sábado, 31 de dezembro de 2011

Recados para os eleitos locais, em noite de Ano Novo

Em noite de Ano Novo, nada melhor que uns recados para os eleitos locais. Pode ser que os leiam ainda antes das doze badaladas. Ou amanhã, procurando curar a ressaca. Entretanto, aproveito para endereçar a todos votos de um 2012 o menos mau possível. Se houver eleições intercalares à beira-Nabão já ficarei satisfeito. E continuo convencido de que são praticamente inevitáveis, entre outros motivos por uma questão de higiene mental.

"Não vale a pena vender ilusões. Muitos ficarão pelo caminho. Mas os outros, os que resistirem, têm a certeza que o futuro pode ser construído em bases sólidas e não em cima de castelos de areia. É por isso que as reformas que aí vêm... ... não podem ser tímidas, feitas por gente com medo de descontentamentos, protestos ou mesmo violentas contestações sociais. Não há lugar para recuos, hesitações, medidas dúbias para agradar a gregos e a troianos. É preciso determinação e coragem. É preciso clarividência para explicar às pessoas que não há outro caminho, que muitos vão ficar sem os direitos adquiridos ao longo de muitos anos e que o Estado não tem dinheiro para socorrer todos os que vão ser atingidos em cheio pela crise e pelos remédios necessários para a ultrapassar o mais rapidamente possível. É preciso dizer a verdade e não esconder as muitas tragédias provocadas por esta aterragem de emergência de uma nave que andou em altos voos sem tripulação à altura e sem dinheiro para pagar o combustível. Os resistentes, os mais fortes, os que aguentarem estoicamente esta violenta ressaca, também devem saber que o futuro não será necessariamente melhor, não depende apenas do seu esforço e da sua vontade. Mas também devem saber que sem isso não há solidariedade europeia e internacional que os salve. O mundo mudou e muito. 2012 vai ser o primeiro ano da nova era em todo o planeta. Nada será como dantes."
António Ribeiro Ferreira, editorial, i, 31/12/2011, página 2

"Uma forma infalível de compreender o porquê dos acontecimentos é causá-los. Parece profético mas é um disparate. Ideias como "só me arrependo do que não fiz" revelam uma pobreza de espírito digna de compaixão. Cometemos erros, sim, mas seria muito melhor se não tivéssemos sido autores, actores, espectadores e vítimas de algo...errado.
É ainda pior que esta inconsciência leve os sujeitos a ignorar os primeiros sinais adversos, mais subtis. Nestes casos, ou os acidentes são suficientemente grandes para ultrapassar a anestesia da ignorância, ou nem sequer são percebidos. É possível compreender muitos aspectos da vida sem ser necessário errar. Outros, nem errando. É necessário tempo, domínio de si e uma certa sabedoria. Tempo para percorrer caminhos interiores; domínio de si para não ceder aos gritos da necessidade de conclusões rápidas; e a sabedoria humilde que faz aceitar que existem lógicas mais complexas que as que somos capazes de compreender.
A sabedoria, mais que cumulativa, é subtractiva. Se pensarmos bem, vamos aprendendo o que não fazer, como não fazer, em quem não confiar, etc. O nosso intelecto vai ganhando, progressivamente, capacidade de filtrar o lixo que o povoa.
Um sábio não é alguém que vê o extraordinário, mas sim aquele que conseguiu ficar cego em relação a coisas para as quais os outros olham. Antes disso, é preciso inteligência e confiança para aceitar que aquilo que faz sentido, no fundo, talvez não faça sentido nenhum."
José Luís Nunes Martins, i, 31/12/2011, página 13

Para ficar escrito


Na situação em que nos encontramos, tanto no país como em Tomar, nada melhor para começar do que um ascensor, até agora inactivo porque desnecessário. Pode ser que assim se consiga elevar o nível dos debates, a qualidade dos aprendizes políticos e a até agora nula eficácia da governação. Pode ser, mas a esperança é pouca. Apesar de -dizem- ser sempre a última a morrer.
Uma palavra, muito querida do nosso Presidente da República, é neste momento a mais adequada para qualificar a situação tomarense. Essa palavra é: INSUSTENTÁVEL. Dêem-lhe as voltas que quiserem ou puderem, tudo radica numa incompetente gestão da coisa pública que já se arrasta há mais de 14 anos. Com o passar do tempo, os problemas foram-se multiplicando e agravando. Apareceram cada vez mais pontas soltas e desordenadas. Eis alguns exemplos: Mercado municipal, mercado abastecedor, parque de campismo, Várzea Grande, Flecheiro, Convento de Santa Iria, Colégio feminino, ciganos, Levada, Bairro 1º de Maio, Bairro Srª dos Anjos, Estalagem de Santa Iria, Convento de S. Francisco, alambor templário. E, como escreveu Camões, "cale-se tudo o que a velha glória canta, que outro valor mais alto se alevanta" - Bragaparques/ParqT.
Em declarações que podem ser lidas clicando aqui, um dirigente da sociedade nortenha disse que ficaram a perder dinheiro, pois inicialmente tinham avançado para a justiça com um pedido de reparação de 9 milhões de euros. Temos assim que, mesmo se viesse a liquidar os 6,5 milhões de euros à Parqt/Bragaparques, o que está impossibilitado de fazer, como veremos mais adiante, o Município de Tomar ainda lhes ficaria a dever o favor de terem condescendido numa redução substancial. Admirável! Quem sabe, sabe!
O problema, o único mas inultrapassável obstáculo, é que a autarquia nunca poderá vir a pagar essa ou qualquer outra soma da mesma ordem. Porque a oposição não consente, nem se antevê como ou quando poderá vir a consentir e porquê. Porque a tutela (leia-se Gaspar & Companhia) nunca irá em cantigas, uma vez que o seu dirigente máximo é um estrangeirado, muito credenciado no eixo Bruxelas-Berlim, onde nunca se brinca em serviço. Porque o Tribunal de Contas, se a isso fosse chamado, não deixaria os seus pergaminhos por mãos alheias. Porque os bancos estão com a corda ao pescoço e a troika à perna, situação muito desconfortável, que os obriga a evitar implacavelmente os clientes duvidosos ou problemáticos, entre os quais avulta a Câmara de Tomar, devido à sua gestão errática. Porque, em suma, somando ao que antecede o facto de o Município estar, desde antes do início da crise (já lá vão mais de 3 anos), a arrecadar bastante menos do que aquilo que gasta e a ser gerido por eleitos geralmente ineptos -a situação é insustentável, não podendo vir a durar muito mais tempo, sendo inquestionável que, quanto mais tardar, mais graves serão os problemas e mais elevados os encargos daí resultantes.
É por conseguinte imperioso encontrar uma saída quanto antes. No que concerne ao imbróglio ParqT/autarquia só há uma solução vantajosa para ambas as partes e para os tomarenses: A - Não pagar agora nem mais tarde, uma vez que não há abertura política nem folga financeira ou condições de mercado para isso; B - Conseguir um novo deal com a Bragaparques, naturalmente com outros jogadores e outras cartas na mesa, mas sem trunfos na manga. O para alguns saudoso Paiva não deixou boas recordações a toda a gente...
Desbravado o terreno, ultrapassado pela positiva o caso Bragaparques, o resto virá por acréscimo, embora com muito e profícuo trabalho, que o tempo dos amadores já lá vai e não volta. Agora só falta provocar eleições intercalares, condição sine qua non para que a ParqT volte à mesa da negociação.
Quanto à oposição PS/IpT e à relativa maioria PSD/Independentes, talvez seja conveniente recordar que, ao contrário daquilo que todos pensam e não assumem em público, quem provoca eleições nem sempre as perde. Passos Coelho ganhou-as folgadamente e Mariano Rajoy também. Trata-se portanto de mais um argumento a arquivar no contentor amarelo. Ninguém consegue travar o progresso de forma perene!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Para quem cuida que...

Com a crise tomarense a agravar-se mais e mais a cada dia que passa, alguns dos principais responsáveis pela nossa triste decadência, em vez de responderem  aos acontecimentos, assobiam para o lado. Em vez de admitirem erros crassos e buscarem soluções, cuidam que o melhor ainda continua a ser tentar intrujar os eleitores. A manha mais corrente consiste em acusar quem naquilo que escreve lhes não é favorável, de nervosismo, impaciência, falta de educação e outras flores do mesmo estilo. Para todos eles, com destaque para os que pela calada me acusam de ser demasiado agreste e injusto com os meus conterrâneos, aqui vai um texto esclarecedor:
"A crise financeira do país fez pela Madeira o que os madeirenses foram incapazes de fazer durante três décadas; pôr Alberto João Jardim na ordem. Agora, para além do clássico aperto fiscal sobre os nativos, haverá cortes violentos na despesa; limites para o endividamento e uma real transferência de autonomia para fora do Funchal. Em condições normais, tudo isto seria para festejar. Mas os fracassos não se festejam. Passos Coelho aplicou a Jardim a mesma terapia de choque que a troika lhe aplicou a ele. O que significa que os portugueses precisam sempre de uma autoridade "exterior" para que o abuso termine. Assim foi depois da Primeira República, com uma longa e abjecta ditadura. Assim é agora, depois da incapacidade das elites políticas "democráticas" em pensarem um País economicamente viável.
A nossa história republicana é uma oscilação constante entre a balbúrdia e a repressão. Políticamente, somos um povo que não se recomenda."

João Pereira Coutinho, Correio da Manhã, 30/12/2011, última página.

Após este exemplo para todos os que são alérgicos às verdades inconvenientes, mais precisamente os que se consideram "o máximo" e ficam muito ofendidos quando se diz que afinal não são de primeira escolha, segue-se um outro, para mostrar o que é realmente uma análise nervosa, enviesada, alarmista, algo fantasista e politicamente demasiado marcada para ser levada a sério, revelando sobretudo que o seu autor está em pânico por não conseguir encontrar uma alternativa que os contribuintes possam pagar. É só clicar aqui e ler até ao fim.

BLOQUEIO POLÍTICO À BEIRA NABÃO



Conquanto a comunicação social local não use o termo maldito, e os políticos nabâncios ainda menos, é agora inegável que há em Tomar uma grave crise política, a juntar à crise económica nacional e internacional. A nossa caracteriza-se nesta altura por um bloqueio, que tanto pode ser ultrapassado de um momento para o outro por qualquer dos campos em conflito, como durar meses ou anos. A razão principal do problema é a péssima governação dos eleitos laranja. Agora mais precisamente a embrulhada da ParqT, que ninguém sabe ou quer caracterizar: asneira monumental? jogada?, cambalacho? golpada? esperteza saloia? de tudo um pouco à mistura? Dificilmente alguma vez viremos a saber na sua totalidade.
Até ao momento em que são escritas estas linhas, é a seguinte a posição de cada um dos contendores. Na Assembleia Municipal, a oposição unida ainda nunca foi vencida. É por demais evidente a superioridade qualitativa e quantitativa dos oradores de esquerda, em relação à pobre e cada vez mais desfalcada bancada laranja. Enquanto esta relação de forças perdurar em clima de união, pode o senhor presidente Carrão tirar o cavalinho da chuva que não vai conseguir aprovação senão nos documentos que a oposição entender.
No executivo, o novo presidente vai proclamando que não se cansará de procurar o diálogo, enquanto a realidade vivida mostra que pretende apenas saber qual o molho que a oposição prefere para ser cozinhada e comida. O PS está na mó de cima, mercê da corajosa jogada, que culminou com o fim da coligação e a entrega dos pelouros a tempo inteiro. Já os IpT continuam excessivamente cautelosos, mas parecem evoluir na boa direcção.
Boa direcção porque a ultrapassagem da crise local terá de passar por uma de duas saídas: Ou a relativa maioria conclui finalmente que, vítima das suas próprias asneiras, está impossibilitada de governar, pelo que renuncia em bloco e solicita a marcação de eleições intercalares; Ou a oposição se cansa de esperar e resolve apresentar a renúncia colectiva dos eleitos de ambas as formações, deixando o executivo sem quórum e provocando assim intercalares obrigatórias. Sendo muito pouco provável que os eleitos laranja venham a desobedecer aos seus tutores políticos, resta ao socialistas e aos independentes sentar-se à mesma mesa e estabelecer um eventual acordo calendarizado.
Entretanto, manda a verdade acrescentar que a recente ascensão de Carlos Carrão à liderança da edilidade já produziu pelo menos duas decisões que são de publicitar e de louvar: A - Mediante proposta dos IpT, aprovada por unanimidade, foi resolvido submeter o processo ParqT à Procuradoria Geral da República e à inspecção das autarquias locais; B - Num ofício recebido ontem, em resposta a solicitação anterior, informa-me que "será apresentada em breve ao Executivo Camarário uma proposta para o procedimento necessário com vista à aquisição de serviços de auditoria externa às contas do Município." ( o negrito é meu)
Resta o essencial, o actual nó cego local -a trapalhada com a ParqT, que se pode resumir em onze pontos fulcrais, após um longo e muito nebuloso período inicial, que só a inspecção ou a PGR têm condições para esclarecer: 1 - Não se sabe bem como nem porquê, o insólito litígio CMT/Bragaparques foi primeiro para os tribunais administrativos e, após delongas e mais delongas, para processo arbitral; 2 - Apesar de confrontado em 07 de Dezembro de 2010 com uma proposta de negociação, partindo da base zero e sem custos adicionais para o Município, Corvêlo de Sousa nunca respondeu, o que é muito estranho e revela uma curiosa apetência pelo pagamento integral à Bragaparques; 3 - A  decisão final dos árbitros nomeados pelas duas partes foi comunicada ao executivo tomarense em Fevereiro, concedendo um prazo a terminar em Junho para o pagamento integral de 6 milhões 475 mil euros; 4 - Desde o início de Julho, dado não ter sido entretanto liquidado o débito supra, o Município de Tomar está obrigado a pagar mais 800 euros = 160 contos por dia, além da dívida inicial, o que legalmente não pode fazer, uma vez que nem a dívida inicial nem os encargos do seu serviço estão cabimentados; 5 - Nestas condições, em qualquer altura poderá a Bragaparques requerer a execução do acordo arbitral, forçando assim o executivo nabantino a nomear bens para serem penhorados; 6 - É contudo muito pouco provável que a Bragaparques resolva enveredar por esse caminho, enquanto os juros continuarem a pingar; 7 - Enquanto isto, a relativa maioria, tudo indica que instigada por quem esteve na origem no problema, procura comprometer de alguma  maneira a oposição em todo este processo, até agora sem sucesso; 8 - Pelo que consta, a táctica parece consistir em procurar orçamentar o débito graças à técnica do facto consumado, (ao que a oposição se tem oposto), após o que será tentado exactamente o mesmo com o Ministério competente e com o Tribunal de Contas: a obrigação existe, trata-se de uma decisão judicial irrevogável, o Município tem de pagar, pelo que tem de haver abertura para pedir dinheiro à banca; 9 - Trata-se claramente de uma  inaceitável forma de chantagem, que evidencia a pouca ou nula transparência de todo o processo. Caso aqueles dois organismos nacionais viessem a aceder a semelhante imposição, não faltariam por esse país fora centenas ou mesmo milhares de cambalachos de toda a ordem e dimensão. 10 - Até o famoso três émes - o mafioso malabarista madeirense- já percebeu que o seu reinado acabou. Passou a estar sob tutela de facto e nem sequer pode agora gerir as dívidas ou solicitar empréstimos, tarefas que foram avocadas pelo governo de Lisboa, conforme indicações da troika, apesar de se tratar de uma região autónoma; 11 - Nestas condições, resta aguardar que a relativa maioria ou a oposição se resolvam finalmente a fazer o que a triste realidade lhes impõe - provocar a realização de eleições intercalares. Só depois será possível conversar com a Bragaparques, renegociando a soma em dívida, de tal forma que nenhuma das partes fique prejudicada, ou os contribuintes tenham de vir a pagar por asneiras que não cometeram, a não ser quando votaram. Não há outra saída legal e aceitável!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Principais temas da semana

Abre-se hoje com um documento informativo de primeira importância, a ler unicamente por quem disponha de pelo menos 35 minutos. Se é o seu caso, clique aqui. Já viu e ouviu? Pois é exactamente esse o principal tema da semana. De tal forma grave que apenas um dos três semanários -O Templário- ousa noticiar na primeira página "Tensão na Câmara e Assembleia Municipal". Os outros fizeram de conta que "no pasa nada". Porque será?
Cidade de Tomar, por exemplo, faz manchete com a mudança de presidente, noticia a segunda rejeição da revisão orçamental na AM e a tomada de posse do novo vereador José Perfeito, tudo na primeira página. Já no interior, publica um comunicado de Carlos Carrão e outro da Comissão Política do PSD - Tomar, mas quanto a crise, nada! Vai tudo bem, como se sabe. Tirando o que está mal.
Também na primeira página, é notícia a manifestação na Praça da República: "Dezenas de pessoas apupam Miguel Relvas". Olhando as faixas e dísticos com mais atenção, constata-se que se trata de dizer não às portagens e de se opor ao encerramento de extensões de saúde, tão próximas daqui como Charneca, Almada, Santo Estêvão ou Porto Alto. É claro que as pessoas têm todo o direito de se manifestar, desde que o façam respeitando a legalidade republicana, como foi o caso. Mas valerá mesmo a pena vir de tão longe, apenas para tentar alertar Miguel Relvas, em Tomar na qualidade de presidente da AM e não como ministro adjunto?
Quando vejo este tipo de protesto, lembro-me sempre de um desabafo de Mário Soares, durante um pacato almoço da campanha eleitoral, na Casa do Campino, em Santarém, já lá vão mais de 30 anos. Na frente da nossa mesa um manifestante procurava insultar o então líder do PS, que muito calmamente exclamou: "Este (e mencionou uma determinada filiação partidária) já vem desde a Marinha Grande a tentar moer-me o juízo. Há que ter paciência!"

 N'O Mirante, a boa notícia é que, pela primeira vez desde há várias semanas, nesta edição não há qualquer referência jocosa ou outra ao vereador Luís Ferreira. Até que enfim!
As restantes notícias com interesse para os tomarenses referem-se à nova direcção do CIRE, à ascensão de Carlos Carrão à presidência e à manchete sobre o mercado municipal de Ourém, pelos vistos mais um mau investimento de cinco milhões de euros, segundo o actual presidente da edilidade. Se ao menos os autarcas tomarenses fossem lendo e meditando sobre estas coisas, mas não. Compraram e equiparam mais ou menos a tenda/sauna, e pronto. O resto, depois logo se vê. A Ordem é rica e os frades são cada vez menos. O pior é o resto. O que está para vir...

Na página dois O Templário titula "Poucos na despedida de Amândio Murta". Tão poucos que o padre Mário, sempre sincero e frontal, criticou a ausência da classe política e do povo de Tomar.
Mais adiante, na página 7, há um relato desenvolvido da recente Assembleia Municipal, bem como uma referência ao estranho comportamento da Câmara de Tomar, que "convocou os jornalistas para uma conferência de imprensa, que afinal não passou de uma declaração pública, sem direito a perguntas." Trata-se do comunicado já referido em post anterior, no qual o presidente Carrão culpa a oposição pela grave situação em que nos encontramos, como se ele ou os restantes elementos do PSD, a liderar a câmara há 14 anos seguidos, nada tivessem a ver com o assunto. Mesmo no século XXI, ainda há eleitos assim, convencidos de que os eleitores ou são mentecaptos ou imitam muito bem. Triste sina a nossa!

SE A MODA PEGA

O despacho é da Lusa e chegou-me graças à amabilidade do prezado amigo António Freitas, um lutador em prol das boas causas tomarenses. Reza que em Beja, a CDU, que é maioritária na Assembleia Municipal, chumbou o orçamento para 2012, apresentado pela Câmara presidida pelo PS. Descontente, o presidente da edilidade, Pulido Valente (não, não é esse; este é Jorge e não Vasco),  consultou os juristas da Associação Nacional de Municípios Portugueses e, munido dos respectivos pareceres, não esteve com delongas -Uma vez que, segundo os citados especialistas do direito, sempre que um executivo é forçado a governar por duodécimos, devido a rejeição do orçamento, o órgão que o reprovou pode ser demandado judicialmente, decidiu avançar com a respectiva queixa contra a Assembleia Municipal de Beja.
Caso a demanda prossiga os seus normais trâmites, teremos pela primeira vez nos tribunais portugueses um caso exclusivamente do domínio da política partidária submetido à decisão da magistratura.
Conhecida a tradicional rapidez da justiça portuguesa, bem como a grande disponibilidade e produtividade de todos os tribunais do país, é bem provável que só lá para 2014 ou 2015 os magistrados envolvidos no caso venham a declarar-se legalmente incompetentes, pois não cabe na cabeça de ninguém  que a justiça se possa intrometer nos normais debates, desavenças, aprovações ou rejeições da política partidária, salvo quando tenham sido praticados actos manifestamente ilegais e lesivos dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Em tudo o resto, não faltaria mais agora que uma democracia vigiada e tutelada pelos tribunais.
Parece evidente que, ao emitir semelhante parecer, os juristas da ANMP se preocuparam sobretudo com a alarmante falta de trabalho de todos os seus colegas de ofício. Vai daí, lá conseguiram algum trabalho para alguns deles. E logo no Baixo Alentejo, onde os litígios não abundam, como é óbvio, posto que os chaparros não protestam e a população cada vez é menos, mais velha e não está para bizarrias.
Terão conseguido também, se não estou a ver mal, que o diferendo se arraste pelo menos até às autárquicas de Outubro de 2013, afinal exactamente aquilo que os agora instalados nas cadeiras do poder mais desejam. Depois logo se vê! Tendo em conta que as dificuldades de toda a ordem, mas sobretudo orçamentais, são cada vez maiores por todo o lado, se a moda pega de recorrer aos tribunais por tudo e mais alguma coisa, vai ser o bom e o bonito. À cautela, enquanto isso não acontece, o senhor Carrão podia aproveitar e ir já a correr ali ao palácio da Várzea Grande, queixar-se dos malandros da oposição. Dos do executivo, porque já lhe chumbaram o orçamento para 2012. Dos da AM, porque reprovaram a sua amada revisão orçamental, já por duas vezes em trinta dias.
Sendo um dado praticamente adquirido que o tribunal, por razões ponderosas e inultrapassáveis a curto prazo, só se declarará incompetente na matéria lá para 2014 ou 2015, a actual maioria relativa poderá continuar a arrecadar as confortáveis benesses até ao final do mandato, com o seu líder a proclamar aos quatro ventos que até se queria ir embora, mas disso está impedido, pois aguarda a decisão do tribunal, no litígio referente ao orçamento e à revisão.
Olhe que é de aproveitar, ó senhor presidente! Porque afinal o seu grande problema é esse: não lhe agrada mesmo nada ter de descer dos poleiros por onde tem andado nos últimos 14 anos, ultimamente até com o respectivo Insígnia a crédito...

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

SÓ PREJUDICA SACUDIR A ÁGUA DO CAPOTE

O particular sistema eleitoral português, que beneficia os partidos em detrimento dos cidadãos não filiados, gerou uma consequência inesperada: a tendência geral para esquecer que quem faz a política são as pessoas e não os partidos ou outras formações. Tanto assim que tanto à esquerda como à direita já houve excelentes momentos, bem como outros de que é melhor nem falar. Fiquemo-nos por estes exemplos extremos: Soares/Sócrates, Cavaco/Santana Lopes...
Apesar da situação dramática que encontrou ao assumir o poder, PP Coelho teve a hombridade de declarar que o seu governo não iria desculpar-se culpando Sócrates e o PS. Fez mais: soube rodear-se de colaboradores cujas capacidades são regra geral reconhecidas pelos seus pares, coligou-se com o CDS, num acordo que tem corrido bem, apesar de o PSD dispor por si só de maioria absoluta, e tem procurado dialogar e chegar a consensos com o PS. Pressionado pela troika? Certamente. E daí? Não vai legislando conforme as reais necessidades do país, em vez de olhar às vantagens eleitorais? Alguma vez o ouviram tentar atribuir as suas dificuldades presentes ao governo anterior?
Inversamente, os eleitos e a Comissão Política do PSD nabantino não sabem outra música. A oposição assim, o PS assado, os IpT assim e assado. Tenham vergonha! O vosso partido ocupa o poder nabantino há 14 anos seguidos, sem nunca ter praticado ou sequer tentado praticar qualquer forma de diálogo. Nem mesmo com  os vossos parceiros de coligação. E agora têm a distinta lata de afirmar que a culpa da miserável situação a que chegámos é da oposição?!?! Não percebem que isso não faz qualquer sentido, uma vez que a maioria é que governa bem ou mal, consoante as suas capacidades? Querem enganar quem?
Num tosco comunicado desta tarde, reproduzido no post anterior e lido perante jornalistas locais estupefactos, uma vez que, não sendo propriamente analfabetos, não entendiam a utilidade de tal leitura, o senhor presidente Carrão atirou-se mais uma vez aos representantes do PS e aos dos IpT como gato a bofe: "Em ambos os casos [revisão orçamental e Orçamento para 2012, rejeitados pela oposição], as oposições dificultaram deliberadamente a gestão do Município e colocaram os interesses partidários acima dos interesses de Tomar. No caso do PS, como afirmou ontem Hugo Cristóvão na A.M., a vontade é a de realização de eleições."
Um pobre eleitor como eu lê coisas destas e tem dificuldade em acreditar: Um eleito secundário, com 14 anos seguidos no poder local, armado em arauto dos interesses de Tomar? Quem é que lhe outorgou o direito de interpretar a opinião dos tomarenses? Tem a certeza que a relativa maioria, que agora lidera por  indisponibilidade do titular, sempre tem defendido e defende esses alegados interesses? Ou trata-se apenas de argumento de circunstância para tentar salvar o confortável ganha-pão?
Cúmulo da hipocrisia e do cinismo político, o transitório presidente circunstancial remata o seu comunicado com esta pérola: "Não nos cansaremos de procurar o diálogo." Peço desculpa, mas julgo haver um pequeno problema de teclagem. No meu entendimento, a frase correcta será "Não nos cansaremos a procurar o diálogo". Porque sempre tem sido esse o comportamento dos eleitos laranja.
Compreensivelmente agastado com tanta baboseira política, Pedro Marques já respondeu.  Fê-lo, quanto a mim, de modo impecável. Denunciou a constante e evidente duplicidade dos social-democratas locais, que dizem e escrevem uma coisa, mas fazem sistematicamente o oposto, num triste exemplo de hipocrisia e oportunismo. Foi até mais longe, ao admitir que têm discutido e vão continuar a debater a hipótese de eleições intercalares. Finalmente, a razão parece começar a imperar no Vale do Nabão. Tarde é o que nunca vem.

NUM HABIA NEXEXIDADE...



Alguns anos após o sucesso do Diácono Remédios na RTP, a política tomarense tende cada vez mais a demonstrar que rústico eclesiástico afinal via longe. Notoriamente atordoados pela recente evolução política negativa, da qual são a principal, ou mesmo a única causa, os laranjas nabantinos vão acumulando argoladas. Infelizmente para eles; infelizmente para os tomarenses. Porque com políticos assim, só apetece citar bem alto o Diácono: Num habia nexexidade!
Em três dias de plena presidência Carrão, já vamos em dois comunicados, que acima se reproduzem. Um da Comissão Política do PSD, outro dele próprio. Este último com a agravante de ter sido distribuído durante uma curtíssima "conferência de imprensa", convocada para as 14 horas de hoje nos Paços do Concelho, "sem direito a perguntas". Se era só para distribuir o texto impresso, fica-se sem saber qual a utilidade da convocatória aos jornalistas. Simples sadismo? Vontade de alardear autoridade? Penacho? Simples falta de chá?
Os leitores farão o seu juízo, pois um povo informado é meio caminho andado. No caso de Tomar continua a não se saber bem em que direcção, mas pronto. Deve ser coisa transitória. Pela minha parte, não posso deixar de discorrer que, mesmo não sendo os tomarenses em geral uns portentos em termos de agilidade cabeçal, tão pouco estão dispostos a comer toda a palha que resolvam colocar-lhes à frente. Duas enormes sandes de três arames -vulgo fardos de palha- em menos de uma semana, é demasiado. Tanto mais que um está cheio de nada e a outro de coisa nenhuma. É só blábláblá de circunstância. Digo eu... 
Após dois anos de governação autista, sem dar cavaco ao parceiro com quem livremente celebraram um "acordo de partilha do poder", virem agora proclamar "Não nos cansaremos de procurar o diálogo" é tentar abusar da eventual boa fé dos eleitores. Se desde há pelo menos 14 anos consecutivos que não sabem o que isso é, vão agora estrear-se nessa nova modalidade?
Que a Comissão Política tenha enveredado por semelhante caminho, ainda pode aceitar-se. Estão no seu papel e são relativamente inexperientes. Mas o agora presidente, com 14 anos de tarimba e pelo menos outros tantos de jornalista, devia demonstrar mais respeito pela oposição, pela inteligência das pessoas e pelos seus colegas da comunicação social local. Tanto mais que os lugares conseguidos em listas partidárias são sempre transitórios. E as ressacas terríveis...
Ao afirmar que "Se a oposição considera que o caminho é a instabilidade política e a degradação da confiança das gentes de Tomar nos seus representantes, então a oposição que assuma as suas responsabilidades", o eleito Carrão devia ter completado o raciocínio com este remate singelo: Os actuais vereadores eleitos pelo PSD renunciam em bloco e pedem ao governo que marque eleições intercalares para o executivo. Aí sim, mereceria o meu respeito e o meu apoio. Agora com ameaças vãs...
Num habia nexexidade, diria o Remédios se foxe nabantino, a estes tomaristas armados em tomarenses. Ou a armar em carapau de corrida, para não dizer ao pingarelho.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Uma surpresa desagradável

Como era expectável e aqui foi amplamente previsto, a Assembleia Municipal voltou a chumbar esta tarde a revisão orçamental, por incluir a cabimentação da indemnização à ParqT. Desta vez com 20 votos contra, 16 a favor e uma abstenção. Perante tal resultado, quando seria lógico que o presidente Carrão mantivesse o sangue-frio e a indispensável compostura, aconteceu o desastre. Visivelmente irritado e algo fora de si, como bem notou João Simões, dos IpT, o líder do executivo lastimou a votação, acusou os socialistas de estarem "formatados para as eleições intercalares" e alegou que a rejeição não estava devidamente fundamentada, pelo que ainda assim iria incluir nas contas a reparação à ParqT. Prontamente corrigido pelo mesmo parlamentar independente, no que concerne à fundamentação, não recuou nem pediu desculpa pela evidente falta de respeito pela Assembleia Municipal, ao dizer que incluiria os 6,5 milhões de euros nas contas municipais, apesar da rejeição.
Antes tinhamos um presidente sem capacidade de liderança e hesitante a decidir, mas calmo, cordato, culto e educado. Agora, pelo já visto, temos um presidente casca grossa, agressivo, iritadiço, pouco ou nada respeitador da legalidade democrática e da independência  da Assembleia Municipal. Tudo isto apesar dos 14 anos que já leva de "tarimba" nos Paços do Concelho. Se calha a ser novato, havia de ser bonito!
Acusado por todas as bancadas, excepto pelo CDS, de se furtar ao diálogo e de não ligar nenhuma aos sucessivos reparos da oposição, nem sequer julgou necessário responder, como se não devesse satisfações a ninguém. Um tal comportamento vai certamente causar-lhe sérios dissabores, pois a sua ingrata odisseia ainda agora começou. E as futuras autárquicas, em princípio são só daqui a 22 meses + dois orçamentos+ montes e montes de problemas. Aguentará?
A Comissão Política do PSD local acha que sim. Num comunicado hoje conhecido, dizem que a maioria laranja tem agora todas as condições para governar e está aberta ao diálogo. Ou muito me  engano, ou trata-se de mais um exercício de blábláblá. Com o tempo, os eleitores logo ajuizarão. Mas a inauguração não foi propriamente auspiciosa.
Os dois principais grupos oposicionistas têm a faca e o queijo na mão, podendo a qualquer momento marcar uma data para o fim desta ridícula tragicomédia. Por razões que não alcanço, apesar do acumular de desgraças, só o PS já manifestou disponibilidade para provocar eleições intercalares. Os IpT estão à espera de quê? Que o Gualdim se vire finalmente para a Câmara, de forma a poder assistir ao espectáculo? Decidam-se, senhores! 

RAZÕES PARA ELEIÇÕES ANTECIPADAS

Tanto os eleitos como os cidadãos mais atentos a estas coisas da política local já perceberam, ou pelo menos já suspeitam, que estamos no meio do rio, em risco de não conseguirmos resistir à corrente, por não haver à nossa frente quem nos indique por onde passar mais facilmente, pois ninguém sabe em que direcção devemos  nadar. Estas linhas visam facultar alguns elementos de reflexão, susceptíveis de constituir um viático para todos aqueles que esta tarde vão ter de tomar decisões dolorosas, sejam elas quais forem.
1 - É meu entendimento, fundamentado numa longa série de factos que seria fastidioso enumerar aqui, haver uma situação de bloqueio no executivo, cuja solução ninguém antevê. O facto de o novo presidente ter resolvido reenviar tal e qual para a Assembleia Municipal um documento anteriormente rejeitado por folgada margem (21 contra, 14 a favor) é uma prova inquestionável disso mesmo.
2 - Salvo acrobática e muito improvável cambalhota política por parte de alguns presidentes de junta, pressionados pelas circunstâncias políticas, nomeadamente por favores políticos passados ou prometidos, o "caso ParqT" não vai ser aprovado, continuando sem cabimentação orçamental.
3 - Mesmo sem a dita inclusão no orçamento, o Município está obrigado a pagar os juros corridos, o chamado "serviço da dívida", como tem feito até agora, acertadamente, diga-se de passagem.
4 - Com ou sem inclusão orçamental, a relativa maioria ainda não explicou nem ao restante executivo, nem à AM, como tenciona vir a liquidar o débito de 6,5 milhões de euros = 1,3 milhões de contos, à  ParqT/Bragaparques.
5 - É óbvio que em situação de falência técnica -uma vez que as receitas correntes não permitem sequer cobrir os custos certos e permanentes- haverá necessidade de recorrer à banca.
6 - Tendo em conta o actual contexto económico/financeiro e a catastrófica situação da autarquia, dificilmente algum ou alguns bancos aceitarão financiar tão elevado montante em condições aceitáveis, cabendo lembrar que o último empréstimo, destinado a liquidar o remanescente de algumas obras supérfluas e aprovado há meses na AM, já custa ao município taxas de juro da ordem de 9 e 9,5%.
7 - De qualquer forma, mesmo que a autarquia viesse a conseguir dinheiro da banca em condições vantajosas, hipótese que neste momento é do domínio da fantasia, subsistiria o problema dos parques de estacionamento, cujas receitas não cobrem nem de perto nem de longe os encargos de funcionamento.
8 - Agrupando os vencimentos + outras despesas permanentes + dívidas a fornecedores + remanescente das obras em curso + ParqT + parques de estacionamento + instalações desportivas + TUT, não tardará muito que o Município de Tomar tenha de vir a ser colocado sob tutela governamental, como está a acontecer de facto com a Madeira.
9 - A única solução viável e rápida  para evitar semelhante vergonha passa por eleições intercalares e por um novo executivo legitimado para cortar a direito, até conseguir pelo menos o equilíbrio financeiro = uma autarquia que viva com aquilo que tem, deixando de se endividar mais e mais a cada dia que passa.
10 - No que concerne especificamente à ParqT/Bragaparques, afirmo ser possível renegociar tudo, de forma a que: A) - O município honre os seus compromissos, mas nada tenha que pagar já; B) - A Bragaparques volte a ser um amigável e proveitoso parceiro de negócios, favoráveis para ambas as partes -os investidores e os tomarenses todos, da cidade e do concelho.

Resta aguardar pelas eleições intercalares, para ser mais explícito durante a campanha eleitoral, se for caso disso. Entretanto faço um sentido apelo aos membros da AM: Mostrem-se dignos da terra onde vivem! DE vergonhas estamos todos fartos!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Bela jogada de Luís Ferreira


Goste-se ou não de Luís Ferreira, forçoso é reconhecer que ao cabo de dois anos soube pôr fim a uma situação nada prestigiante para o PS, para o PSD ou mesmo para a política local. A coligação-post-eleitoral celebrada em Outubro de 2009 nunca passou afinal de um aborto, com os laranjas convencidos de que tinham comprado os eleitos socialistas para todo o serviço.  prova disso é que nunca acharam necessário qualquer tipo de diálogo. Nestas condições,  a recente ruptura da dita mancebia evidenciou coragem, coerência e respeito pela opinião dos eleitores, pois implicou a renúncia a vantagens materiais da ordem dos cinco mil euros mensais para cada um dos vereadores do PS. 
Após esse rompimento, logo imitado pelos social-democratas, ficou-se na expectativa em relação à atitude de Pedro Marques e dos IpT. Uma vez que José Vitorino e Luís Ferreira ousaram fazer o mais difícil, teria sido lógico que os outros dois oposicionistas procurassem "acertar agulhas" com os seus homólogos, no sentido de encontrar a melhor solução para a grave crise local. Infelizmente, o tempo passou e nada aconteceu nessa área. Pedro Marques  perdeu assim mais uma excelente ocasião para marcar a diferença, agindo em prol dos interesses dos tomarenses.
Quiçá farto de esperar e angustiado perante tanta inépcia, Luís Ferreira acaba de realizar mais uma jogada feliz. Em declarações à Rádio Hertz, alegando que a autarquia vive ao Deus dará, mostra-se favorável a eleições intercalares, como a melhor saída para a presente crise, aproveitando para implicitamente desafiar Pedro Marques. No seu entender, caso o líder dos IpT aceite uma renúncia colectiva, pode contar com igual atitude por parte dos socialistas, o que obrigaria à convocação de eleições, visto que o PSD ficaria sem quórum para reunir ou tomar qualquer decisão.
A bola está agora no campo de Pedro Marques e Graça Costa, que vão ser forçados a agir, ainda que o não queiram. Ou aceitam o oportuno repto lançado por Luís Ferreira, sentando-se à mesma mesa e conversando, tendo em vista eventuais futuras acções conjuntas; ou recusam qualquer conversa e não alinham na renúncia colectiva, pelo que passarão a ser considerados cúmplices objectivos da cegada social-democrata local. Têm a palavra os IpT. Contudo, se até na Assembleia Municipal já há "ratos a abandonar o navio" em grupos de três, manifestamente o naufrágio não deve tardar, que os roedores são animais extraordinariamente inteligentes e de raciocínio ultra-rápido. Sobretudo os mais velhos.


Post Scriptum
Entretanto o vereador socialista transcreveu em vamosporaqui.blogspot.com o seu comentário supracitado, acompanhando-o com uma curta introdução que vale a pena ler, porque transpira sinceridade e seriedade.

Olhar à nossa volta

Passou o Natal, vem aí o Ano Novo, mais um curto momento de alguma alegria e passageira euforia. Depois teremos de novo a interminável e pesada pasmaceira nabantina. É agora consensual que estamos mal servidos de eleitos. Conquanto boas pessoas, têm demonstrado vezes sem conta que não são os mais adequados para os lugares aos quais se candidataram. Vai daí, há uma tendência geral e doentia para lhes atribuir a responsabilidade por todos os males que nos atormentam. Erro nosso, que tão caro nos tem custado e nos arrastará para o estertor final, caso nada seja feito entretanto para contrariar tal estado de coisas.
Porque a triste e incómoda verdade é esta: Os nossos autarcas não valem grande coisa, mas não são usurpadores nem ditadores. Procuram desempenhar os lugares que ocupam de modo transitório o melhor que sabem e têm toda legitimidade para isso, pois fomos nós que os escolhemos. Temos todo o direito de discordar e de protestar, sem contudo devermos considerá-los como malfeitores, delinquentes ou desonestos. Ninguém contestou, nem tinha razões para contestar, o acto eleitoral que os colocou onde estão. Por conseguinte, se não estamos satisfeitos -como é o caso- resta-nos o recurso ao protesto e à manifestação. Tudo nos limites da lei, dos costumes e da decência. De forma pacífica e eficaz.
Assim de momento, parece-me que as últimas reivindicações populares que por aí houve foram contra a saída de um serviço público, já não me lembro qual, contra a encerramento da Platex, contra as portagens na A13 e contra a autarquia, por não implementar o conselho municipal de juventude. Temos de concordar que nenhuma foi ao essencial, bem pelo contrário. E, salvaguardando o caso particular dos trabalhadores da Platex, reconheça-se que se tratou de questões por assim dizer laterais, de detalhe, que não iam à raiz do nosso problema colectivo -encontrar outro modelo de desenvolvimento, uma vez que este que conhecemos faliu. Aos autarcas que temos não interessa a mudança, pois ela implica a sua substituição. Mas a população está à espera de quê? Que os causadores do desastre sejam agora capazes de reconstruir tudo? É uma ideia insensata. Se não tivermos a coragem de unidos agirmos em prol de outro futuro mais prometedor, espera-nos uma longa via dolorosa, cujo fim ainda nem sequer está à vista.

domingo, 25 de dezembro de 2011

O Pai Natal morreu. E agora?!


Pois é. O Pai Natal morreu. Não aquele velho simpático do imaginário infantil, que graças à generosidade de papás, mamãs, titis, vóvós e tutti quanti, vai perpetuando a ideia de que se pode obter praticamente tudo sem grande esforço. Ou até sem esforço algum. Esse continua bem vivo, embora com cada vez  menos recursos disponíveis.
Falo do outro, o Pai Natal Estado, que até agora providenciava empregos, saúde, cultura, divertimento, excursões, casas, prateleiras douradas, promoções automáticas, 14 ordenados por ano, reformas antecipadas, Rendimento de Inserção, ensino gratuito com aproveitamento praticamente assegurado logo à partida, etc. etc. etc. Esse morreu mesmo e julgo que nunca mais terá substituto.
Até o mago Jardim -ídolo do nosso novo presidente, que há anos o convidou a visitar Tomar- até ele, praticamente dono e senhor da Madeira, acaba de atirar a toalha ao chão. Sinal de que abandonou enfim o seu acérrimo combate contra os "cubános do contenente". Segundo li algures, informou ontem os seus conterrâneos -num artigo do subsidiado jornal às suas ordens- que o Plano de austeridade negociado com o governo e a implementar é muito doloroso, mas foi o melhor que se conseguiu. Bem disse César: Até tu, meu filho Bruto!
Em Tomar, como é sabido, somos governados por gente simpática, trabalhadora, honesta, mas infelizmente conformista e de compreensão demasiado lenta. Quando finalmente decidem apanhar qualquer comboio, já ele partiu há meses. Exagero? Tomemos o caso do nosso novo presidente, senhor Carlos Carrão. Está no poder em regime de tempo inteiro há 14 anos seguidos. Que comboios conseguiu apanhar a tempo? Que propostas apresentou? Que ideias lançou? Que progressos conseguiu? Que planos concebeu? Que projectos implementou?
Por mais que dê voltas ao miolo, só me consigo lembrar do seu apoio a todas as decisões de António Paiva, dos passeios/tintol à borla, dos almoços, jantares e inaugurações, do encerramento do mercado, da instalação da tenda/sauna e das contas municipais que ao arrepio da lei nunca foram auditadas por uma entidade externa. Agora que o tempo é de penúria, como vai ser?
Para desenvolver a sua economia, qualquer cidade de qualquer país necessita de dois factores: recursos naturais e recursos humanos. Em Tomar temos muita água, bom clima, bons terrenos, belas paisagens, um rio, uma albufeira, um passado, um património construído de primeira ordem. Onde estão os recursos humanos à altura das circunstâncias? Uma coisa é abrilhantar actos públicos -corridas de toiros no Campo Pequeno, por exemplo- outra bem mais difícil é criar condições que tornem possível um futuro menos sombrio para esta terra que merece melhor sorte.
Para que os seus habitantes jovens possam grafitar "O pai Natal voltou!", em vez do melancólico e actual "O Pai Natal morreu".

Papalvos, obstinados e cachopos

Conforme publicado na imprensa, na próxima terça-feira a Assembleia Municipal vai rediscutir e votar outra vez a inclusão no orçamento deste ano da avultadíssima indemnização à ParqT, rejeitada há um mês. Trata-se, no meu entender, de uma decisão lamentável, que não prestigia ninguém. Pelo contrário.
Antes de mais porque nenhum areópago digno aceita voltar a debater algo já antes derrotado, salvo no caso em que tenham surgido entretanto factos novos e substantivos. Sucede que, como bem sabemos, o entretanto ocorrido, nomeadamente a ascensão de Carrão e de Perfeito, este último a ultrapassar de forma intempestiva, inesperada e insólita Rosário Simões, melhor fora que não acontecera. Não só por nada de novo ter trazido à ribalta, como sobretudo por ter enfraquecido ainda mais a já débil coesão da relativa maioria. Como é evidente, postergada a favor de um estreante, a vereadora do turismo, da educação e da acção social nunca mais voltará a ter a mesma motivação, podendo até decidir voltar para o ensino, pois para aturar criancices e faltas de solidariedade, mais vale que seja numa escola.
Segue-se a lamentável decisão de quem, vítima de afigurações, julga poder fazer a diferença. Em declarações à Rádio Hertz, já lamentadas por Pedro Marques, o novo presidente Carrão foi muito jardinista: "Não é por teimosia que pedi para incluir de novo esta revisão. Trata-se de uma absoluta necessidade. Vou confrontar a Assembleia com isso mesmo e irá tomar a decisão que entender. Procurarei ser mais objectivo e esclarecedor para que algumas pessoas possam entender aquilo que está em causa." Ou seja, na sábia e ponderada opinião do senhor alcaide, aquando da anterior votação pelo menos "algumas pessoas" que integram o parlamento municipal não entenderam o que estavam a fazer. É por assim dizer uma nova versão daquele caso do cego algarvio que já tinha 14 filhos. Quando a assistente social lhe recomendou mais contenção, foi claro na resposta: O que é que a senhora doutora quer?! Um homem não vê o que está a fazer...
Segundo Carrão, neste imbróglio da ParqT, lá ver, vêem. Mas não entendem! As mencionadas "algumas pessoas", que tudo indica sejam os presidentes de junta, já ficam a saber -o presidente vai "confrontar a Assembleia", à boa maneira jardinista e paivista, consoante as possibilidades. Por conseguinte, caso não votem como deve ser na óptica do proponente, estão avisados: não contem com facilidades da Câmara. É o que se pode apelidar de democracia no seu melhor. Ou será apenas caciquismo serôdio?
Há finalmente uma evidente falta de respeito pelo parlamento municipal, não só porque o presidente da edilidade procura por todos os meios condicionar o voto dos seus membros, como de acordo com a lei, apenas pode responder às dúvidas manifestadas pelos deputados municipais, uma vez que não pode votar. E não podendo votar, também não deve influenciar o voto alheio. É uma questão de ética. Uma vez que os membros da AM  já rejeitaram antes a citada revisão, e não tendo manifestado desde então qualquer dúvida sobre o assunto...
Em qualquer outro país de democracia consolidada, a mesa da AM teria liminarmente recusado a inclusão do referido tema. Contudo, como estamos em Portugal e sobretudo em Tomar, já nada me surpreende. Resta saber quanto tempo mais vai durar a tragicomédia.
Porque, tudo visto e ponderado é disso mesmo que se trata -de uma comédia de consequências trágicas para todos. Menos para os bem instalados, entre os quais o novo presidente Carrão. Que por isso se absteve de  avançar até ao fim lógico do seu raciocínio: Irei confrontar a Assembleia e caso o voto seja de novo desfavorável, apresentarei imediatamente a minha renúncia ao cargo. Isso é que era serviço!
Quanto aos ilustres deputados municipais, com este caso correm sérios riscos de virem a ser considerados pela opinião pública, papalvos, obstinados ou cachopos, consoante as lentes de cada qual. É a vida...

sábado, 24 de dezembro de 2011

Pausa-trégua de Natal

 Basílica da Natividade, em Belém, numa gravura do século XVIII

Estrela de prata assinalando o local exacto onde se situava a mangedoura onde o Menino terá nascido

Numa altura em que a taxa de desemprego já ultrapassa os 13%, nada mais útil do que oferecer um adequado e moderno posto de trabalho aos numerosos profissionais da arte, tanto da cidade como do concelho.

A todos, com especial ênfase para os que aqui têm sido criticados de forma por vezes agreste, votos sinceros de uma excelente ceia de Natal, na companhia dos entes queridos e num clima de paz e de concórdia. Amen!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Situação desconcertante numa autarquia sem conserto

Com os agradecimentos à Rádio Hertz e votos de Boas Festas para todos os que nela trabalham em prol de Tomar

Foi mais um violento murro nas minhas expectativas. Cuidava que o pedido de suspensão de Corvêlo de Sousa, que tardou, iria criar as condições para abrir aos tomarenses novas perspectivas, de que tanto necessitam. Estava equivocado. Apenas instalado como presidente provisório ou sucessor (a ver vamos),  Carlos Carrão foi lesto e desconcertante. Nomeou o estreante José Perfeito como vice-presidente, enxovalhando assim desnecessariamente a vereadora Rosário Simões, ultrapassada pelo 4º elemento da lista onde ela era 3ª. Anunciou um executivo com três pessoas a tempo inteiro, acrescentando que "No futuro se verá...", como se houvesse  hipótese de vir a conseguir que algum dos eleitos agora na oposição aceite usar trela a troco de rebuçados. Os socialistas já demonstraram que não estão dispostos a prejudicar a população mediante benefícios. Quanto aos IpT, não os estou a ver a servir de remendo no buraco provocado pelos eleitos PS. Seguir-se-á, afirmou Carrão, a nomeação dos secretários, do seu novo gabinete de alcaide e a redistribuição de pelouros, a priori todos para a relativa maioria.
Ao cabo de 14 anos como responsável pelas finanças camarárias, só agora, uma vez alcançada a almejada presidência, Carrão admitiu publicamente o óbvio: "A partir de 1 de Janeiro, toda a despesa da Câmara irá ficar concentrada em mim próprio". Não percebo qual a mudança. Se antes já assim era de facto... 
Admito que Rosário Simões não venha a bater com a porta, apesar de todo o seu trabalho anterior  ter sido   desconsiderado, ao aplicar-se o princípio segundo o qual "enquanto houver militantes, não se escolhem independentes".  Admito igualmente que José Perfeito venha cheio de coragem e animado das melhores intenções, tanto mais que para algo o distinguiram com a vice-presidência, para o que passou por cima de quem o precedia na lista. Só não vejo é caminhos para percorrer, horizontes para modelar ou folhas de estrada para seguir. Tal como continuo a não entender a passividade dos socialistas e dos IpT, cuja renúncia conjunta implicaria a imediata queda do executivo e a convocação de eleições antecipadas. Estarão com medo dos resultados eleitorais? Se assim é, tomem cuidado. Quanto mais tempo esperarem, maior será a desgraça e maior a vossa culpa, por cumplicidade objectiva. Duvidam? Então façam o favor de pensar um bocadinho: ParqT? Revisão orçamental? Orçamento 2012? Elefante branco da Levada? Obras da estrada do Convento? Mercado? Auditoria externa das contas, que apesar de obrigatória nunca foi feita? Ciganos? Estalagem? Convento de Santa Iria?
Quais são as vossas soluções? E as do PSD? Acham que esta maioria relativa ainda vai conseguir mudar de rumo?

Até já há quem tenha perdido a esperança

Há tempos que não o encontrava. Um querido amigo, tomarense intelectualmente dotado e com ideias práticas. Como há cada vez menos. Falámos, bem entendido, da crise local. Procurou mostrar-se desinteressado. Insisti. A resposta veio pronta e categórica: -"O que não tem remédio, remediado está!" E lastimou logo a seguir que António Paiva tenha feito a Tomar o que Sócrates fez ao país e Jardim à Madeira. Referiu não entender aqueles que sem gabarito nem aptidões para a gestão da coisa pública, insistem em candidatar-se, apenas por uma questão de penacho, de reconhecimento social, que depois acabam por alcançar pela negativa. Concluiu, dedo espetado: -"Eu, se agora fosse o presidente da câmara de Tomar, já teria fugido a sete pés e para bem longe daqui!"
Dedução minha: Se os que ocupam as cadeiras do poder municipal, em vez de renunciarem, se agarram aos lugares, será porque ainda nem sequer viram bem as proporções do buraco em que estão e estamos todos metidos. Daqui a quanto tempo vão cair na real?
Há ainda uma outra hipótese. A de já terem intuído que, aconteça o que acontecer, no final do actual mandato a festa acabou para eles, por todas as razões e mais uma: tudo indica que o futuro executivo terá apenas 5  membros, com o máximo de 3 a tempo inteiro. Pelo que convém ir aproveitando ao máximo enquanto dura. Se é o caso, bom proveito e cuidado com as indigestões e as sequelas a médio prazo.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

PRINCIPAIS TEMAS NA IMPRENSA LOCAL E REGIONAL

Três assuntos merecem referência nesta edição d'O Templário: "Postal do presidente da câmara ao Menino Jesus", na página 16;  "Obras no IC3 destroem casas", em manchete; "Morreu Amândio Murta", páginas 8 e 9. Começo pela saborosa "croniqueta" já citada, subscrita enigmaticamente por SC, que interpreto como "Santo da Casa", mas daqueles que fazem o milagre de escrever em português com correnteza e imenso sumo. Tomo a liberdade de transcrever o primeiro parágrafo, dos oito bem nutridos que compõem a peça: "Remetido o autarca ao silêncio, por alegado motivo de doença, resta-nos a simulação de uma carta de Corvêlo de Sousa ao Menino Jesus. Neste caso é apenas um suponhamos, até porque é mais fácil comunicar com o Menino Jesus de forma oral do que escrita." Já está com água na boca? Então toca a ir comprar o jornal, que o Zé Gaio agradece. Há cada vez mais despesas e menos publicidade.
O tema seguinte, as obras no IC3, tem um título algo aleijado. A crua realidade é que o alargamento da referida via vai obrigar a demolir algumas casas, previamente expropriadas e pagas. Tudo normal e legal, por conseguinte. Como de resto se refere em chamada de título. Não há portanto qualquer destruição violenta, inopinada, provocada por acidente ou cataclismo natural. Apenas a compreensível lamúria de pessoas que nunca se habituam à mudança nem aos imponderáveis da vida. Decerto influência da nossa conhecida ascendência árabe.
O falecimento do antigo delegado de saúde e presidente da câmara pela AD, Amândio Murta, constitui o terceiro assunto a comentar. Apesar de o semanário lhe dedicar duas páginas e uma extensa lista de realizações durante os seus dois mandatos, nada consta sobre a que me parece ter sido de longe a mais importante -o estatuto de Património da Humanidade para o Convento de Cristo, cujo processo de candidatura tive a honra de preparar e que defendeu galhardamente em Friburgo (Suiça). Aqui fica a ressalva.

Cidade de Tomar noticia também o desaparecimento de Amândio Murta, a mudança de administração nos hospitais da região e uma série de opiniões de figuras locais sobre a quadra do Natal. Na habitual "distribuição natalícia de livros" do nosso conterrâneo e amigo António Freitas, na página 30, este ano tocou-me "Diz-me quem sou", de Júlia Navarro. Confesso ainda não ter percebido. Julgo porém que as explicações não vão tardar.
Outro tema assaz peculiar é o caso da estação de serviço a construir na A13, à qual a concessionária pretende atribuir a designação de "Área de serviço da Atalaia". Movidos pelo feitio manuelino característico de muitos nabantinos, os senhores autarcas mostram-se indignados com semelhante nome de baptismo. Como se, no actual contexto de globalização, isso tivesse alguma relevância! Além de  em qualquer país minimamente moderno as autarquias nada terem a ver com os nomes escolhidos pelas concessionárias de vias rápidas que atravessem a zona. Mas aqui em Tomar os senhores do executivo ainda parecem continuar convencidos de que são donos e pais do concelho e dos seus habitantes ou equiparados. Mercado, ciganos, Convento de Santa Iria, Museu da Levada, défice dos TUT, Estrada do Convento, Saneamento no Núcleo histórico, mazelas na Sinagoga e na ex-biblioteca, agora sede da Assembleia Municipal?!?! Isso agora não interessa nada. Importante é a futura área de serviço, que não pode chamar-se da Atalaia, porque fica na Asseiceira. Francamente!!!


Não faltam as usuais catilinárias a propósito do vereador Luís Ferreira, nesta edição d'O MIRANTE. O seu proprietário parece não dar-se conta do ridículo da sua campanha, que, entre outras consequências, me leva a defender um tomarense em relação a cuja acção política tenho algumas divergências. Simplesmente, temos de concordar ser bastante insólito e descabido zurzir sempre no mesmo autarca, num conjunto de sete. Os outros seis nunca pecam? Ou será apenas que, não sendo amigos de Joaquim Rosa do Céu, estão a salvo da habitual acidez de JAE?
"Autarcas de Tomar temem que processo de extinção de freguesias seja uma guerra", titula o mesmo semanário. Julgo não haver razões para tanto. Nem lá perto. Trata-se apenas de mais uma manifestação da nossa ascendência árabe já antes invocada. Nos anos 60 do século passado, aquando da independência da Argélia, antes governada pela França, uma das grandes questões surgidas foi a de saber se daí em diante as mulheres deviam ou não usar o niqab, o conhecido véu para cobrir parcialmente o rosto. Quando interrogados pelos sociólogos e pelos jornalistas, todos os argelinos disseram o mesmo: Claro que não! Devem continuar a andar todas com a cara destapada, como até aqui! Menos a minha mulher, que já não tem idade para isso."
Assim parecem estar os presidentes de junta. Redução de freguesias? Força! Quanto antes! Mas poupem a minha, que já tem muitos séculos, faz muita falta e cuja supressão pode provocar a revolta violenta da população. Estes aprendizes políticos são cá uns artistas na arte da linguagem perifrástica!!!

Suspender = adiar = agravar

A decisão ontem conhecida, segundo a qual o presidente da câmara solicitou a suspensão de funções por 60 dias, é a pior que podia ser tomada, tendo como referência os interesses da cidade e do concelho. Com efeito, na política há sempre dois tipos de problemas -os que se resolvem com o tempo e os que, pelo contrário, quanto mais se adiam, mais se agravam. O problema tomarense é deste último tipo. Arrastados para uma aventura de evidente esbanjamento de recursos, que apenas serviram para obras de fachada, num caso ou outro com alguma utilidade, mas sem retorno negociável, os partidos e os eleitos locais ficaram atordoados quando o então piloto concelhio -António Paiva- apesar da folgadíssima maioria de que dispunha, resolveu abandonar o barco em plena viagem rumo ao desconhecido, dada a ausência de planos de viagem adequados às circunstâncias.
Desde então, a decadência tem sido evidente, constante e cada vez mais acelerada, como qualquer eleitor bem informado e bem intencionado tem podido constatar. Agravada pela absurda mas real crença dos instalados no poder de que estão a prestar um bom serviço aos tomarenses, "que precisam de ser governados". Ou seja, em vez de encararem a situação como ela é na verdade -trágica, inquietante e em constante evolução negativa- agarram-se aos lugares bem pagos que conseguiram, justificando-se com falsos pretextos de circunstância. Um deles, o mais corriqueiro, consiste em segredar aos apaniguados que quem prefere eleições antecipadas apenas almeja alcançar o poder, para depois fazer o mesmo ou pior do que os actuais governantes.
Trata-se como é evidente de uma justificação falaciosa. Por um lado porque ninguém pode saber antecipadamente quais os candidatos, os programas ou os resultados de eleições intercalares, quanto mais agora a forma como o novos eleitos exerceriam o poder. É mais ou menos o mesmo que garantir hoje que vai chover no Dia da Cidade. 
Por outro lado, intitular-se de "autarca" ou de "governante" é na maior parte dos casos um óbvio abuso de linguagem. Melhor seria dizer "ocupante provisório das cadeiras do poder", pois tal como um restaurante só merece a designação quando serve comida e de qualidade, também um eleito só pode ser considerado autarca ou governante quando efectivamente administre capazmente os assuntos que pela comunidade lhe foram confiados, após se ter candidatado e sido eleito.
A culpa é, por conseguinte, dos eleitores? Apenas em certa medida. Os grandes responsáveis são realmente aqueles que, obcecados pela ganância, pela inveja e pela basófia, inchados pelas afigurações, se candidatam a funções para as quais se vem depois a constatar que não tinham nem têm um mínimo de condições. Uma vez que na vida muito se vai sempre aprendendo, menos a inteligência, que ou se tem ou não, seguem-se os desastres e os dramas, do tipo daquele em que agora estamos metidos.
Claro que os tais instalados tudo fazem e farão para manterem, até que seja possível, até que os eleitores consintam, o contacto com a teta do poder. A tal gamela, ou mangedoura, consoante os casos. Compreende-se, uma vez que as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos. A ganância, a inveja e as afigurações que motorizaram a sua ascensão, impedem que vejam as coisas como elas são, e tomem a decisões que se impõem.
Resta esperar que a oposição, sobretudo os socialistas, que ao abandonarem confortáveis benesses demonstraram elevado sentido de cidadania, bem como todos aqueles que na Assembleia Municipal nunca se cansaram de protestar contra evidentes insanidades, tenham a coragem suficiente para obrigar a relativa maioria a renunciar ao "bem bom", que já ocupa há mais de 14 anos. Com os brilhantes resultados que estão à vista de todos. Será pedir demasiado?

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

UM CARRÃO E CINCO CARROS

Jornal de Notícias, 21/12/2011, página 23

A notícia refere-se à Câmara de Matosinhos. Aquela onde Narciso Miranda governou alguns anos. Mais exactamente até que, deslumbrado pelo poder, achou já não ser necessário "dar o corpo à curva". Vai daí, o PS avançou com outro cabeça de lista. Narciso vingou-se, concorrendo como independente. Constatou então que os votos afinal não eram só dele, como também do seu partido...
Temos em Tomar um caso bastante semelhante, que me abstenho de melhor caracterizar. Até porque o protagonista parece não se ter ainda convencido de que "nunca mais lá vai" como independente, enquanto o PS também concorrer. Além dessa semelhança, outras há que são assaz interessantes. Por exemplo o facto de toda a frota moderna das municípios ser em aluguer de longa duração, um excelente negócio para quem aluga, ao mesmo tempo que um encargo elevado para as finanças autárquicas. Praticamente só para o penacho...
Neste caso de Matosinhos temos um carrão = Citroën C6 e cinco carros Opel Insígnia, para um concelho com 143.919 eleitores inscritos, em 2009, e 147.331 em 2011. Um aumento de 3.412 inscritos em dois anos. Em Tomar também temos um Carrão, mas neste caso vice-presidente, que tem para seu uso pessoal um Opel Insígnia. Sinal de que a marca e o modelo são bastante apreciados pelos eleitos. O problema vem a ser que os eleitores nabantinos inscritos eram só 38.724, em 2009, tendo baixado para apenas 38.070 em 2011, o que corresponde a menos 654 inscritos em dois anos. Porque será? Terá algo a ver com o citado Opel Insígnia do vice-presidente? Com os passeios gratuitos comezaina/tintol/animação? Com o triste estado a que já chegámos? Com a absoluta falta de perspectivas? Com o evidente esbanjamento dos fundos comunitários e dos recursos do município? Com a descomunal dívida a fornecedores?
Acabei de ler aqui que Corvêlo de Sousa pediu suspensão do mandato por 60 dias, sendo provável que tais pedidos se repitam até Julho de 2012, altura em que completará 65 anos e poderá aposentar-se. A ser assim, vão os tomarenses ser brindados com mais sete meses perdidos, do tipo faz que anda mas não anda. No mínimo, porque a partir do próximo Verão será já demasiado tarde para realizar eleições intercalares. Vai ser por conseguinte uma lenta, trágica e problemática agonia, até às autárquicas previstas para Outubro de 2013. A menos que outros autarcas achem que tudo o que é demais parece mal, e ajam em consequência. O que é pouco provável. Os políticos tomarenses terão certamente as suas qualidades. Nunca constou porém que a coragem, a ousadia e a frontalidade fossem as principais, ou sequer aparentes. Ou estarei enganado? Oxalá!

Numa manhã fria de Dezembro...

É sabido que poucos lêem Tomar a dianteira. Os poucos que o fazem não ligam nenhuma ao que aqui se escreve, segundo alguns políticos locais. Assinala-se por isso que na sequência do nosso post "O museu da Levada encalhou", do passado domingo, esta manhã havia trabalhadores a tentar concluir o telhado. Trata-se sem dúvida de simples fruto do acaso, que apesar disso merece um caloroso "Tarde é o que nunca vem!"

Aproveita-se para desejar a todos um santo Natal e um Ano Novo dentro do possível, com esta foto do nosso novo mercado. Pode não ter ar condicionado, mas tem decoração eléctrica de Natal. Acesa de noite e de dia, que a ordem é rica e os frades são poucos. Cuidam os senhores autarcas. Que evitam de limpar as mãos à parede, pois há um bebedouro/lavatório, ali do lado direito. Graças à ASAE! 
Que pena não haver uma ASAE para fiscalizar algumas autarquias, nomeadamente as suas contas...Nomeadamente, mas não só!


Também na sequência de um post anterior, vários leitores se queixaram oralmente e por escrito que tinham passado na Ponte Velha e não viram lá qualquer camelo. Pois realmente tiveram azar, dada a quantidade desses animais que por aí circulam todos os dias. É como os patos. A maior parte não está no antigo areal. Andam por aí espalhados.
No que concerne ao camelo de cartão, sem pernas para andar, aqui fica a fotografia, para que não restem dúvidas.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Vendedores de ilusões que já custaram milhões


A ilustração supra vem mesmo a propósito nesta época de Natal, pois tal como os Reis Magos foram guiados por uma estrela até ao Menino, também o PSD local, tendo como cabeça de lista o independente António Paiva, eleito pelos tomarenses com larga maioria absoluta, tinha a sua estrela orientadora. Tem por título "Tomar 2015 - Uma nova agenda urbana - Documento de trabalho - Janeiro de 2008". Entre as dezenas de propostas mais ou menos patuscas, eis algumas constantes da página 14. Do lado esquerdo uma selecção de pretensas oportunidades; do lado direito três ameaças latentes.
Praticamente quatro anos depois,  todas a oportunidades continuam no mesmo ponto de então. Aguardam que alguém tenha arcaboiço, engenho e arte, para as implementar pelo menos em parte. O que agora é pouco menos que impossível, uma vez que a crise e a absoluta necessidade de reduzir o défice não permitem recorrer aos fundos europeus, por carência de pulmão financeiro para garantir o remanescente, acrescido de IVA e "trabalhos a mais", uma conhecida doença portuguesa.
Em contrapartida, as ameaças de então acabaram por se concretizar na sua totalidade. O Mercado Municipal vai-se degradando, enquanto os vendedores estão agora abrigados numa tenda provisória, fria no Inverno e escaldante no Verão. Parece não haver dinheiro para a equipar com ar condicionado, mas houve para a iluminação de Natal. Valha-nos isso! A "miséria engravatada" tem grandes tradições no Vale do Nabão. O ambicionado operador privado nunca apareceu e ainda bem. Caso tivesse aparecido, de certeza que já teria resolvido calçar os patins e zarpar em grande velocidade, pois burocracias chatas e burras, ninguém está para as aturar. Sobretudo numa terra cujo poder de compra se afunda a olhos vistos.
A "conectividade funcional e física entre a cidade e o Convento de Cristo" está também como estava há quatro anos, entre outros motivos por se tratar de uma errónea problematização do assunto. Na verdade, como bem sabe qualquer profissional de turismo, mesmo principiante desde que competente, o enunciado está invertido: não se trata de ligar a cidade ao Convento, mas exactamente o inverso. É do conhecimento geral que praticamente todos os turistas que chegam ao centro histórico visitam o Convento. Os que se dirigem primeiro ao Convento é que na sua esmagadora maioria  não visitam a cidade. Por conseguinte, o desafio consiste em ligar o conjunto Castelo/Convento à cidade, e não o oposto, conforme consta do documento. Amadorismos dão nisto.
Sobre a terceira ameaça, julgo ser melhor abreviar, por uma questão de dó e piedade. Estratégia turística? Recursos patrimoniais e ambientais? Produto [turístico] atractivo? Não brinquem com coisas sérias! Se querem divertir-se, há ali frente aos Paços do Concelho a protecção do punho da espada do Gualdim, que imita muito bem o necessário. Não envergonhem ainda mais os tomarenses e os profissionais briosos. O que agora nos vale é que a era do dinheiro fácil já lá vai e não volta, pelo que estudos desta categoria não voltarão a ter oportunidades. Ainda bem!

NA QUESTÃO DA EMIGRAÇÃO PASSOS COELHO TEM RAZÃO

 LE MONDE, 18/19 de Dezembro, 1ª página: Escola - O mapa dos 14 mil lugares do quadro suprimidos.

 LE MONDE, 18/19 de Dezembro, página 12: O Ministério da Educação acelera o anúncio da supressão de lugares do quadro. O tema é sensível, quando faltam quatro meses para a eleição presidencial.

LE MONDE, 18/19 de Dezembro, página 12: Redução geral dos professores efectivos - Evolução do total de lugares do quadro por academia. Círculos à esquerda = ensino básico; círculos à direita = ensino secundário. Paris e região parisiense à esquerda do mapa. Fonte: Ministério francês da educação.

Fazendo exactamente aquilo que se espera de um primeiro-ministro -que diga o faz e faça o que diz- Passos Coelho foi sincero e frontal. Ousou dizer que os professores que já estão ou irão ficar desempregados, caso não queiram mudar de profissão, devem procurar colocação nos países de expressão portuguesa. Nomeadamente Angola, Brasil e Moçambique. Ainda habituados às patranhas e outras visões fantasistas do para alguns saudoso Sócrates, os arautos da esquerda e dos amanhãs que um dia hão-de cantar (só não se sabe quando!), cairam-lhe todos em cima. Até usaram a habitual frase-machadada: "em vez de mandar os outros, vá ele!" Esqueceram-se que o actual primeiro-ministro já viveu durante alguns anos em Angola. O que lhe permitiu observar o quintal ibérico de fora e de longe, exercício indispensável para compreender certas coisas. Quem nunca emigrou, nem sabe o perdeu.
Na vanguarda dos contestatários, como habitualmente, o incontornável sindicalista CGTP, Carvalho da Silva, agora também doutor em sociologia e professor do ensino superior. Que saberá certamente não poder o governo garantir emprego a todos os novos candidatos, ou mesmo aos que já estão colocados, dado que o total de alunos é cada vez menor. Nos países da ex-órbita soviética fez-se durante dezenas de anos a experiência de arranjar empregos para todos e o resultado foi aquele que se viu. Como havia empregos a mais e produção de valor acrescentado a menos, tudo aquilo implodiu a dada altura. E mais de 20 anos depois ainda não retomou a normalidade. Foram os russos, ucranianos, búlgaros, moldavos, polacos, etc. etc, que emigraram para Ocidente, nomeadamente para Portugal e não o contrário. É isso que se pretende para nós? Certamente que não. Mas então para quê tanta "música"?
As ilustrações supra são bastante claras. Até em França, tradicional farol da esquerda da Europa do Sul, mesmo a quatro meses da eleição presidencial, a direita vê-se obrigada a anunciar cortes drásticos no ensino. Entre os quais, a supressão de 15 mil lugares dos quadros de professores. Por conseguinte, talvez fosse melhor a malta de esquerda, em vez de propalar balelas e outras bojardas, ir pensando na chamada força de inércia. De moto, esqui, bicicleta ou patins, quando se tem de mudar de direcção, é obrigatório dar o corpo à curva. Caso contrário é-se cuspido. A crise obriga-nos a mudar de direcção, quer queiramos, quer não. Alguém deseja vir a ser projectado pela borda fora?
Concluindo: Pode-se concordar ou não com as opções do actual governo, liderado por Passos Coelho. Forçoso é contudo constatar duas coisas: 1 - Ao contrário do anterior, o actual primeiro-ministro é sincero, realista, honesto e  frontal. Nunca procurou nem procura intrujar os portugueses com promessas falaciosas. 2 -Nesta questão da emigração tem toda a razão. Não foi Fernando Pessoa, um produto da diáspora portuguesa na África do Sul, que escreveu algures "A minha pátria é a língua portuguesa"? Então deixem-se de lamúrias e de críticas injustas. Façam-se ao largo, como os navegadores de quinhentos. Cedo verão que a brisa marítima refresca as ideias e permite ver o país e o mundo de outro modo. Mesmo quando o sindicalismo a tempo inteiro nos permitiu o doutoramento em sociologia.

Post Scriptum:
O que tem tudo isto a ver com Tomar?!? Pouco ou nada. É só por dizer que temos por agora cerca de 700 professores no concelho, que também por aqui os alunos são cada vez menos, que há cada vez mais licenciados desempregados e/ou à procura do primeiro emprego. É só por dizer que a autarquia tem chefes a mais mas falta de trabalhadores, nomeadamente cantoneiros, operadores de máquinas, jardineiros, varredores... mas o dinheiro não chega para tudo. E cada vez pior!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um comentário enigmático, ou nem tanto?

Em período considerado normal, a actualidade política local é, como todos estamos fartos de saber, paupérrima. Agora imagine-se a situação durante esta quadra natalícia, tempo de festa, de amizade, de reencontro da família e de tréguas. Mesmo com a crise a agravar-se e a situação tomarense a complicar-se, impera a atávica pacatez que nos arrastou para o estado em que estamos e promete amanhãs bem sombrios.
O imbróglio político local, com uma relativa maioria entrevada e uma oposição a fingir-se cega, continua a praticar a arte do segredo como sendo a alma do negócio. Já foi! Agora, sem comunicação, ninguém vai longe. Dos sete membros do executivo, só o socialista Luís Ferreira parece já ter entendido que os tempos mudaram e que essa mudança é cada vez mais acelerada,. Mantém o blogue vamosporaqui.blogspot.com e vai escrevendo nos jornais ou comentando na Rádio Hertz e em Tomar a dianteira.
Ontem enviou um comentário a priori algo enigmático: "Meus caros conterrâneos, não há necessidade de se preocuparem com tal facto, uma vez que mercê de alguns desenvolvimentos que acontecerão nas próximas semanas, tal facto deixará de ser relevante. Basta aguardar." Enviado às 19H31 de Domingo, 18 de Dezembro de 2011.
O facto referido consta do post Uma questão de idoneidade e confiança, de 17/12, no qual se expõe a peculiar situação do vereador Carlos Carrão. Após 5 anos seguidos sem cumprir, enquanto vereador que tutela a área contabilística e financeira, a Lei das Finanças Locais, no que concerne à  obrigatória auditoria externa e certificação, o actual presidente em exercício fez saber que tenciona vir a ser o futuro presidente do Conselho de Administração dos SMAS. Donde a preocupação de Tomar a dianteira: Será mesmo a melhor opção?
Uma vez que o vereador Luís Ferreira assegura não haver necessidade de se preocupar, tendo em conta os próximos acontecimentos, diversas hipóteses são possíveis: Eleições antecipadas? Nova coligação, desta vez PSD/IpT? Executivo de salvação local PSD/PS/IpT? Bloqueio pela oposição unida de qualquer decisão camarária, incluindo a dita nomeação? 
Como os leitores bem sabem, sempre preferi a primeira solução. Antes de mais, por me parecer que todas as outras mais não serão, por assim dizer, que remendos ou pensos rápidos em pernas de pau carunchosas. Depois, porque só um novo sufrágio permitirá romper com o passado recente, seja qual for o resultado. Finalmente porque, se a oposição continuar a hesitar, haverá entretanto nova Lei Eleitoral em vigor, pelo que deixará de estar representada no executivo, caso não consiga vencer. É isso que pretendem?
Neste contexto, sendo aliciante, o também sibilino comentário de Luís Ferreira apenas adensa ainda mais o usual nevoeiro político local. É pena, digo eu. Com o Natal à porta, todos precisamos de esperança e não de ainda mais nevoeiro.

domingo, 18 de dezembro de 2011

O Museu da Levada não leva a lado algum. Encalhou!

 Foto 1 - Para começar, convém situar e quantificar o problema. O almejado Museu da Levada está orçado em praticamente 6 milhões de euros = 1,2 milhões de contos, a que se devem acrescentar os trabalhos a mais, designadamente as escavações arqueológicas em curso. Deste total, a União Europeia apenas financia perto de 5 milhões. O remanescente terá de ser assumido pelo Município de Tomar.

 Foto 2 - No início do Verão passado, o arquitecto Chuva Gomes disse, durante a visita organizada pela autarquia, que "não existe propriamente um projecto, mas apenas um guião, que vai sendo complementado consoante os elementos fornecidos pelo dono da obra." Esta foto, obtida esta manhã, mostra os dois pavilhões da antiga central eléctrica, cujo aspecto exterior não foi alterado nos últimos três meses, o que significa que o empreiteiro e o arquitecto aguardam instruções.

 Foto 3 - No chamado "Moinho Velho", a parede exterior já está concluída, situação estranha dado que o telhado -prioritário em qualquer obra- continua por acabar há mais de dois meses, conforme se pode ver na foto seguinte.


 Foto 4 - O telhado inacabado do "Moinho Velho", a denotar no mínimo falta de coordenação dos trabalhos.

 Foto 5 - A fachada poente do Moinho Velho, há meses a aguardar conclusão.

 Foto 6 - Pormenor do telhado da Moagem a Portuguesa, incompleto há pelo menos 2 meses.

 Foto 7 - Vista geral das escavações arqueológicas, no antigo lagar à esquerda da Central Eléctrica, que já duram há mais de 3 meses. Tudo o que agora está a ser feito neste espaço, antes destinado aos serviços técnicos e de acolhimento dos visitantes, não estava previsto na empreitada inicial, pelo que terá de ser contabilizado como "trabalhos a mais". Uma vez concluída a escavação, qualquer que tenha sido o seu resultado final, vamos ter mais um mono tipo pretenso "Forum Augustano", nas traseiras do quartel dos bombeiros. Falta agora decidir onde instalar as valências antes destinadas a este espaço -recepção de visitantes e serviços técnicos.

 Foto 8 - Aspecto do telhado do lagar onde antes funcionou a Fundição Tomarense, com molhos de telha de canudo e ripas de madeira a apanhar chuva há mais de 3 meses.

 9 - Aspecto do Lagar de Martim Teles, com o telhado por concluir há mais de 2 meses, para não fugir à regra.
 Foto 10 - Outro aspecto do telhado da antiga Fundição Tomarense, também neste mesmo estado há mais de 2 meses.
 Foto 11 - Aspecto do futuro telhado do ex-arquivo de Fábricas Mendes Godinho, por enquanto apenas isolado a esferovite e forrado a onduline...
Foto - 12 ...que pelos vistos não deu para acabar. Convém reparar que devido à chuva, a onduline até já "deu o corpo à curva", neste caso aos barrotes.

Foto 13 - Por alguma razão alguém colocou sobre o nome do gabinete de arquitectos responsável pela obra este camelo sem as patas traseiras. Maneira de dizer que o camelo não tem pernas para andar? A ser assim, constitui uma excelente metáfora para um Museu da Levada que tudo indica estar encalhado. À espera que o dono da obra decida o que quer.