COMEÇOU A LUTA PARA A SUCESSÃO?

Este comentário ao post "Câmara/ParqT - Um documentário da desgraça tomarense" pareceu-me tão curioso e sincero, que resolvi dar-lhe destaque e escrever sobre ele.

Antes de mais porque revela, na sua aparente ingenuidade, que as grandes manobras tendo em vista a contenda eleitoral de 2013 já começaram. E de que maneira. Figuras conhecidas que resolvem escolher já, de forma explícita, o seu campo; tentativas de desestabilização de líderes eleitos,  palpites acerca de eventuais cabeças de lista. É sobre este último aspecto que gostaria de deixar aqui a minha opinião.

Em qualquer circunstância, avançar nomes para encabeçar listas eleitorais, mais de dois anos antes da data prevista para o acto eleitoral, além de revelar ansiedade excessiva, só pode contribuir para os expor ao fogo cerrado das formações adversárias. Sendo a conjuntura económica aquilo que é -tanto para o concelho como para a autarquia- mencionar potenciais candidatos a tanta distância do acto, corresponde de forma explícita a uma confissão de lamentável amadorismo. Além disso, os nomes avançados não me parece, salvo melhor entendimento, que reúnam as condições mínimas para vencer um futuro escrutínio.

Boavida e Monteiro, ambos pessoas respeitáveis e de mérito, são técnicos superiores da autarquia  em exercício o que, legalmente, os impede de se candidatarem. A não ser que antes solicitem a suspensão temporária das suas funções e obtenham parecer favorável da tutela. 

Quanto ao padre Mário, cuido que conhecerá melhor do que eu o multi-secular preceito "A Cristo o que é de Cristo; a César o que é de César". O que não obsta a que o nosso comentador tenha sido perspicaz -A situação económica local está de tal forma, que só um milagre e dos grandes poderia revertê-la de maneira rápida. Como gostariam os sebastianistas tomarenses, uma larga maioria dos eleitores inscritos. Infelizmente, os milagres, de há uns anos a esta parte, até em Fátima são raríssimos, quanto mais agora em Tomar.

Como muito bem disse há umas semanas Miguel Relvas, idealmente, quem quiser concorrer  à presidência da autarquia nabantina terá de ser movido por um sonho. Não um sonho fantasista, daqueles que rapidamente se esfumam, mas algo de meditado, de  ponderado, de estruturado e confrontado com a triste realidade actual. Uma envolvência económica que em pouco mais de dois anos transitou das vacas gordas para as magras, e destas para a manifesta penúria dos ditos ruminantes. Mesmo esqueléticos O que prenuncia umas eleições autárquicas pela primeira vez em ambiente de miséria material, tanto na sociedade civil como na autarquia e no governo, sem que se possa contar sequer com os até agora usuais e abundantes fundos europeus. Tudo  a exigir uma radical mudança de vida. Transformar uma autarquia gastadora, numa autarquia facilitadora  para quem produza  riqueza. Nestas condições, sem fundos disponíveis nem maneiras cómodas de os conseguir, estarão os cidadãos mencionados, ou outros em iguais circunstâncias, dispostos a avançar? E terão arcaboiço político suficiente? É que sem um projecto sólido e grande capacidade de liderança, melhor será para todos que se mantenham quedos. Para evitar mais desilusões aos tomarenses, já tão traumatizados. Para pior já basta assim!