Várias pessoas nos têm questionado, procurando saber o que se pode fazer para ajudar a ultrapassar a nossa recorrente situação de desalento. Dado que ninguém põe em causa a legitimidade dos autarcas que temos, nem teria argumentos legais para o fazer, resta procurar compreender a natureza e as causas dos problemas que nos afligem, bem como aguardar com paciência a próxima oportunidade eleitoral.
Para início de análise, convém ter em conta que o problema tomarense não é de partidos ou outras formações políticas. É de pessoas, de cidadãos como nós. Que das duas uma, ou presumiram que seriam capazes de gerir capazmente a autarquia, mesmo não dispondo de qualquer projecto adequado às circunstâncias; ou estavam conscientes da sua incapacidade, mas pensaram que os comparsas estariam mais artilhados. Em qualquer caso, basófia, fé na sorte ou pura inconsciência, agora é demasiado tarde para emendar. Sem perspectivas fecundas, a maioria relativa PSD continuará a agravar o défice autárquico com a sua lista de obras que poderão ser tudo menos oportunas ou rentáveis, enquanto que os dois elementos do PS continuarão a desempenhar o infeliz papel de "moscas do coche municipal". Os IpT, por seu lado, insistirão na animação da pista municipal, com declarações de voto, perguntas e recomendações. Tudo praticamente em vão, como se tem vsto.
Aos munícipes resta por conseguinte ir ouvindo, lendo e assistindo, com a possível paciência, aos sucessivos e cada vez mais frequentes acidentes de percurso. Ao mesmo tempo, os mais afoitos e capazes em termos políticos podem e devem ir procurando ou mesmo preparando alternativas para 2013. Se o não fizerem atempadamente, correm sérios riscos de não virem a ter grande escolha na futura consulta eleitoral. Porque se a actual maioria relativa faz e continuará a fazer de "homem morto", isso deve-se tanto à ajuda interesseira dos eleitos do PS, como à evidente carência de alternativas por parte destes e dos IpT. Isto para não falar das outras forças políticas, que apenas lograram representação na Assembleia Municipal, onde deram um pífio espectáculo aquando da sessão extraordinária sobre a crise no concelho, que até o próprio presidente Miguel Relvas já lamentou publicamente, aos microfones da Rádio Hertz.
Sendo agora incontroverso que as coisas nunca mais voltarão a ser como já foram; que nunca mais voltaremos à época das vacas gordas e das plantações de "girassídio"; se os tomarenses continuarem sebastianistas, não se precatando atempadamente em relação aos habituais e inevitáveis oportunismos políticos em 2013, então o único caminho será mesmo o da migração interna, rumo a novas paragens mais clementes, com gente mais activa e comprometida com o devir colectivo. Ninguém consegue salvar vítimas semi-enterradas num lamaçal contra a vontade delas. A presente crise é geral no nosso país, sendo porém muito mais grave em Tomar, por falta de horizontes novos. Enquanto assim for...