terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

PESSOAS, IDADES, IDEIAS, POLÍTICAS, CONSEQUÊNCIAS

Começo com duas citações, uma francesa e uma tomarense.
Respondendo à pergunta "Qual é a base da actual hegemonia cultural americana no mundo inteiro, e como é que ela tem vindo a acentuar-se ainda mais desde há 20 anos?", o diplomata e escritor francês OIivier Poivre d'Arvor, que foi durante 10 anos responsável pela política cultural exterior da França, disse: "A digitalização é antes de mais uma revolução tecnológica, para a qual "o resto do mundo" não estava absolutamente nada preparado, tanto em infra-estruturas económicas como em matéria de conteúdos. São os americanos que, de maneira esmagadora e desde os anos 70, têm vindo sempre a inovar e a desenvolver. Após ter triunfado no domínio das indústrias culturais (música, cinéma, animação, jogos, etc), o modelo americano não descansou à sombra dos êxitos conseguidos. Inventou a Internet, imaginou o digital e todas as suas máquinas de "soft power" e investiu somas colossais na investigação científica aplicada.
Quer se trate de aumento da capacidade de armazenamento, de banda larga, ou de compressão de dados, os europeus em geral, com os franceses à cabeça, limitaram-se a assitir impávidos a revoluções das quais não compreendiam a linguagem, nem por vezes a importância. Enquanto nós, franceses, fazíamos lindas dissertações sobre a diversidade cultural, Apple inventava a "monetização" e o pagamento generalizado dos seus conteúdos digitais! Os geniozinhos informáticos da Silicon Valley transformaram-se nos grandes "facturadores" da cultura globalizada, controlando doravante os porta-moedas das famílias do mundo inteiro. A revolução é também económica! Nos últimos vinte anos, a cultura passou do estatuto de indústria do divertimento para o de um mercado mundializado, cujo volume de negócios se aproxima dos 800 mil milhões de euros!
A desmaterialização dos conteúdos representa o triunfo da ideia americano-universal do mundo, o reinado do monopólio americano."

Nouvel Observateur,  27/01/11, página 18

Em comentário ao post "A síndrome tomarense", o leitor Grácio, referindo-se aos autarcas tomarenses anteriores aos mandatos de Pedro Marques, opinou que o eleitorado "Virou-se, em alternativa, para o PS onde pontificavam a juventude do presidente do União de Tomar, Pedro Marques, e figuras como Lino Cotralha, António Alexandre e outros, todos mais próximos  do cidadão comum, e com potencial diferente das anteriores "brigadas do reumático".

A análise comparativa destes dois excertos, ambos europeus e escritos já este ano, daria pano para mangas, que é como quem diz para um ensaio de mais de 200 páginas. Não irei por aí, que não é a hora nem o local para isso. Anoto apenas que em ambos os escritos os autores estabelecem implicitamente um contraste entre o velho e o novo,  entre os jovens e os velhos, conquanto o fosso entre o conteúdo tomarense e o francês seja assustador. (Para mim, claro! Os tomarenses em geral nunca se assustam. Infelizmente!)  O leitor fará o favor, se assim o entender, de prolongar a cogitação até onde puder e julgar útil. Importante mesmo, na minha opinião, é o facto de o interlocutor gaulês ser um "velho" a falar do novo e do novíssimo, enquanto o tomarense parece ser um "novo" a falar do velho. Sucede que o nosso mal, o mal português e nabantino, é basicamente esse -recusamo-nos a aceitar que nesta terra e neste país há "velhos" com ideias novas e, sobretudo, jovens com ideias velhas. Gente que nunca foi ensinada nem aprendeu a pensar " a sério".  Ou não estivesse o nosso ensino como está! O "cortar e colar" é incomensuravelmente mais fácil, lá isso é!
De forma que, caros amigos tomarenses, primeiro convém apurar o que pretendem. A mudança? A saída do atoleiro? Novos horizontes? A liberdade e os seus perigos inerentes? Para isso precisamos de gente com ideias novas, de preferência com experiência vivida; com mundo. Nem que sejam "velhos".
Se pelo contrário preferem a confortável situação actual, sob a asa do orçamento de estado ou da autarquia, então podem escolher quem quiserem, de preferência jovens, que são mais apresentáveis na presente comédia da política-espectáculo. Se bem se lembram, António Paiva arrastou corações e mais corações. Não graças à sua política, mas em virtude do seu ar de galã moderno. E dizem-me corações femininos amigos que Corvêlo de Sousa também não é nada de se deitar fora, apesar de... De forma que, cada qual deve assumir quanto antes as suas responsabilidades de cidadania. Parafraseando o poeta "Não se nasce impunemente em Tomar!"

8 comentários:

Anónimo disse...

Apesar de pensar que o progresso tem muito a ver com a eterna "luta" entre o novo e o velho,apesar da minha idade jovem/mediana,não tenho nada a ideia que ser novo ou velho represente uma vantagem e mérito intrínseco.
As potencialidades do novo aliadas às boas experiências e resultados do velho constituirão a síntese ideal,o fermento da alavancagem de um melhor futuro.

Mas voltando à batalha eleitoral entre Bento Baptista e Pedro Marques,a "luta" entre o velho e o novo só foi relevante pelos antecedentes AD e PSD estarem abarrotados de velhos retrógrados,sem rasgo e sem ideias ou projectos de futuro,"enfeitados" por alguns novos sem valor e petulantes,de que foi expoente máximo Becerra Vitorino,agora reciclado pelo PS.

De resto,a vitória de Pedro Marques ficou a dever-se muito mais aos deméritos do "inchado" Bento Baptista do que aos seus próprios méritos ou provas dadas.

A história da política em Tomar nos últimos 50 anos - de Manuel Machado aos dias de hoje - é um tema rico e apaixonante para os interessados no fenómeno político.

O exercício do que foi e do que podia ter sido levar-nos-ia a um longo mas interessante debate.

Certamente com muitas surpresas e revelações.

R.Grácio

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

PÔR O VELHO AO SERVIÇO DO NOVO!Onde é que eu li isto?

As gentes do concelho de Tomar não são conservadoras.

Um bom presidente da câmara de Tomar, seria aquele que soubesse aprender na sua história dos últimos 60 anos e contrariasse as opiniões que estão instaladas atualmente nos círculos políticos e "pensantes" nabantinos. Não se fartam de carpir: os tomarenses são conservadores, não se interessam, estão acomodados, não participam, etc.etc.. .

A destruição de forças produtivas modernas no concelho nas últimas décadas são, quanto a mim, também da responsabilidade das forças políticas e mais cultas do concelho, cujos líderes terão actuado mais em defesa dos seus interesses do que no futuro de todos. Ainda hoje me pergunto como foi possível deixar ir abaixo o grupo Mendes Godinho e outras empresas. Não terá havido uma cumplicidade entre membros das famílias do Grupo e membros das famílias políticas à altura emergentes, obstaculizando soluções sábias, para defenderem interesses pessoais? "Know How" não faltava, era a sua maior riqueza. O sistema partidário local falhou em toda a linha e, antolhado por interesses mesquinhos pessoais, averbou uma derrota de consequências duradouras, que os tomarenses não esquecem. Talvez por isso os partidos locais tenham muitos transfugas, muitos independentes e as pessoas continuem a suportar....

....O Sr. Miguel Relvas que no final deste mandato vai somar 20 anos como autarca; o actual Secretário da A.M. 16 anos; o Sr. Pedro Marques completará 16 anos; o Sr. Paiva 16 anos e ainda controla muita coisa; o Sr. Vitorino 8 anos; o Sr. Carrão atingirá os 16 anos; o actual presidente atingirá os 8 anos. Estou a citar de cor informações em conversa informal.

E tudo se encaminha para que o próximo presidente de câmara saia deste lote de políticos e o Sr. A. Rebelo continue a ter pano para mangas para evidenciar exemplos de má gestão e ausência de ideias. E a ter uma ideia negativa sobre os tomarenses, que lamento...

Tomar tinha um património de "know how" na actividade económica que a colocava na dianteira em todo o país: indústrias como a Papeleira, Aviários, Rações para Animais, Placas de Fibra de Madeira, Fiação, Óleos Alimentares, um Pequeno Comércio de qualidade, que atraía a Tomar pessoas de toda a região, produção de produtos hortículas, salsicharia famosa, etc.; geria a maior empresa de exportação do país, a Tagol, muitas das mercadorias produzidas eram exportadas.

Perante estes problemas, é preciso saber se as organizações políticas locais se preocuparam exclusivamente em ocupar as secretarias e gabinetes da adm. local e outras e se dão em doidos quando aparece alguém a colocar um Ponto de Exclamação no final de uma frase, como aquele burocrata do Conto de A.Tchekov com aquele título. Não conhecem? Quanto a mim é isso. Fico com a perceção, em muitas conversas, que a atração pelo poder e pelo orçamento da câmara é erótica - sexy. E Burocrática! Uma vez saí de uma conversa dessas com esta cogitação: a política aqui em Tomar parece uma caserna de sargentos. Ao contrário do 31 de Janeiro, terão sido vitoriosos aqui em Tomar?!

Que papel tiveram as forças políticas e mais cultas do concelho perante este descalabro? Nunca é tarde para um balanço sobre a sua atuação nesta razia. E avaliar se essa prática persiste.

Algum presidente (ou executivo) se lembrou de criar um comité de estudo e desenvolvimento económico do concelho, recorrendo a estes gestores e outros quadros, para o apoiarem na sua gestão, para o aconselharem, para elaborarem pareceres e projetos? Tenho a certeza de que muitas dezenas deles andam por aí a vaguear, frustrados, esquecidos e até desprezados pelos bandos políticos locais, na sua maioria empregados do Estado, sem ideia nenhuma para o concelho.

Tomar não é um concelho de gente indiferente, conservadora. Indiferentes e conservadores perante a população são as "elites" locais que assim a caraterizam. Só pode ser!

Anónimo disse...

Ó Rebelo, a idade joga contra nós!
A evidencia mostra que as pessoas preferem escolher jovens, os dois últimos presidentes de câmara eleitos com algum mérito próprio, Marques e Paiva mostram isso. E se fossemos por esse país fora encontraríamos muitas provas disso a ponto de existir agora e antes muitos presidentes até com menos de 30 anos.
E se olhares para a aparência de Sócrates, ou agora de Passos Coelho, e outros no passado vês o mesmo sintoma. Até o Obama prova isso. Tu que sabes e lês tanto, não sabes que isso é dos livros?!

A diferença ente ti e eu Rebelo, é que apesar de sermos mais ou menos da mesma idade, tu ainda não percebeste que nunca vais ser presidente de câmara. O que é pena, porque se assim fosse talvez fizesses melhores análises mais centradas nas questões e isentas, e fosses levado mais a sério. Assim queiras ou não, ninguém te vê como um gajo com boas ideias, mas sim como mais um que quer ser presidente. Acorda homem!

Unknown disse...

Para comentário das 22:11

Fico raladíssimo que assim seja, tal é a consideração que tenho pelos analistas nabantinos. Já nem vou dormir nada esta noite! Pode crer!

Anónimo disse...

Serah que em troca os analistas tomarenses deverao ter consideraçao pelas suas analises?

Unknown disse...

Para comentário das 08:54

Claro que não! A não ser que os respectivos conteúdos justifiquem essa consideração. O que nem sempre será o caso. Mas isto da presunção e da água benta...

Unknown disse...

Para Maria Hermengarda:

Inadvertidamente, o seu comentário foi saneado, pelo que lhe peço desculpa. Se quiser fazer o favor de o voltar a enviar, terei todo o gosto em publicá-lo. Entretanto, qualquer que venha a ser a sua judiciosa decisão, não quero de modo algum deixar de lhe agradecer os seus amáveis cuidados. Aproveito até para lhe endereçar um convite desonesto. Caso não seja um Hermengardo, como suspeito, experimente passar por aqui, que terei todo o gosto em demonstrar-lhe que estou em plena forma e até pronto para algumas curvas.

Anónimo disse...

A cidade está a velha e cheira a mofo (dizem).
Não sei bem porque é que tal acontece pois temos dos políticos mais jovens e frescos da praça...
AA