quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

CONCELHO DE TOMAR A CAMINHO DE NOSSA SENHORA DA ASNEIRA

Actualmente - PÚBLICO 24/02/11
Antes - Foto de arquivo
O MIRANTE 24/02/11
A autarquia tomarense deverá ter dado, na reunião desta quinta-feira, a última demão burocrática à empreitada da Envolvente ao Convento de Cristo, adjudicada há já dois  meses. É por isso oportuno comparar aquilo que vai ser feito junto ao Castelo e Convento, com o que já foi executado frente ao Mosteiro de Alcobaça, igualmente Património da Humanidade. Só para conferir se vamos no sentido do progresso, ou rumo à Nossa Senhora da Asneira, como já vem sendo costume. 
Em Tomar, comerciantes e autarquia lastimam-se que os turistas -malandros!- vão ao Convento e não descem à cidade. Deduz-se, por conseguinte, ser urgente acabar com semelhante prática. Para isso, já se requalificou uma via pedonal através da Mata (200 mil euros), que por acaso não vai ter qualquer utilidade prática, pelo menos até que o portão da Torre da Condessa, à guarda do IGESPAR, se mantenha fechado, por falta de pessoal.
Fala-se igualmente na recuperação das calçadas de acesso -a de S. Tiago e a dos Cavaleiros, esta para o efeito rebaptizada de Santo André, sem que se saiba porquê- que só peça por tardia. Já devia ter sido feita há mais de 30 anos. No mínimo. No que diz respeito à de S. Tiago, já em 1617 a coroa solicitava à câmara da então notável vila de Tomar a sua reparação, antes da visita de Sua Majestade. Até hoje, nem reparação nem visita de Sua Magestade.
Pelos jeitos, neste pobre país nem todos pensarão como os comerciantes e autarcas tomarenses a respeito da vinda dos turistas ao centro da urbe. Em Alcobaça, por exemplo, que não sendo muito longe e como o Convento de Cristo Património da Humanidade, tudo parece indicar que até apostam no inverso -afastar os automóveis e autocarros dos turistas do centro da cidade. Basta olhar com atenção para as fotografias acima. Na primeira vê-se como está após a requalificação com fundos europeus. Na segunda, como era antes: Um vasto espaço ajardinado junto ao Mosteiro, com estacionamento para autocarros e automóveis. De acordo com as normas europeias anti-poluição, trânsito e estacionamento foram afastados do monumento, tal como já antes acontecera na vizinha Batalha, ainda que não para assaz longe. Enquanto isto, aqui em Tomar vão melhorar o parque de estacionamento da Cerrada dos Cães, fazer outro parque para 9 autocarros junto da fachada norte do Convento, bem como um terceiro estacionamento para 30 automóveis, naquele terreno do lado esquerdo da estrada, no sentido de quem sobe, imediatamente antes do desvio para a Senhora da Conceição. Tudo por cerca de 3 milhões de euros. Uma autêntica pechincha, como é hábito!
Perante práticas tão diferentes, cabe perguntar: Quem vai na boa direcção? Alcobaça, Batalha e os europeus? A autarquia tomarense?
Quanto a mim, José Eduardo de Carvalho, ex-líder do NERSANT, (cuja sede não por acaso foi fixada em Torres Novas), e Personalidade do Ano, tem toda a razão: "Não há concelhos subdesenvolvidos; há concelhos sem projectos". Como o de Tomar, por exemplo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não, não foi por acaso que a sede do Nersant foi para Torres Novas.
Perguntem a alguns grandes tomarenses qual foi a ajuda que deram para que ela não viesse para Tomar. Foram os mesmos que também defenderam o IP6, hoje A23, a saír de Torres Novas para a fronteira, a passar longe de Tomar.
Já agora, já viram que a via rápida entre a rotunda do Manjar dos Templários e a entrada no A23 tem indicação de sub-lanço em exploração no âmbito do Pinhal Interior ? Não significa isto que vai pagar portagens, à semelhança do A25 ? O sistema de portagens no A25 não precisa de casa de portagens, é por fotografia, e se não tiver chip, vai ter de ir aos CTT ou ao pay-shop pagar.

Unknown disse...

Boa noite. Este primeiro comentário a propósito do IC3 não foi nada que não me lembrasse dado que neste mês de Fevereiro passei cerca de 10 vezes por esta via e só se observa é o afã com que se rasga um roço na terra onde se vai instalando cabos e de observa o placard da Ascendi. Se vai ser objecto de portagem então Tomar pode fechar portas.
No que toca ao seu texto Prof. Rebelo eu também não concordo com as obras na envolvente do Convento. Primeiro, porque são melhorias directas para o convento mas pagas pela autarquia e segundo porque, como disse, arranjar estacionamento para autocarros na fachada Norte é algo que não está correcto. Se observarmos os autocarros durante alguns minutos vemos que o grosso deles está o tempo todo com os motores ligados por causa do ar condicionado e isso tem efeitos terríveis na pedra do monumento e no ar que respiramos. Se tiverem dúvidas desloquem-se aos Jerónimos ou à Sé de Lisboa.
O caso de Alcobaça também não é o melhor dado que se ninguém estaciona frente ao Mosteiro também é verdade que o espaço não é usado devido aos declives, canais e outras coisas. As pessoas ficam-se frente aos prédios. Num dos cantos da praça observei mais de 30 centimetros de declive. É impraticável. O piso escolhido é do género lamacento mesmo que digam que é o adequado. A rua, agora pedonal, de acesso ao parque de estacionamento parece um imenso cano de passagem de águas, dado o imenso forro de mármore/pedra com que foi requalificada e se é que se pode chamar de requalificação aquela obra. E note-se que o IGESPAR tem total responsabilidade na intervenção. Se passarmos para o Paço Ducal de Vila Viçosa observamos erros semelhantes. Num afã de pedonalizar o espaço, a obra foi executada de tal maneira que... nem os peões conseguem passar.
Por último quero afirmar aqui o que já disse de viva voz ao Prof. Rebelo. Não concordo aqui com o exemplo de Alcobaça mas não é por isso que desato a chamar-lhe nomes. O facto de não concordar não me dá o direito de o insultar. O Dr. Rebelo tem direito à sua opinião e a ter preferência partidária mas usar o insulto... enfim não me parece o melhor caminho. Muito obrigado. Ernesto Jana