segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O âmago do problema tomarense

Num comentário de ontem, que infelizmente se perdeu devido à minha falta de destreza em informática, o amigo Cantoneiro da Borda da Estrada ousou furar a barreira da amizade que nos liga. Embora de modo manifestamente envergonhado, disse aquilo que vai no espírito dele e de muitos tomarenses. Bem como no de imensos portugueses, no que concerne ao país. São apenas duas frases, plenas de significado, de importância, de oportunidade e de precisão cirúrgica: 1 - "Gosto e admiro sinceramente o que o Rebelo escreve, apesar de maltratar os seus concidadãos, devido à sua maneira de ser, adquirida na diáspora." 2 - "Por isso mesmo, nunca votaria nele para presidente da Câmara." Os termos e as frases não foram exactamente assim. Julgo porém que as ideias eram essas. Caso esteja equivocado, o conterrâneo FRM fará o favor de me corrigir.
Já aqui foi referido anteriormente, mas repete-se com muito gosto. Em matéria de diáspora, estou muitíssimo bem acompanhado. A esmagadora maioria das vozes livres que habitualmente se fazem ouvir, são de estrangeirados como eu. Eis alguns nomes: Mário Soares, António Barreto, Medeiros Ferreira, Manuel Alegre, Vasco Pulido Valente, Maria Filomena Mónica, Manuel Maria Carrilho, Medina Carreira...
Compreende-se esta proeminência de ex-exilados e/ou emigrantes económicos na análise serena, mas percutante, da actualidade política e económica nacional, na medida em que, para bem entender o quintal lusitano é preciso tê-lo visto de longe e de cima durante anos e anos. Sem esse distanciamento geográfico, nada feito. O peso sociológico, o atavismo, embotam o sentido crítico e a ousadia da franqueza.
Sucede que, particularmente ao nível local, o nosso drama provém de um problema concreto e preciso -a mentalidade geral há muito que não é compatível com o mundo actual. Sem aprofundar, que não é hora nem local para isso, pode dizer-se numa frase que os tomarenses são afincadamente imobilistas e obstinados (os dois estão ligados), num mundo cada vez mais dinâmico, com cidadãos cada vez mais tolerantes e abertos à mudança e à inovação.
Em tal contexto, quem como eu ouse ir para além da louvaminhice, do lugar comum, das conveniências, só pode ser vilipendiado, detestado, odiado até, tudo naturalmente pela surra que o seguro morreu de velho e nunca se sabe... Como usam dizer os galegos "Deus é bom, mas o Diabo também não é mau"...
Sabedor de que assim é, desde há muito que venho dizendo qual é minha posição. Ei-la, uma vez mais. 1 - Não sou candidato seja ao que for e até fico agradecido caso escolham outrem, à altura das tarefas urgentes da governação local; 2 - Infelizmente não vejo ninguém que me possa substituir com vantagem, ou mesmo em igualdade de capacidades; 3 - Estou assim obrigado pelos meus deveres de cidadania a declarar a minha disponibilidade para qualquer lugar provido por eleição directa e universal, que os tomarenses livremente entendam dever confiar-me; 4 - A minha idade (nasci em 1941, no Hospital da Rua da Graça) apenas me permite  exercer um mandato com maioria absoluta, meio mandato com maioria relativa, ou renunciar logo após a eleição, caso não tenha sido o vencedor; 5 - Estou disponível para integrar qualquer lista partidária, independente ou de coligação, desde que adopte o meu programa e integre apenas pessoas íntegras e competentes; 6 - Se essa lista surgir, os tomarenses ficam desde já a saber que os seus componentes -se eleitos maioritariamente- irão "aleijar" quem seja preciso para salvar a cidade e o concelho. Não é com aspirinas que se curam tuberculoses galopantes. Quanto a excursões/comezaina/tintol, enfardanços comemorativos, obstruções deliberadas, abusos de poder e de autoridade, peculatos vários, chantagens e pusilanimidades, são outras tantas causas da síndrome tomarense, pelo que só a podem agravar.

1 comentário:

templario disse...

Reproduzo o meu comentário que se perdeu:
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"O Dr. Rebelo é daqueles cidadãos que olha os tomarenses, os portugueses e Portugal como ele imagina que deviam ser e não como o que são na realidade. E aqui seria um nunca mais acabar de especulações sobre o que vai nas suas cabecinhas. Por princípio, estas coisas vislumbram-se, com precisão, em movimento - os movimentos da história, que são sempre os "movimentos" de pessoas, de famílias, de grupos de famílias, de comunidades, de regiões, de estados, de impérios, etc., etc., sempre subordinados às transformações das forças produtivas em cada situação. José Sócrates apostou em dar-lhes poderoso impulso de modernização e todos sabemos a natureza das reações que provocou. O Mundo Velho uniu-se contra o Mundo Novo.

Oh da Guarda! E os meus interesses?! Nós sempre estivemos bem num Portugal pequenininho!

É por isso (talvez sem se aperceber), que o Dr. Rebelo escreveu - numa de incompreensão(?!) sobre o que está a passar-se neste momento em Portugal e no Planeta - para combater o justo desafio do Presidente da Junta da Junceira, (quiça desejoso que Miguel Relvas levasse uma valentíssima carga de porrada aí nos termos da cidade de Tomar). Só se perdiam as que caíssem no chão...:

"Assim se acabava com as reivindicações de equipamentos, que depois não há dinheiro para assegurar a indispensável manutenção. Novos tempos, novos hábitos, novas exigências." Logo a seguir, maquiavélico,o Dr. Rebelo cita o Ti Nicolau: "Faz o mal todo de uma vez e o bem a pouco e pouco.", num veemente apelo ao Dr. Miguel: avance, reduza aqui no concelho as freguesias a apenas duas, e conte cá com o seu amigo, esta raia miúda tem a mania de reivindicar.... É preciso é actuar rápido e de chofre. O maralhal vergará.

O Dr. Rebelo nunca mais se vai curar desta sua maneira de olhar os tomarenses e os portugueses. Vício adquirido na diáspora. Eu sei que, à sua maneira, os ama. Admirando a sua intervenção no espaço público tomarense (admiro mesmo!), nunca votaria nele para Presidente da Câmara - por isso mesmo.

Prontos. Está dito!

Fico por aqui com esta arrochada de arrocho almofadado e nozinhos de algodão."