segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

AJUDAR A GERAÇÃO "QUE PARVA QUE SOU"

Começo com um exemplo daquilo que aqui costumo afirmar: cada vez estamos pior no que concerne ao domínio prático da língua portuguesa. Dado haver tomarenses bem intencionados a pensar que exagero, peço-lhes licença para perguntar: Acham que isto é coisa que se publique, no Diário de Notícias, que se proclama um jornal de referência? Pois vem na página 21 da edição de hoje. É um lapso? Será. Mas então os revisores de texto servem para quê?

Pelo que consigo perceber, o grande problema actual dos jovens portugueses já diplomados é a falta de empregos. Bem pagos, de preferência. Porque postos de trabalho parece que há. Mal pagos, mas há. Até o patrão do Pingo Doce afirmou na TV não conseguir arranjar cortadores de carnes, que designou por talhantes. Se não erro, estamos agora equiparados ao que já ocorreu além Pirinéus há mais de 20 anos: a época do emprego para toda a vida + casinha + carrito, já foi. Agora, praticamente, só postos de trabalho, mal pagos e precários. Quanto ao alojamento, enquanto os progenitores portugueses não fizerem como os seus homólogos europeus, mandando os meninos ir dar uma grande volta, boa vai a vida.
Na hipótese de haver na geração dos Deolinda quem pense que no estrangeiro é diferente em termos de postos de trabalho, resolvi apresentar um exemplo concreto. Trata-se de um documento oficial do INSEE, o equivalente francês do nosso INE - Instituto Nacional de Estatística. Podia tê-lo traduzido. Porém, bem vistas as coisas, uma das causas do descontentamento da nossa juventude reside no facto de estar habituada a que lhe forneçam comida pré-mastigada. Pois não será agora o caso. Farão o favor de puxar pelo bestunto, caso o assunto vos interesse.
Temos em cima a indicação do conteúdo: Saídas profissionais por sector de actividade. Segue-se, a vermelho, a indicação do nível de estudos, de bac + 2 a bac + 8. Para o que agora nos interessa, bac = exame terminal do secundário francês = 13 anos de escolaridade. O que significa que bac + 2 = 15 anos de escolaridade, o primeiro nível superior de ensino profissionalizante. Trata-se de algo inexistente no nosso país. O nosso equivalente dos IUT - Institutos Universitários de Tecnologia, que concedem os BTS e os DUT, são os Politécnicos, que se orientaram logo para licenciaturas e mestrados.
Temos assim uma situação deveras curiosa e sintomática: em França não há licenciatura de enfermagem. Mas há postos de trabalho para os enfermeiros. Em Portugal é o contrário. Há licenciatura, mas não há postos de trabalho.
Vamos então à descrição geral do quadro. À erquerda, de cima para baixo estão indicados oito níveis diferentes, que vão do BTS = Diploma de técnico superior e do DUT = Diploma universitário de Tecnologia, ambos correspondendo a dois anos de estudos superiores após o secundário, até aos Doutoramentos na área da saúde = a 13 + 8 = 21 anos de escolaridade. Pelo meio temos, por esta ordem, Diplomas de Saúde e de Serviço Social, Licenciaturas, Mestrados e Mastères, Diplomas de Engenharia, Diplomas de Comércio e/ou de Gestão e, finalmente Doutoramentos.
Em cima, na horizontal, da esquerda para a direita, vemos sucessivamente % de mulheres, taxa de desemprego, % de empregos em part-time, % de quadros, % de empregos intermédios e, finalmente, salário mediano líquido em 2009, em euros.
Salário mediano significa que metade dos trabalhadores do sector respectivo ganham menos e a outra metade mais. Salário líquido entende-se como salário livre de impostos e outros descontos obrigatórios. Ou seja, 12 meses por ano com três ou quatro semanas de férias, em que o trabalhador recebe o seu salário e nada de subsídios. Essa benesse do 13º e 14º meses, só por cá e na Grécia. Por enquanto, enquanto houver possibilidades.
Como vêem, a época em que a Europa do norte tinha salários bem mais altos do que em Portugal, foi chão que já deu uvas. Infelizmente.
Habituem-se, como dizia o outro.

PS
Em França não há universidades privadas. Há estabelecimentos de ensino superior que são privados, os quais não podem usar a designação "Universidade", um exclusivo do governo.

5 comentários:

Anónimo disse...

Olá Dr. António Rebelo.

A propósito da bandalheira política e da desonestidade de outros, é meu dever esclarecer alguma coisa por enquanto.

O meu dever é falar, para não ser tomado por cúmplice

in Público, 19/01/2011 Santana Castilho * "Que patifes, as pessoas honestas" é uma citação atribuída ao escritor francês Émile Zola, que me revisita sempre que vejo os políticos justificarem com o manto diáfano da legalidade comportamentos que a ética e a moral rejeitam. E é ainda Zola que volta quando a incoerência desperta o meu desejo de falar, para não ser tomado por cúmplice. : :

Faço esta transcrição, porque ela me parece ir ao encontro do que também se vai passando na nossa terra.

Ultimamente tenho sido mencionado na imprensa e no seu blog, para além de uns tantos que preferem o "anonimato" num grupo restrito de "amigos" de conveniência.

Vem isto a propósito da ausência de um elemento vereador(a) na última "Ceia autárquica em Tomar". Sobre o assunto já disse o que tinha a dizer e para os distraídos reafirmo: "Não fui convocado para substituir a vereadora Graça Costa nem faço fretes a quem quer que seja".

Os eleitos devem representar os eleitores e não estarem ao serviço de interesse particulares. Sobre o assunto nada mais tenho para dizer, de momento.

Com consideração
José Soares

Anónimo disse...

JOSÉ SOARES dixit:


"Não fui convocado para substituir a vereadora Graça Costa nem faço fretes a quem quer que seja".

Os eleitos devem representar os eleitores e não estarem ao serviço de interesse particulares."

E eu PERGUNTO:

Ao não esclarecer quem e que fretes lhe pediram,ao não esclarecer a que interesses particulares se recusou prestar serviço,não está José Soares a fazer um frete a alguém ou,dito de outra maneira,a esconder algo e alguém?

OU FALA,OU "ABRE O JÔGO" OU

É CÚMPLICE!

Escolha.

Anónimo disse...

Então,Sr. José Soares?

O que escreveu há dois dias é para valer ou para "entreter"?

NÃO SE ESQUEÇA:

"O meu dever é falar, para não ser tomado por cúmplice."

AS PALAVRAS SÃO SUAS E O SILÊNCIO TAMBÉM.

Anónimo disse...

Caro António Rebelo,

Aqui, através do seu blog, para gosto de alguns e desespero de outros, tem-se vindo a discutir a política local como em nenhum outro local, incluindo os que deveriam ter essa missão.

Hoje, o meu propósito é continuar a dizer a verdade e partilhá-la com os leitores, sem sofismas.

O assunto tem a ver com a presença ou não de todos os eleitos na vereação do executivo, para que o exercício da Democracia não seja uma palavra vã de mera conveniência.

A verdade é uma exigência da vida democrática, da ética e da responsabilidade que nos cabe na vida colectiva.

Aqui vai:

1 - No dia 22 de Fevereiro de 2011 entreguei ao meu amigo Pedro Vasconcelos uma carta em que suspendo o meu mandato por 30 dias. O Pedro Vasconcelos foi o elemento mandatado pelos IpT para receber tal documento.
2 - Hoje, dia 24 de Fevereiro de 2011, recebo pelo correio em carta registada, pelas 12h33, assinada pelo presidente da câmara, uma convocatória para estar presente na reunião do executivo pelas 09h30, do dia 24 de Fevereiro de 2011, devido ao pedido de suspensão do mandato da vereadora Graça Costa.
3 - Para além disso, como poderia eu estar presente em tal reunião às 09h30, quando recebo a convocatória às 12h33 do mesmo dia?
4 - Este desencontro terá sido feito com propósito ou é pura incompetência dos nossos autarcas?
5 - Para cabal esclarecimento, digo que informei o senhor Pedro Marques, por msg (que guardo), que no contexto actual estou indisponível para integrar o actual executivo até pela má memória que já deixou junto de Tomar e dos tomarenses, e pelo qual a História os julgará.
6 - Os meus Amigo continuarão a ser meus Amigos; Os amigos de conveniência dispenso-os; aqueles que apenas se conhecem por terem participado num passeio, não têm de forma alguma de ser amigos.
7 - Os Amigos não se desentendem "por dá cá aquela palha"; os Amigos são o que de melhor temos neste mundo e eu tenho a sorte de ter Amigos.

Sempre a considerá-lo
José Soares

Anónimo disse...

Excelentíssimo Senhor José Soares,

Na sequência do seu comentário das 18:29h de 22/02/11,tomei a liberdade de o interpelar através dos meus comentários das 22:23h desse mesmo dia e das 10:43h de hoje,24/02/11,cujo conteúdo julgo ser bem claro e preciso.

Aliás,na senda das suas próprias e categóricas afirmações.

Entendeu V.Exa. voltar hoje a terreiro para abordar questões que entendeu como pertinentes.

Contudo,ao contrário do que eu esperava de si,resolveu ignorar os esclarecimentos que lhe tinham solicitado.

As acções ficam com que as pratica e está no seu pleno direito ignorar quem,de boa fé,entendeu questioná-lo.

Só que ressalta uma grave incorência entre palavras e actos.

Em resumo:

Ignorar as perguntas para não dar respostas é o contrário do que afirma nos 2º e 3º parágrafos do seu primeiro comentário.

Um (até aqui) votante IpT