quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A PRINCIPAL CAUSA DA CRISE TOMARENSE É O "ACHISMO"

Notícias difundidas ontem e esta manhã indicam haver já a nível nacional alguns tímidos sinais de retoma. As exportações portuguesas aumentaram 16,5% e o desemprego na indústria deixou de crescer. Persistem, é certo, os grandes problemas do país -dívida pública insustentável, função pública obesa, dificuldades de financiamento exterior e compromissos privados que ultrapassam 100% do PIB, situação muito delicada para a banca, assaz dependente do exterior em termos de liquidez. Acresce o contínuo aumento das despesas públicas, bem como das importações para fazer face ao consumo interno, designadamente no sector alimentar.
Temos assim duas situações distintas: De um lado as empresas exportadoras e as de bens não transaccionáveis, que já beneficiam da ténue retoma; do outro, os sectores mais dependentes do consumo interno, cuja evolução só poderá negativa, tendo em conta as gravosas medidas de austeridade. Infelizmente para os tomarenses, a economia concelhia é alimentada sobretudo por verbas directa ou indirectamente provenientes do orçamento de estado. Que só podem continuar a encolher. Vamos ter, por conseguinte, ainda mais dificuldades, dado o inevitável agravamento da austeridade, imposta do exterior, pois casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
Sendo as coisas o que são, o mais provável é que tanto a autarquia como os privados tentem recuperar os montantes não arrecadados devido à crise local, através de mais aumentos de preços, de impostos locais, de tarifas e de taxas. Desde há mais de 15 anos que tem sido sempre assim. De tal forma que o custo de vida é nitidamente mais elevado em Tomar do que nos municípios vizinhos, mas a qualidade da oferta é inferior, pelo que a população residente tende a debandar logo que pode, rumo a autarquias mais acolhedoras. Alguns exemplos:
A - Conforme referimos num post recente, segundo o semanário SOL desta semana, emTomar o metro quadrado de habitação nova desceu 7,2% no último ano (4ª maior descida a nível nacional), mas está ainda assim nos 927 euros, contra 926 euros em Leiria, ou 882 em Braga. Fará algum sentido?
B - Comparando o nível remuneratório entre o Instituto Politécnico de Leiria e o de Tomar, em igualdade de circunstâncias, há doutorados em Tomar a ganhar metade do que ganhariam em Leiria por igual serviço lectivo. Fará algum sentido?
C - Fui há duas semanas a Coimbra e fiquei surpreendido: Frente ao município conimbricence comprei três dúzias de castanhas, a um euro cada dúzia. Em Tomar, ao fundo da Corredoura, por uma dúzia paguei sempre dois euros. Fará algum sentido?
Os culpados de tudo isto? Os adeptos do "achismo". Habitamos numa desgraçada de uma terra  cujos habitantes, incluindo os dirigentes, salvo raras e honrosas excepções, têm uma exagerada tendência para achar. Acham que sabem, acham que podem, acham que conseguem, acham que dizem a verdade, acham que vai dar ao mesmo, acham que são competentes, acham que quem os critica só pode estar com más intenções, acham que a crise vai passar, acham! Nunca se cansam de achar em termos presuntivos (de presunção e não de presuntos).
Nem sequer lhes passará pela ideia que a inteligência não se aprende, nem se vende na farmácia. Donde resulta que ou se tem ou não, pouco adiantando presumir ou ter afigurações. Tarde ou cedo a verdade tende a comportar-se como o azeite na água -acaba sempre por vir à superfície. Basta pensar no feliz consulado de António Paiva, a dada altura considerado "o melhor autarca do País", que afinal...
Que fazer? Seguir quanto antes as indicações operacionais do velho cabo de corneteiros do 15. Uma vez chegado com os seus soldados aprendizes ao Pinhal de Santa Bárbara, como não havia instrumentos para todos, dizia-lhes em tom muito imperativo -Quem sabe, toca! Quem não sabe, passa a corneta a outro, que não há cornetas que cheguem para todos! Meio século mais tarde, continua a ser um excelente conselho. E quanto mais tarde o seguirem, pior será para todos. Desde 2008 que tenho vindo a avisar nesse sentido. Acho que ainda não me enganei...

2 comentários:

Anónimo disse...

...e raramente tenho dúvidas.

Anónimo disse...

Acho que tem toda a razão!
AA