicar, sem óculos partidários. Caso prefiram continuar a aguardar a vinda de D. Sebastião, desejo-vos saúde e muita paciência.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O FIM DE UMA ERA E DE UMA MANEIRA DE PENSAR

Segundo o site da Rádio Hertz, o vice-presidente Carlos Carrão admitiu, durante a reunião camarária da passada quinta-feira, que a autarquia não tem possibilidade de ceder as máquinas às freguesias, devido à falta de pessoal. Confirmou assim aquilo que aqui escrevi e que é óbvio. Por razões que seria conveniente explicar, há mais de 10 anos que o executivo municipal vem seguindo uma política assaz curiosa. Não substitui os trabalhadores que se vão aposentando, ao mesmo tempo que vai contratando mais quadros médios e superiores. De tal forma que se chegou à actual situação, com falta de operadores de máquinas, de motoristas, de cantoneiros, de varredores, de jardineiros, etc. etc, ao mesmo tempo que há excesso de chefes para todos os gostos e feitios. Dado que estes, como é normal neste país e nesta terra, não fazem nada que se veja, atingiu-se o cúmulo da desfaçatez. Para poder continuar a sustentar a sua excessiva e condenável burocracia, o município deixa de assegurar serviços essenciais para as populações. Por outras palavras, os eleitores passam muito bem sem chefes disto ou daquilo, ou sem directores de serviços ou de departamentos. Mas não dispensam tarefas municipais básicas como a recolha do lixo, a limpeza das ruas, o arranjo das vias, a limpeza das valetas.
Uma situação destas, que seria condenável mesmo se apenas transitória, torna-se intolerável por para ela não existir solução sem uma mudança drástica da mentalidade dominante. Não sou só eu a dizê-lo. Aqui vai uma citação bem a propósito.

O fim de uma era

"Todos nós sabemos que a situação de Portugal é dramática e que muita coisa vai mudar em breve. Não me refiro a eventuais mudanças políticas. O que é realmente importante é que os portugueses interiorizem que a sua vida já mudou. Ou melhor, já devia ter mudado e há-de certamente mudar.
A preferência revelada por políticos e famílias tem sido a da fixação quase patológica no betão. Como ando a explicar há anos, a presunção de que a obra pública traz necessariamente desenvolvimento, confundindo investimento com mera despesa, e o caminho aberto pelos políticos de todos os partidos no sentido de que sejamos hoje um país de donos endividados de imobiliário, são duas das maiores razões da catástrofe económica que começamos a sentir e que ainda se vai agravar. Basta olhar para o país: auto-estradas entre nada e coisa nenhuma, polidesportivos em barda, estádios de futebol inúteis, uma das maiores taxas de propriedade de segunda habitação da Europa e agora, pasme-se!, "parcerias público-privadas" para a construção de praias de água salgada no interior das Beiras.
Os políticos (poucos) e os que vivem da política (muitos) têm gerido este caminho para o caos, dando a uma população cada vez mais desfasada, o que esta aparenta querer. Ainda não perceberam que essa era acabou."
Um esquerdista revolucionário? Um apóstolo da desgraça? Um pessimista crónico? Um maledicente encartado? Um candidato ressabiado? Claro que não! Pois se nem refere os milhões gastos para transformar um estádio num campo de treinos mixuruca, nem um paredão só para enfeitar, nem uma rotunda de meio milhão de euros cujo piso tem uma  tendência doentia para abater, nem um caminho pedonal inútil ou umas retretes com balcão de recepção, na horta do vizinho, nem sequer um pavilhão sem as medidas legais, um outro onde há infiltrações quando chove, ou um parque de estacionamento com nascentes, para não falar do já famoso elefante branco da Levada, só pode ser alguém de fora de Tomar e bastante moderado. Trata-se do economista António Nogueira Leite, por sinal até do PSD. (Correio da Manhã de hoje, página 23). Ora toma!
Mas afinal quem terá mais razão? Nogueira Leite e os seus conhecimentos de economia? Ou o vice-presidente Carlos Carrão, responsável pelo sector administrativo e financeiro da autarquia, ao afirmar em Alviobeira que é preciso apostar nas colectividades, mesmo nas actuais circunstâncias? Ou ainda aquele presidente de junta PSD que garantiu continuar com as passeatas comezaina+tintol+animação, haja ou não haja  crise? E se calhar mesmo com as valetas por limpar ou os buracos por tapar...

ERA FATAL... UMA VEZ MAIS


Recortes do semanário O RIBATEJO, 25/02/11, página 12

1 - Procurando sufocar antecipadamente os habituais comentários, desde já esclareço que nada tenho de pessoal contra a JSD ou contra os políticos em geral, ou contra os santarenos e os nabantinos em particular. O que não me inibe em termos de cidadania, nem limita a minha liberdade de crítica. Era o que faltava!
2 - Na realidade até tenho admiração por todos aqueles que, como agora acontece com os "jotas" escalabitanos, assumem o dever cívico de participar activamente na vida da comunidade, defendendo os interesses colectivos respectivos. 
3 - Somos todos portugueses, existindo porém uma pequena nuance, que faz toda a diferença neste caso. Os autores da proposta assumem-se como ribatejanos, coisa que eu nunca fui, não sou nem serei. Nasci e fui criado em Tomar. Sou portanto tomarense e continuo a ter muito orgulho nisso, apesar de tudo.
4 - Desde que, na segunda metade do século XIX, sendo Santarém uma simples vila, conseguiram por compadrio (nomeadamente graças ao empenhamento de Passos Manuel) ascender a capital de província e de distrito, em detrimento de Tomar, nessa altura a única cidade da região havia mais 20 anos, os santarenos nunca mais deixaram de ter afigurações, o que os tem conduzido a comportamentos políticos nada amistosos em relação aos nabantinos. Basta recordar a lamentável campanha anti-Tomar, que impediu a instalação e funcionamento no vale do Nabão do primeiro Instituto Politécnico do Ribatejo, criado ao mesmo tempo que o da Covilhã, hoje Universidade da Beira Interior. Ou o trabalho de sapa que culminou há relativamente pouco tempo com a extinção da Comissão Regional de Turismo dos Templários, agora dependente da Entidade de Lisboa e Vale do Tejo, como não podia deixar de ser, pois era isso que se pretendia, sediada em Santarém e presidida por um ex-autarca de Alpiarça. Duas terras de muito turismo, como é sabido.
5 - Esta peça d'O RIBATEJO representa a abertura das hostilidades, tendo em vista desta vez colocar o Politécnico tomarense sob a tutela do de Santarém, da qual conseguiu ver-se livre há alguns anos atrás. Além da argumentação assaz peculiar, como aquele verdadeiro achado que é o facto de um estudante em Tomar ficar mais caro aos contribuintes do que em Santarém, até o título é capcioso. Porque não se trata nada de fusão. Apenas de mera absorção por Santarém. O futuro título da coisa -Universidade do Ribatejo- a faculdade de medicina em Santarém, apesar de por aqui haver três hospitais bem equipados, mas muito mais carenciados em termos de recursos humanos, mostra bem que se trata da velha artimanha "gato escondido com o rabo de fora". E "Venha a nós o vosso reino, seja feita a a vossa vontade", na sequência da criação do bispado, após mais de oito séculos do Isento de Tomar...
6 - Por tudo o que antecede, sendo certo que mais cedo que tarde Santarém deixará de ser capital de distrito ou do que quer que seja, desde já declaro que farei tudo o que estiver ao meu alcance, no sentido de:  A - Acabar com a Entidade de Turismo sediada em Santarém, por se tratar de manifesta aberração; B - Acabar com o distrito de Santarém e com a pertença de Tomar ao Ribatejo; C - Apoiar a criação da Universidade do Médio Tejo, a repartir entre as cidades da região; D - Contestar qualquer tentativa de absorção do IPT que não seja a integração na supracitada UMT. Para que conste!
7 - A palavra aos tomarenses, aos torrejanos, aos abrantinos, aos oureenses...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ANÁLISE DA IMPRENSA REGIONAL DESTA SEMANA

O decano da imprensa local teve esta semana um percalço: a página 21 tem uma irmã gémea, por sinal igualzinha. Acontece. Mas indicia que as coisas não vão assim muito bem por aquelas bandas. É pena.
Quanto a notícias, a manchete é bem explícita.  Ou muito me engano ou pelos jeitos que leva, o Plano de Pormenor do Açude de Pedra virá a ser uma espécie de segunda edição da Quinta das Avessadas. Oxalá que não! Entretanto, à cautela e contando com a usual inépcia da autarquia, o proprietário de parte dos terrenos resolveu vedar o acesso ao Choupal do Açude de Pedra, conforme mostra a foto da página 3 de CT. Trata-se de uma clara manifestação de desprezo pelas leis e pelas autoridades do país. A demonstrar que enquanto tomarenses apaixonados pela nossa terra, cada vez temos mais necessidade de uma câmara cujos eleitos sirvam para algo mais do que receber os vencimentos e beneficiar das restantes mordomias.
Merece também uma nota a foto da última página, sobre a representação tomarense na Bolsa de Turismo de Lisboa. Ou é da minha vista, ou simples ilusão de óptica, ou aquela janela não é a que todos conhecemos. Algo ali não bate certo!
O MIRANTE tem destas coisas. Altos e  baixos. Volta e meia, decide virar-se para as questões por assim dizer domésticas. Desta vez o alvo é a seguradora Victória, demasiado lenta e muda para os gostos de JAE. Ainda assim, manda o senso comum assinalar que é algo peculiar transformar em manchete um assunto que só interessa aos intervenientes.
Já o excerto do Cavaleiro Andante tem a sua piada, como aliás é usual. Tomar a dianteira resolveu reproduzir, pois pode muito bem tratar-se de uma das primeiras fotos da próxima dinastia  nabantina. A crise local é tal ordem, que tudo pode vir a acontecer....
O TEMPLÁRIO conseguiu um exclusivo -a nova directora do Convento- e publica mais uma jogada  do pingue-pongue entre Pedro Ferreira e Manuel Macedo, sobre o Plano de Pormenor dos Pegões. Ao anterior texto técnico daquele, responde este com uma peça irónica de qualidade, apesar de uma ou outra gralha, na qual não se coíbe de referir defuntos sistemas políticos, para situar ideologicamente o seu contraditor. Infelizmente para os leitores, Macedo anuncia que não voltará a responder. O que é bom acaba-se depressa.
Muito bem caçada a referência à fotografia de Miguel Relvas, na sua página do Facebook. A pergunta final é legítima, mas  há também uma outra hipótese: pode querer dizer apenas que não tem qualquer dificuldade em atar os adversários, sobretudo aqueles que sempre foram e continuam a ser um bocado atados. Enfim, "um bocado" é uma maneira polida da traduzir a situação...

CONCELHO DE TOMAR A CAMINHO DE NOSSA SENHORA DA ASNEIRA

Actualmente - PÚBLICO 24/02/11
Antes - Foto de arquivo
O MIRANTE 24/02/11
A autarquia tomarense deverá ter dado, na reunião desta quinta-feira, a última demão burocrática à empreitada da Envolvente ao Convento de Cristo, adjudicada há já dois  meses. É por isso oportuno comparar aquilo que vai ser feito junto ao Castelo e Convento, com o que já foi executado frente ao Mosteiro de Alcobaça, igualmente Património da Humanidade. Só para conferir se vamos no sentido do progresso, ou rumo à Nossa Senhora da Asneira, como já vem sendo costume. 
Em Tomar, comerciantes e autarquia lastimam-se que os turistas -malandros!- vão ao Convento e não descem à cidade. Deduz-se, por conseguinte, ser urgente acabar com semelhante prática. Para isso, já se requalificou uma via pedonal através da Mata (200 mil euros), que por acaso não vai ter qualquer utilidade prática, pelo menos até que o portão da Torre da Condessa, à guarda do IGESPAR, se mantenha fechado, por falta de pessoal.
Fala-se igualmente na recuperação das calçadas de acesso -a de S. Tiago e a dos Cavaleiros, esta para o efeito rebaptizada de Santo André, sem que se saiba porquê- que só peça por tardia. Já devia ter sido feita há mais de 30 anos. No mínimo. No que diz respeito à de S. Tiago, já em 1617 a coroa solicitava à câmara da então notável vila de Tomar a sua reparação, antes da visita de Sua Majestade. Até hoje, nem reparação nem visita de Sua Magestade.
Pelos jeitos, neste pobre país nem todos pensarão como os comerciantes e autarcas tomarenses a respeito da vinda dos turistas ao centro da urbe. Em Alcobaça, por exemplo, que não sendo muito longe e como o Convento de Cristo Património da Humanidade, tudo parece indicar que até apostam no inverso -afastar os automóveis e autocarros dos turistas do centro da cidade. Basta olhar com atenção para as fotografias acima. Na primeira vê-se como está após a requalificação com fundos europeus. Na segunda, como era antes: Um vasto espaço ajardinado junto ao Mosteiro, com estacionamento para autocarros e automóveis. De acordo com as normas europeias anti-poluição, trânsito e estacionamento foram afastados do monumento, tal como já antes acontecera na vizinha Batalha, ainda que não para assaz longe. Enquanto isto, aqui em Tomar vão melhorar o parque de estacionamento da Cerrada dos Cães, fazer outro parque para 9 autocarros junto da fachada norte do Convento, bem como um terceiro estacionamento para 30 automóveis, naquele terreno do lado esquerdo da estrada, no sentido de quem sobe, imediatamente antes do desvio para a Senhora da Conceição. Tudo por cerca de 3 milhões de euros. Uma autêntica pechincha, como é hábito!
Perante práticas tão diferentes, cabe perguntar: Quem vai na boa direcção? Alcobaça, Batalha e os europeus? A autarquia tomarense?
Quanto a mim, José Eduardo de Carvalho, ex-líder do NERSANT, (cuja sede não por acaso foi fixada em Torres Novas), e Personalidade do Ano, tem toda a razão: "Não há concelhos subdesenvolvidos; há concelhos sem projectos". Como o de Tomar, por exemplo.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ARLINDO NUNES -UM AUTARCA HONESTO E CORAJOSO

Foto Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos
É reconhecidamente  um dos grandes problemas do povos do sul da Europa, entre os quais os portugueses. São demasiado conformistas e comodistas. Quanto aos tomarenses, em geral ainda são piores. Além de conformistas, comodistas e acomodados, são medrosos e hipócritas. Não se manifestam, a favor nem contra, por ser mais fácil e mais confortável, ou por medo de represálias. Neste contexto, assume particular relevo a atitude corajosa do cidadão Arlindo Nunes, presidente da Junta de Freguesia da Madalena, funcionário do Mnicípio e militante socialista, que decidiu denunciar no seu blogue Falar Verdade uma situação incómoda e incomum: Há cinco meses que, sem qualquer explicação, a Câmara não dispensa as máquinas para a reparação das estradas e caminhos municipais da sua freguesia.
Segundo relata o autarca, houve uma reunião de todos os presidentes de junta com Corvêlo de Sousa, em Dezembro. Nessa reunião foram feitas promessas no que concerne à cedência de maquinaria municipal. Em 31 de Janeiro, tendo verificado que as promessas não estavam a ser cumpridas, Arlindo Nunes resolveu publicar no seu blogue uma cópia da carta entretanto enviada ao presidente da câmara. Três semanas mais tarde, a situação mantém-se inalterada, apesar de entretanto a Rádio Hertz e O Templário já terem noticiado o facto. 
A dado passo da sua carta a Corvêlo de Sousa, Arlindo Nunes escreveu "Julgamos que o Município deve uma explicação pública do que se está a passar." No meu entender, tem toda a razão e até peca por modéstia. Nos termos da legalidade democrática em que vivemos, enquanto eleito pelos cidadãos-contribuintes, Corvêlo de Sousa tem não só o dever, mas também a estrita obrigação de explicar a quem o escolheu ou não a estranha situação actual.
Enquanto essa explicação não surgir, aqui fica a minha interpretação.
Após anos e mais anos de autarcas sem projectos pertinentes e/ou desprovidos de capacidade de liderança e de gestão da coisa pública, o cancro burocrático foi tomando conta da autarquia, paulatinamente mas de forma eficaz. Só assim se explica que um município tecnicamente falido tenha decidido há pouco tempo implementar uma alteração ao quadro de pessoal, instituindo três departamentos e quinze divisões, quando como todos sabemos, mal tem dinheiro para mandar cantar um cego. Temos assim, quanto a pessoal, uma pirâmide invertida ou, para simplificar, um pequeno exército com excesso de oficiais generais, mas enorme  carência de soldados e cabos. Esta carência é particularmente grave no que se refere a postos de trabalho -jardineiros, calceteiros, operadores de máquinas, motoristas, varredores, cantoneiros... O que resulta na supracitada doença cancerosa: Para poder assegurar  os vencimentos e outras benesses dos eleitos, dos auxiliares destes e as cúpulas do funcionalismo, o município sacrifica a mão-de-obra. Está assim a proceder ao contrário daquilo que devia fazer. Os cidadãos, tanto os urbanos como os rurais, passam muito bem sem directores de departamento e/ou chefes de divisão, que em geral só servem para criar dificuldades, ao contribuirem para alongar o já labiríntico processo burocrático. Mas têm absoluta necessidade de quem tape buracos, repare calçadas, varra as ruas, trate dos jardins, recolha o lixo ou limpe as valetas. Porque assim é, aqui fica o meu apoio à justíssima reivindicação do presidente da Madalena, acompanhado pelo meu agradecimento pela coragem demonstrada. Faço votos para que outros -autarcas ou não- tenham audácia suficiente para lhe seguir o exemplo. Caso assim não aconteça, tarde ou nunca sairemos desta triste e envergonhada miséria. Com autarcas a fingir que são ricos, adjudicando inúteis obras de fachada, completamente desligadas de qualquer planeamento coerente. Haja vergonha!

EU, SYLVAIN, COZINHEIRO DE "FAST-FOOD" - 2

"Hicham trabalha "na sala", o que quer dizer que limpa as mesas e despeja os recipientes de detritos. Anda quase sempre a dormir em pé. Às vezes, também lhe acontece cobiçar  as raparigas, através dos seus óculos bifocais. Chama-lhes "bombas atómicas", mas não tem coragem para as abordar. Diz que tem o CAP (Certificado de Aptidão Profissional), mas é mentira. Não tem diploma nenhum. Também gostava de poder deixar esta prisão aborrecida, sabendo muito bem que nunca o vai conseguir, por falta de meios. Por isso vai ficando por aqui, perdido na multidão de clientes, vigiado pelo olhar amigavelmente crítico do supervisor Alban, assistente do director.
Titular de um master em História de Arte, um estudante vai trabalhando as suas aulas de direito por correspondência, esperançado em conseguir vir a ser agente de leilões. "O ano passado lixei-me. Deixei-me dominar pelo trabalho no fast-food".
Rapidamente percebi que os clientes mais jovens são também quase sempre os menos educados. Querem tudo e já! Nas filas impacientam-se, chegando alguns a reclamar burgers grátis para os compensar do tempo perdido. E no entanto, nas noites de festa, vão-se eternizando na sala, chegando até a reencher disfarçadamente os copos de plástico de rhum e de sodas. Também me apercebi que nos fast-food só o serviço é que é rápido. Os clientes podem ficar horas à mesa. Telefonam, marcam encontros, vão-se embora, regressam, por vezes sem consumir. Numa das filas ouvi um diálogo entre dois adolescentes: "Que merda! Mas porque raio vem a gente sempre aqui? -Concerteza não estás com vontade de ir comer para a loja de crêpes?!"
A partir do grill, o meu posto de trabalho, observo os clientes através de uma fenda com apenas 10 centímetros, atrás das prateleiras de burgers. Jacques, um colosso negro, natural dos Camarões, adverte-me: "Aqueles são muçulmanos. Prepara uns burgers de peixe!" Consideram-me em geral um bom aluno. Apesar disso, uma destas noites, Nathalie, a supervisora, foi para mim um calvário. Como tive a infelicidade de picar o ponto às 18H32, resolveu que seria eu o bode expiatório daquela noite. "Cebola? Põe mais! Salada? T'ás a pôr demais!" E cá temos o terror das cozinhas, que resolveu ir buscar uma balança para pesar as folhas de alface a mais. Sentença: 25 gramas em vez de 17..."Só sabes é estragar!" Fico danado. Todas as noites, as tiras de bacon e de queijo que apenas perderam a validade vão para o lixo. Felizmente há o Jacques, para me acalmar: "Nada de pressas. Trabalha nas calmas. Andar depressa só no engate, e se a gaja valer a pena!" É fácil de dizer, mas a pressão é constante. Ainda assim encontrei uma astúcia para interromper a cadência infernal. Procuro conseguir obter a tarefa de compactagem dos contentores de lixo. Apesar do frio e do bolor, a cave consegue ser para mim quase um parque de recreio. O Rémi tem pouca sorte. A Nathalie, que resolveu embirrar com ele, acha-o demasiado lento. Esgotado, refila baixinho: "Não vou aguentar um ano! Mais uns mesezitos e calço os patins. Jimmy, a minha formadora, é da mesma opinião: "Não vou envelhecer por aqui. Já viste que nos falam como se fôssemos cães?". Há pouco tempo, ofereceram-lhe um lugar de directora. Recusou. Muita complicação. Vem dos arrabaldes de Paris e não vive de ilusões. Em França há muito que o ascensor social está quase sempre avariado. Na melhor da hipóteses, espera vir a ser empregado de mesa, num restaurante como deve ser. Com as gratificações, tem a certeza que irá conseguir "mais cash". Entre duas viradas de burgers, cada um de nós vai fazendo planos. Rémi garante que vai recomeçar a estudar, para conseguir um BTS (Diploma de Técnico Superior) de Hotelaria-restaurante. "O fast-food não tem categoria nenhuma. Mas é uma boa experiência!".
Para um primeiro contacto com o mundo do trabalho, temos de confessar que a indústria da comida rápida é como uma brutal primeira noite de sexo. Antoine, 19 anos, no 2º ano da faculdade de economia, vai abandonar o seu estágio à experiência. "Estou arrasado, disse-me ele durante uma pausa, enquanto mastigava o seu X-tra. Moralmente é mais difícil que os exames de admissão às grandes escolas!" O amigo dele, o Eric, um dos raros homens nas caixas, também está a pensar em dar o fora, mas por outras razões. Sempre bem barbeado, conforme exige o regulamento, é estudante na faculdade de letras, onde o consideram por isso uma espécie de menina virgem. No dia em que teve a coragem de aparecer no trabalho sem ter feito a barba de manhã, a directora obrigou-o a usar uma "gilette" de deitar fora e um creme de barbear de má qualidade. Resultado: cortou-se por toda a cara e teve de andar com pensos. E não é a sua eleição como empregado do mês, com a respectiva recompensa de 100 euros, que o vai compensar de tais "mesquinhices".
Finalmente, lá consegui ser gabado...no dia em que apresentei a minha demissão, após três semanas de martírio. "O Rémi, vou ver se não ficamos com ele... Mas tu, é outra coisa... Tens mais jeito", disse-me com ar tentador a Nathalie. Não faço caso. Insistência suplicante: "Tens mesmo a certeza que não queres ficar mais uns tempos connosco?" Afinal, a chefe autoritária e chata virou colega simpática. Rejubilo! No grill, agora que me vou embora e os deixo, os meus colegas cozinheiros estão com baixo astral. As baratas vão correndo pelo chão e pelas paredes, enquanto os ratos vão fazendo gincana entre os  pés, no chão oleoso. Por todo o lado, folhas A4 plastificadas recordam o preceito "100% qualidade" da empresa. Aproveito para conversar com um rapaz com o qual nunca partilhei um turno. "Há quanto tempo é que trabalhas aqui?" Mostra-me as mãos cobertas de queimaduras. "T'ás a ver os meus ferimentos em combate? Já cá estou há muito tempo pá!... Tempo a mais!"

Sylvain Morvan, L'EXPRESS, 16/02/11, páginas 56-59

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

EU, SYLVAIN, COZINHEIRO DE "FAST-FOOD" - 1

Após a incursão desta manhã no tema do retorno dos citadinos à horticultura, uma outra ao mundo actual do trabalho precário, com o intuito de fornecer elementos de comparação aos adeptos dos Deolinda.
No Outono passado, um jornalista do semanário L'EXPRESS trabalhou, durante três semanas, num restaurante de "fast-food", em Paris. Eis o seu testemunho. Dada a sua extensão, o texto será publicado por duas vezes. A primeira parte agora, a conclusão amanhã de manhã.

"À noite, vistos da avenida, os reclames do restaurante de fast-food emitem uma luz calorosa, quase reconfortante. Na cozinha, o ambiente é menos convivial. "Mais rápido, Sylvain! T'ás a fazer burgers e não obras d'arte..." Nathalie, a gerente, nunca nos perde de vista. Atrás do balcão da cozinha, tenho de arranjar à roda de 180 sandes por hora, para satisfazer a procura, e o dobro nas horas de ponta, das 19 às 21. Porque na sala impacienta-se um pequeno exército de bocas. Nesta marca de comida rápida, estrategicamente situada numa encruzilhada de vários liceus parisienses, os jovens clientes desfilam durante todo o dia. Enquanto que os adolescentes gastam o dinheiro da semanada, os estudantes marcam aqui encontro, à quinta ou à sexta-feira, antes ou depois das festas particulares, bem regadas.
Candidatei-me a um emprego em 6 de Outubro e fui entrevistado nessa mesma tarde. Karim, o director mal encarado, recebeu-me no primeiro andar do restaurante, no meio da clientela. Ao meu lado, dois outros candidatos, Rémi e Hassan. O primeiro é um jovem marselhês de 18 anos, há pouco tempo em Paris. Protótipo do "geek", apresenta-se despenteado e com os olhos ainda vermelhos, da noite passada a jogar StarCraft 2, a última novidade vídeo em voga. Acaba de obter o diploma do secundário, mas nenhum BTS (Diploma de Técnico Superior, ministrado nos IUT - Institutos Universitários de Tecnologia) o quis admitir como aluno, devido ao seu dossié "catastrófico". Acontece. O outro, Hassan, já tem um passado: com 38 anos, foi analista financeiro na banca marroquina, durante uma década. Também está há pouco tempo em Paris. "Obrigado a recomeçar tudo", para poder acompanhar a esposa. O fast-food é afinal um dos raros sectores em França onde ainda é possível conseguir um ganha-pão temporário.
Pouco conversador, Karim nem sequer lê os nossos currículos. Só se interessa pela nossa disponibilidade imediata. Estão dispostos a vir trabalhar todos os dias, sem qualquer impedimento de horário? Contratados!
Dado que a maior parte dos empregados ficam apenas durante o ano escolar, as ofertas de emprego são abundantes no recomeço das aulas, no Outono. Karim deu-me uma bolsa: "Aqui tens a farda; dois polos e dois pares de calças. Começas amanhã."
Quase não volto a ver os meus companheiros do primeiro dia. Trabalham no turno do meio-dia e eu no da noite, das 18H30 às 2H30, quase sempre sete dias por semana. Recebo uma formação rápida de Jimmy, uma jovem cabeça no ar, vinda do Val-de-Marne (arredores de Paris) e prematuramente zangada com a escola. Tenho 25 anos, mas para ela sou um "velho". Do alto dos seus três anos de casa, até parece a patroa. O seu ídolo é Sefyu, a nova estrela dos bairros periféricos. Jimmy nunca pára de cantarolar os textos do tenebroso "rapper" de Aulnay-sous-Bois, como uma criança a recitar uma lengalenga: "Há mais zeros no boletim de voto do que nos nossos cheques."
Por falar em cheque, o futuro geógrafo Víctor não pensa noutra coisa. Estudante, trabalha aqui no fast-food à noite para pagar o quarto. Levanta-se às 8H30 e corre para a Faculdade. Deita-se às 3 da matina, após o encerramento do restaurante. Quando consegue dormir...porque aqui o stress cola-se à pele, ainda mais  que o cheiro a fritos. De regresso a casa, não consigo adormecer, com os alarmes dos micro-ondas e das torradeiras a ecoar na minha cabeça. Tão apanhado como Chaplin nos Tempos Modernos, vou repetindo os gestos laborais, meio ensonado. Aquecer os pães. Grelhar os hamburguers. Pôr o molho. Empacotar.
Tal como eu, os colegas trabalham 30 horas semanais, a 8,83 euros horários, o que totaliza 1.151,80 euros no final de cada mês. Quem é que vos disse que os menores de 25 anos não querem é trabalhar?
Lá fora há um barulho da rua, mas no nosso casulo profissional não o conseguimos ouvir. Apesar de neste mês de Outubro as manifestações contra o aumento da idade da reforma terem mobilizado muitos jovens, os meus colegas estão cheios de dúvidas. Há apenas algumas conversas sem paixão, no pequeno vestiário onde mudamos de roupa. "Eu não voto, nem faço greve, diz o Nicolas, 22 anos, com um tom fatalista. Nem a direita nem a esquerda conseguem mudar isto. Olha pró Obama. Tanta coisa e afinal é cmós outros. Por isso, os jovens manifestantes, o melhor que têm a fazer é ir às aulas!"
Tal como a Jimmy, há por aqui tanto os que perderam o comboio dos estudos, como os que trabalham exactamente para pagar os estudos, como o Víctor, por exemplo. E toda esta gente co-habita noite após noite, no calor sufocante do grill, aglutinados num pequeno cubículo sujo e mal jeitoso. O fast-food tem pelo menos a virtude de favorecer a mistura étnica e social. E sendo pontual e sério, qualquer empregado pode ser rapidamente promovido, graças às sucessivas formações profissionais internas."
Continua...

NABOS AGRÍCOLAS E NABOS DE DUAS PERNAS


Uma crónica agrícola, para variar sem desnortear. Tentando que os meus conterrâneos se insiram no mundo actual. Tal como ele é.  Não como eles pensam que é. A teta orçamental está a secar. Pouco a pouco mas inexoravelmente
Esta local do i de hoje colocou-me na senda dos nabos de raíz e dos outros. Os nabos tomarenses, dignos descendentes dos nabões da Nabância de antanho que, ao que parece, desapareceram porque tinham cabeças mais rijas do que o granito. Por isso não conseguiram adaptar-se à mudança e levaram sumiço. Como os mamutes e os dinossáurios.
Retornando ao tema agrícola de hoje, temos então os nossos compatriotas de Vila do Conde, que resolveram implementar um mercado de produtos hortícolas locais, por enquanto com periodicidade mensal. Aqui à beira-Nabão, quando o vereador Luís Ferreira diz pretender que se realize um mercado do mesmo tipo na Praça da República, o pessoal olha para ele com aquele ar característico de quem pensa "Este gajo deve ser doido!" Outro tanto sucede quando os discípulos do cónego Louçã, ou os de Pedro Marques, evocam a eventual instalação de hortas comunitárias. Pois estão todos equivocados, conquanto se compreenda tal reacção. A maior parte dos actuais cidadãos, ou chegou à cidade ainda com os sapatos sujos de terra, ou descende de pais e avós que assim se urbanizaram(?). Na verdade, a grande tendência mundial neste momento é o "retorno à terra". Tanto por gosto como por necessidade, ditada pela crise.
Este título a toda a largura da página 24 - Tendências, do Le Monde de ontem, não consente dúvidas: "Já chegaram os dias primaveris para cuidar da horta. Um "regresso à terra" que engloba citadinos carenciados de natureza e pessoas duramente atingidas pela crise". E que não ficam à espera que seja o Estado, ou os outros, a resolver-lhes os problemas, como acontece por estes lados. Digo eu, que não sou mudo!

Segue-se esta fotografia, também do Le Monde, com a legenda "Os cidadãos na casa dos 30-45 anos são os novos entusiastas da cultura hortícola, até agora praticada sobretudo pelos reformados". Ora toma!
Do longo texto noticioso, resolvi destacar estes excertos, que me pareceram os mais significativos: "Sabe cavar, sachar, gradar, mondar? Não? Então pergunte a um vizinho seu. Tem quase 50% de hipóteses de dar com um entusiasta da horticultura. "42% dos lares franceses têm agora uma pequena horta. Um quarto ainda não tinha há cinco anos", declarou-nos Guilhem Porcheron, director geral do Grupo Jardinland. Nas 900 lojas do seu concorrente Gamm vert, o negócio da área hortícola aumenta agora ao ritmo de 20% ao ano, contra 3 a 4% nos anos anteriores.
... ... ... Nos Estados Unidos, em Inglaterra, na Alemanha, em Itália, na Holanda... o consumo de sementes e de plantas de viveiro vai de vento em popa. "Do lado de lá do Atlântico os gastos com sementes hortícolas ultrapassaram as despesas com as de flores", confiou-nos Joëlle Sacaze, líder francês das sementes, com as marcas Vilmorin e Clause. Em Detroit (Michigan - Estados Unidos), região industrialmente em estado de sinistro, na época das colheitas de frutos e legumes, os produtos locais já cobrem 15% do consumo total da cidade.
Reacção anti-crise, retorno às origens ou acto militante? Em França, como nos outros países parece haver um feixe de motivações n origem desta nova moda hortícola. ... ... ...Segundo Rodolphe Groséliat, professor do ensino secundário num liceu técnico e autor do livro "A horta anti-crise", "Durante o ano de 2009, gastei 175 euros em sementes, mas poupei 3.500 nas minhas despesas de fruta e legumes. E dou-me ao luxo de consumir todos os dias suculentos da minha horta, sem adubos nem pesticidas, o que não poderia fazer sem a minha horta."
Este retorno às origens vai até mais longe. O último fenómeno emergente identificado por Gamm vert consiste em conseguir ter...uma galinha em casa, para lhe aproveitar os ovos. "No início até pensámos que se tratava de algo anedótico, mas depois constatou-se que há realmente muita procura, disse-nos o senhor Guyot, que gere um armazém de produtos agrícolas. Até agora só vendíamos galinhas e pintos para os aviários e capoeiras. Mas o vento está a mudar. Estamos a estudar um "kit pronto a usar", especial para galinha solitária."

Laure Belot, Le Monde, 21/02/11, página 24

Logo à noite haverá mais sobre o mesmo tema. Agora ficamos por aqui, que excessos de fruta e de legumes empanturram e provocam flatulência...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

AJUDAR A GERAÇÃO "QUE PARVA QUE SOU"

Começo com um exemplo daquilo que aqui costumo afirmar: cada vez estamos pior no que concerne ao domínio prático da língua portuguesa. Dado haver tomarenses bem intencionados a pensar que exagero, peço-lhes licença para perguntar: Acham que isto é coisa que se publique, no Diário de Notícias, que se proclama um jornal de referência? Pois vem na página 21 da edição de hoje. É um lapso? Será. Mas então os revisores de texto servem para quê?

Pelo que consigo perceber, o grande problema actual dos jovens portugueses já diplomados é a falta de empregos. Bem pagos, de preferência. Porque postos de trabalho parece que há. Mal pagos, mas há. Até o patrão do Pingo Doce afirmou na TV não conseguir arranjar cortadores de carnes, que designou por talhantes. Se não erro, estamos agora equiparados ao que já ocorreu além Pirinéus há mais de 20 anos: a época do emprego para toda a vida + casinha + carrito, já foi. Agora, praticamente, só postos de trabalho, mal pagos e precários. Quanto ao alojamento, enquanto os progenitores portugueses não fizerem como os seus homólogos europeus, mandando os meninos ir dar uma grande volta, boa vai a vida.
Na hipótese de haver na geração dos Deolinda quem pense que no estrangeiro é diferente em termos de postos de trabalho, resolvi apresentar um exemplo concreto. Trata-se de um documento oficial do INSEE, o equivalente francês do nosso INE - Instituto Nacional de Estatística. Podia tê-lo traduzido. Porém, bem vistas as coisas, uma das causas do descontentamento da nossa juventude reside no facto de estar habituada a que lhe forneçam comida pré-mastigada. Pois não será agora o caso. Farão o favor de puxar pelo bestunto, caso o assunto vos interesse.
Temos em cima a indicação do conteúdo: Saídas profissionais por sector de actividade. Segue-se, a vermelho, a indicação do nível de estudos, de bac + 2 a bac + 8. Para o que agora nos interessa, bac = exame terminal do secundário francês = 13 anos de escolaridade. O que significa que bac + 2 = 15 anos de escolaridade, o primeiro nível superior de ensino profissionalizante. Trata-se de algo inexistente no nosso país. O nosso equivalente dos IUT - Institutos Universitários de Tecnologia, que concedem os BTS e os DUT, são os Politécnicos, que se orientaram logo para licenciaturas e mestrados.
Temos assim uma situação deveras curiosa e sintomática: em França não há licenciatura de enfermagem. Mas há postos de trabalho para os enfermeiros. Em Portugal é o contrário. Há licenciatura, mas não há postos de trabalho.
Vamos então à descrição geral do quadro. À erquerda, de cima para baixo estão indicados oito níveis diferentes, que vão do BTS = Diploma de técnico superior e do DUT = Diploma universitário de Tecnologia, ambos correspondendo a dois anos de estudos superiores após o secundário, até aos Doutoramentos na área da saúde = a 13 + 8 = 21 anos de escolaridade. Pelo meio temos, por esta ordem, Diplomas de Saúde e de Serviço Social, Licenciaturas, Mestrados e Mastères, Diplomas de Engenharia, Diplomas de Comércio e/ou de Gestão e, finalmente Doutoramentos.
Em cima, na horizontal, da esquerda para a direita, vemos sucessivamente % de mulheres, taxa de desemprego, % de empregos em part-time, % de quadros, % de empregos intermédios e, finalmente, salário mediano líquido em 2009, em euros.
Salário mediano significa que metade dos trabalhadores do sector respectivo ganham menos e a outra metade mais. Salário líquido entende-se como salário livre de impostos e outros descontos obrigatórios. Ou seja, 12 meses por ano com três ou quatro semanas de férias, em que o trabalhador recebe o seu salário e nada de subsídios. Essa benesse do 13º e 14º meses, só por cá e na Grécia. Por enquanto, enquanto houver possibilidades.
Como vêem, a época em que a Europa do norte tinha salários bem mais altos do que em Portugal, foi chão que já deu uvas. Infelizmente.
Habituem-se, como dizia o outro.

PS
Em França não há universidades privadas. Há estabelecimentos de ensino superior que são privados, os quais não podem usar a designação "Universidade", um exclusivo do governo.

FESTA DOS TABULEIROS: A TRADIÇÃO SERÁ MANTIDA

Foto Carlos Garcia
Pode muito bem não passar de um boato, lá isso pode. Em qualquer caso, a informação foi-nos facultada com laivos de sensacionalismo. Numa freguesia do nosso concelho, dois cidadãos do sexo masculino, casados nos termos da lei portuguesa, terão pretendido inscrever-se para levar um tabuleiro, no cortejo da Festa Grande. O presidente da junta em questão terá manifestado a sua oposição.
Perante isto, Tomar a dianteira contactou fonte idónea da Comissão Central da festa, no sentido de apurar a veracidade dos factos e qual a atitude dos responsáveis caso o problema venha a surgir. Foi-nos dito que aquela Comissão ignora qualquer pedido desse tipo, pelo que não pode para já comentar ou tomar posição. "Em todo o caso, acrescentaram, podem os tomarenses estar descansados; o cortejo desfilará de acordo com a tradição. Cada tabuleiro será levado à cabeça por uma pessoa do sexo feminino, ladeada por um ajudante masculino. Uma coisa são as leis do país e a natural tolerância, outra bem diferente a tradição da festa tomarense, que será mantida.  Em Tomar, a tradição continuará a ser o que sempre foi, no que diz respeito à nossa Festa Grande".

INDÚSTRIA TURÍSTICA -ESSA DESCONHECIDA

Nem um visitante para amostra, no geralmente muito movimentado planalto de Guizé

AS REVOLTAS NOS PAÍSES ÁRABES PERTURBAM AS CORRENTES TURÍSTICAS
Apesar das promoções para a Tunísia e o Egipto, os turistas preferem Espanha, Grécia e Turquia


Compre um um, leve dois. Por cada pacote comprado, o operador turístico oferece outro. Eis a técnica promocional de choque, que permite arrasar os preços, salvando contudo as aparências, e que é um êxito entre os operadores, nestes tempos conturbados pelas sucessivas revoluções no mundo árabe. Mármara, o número um do mercado francês, anuncia a referida promoção para a Tunísia. Por sua vez, a rede de distribuição Thomas Cook, resolveu adoptá-la para o Egipto, um destino para onde as viagens turísticas devem recomeçar a partir de terça-feira 22, pelo menos no que se refere às estâncias balneares do Mar Vermelho e aos cruzeiros no Nilo. Alargando a análise, há uma chuva de promoções sobre os candidatos a viagens para destinos árabes.. É possível encontrar uma semana tudo incluído a partir de 200 euros, para a Tunísia; ou a partir de 500 euros para o Egipto.
Apesar de muito intensos, tais esforços não devem bastar para recuperar das perdas já registadas. "Numa época normal, mais de 5 mil turistas rumam à Tunísia durante as férias de Fevereiro. Desta vez, se conseguirmos mil e quinhentos, já não será mau de todo", declarou-nos uma fonte do Sindicato Nacional das Agências de Viagens (SNAV). Mesmo de curta duração, a interrupção das actividades turísticas em direcção aos pesos pesados do turismo, que são a Tunísia (6 milhões de turistas anuais) e o Egipto (14 milhões), vai causar danos em toda a orla mediterrânica, durante um período por ora difícil de estimar. Para já, os profissionais do sector constatam uma alteração sensível nos fluxos de visitantes.
Todas as opiniões convergem na constatação de que entre os destinos-refúgio, a Espanha beneficia da maior parte. Mais precisamente as Ilhas Canárias. Situadas ao largo de Marrocos estas ilhas espanholas até já arranjaram um slogan choque: "Canárias -as garantias da Europa e o clima de um país do norte de África"-e contam receber cerca de 300 mil novos visitantes, entre Fevereiro e Abril.
Os profissionais do turismo canário têm até a intenção de prolongar o efeito desta agradável prenda muito para lá das próximas semanas. Álvaro Blanco, o director de Turespanha, o Instituto do Turismo Espanhol,  está convencido de que todos os turistas que tencionavam ir para Charm el-Cheikh (Egipto), ou Djerba (Tunísia) "são clientes que nos foram emprestados e que temos de convencer". "Estamos a receber desde há uma semana muitos Escandinavos, Alemães, Italianos e Polacos. Desejamos que, apesar de não nos terem escolhido enquanto primeira opção, não venham a lamentar a decisão tomada", declarou-nos Susana Perez, presidente da associação de hoteleiros da pequena ilha vulcânica de Lanzarote (onde vivia Saramago - nota de TaD), que conta receber mais 65 mil turistas até Abril. A seguir, acrescentou a mesma fonte "vai ser muito difícil manter esta vantagem".
Há outros destinos bem colocados para receber os turistas que não quiseram adiar as suas férias de inverno. "Para as próximas semanas temos um nível de reservas duas vezes mais importante do que o ano passado, para a Grécia e para a Turquia", assegurou-nos Florian Vighier, director geral de Viagens Mármara, que nos referiu uma verdadeira "corrida". Alguns níveis abaixo, as ilhas de Cabo Verde e da Madeira, bem como a Croácia, estão a suscitar grande interesse dos turistas para os próximos meses, sobretudo para o próximo Verão.
No que diz respeito a estes destinos,  cuja popularidade junto dos estivantes europeus está a subir, não vale a pena aguardar pelas promoções de última hora, porque não vai haver, preveniu-nos o Centro de Estudos dos Operadores Turísticos (CEOT).
Entretanto, Marrocos padece da sua proximidade geográfica com os países onde tem havido revoltas populares. "Tal como algumas pessoas hesitam em ir para a Tunísia ou o Egipto, apesar do retorno à paz civil, uma parte da clientela potencial não considera Marrocos um oásis de paz no deserto da agitação árabe", afirmou-nos o director de uma agência de viagens.
Segundo René-Marc Chikli, presidente do CEOT, não convém exagerar a amplitude das transferências dos futuros fluxos turísticos. "Para o Egipto, por exemplo, a situação actual nada tem a ver com a resultante dos atentados de Luxor, em 1997, que causaram 62 mortos e cujos efeitos nefastos se fizeram sentir durante ano e meio. Quanto à Grécia, acrescentou, verificou-se um aumento de visitantes apesar da agitação social reinante."
Conformados, os profissionais do sector turístico, opinam que os prejuízos provocados pelas sucessivas revoltas árabes não poderão ser integralmente recuperados. Enquanto não são conhecidos os dados oficiais, Georges Colson, presidente do SNAV, avaliou as perdas totais "entre 25 e 40 milhões de euros". Por enquanto."

Sandrine Morel (em Madrid) e Jean-Michel Normand, Le Monde

domingo, 20 de fevereiro de 2011

FINANÇAS E ECONOMIA - PORTUGAL VISTO DO ESTRANGEIRO

PORTUGAL À BEIRA DO "CLUBE DOS RESGATADOS?"

"E vão onze! Na sexta-feira passada, pelo 11º dia consecutivo, a dívida pública portuguesa foi negociada nos diversos mercados a taxas superiores a 7%, para as obrigações a dez anos. Cuidado, zona perigosa... Foi quando se ultrapassou esse limite simbólico que a Grécia e a Irlanda virem os seus problemas multiplicados por dez. Encontram-se agora ambos ligados à máquina da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional.
Estará Portugal quase a ser o 3º membro do "clube dos resgatados"? Por agora, os rumores vão alternando com os desmentidos. Uma coisa é porém certa: Por muito que desagrade aos mais optimistas, a crise da zona euro ainda não acabou. Lisboa está a ser cada vez mais pressionada pelos investidores e pelos seus parceiros comunitários para solicitar a ajuda do Fundo Europeu de Estabilidade (FESF), o mecanismo de ajuda adoptado na primavera passada para socorrer os estados em dificuldade.
"Portugal está afundar-se. Não aguenta até ao fim de Março", afirmou um fonte europeia à agência de notícias Reuters, na quinta-feira passada. "O perigo é evidente" sublinhou também Gilles Moëc, analista financeiro do Deutsch Bank, que chamou a atenção para "a insustentável trajectória da dívida pública portuguesa". Mesmo que Lisboa consiga atingir o seu objectivo de reduzir o défice a 3% do PIB até 2013 -um cenário demasiado optimista- "a dívida pública manter-se-á muito próxima dos 100% do PIB até 2020", concluiu a mesma fonte.
Para complicar ainda mais a situação, Portugal é forçado a gerir estes custos proibitivos de refinanciamento, a par com um crescimento económico anémico. Publicados na segunda-feira passada, os dados do 4º trimestre  dão vontade de chorar: o PIB registou um recuo de 0,3% em relação ao trimestre anterior. De acordo com os analistas, 2011 vai ser um ano de recessão. E neste cortejo de más notícias, os portugueses souberam também, na quarta-feira passada, que o desemprego continuou a aumentar, atingindo agora 11,1% da população activa.
Apesar de visivelmente com falta de ar, Portugal não parece nada apressado para pedir ajuda. "As turbulências no mercado da dívida soberana não são específicas da dívida portuguesa", argumentou na quinta-feira o porta-voz do governo Pedro Silva Pereira.
Lisboa parece ter esperança de evitar pedir ajuda antes de serem alteradas as condições do FESF. Há conversações em curso para simplificar as condições de utilização do fundo, bem como para flexibilizar as contrapartidas exigidas. Todavia, como acontece com frequência na zona euro, a promessa de um acordo parece afastar-se à medida que as partes se vão aproximando. Gorando as expectativas dos mercados, nada foi finalizado na reunião dos ministros das finanças, na segunda-feira passada, em Bruxelas. Próximo encontro: a reunião europeia de alto nível, em 24 e 25 de Março.
Os especialista interrogam-se: Será então reforçado o fundo europeu de resgate e a sua capacidade de empréstimo efectivo (250 mil milhões de euros) aumentada? Na verdade, se Portugal também não resistir, os mercados podem muito bem resolver "experimentar" a Espanha. Quarta economia da zona, não tem uma dívida pública por aí além, mas debate-se com um sector bancário em mau estado.
De acordo com dados publicados na sexta-feira pelo Banco de Espanha, a taxa de crédito mal parado dos estabelecimentos financeiros espanhóis -o índice da sua vulnerabilidade- continuou a aumentar, tendo atingido em Dezembro 5,81%, o nível mais alto desde Dezembro de 1995.
Entretanto, no mercado de câmbios, a moeda única europeia não parece perturbada com o aumento de tensão na zona euro. Começou a semana a valer 1,3554 dólares, chegando sexta-feira a 1,3671 dólares."

Marie de Vergès, Le Monde, 20/02/11, página 12

RECORTES DA IMPRENSA DE HOJE


Este recorte da secção "Cartas à directora", da página  34 do PÚBLICO de hoje, chama a atenção para um dos principais, senão mesmo o principal problema do país, logo a seguir à crise financeira -A evidente falta de competência e de envergadura intelectual para o exercício das funções correspondentes aos lugares que ocupam, de muitos dos nossos compatriotas. Significativamente, ninguém fala no assunto, todos assobiam para o lado, como se o  tema fosse interdito. De modo ainda mais significativo, o autor desta carta ao jornal é um ilustre causídico e foi candidato vencido à câmara de Abrantes em 2009.
Sendo a situação aquela que descreve nas profissões regulamentadas que indica, nalgumas das quais até há exigentes exames de admissão, seguidos de cursos de estágio/formação, mais ou menos longos, como será nas outras profissões, por assim dizer "sem rei nem roque", sem exames de admissão ou estágios de formação?
Claro que nada disto se deve aplicar os políticos, eleitos ou escolhidos, uma vez que se trata de uma tribo muito especial, que vive numa outra plataforma. Assim uma espécie de "crème de la crème", pensam eles, bem entendido. Sobretudo aqui em Tomar, onde em geral todos são omnicompetentes. E vai daí, visto que nem sequer houve ou há qualquer curso secundário, médio ou superior de preparação para a política, excepto aqueles ditos de "Ciências Políticas", ainda demasiado recentes, como haviamos de ter políticos com gabarito?



Estes dois recortes, um do DN, outro do CM de hoje, colocam igualmente alguns problemas que seria bom ultrapassar quanto antes. O primeiro é o daqueles cidadãos manifestamente analfabetos, ou pouco menos, nomeadamente no uso da língua pátria, que não obstante, se julgam capacitados para opinar de maneira fundamentada e profícua sobre qualquer tema que lhes venha à cabeça. É o caso do honrado comendador Berardo, que lá por ter uma considerável fortuna conseguida na África do Sul (um ninho de intelectuais, como é sabido) supõe que pode propor a implementação em Portugal de outra ditadura. O outro óbice, reside no facto de que ao mesmo nível do senhor comendador estão muitos portugueses -muito bem interpelados no bilhete de João Pereira Coutinho- bem como os tomarenses em geral, cuja esmagadora maioria acredita sinceramente -ou pelo menos dá a ideia disso, ao agir como se- que ainda estamos a viver nos anos 80 do século passado. Donde resulta que nesta terra nabantina de que tanto gosto, estamos encafuados num beco, num "cu de saco", para usar a expressão gaulesa. Se é evidente que ninguém pode pretender ajudar Tomar a sair do buraco onde estamos metidos, contra os tomarenses, ou mesmo sem a sua participação activa e empenhada; a verdade é que tão pouco se pode contar com eles para essa tarefa. A não ser que entretanto decidam -finalmente- mudar de atitude perante a vida e perante os outros. Até lá, viva o beco! E coza o forno! Enquanto houver farinha importada e comprada com o RSI, ou com o subsídio de desemprego. Bem cantava o Variações: "Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que as paga, o corpo é que as paga!!!"